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Capítulo. 46

Ningning estava sentada em uma poltrona ao lado da maca, estava morrendo de sono, mas não conseguia dormir de jeito nenhum. Ningning bocejou, olhou para a porta no momento em que foi aberta, vendo sua namorada entrar no quarto, ela estava com uma sacola na mão e um envelope na outra.

— Veio direto do trabalho?— Ningning perguntou.

— Não, passei em um lugar primeiro, mas minha roupa me entregou?— Giselle perguntou com um sorrisinho, sua blusa branca formal e sua calça preta a entregaram.

— Uhum...— Ningning deu um sorriso fraco, era nítido que estava cansada, suas olheiras e sua pele pálida a denunciava.

— Como ele está?— Giselle perguntou olhando para Taehyung, estava com uma máscara de oxigênio e com o peito e abdômen cobertos de ataduras.

— Os médicos disseram que ele está se recuperando aos poucos. Conseguiram retirar todo o vidro do corpo dele, mas disseram que eram muitos, por isso que a reação dele havia sido rápida ao cuspir todo aquele sangue.— Ningning suspirou e colocou a mão na testa.

— Entendi, ao menos ele está se recuperando.— Giselle disse e coçou sua nuca tensa.— E você?

— O que tem eu?— Ningning perguntou.

— Como você está, amor?— Giselle perguntou se aproximando.

— Eu tô bem.—  suspirou.— E você?

Giselle se agachou, colocou a sacola cuidadosamente no lado e segurou as mãos de Ningning.

— Não, você não tá bem.— Giselle disse a olhando nos olhos.— Eu não estou perguntando como policial, estou perguntando como a sua namorada.

— Eu... só tô cansada, é sério. Não me cuidei bem. E meio preocupada e pra baixo. Meu amigo está quase morrendo aí do lado, sabe? Eu liguei pro Yoongi, pro Hoseok e pro Jimin, mas nem um deles atendeu, acredita? São os melhores amigos dele.— Ningning disse e suspirou.

— Talvez eles só estejam ocupados.— Giselle disse.

— Tão ocupados pra não virem ver o amigo machucado deles? Eles nem viram minhas mensagens.— Ningning disse com um biquinho e cruzando os braços, estava fazendo birra.

— Eles devem ter alguma explicação.— Giselle disse acariciando a bochecha de Ningning com sua palma.— Você dormiu? Comeu?

— Não...— Ningning se encolheu esperando algum tipo de sermão.

— É, eu já esperava. Eu trouxe bulgogi e jjajangmyeun.— Giselle sorriu e levantou a sacola a abrindo.— Ah, eu trouxe refrigerante e sorvete de leite, você gosta.

— Obrigada, você está tão atenciosa.— Ningning riu pregando a sacola.

— Eu sempre tenho que ser atenciosa com o meu amor.— Giselle sorriu e deu um selinho carinhoso em Ningning.— Agora coma, você deve estar morrendo de fome.

Giselle acariciou a bochecha de Ningning e logo depois se sentou no sofá que havia no quarto, Ningning se levantou apenas para se sentar ao lado de Giselle no sofá. Então retirou algumas coisas da sacola e começou a comer.

— E então? Se você veio aqui é porque tem alguma coisa.— Ningning disse calmamente.

— Bem, como você sabe, parece que a comida que deram pra ele estava cheia de cacos de vidro.— Giselle disse.

— Então não seria alguém que trabalha no restaurante que colocou? Cozinheiro ou garçom.— Ningning disse.

— Talvez, mas não acho que seja totalmente isso. Ele tinha no bolso chaves, dinheiro, celular e isso aqui na cintura.— Giselle abriu o envelope e entregou o que era aparentemente um papel para Ningning.

Ningning pegou e viu um dos lados, estava totalmente em branco, do outro viu apenas uma frase escrita: “reivindique seu lugar”. Ningning ficou observando por um tempo, não conseguia compreender direito.

— O que seria isso?— Ningning perguntou.

— Bom, eu tenho certeza. Mas acho que ninguém diretamente do restaurante fez isso. Se isso for o que ele queria te falar, ou algo relacionado a isso, o único lugar que você me disse que ele entregou foi...— Giselle deixou em aberto olhando para Ningning, que assentiu entendendo o que a namorada quis dizer.

— A gangue...— Ningning sussurrou.— Se foram eles, isso foi só um aviso, eles não quiseram matar. Mas... não me parece certo, não acho que aquele paspalho do meu irmão mais novo machucaria o Taehyung assim, é literalmente um dos únicos que ele respeitava lá dentro.

— Mas se não foi o seu irmão, foi o...

— Junyoon.— Ningning suspirou e abriu seu refrigerante para começar a beber, não gostava de falar esse nome.

— Quem é?— Giselle perguntou confusa. Ningning sorriu de lado e olhou para Giselle, que não havia entendido aquela reação.

— O seu sogrinho.— Ningning riu encarando a expressão de Giselle.

— S-Seu pai?— Giselle perguntou se levantando.

— Bem, eu não gosto de chamar assim, mas é. E eu acho que você só tem um sogro, não é? A não ser que você tenha outro e eu não saiba disso.— Ningning disse levantando uma sombrancelha apenas para intimidar Giselle, o que definitivamente deu certo.

— C-Claro que não, amor!— Giselle disse levantando as mãos. Ningning riu do nervosismo da namorada, a fazendo rir junto.— Mas é sério, se for ele, eu vou ter que encerrar o caso.

— Entendo.— Ningning pegou seu copo de sorvete e começou a tomar.— Hum, é bom.

— É muito perigoso encarar de frente, é melhor se só nos afastarmos.— Giselle suspirou.

— Não é como se fossem nos deixar em paz mesmo...— Ningning murmurou tomando uma colher do sorvete.— Bom, só deixariam você, eu não. E só tem um único jeito de te deixarem em paz.

— E seria?

— Você terminando e cortando qualquer tipo de laços que você tem ou teve comigo.— Ningning olhou para Giselle atentamente, estava com a colher na boca. Giselle suspirou e coçou a nuca.

— Eu só queria namorar em paz com você.— Giselle reclamou.— Terminar não é uma opção. Sou muito egoísta pra abdicar dos meus sentimentos só pra te deixar ir.

— E o que você planeja fazer? Fugir a vida toda? Ir até o meu pai e falar na cara dele que comeu a filha dele?— Ningning riu.— Seria ótimo.

— Ningning, eu estou falando sério!— Giselle disse.

— Foi mal, eu só... não gosto de falar dele.— Ningning murmurou.— E nem estou raciocinando bem o suficiente pra entender direito o que fazer.

— Eu esqueci que você está cansada.— Giselle disse colocando a mão no rosto de Ningning e fazendo um carinho em sua bochecha.— Você precisa descansar, amor.

— Tá, eu descanso.— Ningning disse jogando a sacola com o lixo na lixeira ao lado do sofá e se deitou no sofá, acomodando sua cabeça no colo de Giselle.— Me acorde daqui a alguns minutos.

— Como você quiser, princesa.— Giselle sorriu acariciando os cabelos de Ningning.

— Hum...— Ningning resmungou quando escutou seu celular tocando, o pegou e olhou quem estava ligando.— Yoongi? Por que não me atendeu antes?

— Ningning, tem alguma merda muito errada acontecendo, mas não sei se posso falar por telefone.— Yoongi disse parecendo tenso. Ningning se sentou apreensiva.

— Ei, ei, ei. Nada disso, me diga agora. Na última vez que me disseram isso, não foi nada bom.— Ningning disse.

— Não dá, podem ter grampeado nossos celulares. Mas o que eu tenho a dizer é que eu recebi uma carta, então vem me encontrar no bar.— Yoongi disse.

— Qual bar?

— Você sabe qual.— Disse e desligou a chamada.

— Yoongi? Merda! Não tenho um momento de paz nessa merda de vida.— Ningning se levantou e pegou sua bolsa rapidamente.

— Ningning? O que foi?— Giselle perguntou se levantando.

— Parece que o Yoongi tá com problemas. Vou verificar o que é, parece sério. Pra ele me pedir ajuda, é porque é sério.— Ningning disse.

— Eu vou com você.— Giselle disse.

— Certo, então vamos logo. Quero voltar o mais rápido possível pra cá, não quero deixar o Taehyung sozinho.— Ningning disse.— E ainda tenho que ligar pra vó dele pra saber como as crianças estão.

— Tudo bem.

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