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CAPÍTULO 9

Rua José Boaventura, edifício Guimarães, 21 de Agosto, 9h15min da manhã

"Que dor de cabeça do cão." Rafael deu uma tragada lenta de ar antes de abrir os olhos e ver que havia dormido sobre a poltrona do quarto. O rapaz ergueu o pescoço e fitou a cortina cobrir a porta da sacada. Ao menos isso. Antes de se levantar, passou na mente as lições que a noite anterior havia ensinado.

"1. Tomar bebida e não comer resulta em caos. 2. Escola de samba apenas na televisão e não na cabeça. 3. Loiras são inteligentes e intrigantes."

O objetivo da bebedeira não foi alcançado. Além de ter sido praticamente escorraçado do karaokê, juntamente como o amigo, ainda teve que aturar imagens borradas delas surgindo diante dos seus olhos, as quais apenas tentava espantar com as pontas dos dedos.

Mais tentativas falhas para serem anexadas no seu livro: "Como ser um otário, por Rafael Almeida."

Quando ficou de pé, Rafael sentiu todos os ossos da sua coluna reclamarem. Um pouco de música antes de dormir, uma piscadela mais longa e pronto: receita para ter um corpo dolorido o dia inteiro. Fez toda à rotina. Banheiro, banho, dentes e foi tomar café. Enquanto descia as escadas, quase tropeçou no último degrau, entretanto, não deu atenção ao fato.

Conhecido pelo seu designer impecável.

— Acorda, preguiçoso! — Puxou a jaqueta que cobria o rosto do amigo, deixando a luz que entrava pela enorme janela de vidro fazer o trabalho de acordar Benjamim.

— Que porr... — Antes que pudesse concluir o palavrão, o tecido de couro lhe atingiu a face, o calando de imediato.

— Se for para começar o dia xingando, é melhor você voltar a dormir — resmungou Rafael, indo em direção a cozinha. O rapaz abriu os armários, caçando alguma coisa que o agradasse, e pareceu satisfeito ao encontrar um bolo de caneca. Cortou o pacote, olhou o rótulo por costume e começou o preparo. Alguns minutos depois, estava comendo uma massa macia e quentinha.

— Onde está o meu? — A voz do amigo fez Rafael olhar por cima do ombro e franzir a testa.

— Você tem mãos, use-as — respondeu, colocando a caneca sobre o balcão e indo até a cafeteira.

— Eu sou preguiçoso, e você é guloso! — Benjamim esbravejou, se sentando no sofá e passando as mãos pelo rosto. — Lembre-me de nunca mais beber tanto. — Tinha a leve impressão de que havia alguém tocando rock dentro da sua cabeça.

— Tem analgésico na última gaveta do armário perto da porta de entrada — Rafael indicou, preparando o cappuccino e tomando o primeiro gole. O pouco tempo morando sozinho já tinha o ensiná-lo a se virar bem e a conhecer o apartamento com a palma da mão.

— Não precisa. Eu já vou. — Esfregou os olhos, espantando o sono. — Pelo menos não tenho que trabalhar hoje. — Benjamim tentou sorrir, mas a dor que atingiu o lado direito da sua testa o incapacitou de expressar qualquer reação. Rafael pigarreou, encarando o amigo em silêncio. Crispou os lábios e se virou, acomodando a xícara e a caneca na pia. — Bem, eu vou indo, ainda tenho que resolver alguns problemas. — Benjamim percebeu o ar estranho que rondava o rapaz, e embora quisesse saber se havia acontecido alguma coisa, o conhecia bem demais para tentar arrancar algo dele, não insistiria. Não adiantaria de nada. Quando quisesse e precisasse, Benjamim estaria à disposição do amigo para ouvi-lo e aconselhá-lo.

— Até mais, Ben.

Rafael despediu-se de costas, lavando a louça que sujou. O som de passos e da madeira da porta se chocando contra o portal anunciou que estava sozinho.

Apenas ele e seus medos.

Passou a manhã toda largado no sofá, enquanto uma série criminal rodava na televisão, como uma brincadeira boba do universo que o fazia lembrar-se do maldito papel.

Queria jogar aquela noite para uma caixinha e impedir a si mesmo de lembrar dela a cada minuto, piscada e tragada de ar do dia.

"Infernos! Ela está certa", pensou, arremessando no chão a almofada que antes jazia sobre o colo. "Ou eu esqueço tudo isso, ou paro de ser tão idiota", concluiu, levantando do sofá e caminhando pesadamente até a porta.

Quando estava para girar a maçaneta, o som da campainha se espalhou pela sala junto com o barulho de alguém batendo na madeira, o que o fez recuar um passo. Não estava esperando visitar, estava?

Estufando o peito e erguendo a sobrancelha, avançou e abriu a porta com um único movimento. Se surpreendeu ao se deparar como uma loira baixinha e de íris caramelada o olhando de cima a abaixo.

— Me deixe adivinhar — Diante da expressão de surpresa do rapaz, a garota colocou a mão no queixo —, você se esqueceu que eu vinha, certo? — inquiriu, sorrindo.

— É... Bem... Eu...

— Você não muda, Rafael. — A risada dela se propagou pelo corredor. — Continua o mesmo bobão. Me dê um abraço e tire essa expressão tapada do rosto. — Foi impossível não lembrar da loira da noite passada. Entretanto, mais que rapidamente, ele tentou disfarçar e envolveu a prima em um abraço apertado, tirando-a do chão. — AÍ, SEU PUTO. Eu falei um abraço, não um esmagador de ossos. — Lívia bateu três vezes nos braços forte do primo, tentando se soltar, porém, apenas conseguindo arrancar dele a primeira gargalhada do dia.

Fazia mais de dois meses que não se encontravam e, só naquele momento, ouvindo as falas exageradas da prima, era que estava percebendo o quanto havia sentido a sua ausência.

— Senti sua falta — assumiu em um murmúrio.

— E eu estou sentindo falta de oxigênio.— Ela reclamou, empurrando Rafael com os punhos para que ele a colocasse no chão.

— Continua baixinha e petulante! — debochou, bagunçando os cabelos loiros da garota.

— Baixinha é sua mãe! — Lívia socou o ombro do primo em resposta, entretanto, não teve nenhum efeito.

— Minha mãe é sua tia... E eu acho que você sabe muito bem que ela não é baixinha. Essa é uma característica exclusivamente sua — provocou, recebendo um olhar de fúria que logo foi aplacado por um sorriso brincalhão.

— Tudo bem, dessa vez você ganhou! — assumiu, fazendo Rafael a envolver em um abraço de lado um tanto desengonçado.

— Vamos entrar, aposto que tem muita coisa pra me contar! — sugeriu ao notar que ainda estavam no corredor.

Assim que Lívia atravessou a porta, Rafael enfim notou que alguém estava o encarando. Olhou para o lado, na direção das portas do elevador. Elas  permaneciam fechadas e não havia ninguém lá. Conferiu o outro lado.

Ayla estava escorada na porta do seu apartamento, encarando-o com extrema atenção. Ela sorriu, envergonhada por ter sido pega no flagra. Suas bochechas adquiriram um tom avermelhado tão intenso quanto os seus cabelos.

Rafael enrugou a testa, sem reconhecê-la. Era uma bela moça, na sua visão, deveria ter no máximo 19 anos. As bochechas tingidas de rubro pareciam extremamente fofas e por outro lado sexy. O cabelo vermelho, exageradamente liso e um pouco úmido, chamava bastante atenção, entretanto, a maneira como observava-o era ainda mais singular. De repente, ela pareceu recobrar a consciência, arrumou a postura e pôs uma expressão séria no rosto, indo em direção as escadas.

— Rafael? — Lívia chamou a atenção do primo, aparecendo na porta do apartamento e cruzando os braços na altura dos seios. — Espero que tenha um irmão Winchester por aí para explicar o motivo deu estar plantada na sala sozinha — esbravejou a loira com uma linha fina se abrigando em sua testa.

— Se tivesse um Winchester aqui, você acha mesmo que eu não chamaria você? — Rafael retrucou, ainda encarando as escadas.

— Muito engraçado — ironizou, tentando se acalmar. Havia ido ali buscar paz e não mais estresse. Tranquilidade parecia ser o que mais faltava entre os Almeida e os Lombardi. 

— Vamos, você ainda tem que me dizer o que aprontou nesses dois meses. — Rafael sorriu, se virando para encarar Lívia. Ela revirou os olhos e entrou novamente.

Rafael tentava lutar contra o fogão, enquanto a prima estava sentada em um banquinho ao lado do balcão, observando-o. O rapaz pretendia fazer macarrão branco com queijo ralado, e até o momento estava indo tudo bem. Era uma receita nova. Ficaria deliciosa, o site em que a viu garantiu.

— Hm, pelo cheiro está uma delícia. — Lívia fez um gesto com a mão, como se buscasse puxar o ar. — Enfim, como tem sido o trabalho novo no bar e o YouTube? — questionou, se arrumando no banquinho e contornando com a ponta do dedo o pequeno desenho de rosa encravado no granito do balcão.

— Normal. Eu canto, as pessoas escutam e me pagam para isso. No YouTube é quase a mesma coisa — Rafael respondeu no automático.

— Devo te chamar de senhor mórbido a partir de hoje? — inquiriu Lívia, estranhando o desânimo do primo.

— Já pensou em ser palhaça de circo?

— OH! — Levantou a mão em sinal de rendição. — O Senhor Irritadinho pode parar de descontar em mim seus problemas? — esbravejou, trincando os dentes. — Eu estou querendo te ajudar, Rafael, mas se for para vir com quatro pedras nas mãos, eu vou embora e fingimos que nunca estive aqui — brandou, levantando-se e, caminhando até a mesa da sala, pegou seu celular que havia largado lá.

Rafael apenas a encarou, porém, quando percebeu que falava sério, largou o macarrão no fogo e correu até ela.

— Espera! — A voz do primo a fez travar. — Eu só não estou muito bem, não vai embora, por favor. — Lívia era o que tinha de mais próximo a uma irmã, e não ter ela por perto em um momento como aquele só o faria se sentir pior.

— Só não me dê mais patadas. Eu dou as patada aqui. E eu tenho uma catapulta e sei usar. — Aquela era maneira estranha da loira dizer que estava tudo bem, entretanto, se fosse insultada de novo, revidaria a altura.

— Ok. Você deve ter algumas novidades para me contar, certo? — Seu tom de voz mostrava zelo e afeição pela vida da prima.

— Se está preocupado com a minha vida amorosa, relaxa. Essa semana ainda não acordei em nenhuma cama que não fosse a minha — gracejou, piscando um dos olhos e se jogando no sofá. — Agora, a vida amorosa da tia Daniela é que está muito animada.

— Por quê? — Rafael curvou as sobrancelhas em uma expressão séria que preencheu sua face. Lívia apenas deu de ombros, não dando muita importância ao assunto.

— Parece que ela está namorando uma mulher muito aventureira, e o seu pai e a minha mãe não gostaram muito disso. Mamãe disse que é um ultraje a irmã mais nova da co-cunhada dela está metida em encrencas por conta de um namoro bobo. E seu pai, bem, ele é bem antiquado, você sabe. — Um odor diferente fez a loira enrugar a testa e se calar. — Isso está me cheirando mal. — Lívia aspirou o ar, sentindo um aroma de comida queimada invadir suas narinas.

— O namoro delas? — Rafael franziu os lábios, confuso.

— Não, seu idiota! O seu apartamento, ele está me cheirando a queimado! — Lívia esbravejou, impaciente.

— Ah! Deve ser apenas o molho do macarrão — Rafael explicou, sem dar importância, mas dois segundos depois, acabou percebendo o desastre que havia feito. — O MOLHO! — Correu até a cozinha, que naquele momento estava coberta de fumaça e um cheiro horrível de comida carbonizada.

— Quer colocar fogo no apartamento, priminho? — Lívia apoiou-se no balcão que separava a cozinha e a sala e, claro, não perdeu a oportunidade de zoar o mais velho.

— Culpa sua que me distraiu! — Rafael a acusou, tirando a panela do fogão com o auxílio de uma luva. Ao menos uma vez aquele trapo serviria para algo.

— Não venha colocar a culpa em mim pelo seu desastre culinário! — A garota deu risada, com um sorriso amigável, ela conseguiu desfazer a carranca do primo. — Que tal eu pedir uma pizza? — sugeriu, arqueando as sobrancelhas na direção dele.

— Pizza para o almoço?

— É isso, ou molho de tomate queimado. Você escolhe, peço a pizza ou não? — Lívia deu de ombros e esperou a decisão do primo, a qual veio em um revirar de olhos e um aceno de concordância.

Meia hora depois, estavam sentados à mesa, comendo uma pizza portuguesa, a favorita da loira, e falando sobre coisas banais que arrancavam risadas dos dois.

— Lucas estava saindo com uma garota estranha demais. — Acabou tocando no assunto do irmão. — Você tinha que ver. Era linda, mas vivia falando sobre ter sido abduzida por extraterrestres. Eu já não suportava mais escutar ela dizer como eles tinham a capturado; só que aí... — Fez uma pausa dramática —, descobrimos que a garota havia fugido de um hospício. — Rafael desatou a gargalhar. — Você está rindo porque não foi o Senhor Rafael que teve que escutar uma doida dizer que os extraterrestres tinham implantado um chip nela. Sério! A garota começou a esfregar o braço, gritando que o chip estava lá e que eu teria que tirar. Eu pensei que ela fosse arrancar a própria pele. Foi bizarro! — Lívia fez uma cara de assustada, parecia estar lembrando da cena, no entanto, acabou rindo.

— Pode deixar que eu vou dar umas dicas para Lucas de como não se apaixonar por uma louca! — Rafael afirmou enquanto tentava controlar a crise de riso.

— Mas me fala sobre você. Meus tios já aceitaram que você não quer dirigir a empresa? — A loira perguntou enquanto se servia com o último pedaço de pizza.

— Você conhece meus pais, e sabe que nunca vão aceitar que o único filho deles viva de música. Você e o Lucas tem sorte da tia Lídia e do tio Léo não se meterem nas suas vidas. — O rapaz sorriu, triste, e mordeu seu pedaço de pizza.

— A mamãe demorou para aceitar que eu queria seguir a carreira de tatuadora, mas hoje em dia ela vê isso com uma escolha minha que não diz respeito a ninguém. Já o papai até hoje implica, e acho que isso não vai mudar. Ele vive me comparando com o Lucas. Você sabe que apesar do meu irmão ter um péssimo gosto pra mulheres, os negócios dele vão muito bem. — Lívia lançou um sorriso e se levantou, indo em direção à sala. — E aí, maratona de filmes? — A loira pegou um filme qualquer e ergueu na altura dos olhos do primo.

Rafael concordou e sorriu. Naquele momento, não teria paciência para nada, apenas queria se lançar em uma maratona de filmes na companhia da baixinha mais bem-humorada que conhecia.

Afinal de contas, os problemas poderiam esperar mais alguns minutos. Já estavam aguardando havia décadas, algumas horas, dias ou meses não faria tanta diferença assim. Ele ao menos queria acreditar nisso.

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