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CAPÍTULO 11

Rua José Boaventura, edifício Guimarães, 22 de Agosto

A noite passou como um vulto para Ayla. Havia amanhecido, ela podia sentir os raios solares baterem nas coxas. Encontrava-se entre o sono e a realidade. Forçou os olhos a abrirem, mas não conseguiu. O ar continuava pesado. Enquanto a ruiva lutava consigo mesmo, Helena permanecia em pé, apoiada na porta de vidro da sacada. Depois de admirar a beleza infinita do céu, se sentou na poltrona ao lado da cama e ficou velando o sono da ruiva. Ela, por sua vez, vestia uma camisola qualquer que na pressa a negra entregou a ruiva na noite passada.

A jovem, estudante de arquitetura, sabia bem qual seria o comportamento da amiga ao descobrir a morte de Vítor. E, realmente, não errara.

Bem certo que Lena também estava sofrendo, porém, conhecer a arte de fingir não ligar ajudava-a não demostrar tanto. Tinha um coração pulsante e de ouro, porém, sabia a hora de deixá-lo visível. Naquele momento, mostrar que estava abalada só faria como que Ayla sofresse ainda mais.

Quando a amiga chegou, batendo na porta e amparada por um desconhecido, a primeira coisa que Helena pensou foi na própria reação ao saber da morte do melhor amigo das duas. Se ela, dona de tantos traumas superados, tinha chorado escondida no banheiro assim que descobriu, o que teria feito Júlia, que era tão mais próxima ao jovem Vitor Vilalobos?

— Não, por favor. — A voz doce da ruiva soou abafada pelo travesseiro, e Helena levantou a cabeça, procurando ver se ela estava acordada. Ainda sonhava, provável que fosse alguma coisa relacionada ao amigo falecido. — Você disse que não iria embora, fique! — pediu, agarrando a coberta e a puxando para cima, como se estivesse fazendo isso com alguém. — NÃO! — A jovem se levantou de supetão, sentando-se na cama e abrindo os olhos para encarar tudo ao redor com uma expressão de medo na face.

— Ei! Calma, eu aqui. — A negra levantou da poltrona, sentando-se ao lado da ruiva. Helena puxou a amiga para perto, acomodando a cabeça dela entre o vão do seu pescoço. — Tudo vai ficar bem, Lili, sempre fica, viu? — Tentou tranquilizá-la, apesar de saber ser inútil, pelo menos por enquanto.

— Ele disse que não iria embora, Lena. — Ela chorou, sentindo as lágrimas escorrem pela sua pele clara e se misturarem ao sabor do hálito matinal. Fungou, tentando conter as gordas gotas de água salgada.

— Todos vão um dia, Ayla.

— Mas ele era muito novo, não merecia morrer daquela maneira. — A mais nova retrucou, se sentindo um lixo por não poder fazer nada pelo amigo. Assim que chegou no apartamento, quis saber mais sobre como tudo tinha acontecido, e sentiu seu estômago embrulhar ao ter conhecimento dos detalhes. Seu amigo não merecia uma morte tão horrível.

— Vítor não iria gostar de te ver mal, ele... — Helena começou a dizer, mas foi interrompida.

— Na última vez que nós vimos, ele me fez prometer que eu não me deixaria abater pela morte dele. Juro que pensei que era brincadeira, nunca imaginei que ele fosse morrer dias depois, nunca! — Ayla parecia distante, as palavras saíam devagar, enquanto a mente ia até uma semana antes, no dia que Vitor a intimou a seguir com a vida dela mesmo que ele morresse. Estavam felizes apesar de tudo e Ayla nunca pensou que um "eu prometo" pudesse pesar tanto na sua consciência.

— Você não é de descumprir uma promessa, Lili. — Helena lembrou, sorrindo de leve. Se sentiu grata pelo amigo sempre pensar na felicidade dela, a pequenina dos dois. Mesmo com 18 anos, Ayla ainda era uma menina e, apesar de tudo, talvez fossem esses baques que a fortalecessem até que pudesse ser uma mulher de verdade.

— É, eu sei — Ayla balbuciou, se desvencilhando da amiga e indo até o banheiro. — Mas vou dar o último adeus a ele, nem que eu tenha que encarar a família Vilalobos em peso. — Seu rosto mostrava o quanto estava abalada, mas o tom firme da voz faria qualquer um engolir em seco. Grandes tombos faziam a menina dar lugar a mulher.

— Tudo bem. Apenas, hmm, se prepare, você sabe quem vai estar lá. Ayla, eu sei que perder o Vítor é um baque forte, mas, por favor, não se esqueça de que lutou muito para superar os traumas, não vá cair novamente na depressão. — Helena suspirou por fim, se levantando e indo em direção a porta do quarto. — Ele não iria quer isso. — E saiu.

A ruiva olhou à sacada e viu a porta aberta, que deixava luz e vento entrar. Uma brisa penetrou o quarto, fazendo os cabelos dela balançarem e, fechando os olhos, sentiu que estava sendo inundada de paz. Temporária, claro. Não podia ver, no entanto, Vítor estava ao seu lado, mexendo nos fios de cabelos e assoprando a testa dela, como se estivesse dando um último beijo de adeus.

A garota não era dada a orações, mas abaixou a cabeça e sussurrou baixinho:

— Se for da sua vontade, Senhor, meus pais dizem que tudo pode acontecer, por favor, guarde ele e não o deixe sofrer mais, seja lá o que fez. — E entrou no banheiro, pronta para se arrumar para o funeral. Sabia onde os Vilalobos enterravam seus mortos, e que nunca faziam isso a noite, no entanto, ela tinha certeza de que eles não a esperariam nenhum segundo.

Rua Doutor Al Monte, cemitério Sussurro dos Anjos

O enorme portão de metal, adornado por ouro nas extremidades, precisava de dois homens fortes em cada lado, puxando as hastes de ferro para que as pessoas pudessem entrar. O corredor era largo e o chão coberto por pequenos cascalhos de tons cinzas, por onde os familiares e amigos caminhavam acompanhando o cortejo, tendo quatro companheiros do jovem Vilalobos segurando o caixão. O coitado tinha sido velado em uma funerária próxima e muito distinta entre os ricos da alta sociedade, porém, nenhum dos presentes teve a ousadia de olhar como o corpo estava. Já bastava suas mentes formando hipóteses, porém, nenhuma delas era tão arrepiante quanto a verdade.

O cortejo fúnebre atravessou a enorme entrada do cemitério, passando por vários jazidos distintos e, um por um, todos foram ficando para trás. A família Vilalobos estava em peso próxima ao caixão, andando a passos lentos, como se o chão fosse se abrir a qualquer momento, anunciando uma morte tenebrosa para todos.

Marília, a mãe do rapaz, chorava como se pudesse encher o oceano com seu lamento. Pedro, o pai, amparava a mulher, segurando firme nos ombros dela para impedir que caísse ou tropeçasse em algum cascalho mal encaixado. Não muito longe, andando ainda mais devagar, havia um rapaz. O filho do casal e irmão gêmeo de Vítor.

O jovem não tinha coragem de olhar para cima, encarar o caixão onde o companheiro de brincadeiras estava morto, inapto, um mero cadáver deformado.

Um pouco mais distante, encostadas em uma das árvores que cercavam os enormes muros, duas garotas permaneciam em pé, fitando o cortejo se afastar e ficar cada vez mais difícil de ver as pessoas.

Ayla e Helena se encararam. A ruiva parecia pedir força à amiga. Coragem para encarar o fato. A morte não era uma brincadeira e nem ela mais uma criança.

Ainda por cima, também teria de enfrentar Apolo, seu ex-namorado, ex-amigo e, por mais que o tempo passasse, uma paixão viva no coração. Queria matar aquele sentimento, mas não conseguia. Para completar, o amor carnal que atormentava seus pensamentos, também tinha a face igual a do amor puro que teria que enterrar. Apolo Vilalobos nunca a deixaria esquecer de Vítor, e enquanto isso era bom por um lado, a machucava ainda mais pelo outro.

Seu melhor amigo era como um irmão, posto na sua vida para que ela se sustentasse nos momentos que não tinha Helena ou Benjamim por perto, pois ele sempre fora um dos seus alicerces de paz, onde agarrava firme para não ficar à deriva.

As duas jovens seguram as mãos e ergueram o queixo em sincronia. Deram passos firmes em direção ao cortejo, que naquele momento já estava prestes a chegar em seu destino.

Ayla não parava de pensar qual seria a reação ao ver Apolo de perto depois de tudo que havia acontecido, e além disso, temia pelo que sentiria quando o caixão de Vítor fosse acomodado e lacrado no jazido. Provavelmente, o coração se quebraria em mais um caco.

O primeiro a notar a aproximação das garotas foi Pedro, que enrijeceu as feições assim que os olhos bateram na ruiva, mas tratou de amenizar a expressão do semblante ao ver Helena do lado, afinal, Gonçalves era um sobrenome muito prestigiado.

A herança da negra a obrigava a se fazer imponente perante muitos; ar de superioridade que a jovem só impunha quando era necessário. As duas garotas pararam na frente do casal.

Pedro trajava um terno preto, alinhado. Os olhos azuis pareciam ainda mais intenso, lembrando uma geleira no polo norte, além da barba rala que o fazia parecer o executivo que de fato era. Já Marília continuava bela até mesmo na dor. O vestido preto descia agarrado a cintura, caindo leve até os joelhos, o busto coberto, e um lenço de seda fincado entre os dedos, sendo o amparo das lágrimas.

Ayla sentiu cada pelo do seu corpo reagir ao olhar frio do homem, ao mesmo tempo que as íris claras da mulher faziam o coração da jovem saltar de angústia. Marília talvez fosse, além de Vítor, uma das únicas pessoas que prestava naquela família.

— Sinto muito, senhora — Ayla sussurrou, fitando a mãe do melhor amigo. Marília se soltou do aperto do marido e abraçou a ruiva, sem se importar se todos voltaram a atenção para cena. A mulher recomeçou a chorar, fazendo com que a jovem escritora sentisse vontade de também se entregar ao desespero, porém, não poderia, tinha feito uma promessa a Vítor e iria cumprir.

— Ele estava feliz, Alana, estava mesmo. — A senhora murmurou de encontro ao pescoço da garota, que não se importou pelo erro de nome cometido. — Não posso acreditar que meu filho está morto. Eu não quero acreditar.

— Vítor ainda vive, senhora Vilalobos. Ele estava bem vivo na minha lembrança e na sua também. — Não sabia se tentava convencer a mãe do rapaz ou a si mesmo, mas de alguma forma conseguiu. Ayla sorriu fraco quando os olhos da mulher se iluminaram um pouco.

— Meu Apolo! — Ela quase gritou. O filho mais velho surgiu atrás de Júlia, e logo foi envolvido pelos braços da mãe. Helena estava alguns passos de distância, fitando a cena se desenrolar e sem poder interferir.

"Ela é forte, não se meta, Helena!" Sua mente gritava, mas era difícil não poder proteger a amiga.

Ayla mordeu os lábios com força, causando um pequeno corte impercetível e virou, dando de cara com André. Os cabelos loiros estavam embaraçados, porém nem por isso menos charmoso. Os olhos azuis não se destacavam tanto depois de semanas mal dormidas, mas ainda eram as mesmas íris que a ruiva tanto gostava de fitar. Antes. Antes de tudo.

André aparou a mãe ao mesmo tempo que sussurrou:

— Oi, Lili. — A voz que a garota lembrava de ser firme, naquele momento parecia um vidro que a qualquer instante poderia ser quebrado. Ela não respondeu, apenas se aproximou de Helena, a puxou pela mão e foram em direção ao caixão. Só queria dar o adeus ao amigo e ir embora.

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