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CAPÍTULO 2

Rua José Boa Ventura,
edifício Guimarães

ENQUANTO BELA ROSA MERGULHAVA NA NORMALIDADE, do outro lado da cidade, em um apartamento no edifício mais célebre da zona nobre, conhecido pelo seu design impecável e por ser moradia de diversos moradores importantes, Rafael dava seu primeiro grito do dia – que foi abafado pelo travesseiro – ao ser despertado por um alarme alto e desafinado. Com todas as forças, ele odiava escutar sons desentoados, e era justamente por isso que os utilizava como estímulo para levantar.

Cobriu os olhos com a mão ao ser atingido pela luz que ultrapassou a porta da sacada, e xingou a si mesmo por não ter fechado a maldita cortina antes de ir deitar. Quando finalmente as íris pararam de arder, levantou e foi em direção ao banheiro. Abriu a torneira com lentidão e fez com as mãos uma concha, colocando-as abaixo da água corrente. Deixou que o fluído escorresse pelos dedos durante alguns segundos, depois jogou o líquido no rosto e o esfregou, repetiu o gesto mais duas vezes. Em seguida, escovou os dentes, passou fio dental, e o tempo todo evitou fitar seu reflexo no espelho. Não era fácil encarar a si mesmo sem recordar da briga que tivera com o pai alguns dias antes. Não era bom sentir o gosto das palavras dele descendo pela sua garganta:

"Você não passa de um moleque! Quando vai crescer?" Já estava crescido. Havia feito 23 anos, tinha um apartamento comprado com seu dinheiro, o mesmo que ganhará com os shows em bares, restaurantes e eventos, e o canal no YouTube, que já contava com mais de 1 milhão de inscritos em menos de um ano de postagens. Mas, claro, aquilo era tudo que os Almeida não precisavam: terem seu nome ligados a um jovem youtuber cantor. Seu pai achava a profissão do filho fútil e sua mãe não queria saber sobre.

Se tudo que havia conquistado não valia de nada, o que ele precisava, então? Segundo os pais; assumir a empresa da família; segundo seu cérebro, se dedicar a sua carreira de cantor e, quem sabe, ser reconhecido por isso; de acordo com seu próprio desejo, ir para um bar e beber até esquecer tudo. Pena que ainda era muito cedo, se não...

Apesar de tudo, Rafael tinha privilégios demais, não havia como reclamar da vida sem se sentir mal. Para quem observava de fora, ele tinha obrigação de ter nascido sorrindo até. Não era qualquer um que retinha uma fortuna só sua – por mais que ele evitasse usufruía dela, ainda estava lá, a sua disposição, caso precisasse. Mas, mesmo com todos os bilhões de reais que possuía por direito, quando fitou sem querer o seu semblante no espelho só viu a face de um jovem cansado. Tinha dinheiro, estabilidade, pais que, apesar de serem rígidos, o amavam, contudo, sua vida estava longe de ser perfeita e ele se odiava por tentar transparecer isso para todos.

Puxando a toalha de rosto e enxugando a face, repuxou o canto da boca, lembrando-se dos anos que podia ter passado se aperfeiçoado na música, mas havia gasto com uma carreira que não lhe agradava em nada. Chegava a causar raiva recordar que em alguma gaveta repousava o diploma de administração.

Desceu as escadas distraidamente e foi até a cozinha.

Um ano e meio se passou desde que se negara a assumir a empresa da família, mas ainda podia sentir um aperto no peito ao lembrar como sua mãe reagir com a saída de casa. Piscou os olhos e esfregou o rosto. Não era hora para se lamentar, e sim para se alimentar.

— Vamos ver. — Rafael murmurou para si mesmo, abrindo a geladeira e tirando dela um prato com queijo. Sem prestar muita atenção, cortou uma fatia e mastigou.

Enrugou os lábios ao lembrar que ainda teria que escolher o repertório da apresentação à qual faria no bar próximo ao apartamento. Focou na cafeteira sobre o balcão e no quão saboroso seria o cappuccino que sairia dela. Dito e feito. Poucos minutos depois, o cheiro forte de café invadiu seu olfato.

Quando sentiu que não estava mais com fome, organizou tudo no seu devido lugar novamente e caminhou até a sala, se jogando sobre o sofá.

O som da campainha tocando o fez suspirar e levantar-se a contragosto. Ele caminhou até a porta com passadas lentas e se demorou no giro da maçaneta. Benjamim, seu melhor amigo, que estava apoiado na parede do outro lado do corredor; ergueu a cabeça e encarou Rafael.

— Cheguei a pensar que estivesse morto. — O amigo dramatizou, desgrudando-se da parede e cumprimentando o camarada com um toque de mãos; algo que já havia se tornado automático graças aos quase seis anos de amizade.

— Achou mesmo que eu fosse te deixar em paz assim, tão facilmente?
— retrucou, cerrando os olhos. Benjamim passou por ele, que logo empurrou a maçaneta; fazendo a madeira envernizada se chocar contra o portal. Mas antes que o trinco fechasse por completo, uma brecha foi aberta na porta da frente, por onde o vizinho da frente bisbilhotou o corredor.

Quando o relógio marcava 8h da noite, Rafael já estava no local da apresentação, sentado no pequeno banco sobre o palco. O violão na perna e o microfone fixo no pedestal; altura e ambiente ideal. Rafa limpou a garganta na tentativa de chamar atenção do público, o que só conseguiu com maestria quando os primeiros acordes saíram do instrumento.

Sua plateia da vez; composta por jovens em busca de diversão e poucos adultos, pareceu gostar da melodia e de forma educada se calaram, voltando suas atenções para o jovem cantor.

Como de costume, disse seu nome e o título da primeira música. Iniciou a introdução, arrumou novamente o instrumento e seguiu o planejado: começou a apresentação com Cold, da banda Maroon Five. O ambiente foi preenchida pela música. Depois de algum tempo, o último acorde dela se espalhou pelo bar e a melodia de She will be loved; da mesma banda, foi aos poucos tomando seu lugar.

Rafael abriu os olhos e procurou seu amigo em meio aos rostos desconhecidos. Benjamim estava próximo ao balcão, bebericando um copo de vodka com uma paciência irritante. Queria evitar longos goles, porque sabia que facilmente se embriagava.

Rafael sorriu e quando estava preste a voltar sua atenção para o violão e o microfone, deu de cara com o dono do bar.

Jorge o encarava com um pequeno sorriso nos lábios, algo que para o Rafa foi interpretado como um elogio por estar agradando os clientes.

Faltava apenas mais uma música e a apresentação estaria terminada.

Assim que Something Just Like This, da banda Coldplay, soou a última nota, Rafael agradeceu à plateia, desceu do palco e foi encontrar o melhor amigo.

— Um brinde a Maroon Five e a Coldplay! — Benjamim ergueu dois copos com vodka e em seguida levou um deles até os lábios antes mesmo do amigo se acomodar ao seu lado.

— Um brinde! — Rafael se sentou no pequeno banco próximo ao balcão, pegou o copo que o amigo o ofereceu, e enfim brindaram. O líquido desceu de uma vez pela garganta e ele estendeu a mão para o garçom, pedindo uma dose de whisky. Enquanto esperava a bebida, seus olhos correram pelo estabelecimento, tentando achar alguém que pudesse o manter distraído.

— Pensei que tivesse me chamado para bebermos juntos. — Benjamim satirizou ao notar que o amigo rolava os olhos pelo local. Rafael apenas riu, finalmente percebendo que uma bela loira ao fundo encarava-o com extrema atenção. Ela parecia interessante, e Rafael, com um pequeno sorriso de lado, acabou por dar a deixa para que a mulher se levantasse da cadeira e, olhando por cima do ombro, fosse em direção ao corredor do bar.

— Você não presta, Rafael! — Riu, repousando o copo no balcão e girando o dedo ao redor da boca do mesmo. — Pode ir. Eu vou esperar aqui. — Benjamim disse, divertido, ao perceber que o amigo já havia encontrado a garota da vez; levantou o copo com vodka e balançou. Não olhou para trás, não procurou ver quem era a mulher, mas se tivesse feito isso, provavelmente teria caído do banquinho, mas não pelos motivos habituais.

Rafael, antes de se erguer e seguir a loira, ainda olhou para o amigo e pensou em perguntar o motivo dele estar tão pensativo. No entanto, sabia que a causa da expressão concentrada do camarada tinha nome e sobrenome: Helena Gonçalves.

Se havia uma coisa da qual Rafael não sentia falta alguma era a sensação de ter dependência de uma pessoa. Certo que precisava de momentos com uma mulher para estar satisfeito, mas não sentia mais vontade de passar o resto de sua vida ao lado de alguém e isso era suficiente para ele. Contudo, isso não importava naquele momento, tinha algo para fazer, e faria com prazer.

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