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Capítulo 10

Emilly

Aliso, afagando o cachorro que apareceu nas minhas terras, após termos retornado do banco. Entardeceu, olho para a fazenda, suspirando em paz. Sendo agraciada pela brisa suave em meu rosto contente.
Sentada na grama junto do meu novo amiguinho e divagando sobre os meus pensamentos.

Antes de sair do banco, fiz os pagamentos dos antigos empregados, depositando o dinheiro nas suas contas que tenho guardado no antigo bloco de anotações de Ulisses.
Paguei os sete homens, desde os salários atrasados até os fins recisorios trabalhistas. Como prometido. Além disso dei nas mãos de Cris, Jorna e Crivilan, meu fiel escudeiro; os seus devidos pagamentos, e um bônus por causa do atraso. Eles se fizeram de difícil, porém minhas palavras persuasivas fizeram efeito, sendo assim acabaram aceitando de bom grado.
Eles merecem.

Amanhã, Crivilan irá na prefeitura, fazer os pagamentos dos impostos, a tempo deles mudarem de atitude e não quererem forçar que assine alguma hipoteca referente a fazenda.
Fazendo aumentar a dívida dela.
Agora não mais.

Observo o dia se acabando, se findando, mais um dia indo-se, às nuances do céu, várias tonalidades; azul, cinza, uns riscos de nuvens brancas salpicadas separadamente, o sol se pondo... lentamente. Uma pintura, digna de um excelentíssimo pintor.

Recolho a mão que acariciava o Totó, notando que adormecerá aos meus carinhos acolhedores.
Continuei mirando este céu, às luzes naturais se diminuindo pouco a pouco.
Acendi o lampião do meu lado, adorando ver a paisagem.

Ulisses meu amor, ajude-me nessa empreitada...
Se tudo de certo, não iremos mais acumular tanta dívida, e haverá sempre a prosperidade, essa que sempre tivemos...

___ Prevejo muito mais a frente.

Moisés apareceu, sentando bem-humorado... como de sempre ao meu lado... indaguei em meus pensamentos aleatórios.

___ Por acaso lestes a mente?

Sorri pela sua inspeção na minha pessoa.

___ Por que pensas isso? Não entendi.

___ Ora essa. ___ Falo puramente absorta pela sua voz intrigada.

Ainda permaneço animada olhando o dia virar noite. Contemplando a magia do anoitecer.
De soslaio percebe-o me vigiando, analisando-me, fitando a minha face com bastante atenção.
Ao invés de ficar incomodada, me senti plena, embora não fosse o certo sentir-me desta forma.

___ Poderias ao menos parar de tanto me olhar? ___ Não... ___ Declarou-se baixinho.

E quando menos esperava pegou pela ponta uma madeixa de cabelo e o carregou devagarinho às suas narinas, respirou fundo, o som dele inalando o perfume dos fios, fizeram-me ter sensações indescritíveis para se dizer.
Eu não me permiti selar os olhos naquele momento emocionante, pois desejava ver a noite chegar, no entanto no meu íntimo, no meu interior, no profundo do meu ser, eu definitivamente estremeci...por inteira.

____ O quê tu queres de mim... ___ Balbuciei atropelando as palavras.

Moisés desceu a mão soltando aquele chumaço de cabelo nas minhas costas.

___ Perdoe-me, és difícil não admirá-la. Tens a graça harmoniosa de um anjo, a força de uma guerreira e a beleza inatingível.

Extasiada fiquei, entretanto esse entusiamo guardei no meu coração.
Não deixando transparecer nada no meu semblante.
Ele se remexeu inquieto, parecia querer saber algo, sobretudo se encontrava perdido ou tímido em me perguntar.

___ Posso questioná-la sobre uma...

___ Diga-me. ___ Incentivei.

Moisés buscando coragem... incrível isso, tenho que admitir, um homem como ele...

___ Dona Tonson gostaria de saber se o tal xerife têm intenções matrimoniais contigo? ___ Interrogou de supetão. O olhei possessa.

___ Onde quer chegar com essa pergunta invasiva, Sr. Whetson?!

Falei levantando raivosamente do gramado, ele me acompanhou, todo calmo, seu olhar doce se manifestou.
Mas não amoleceu o meu coração.

___ Responda-me. Eu lhe rogo. ___ Enunciou devagar. Como não respondi buscou minhas mãos, afastei-as bruscamente, respirando agitada por esse atrevimento.

Moisés congelou, às mãos solitárias na tentativa frustrada de me tocar. Em seguida empertigou-se, ficando maior do que era, olhando-me mais profundamente do que jamais havia olhado. E vi nas dimensões dos seus olhos esverdeados uma desilusão.
Essa era a palavra correta.
A noite nublou o que jas se tornará escuro, impossível de ser.
Nossos olhares não se desgrudavam.
Ele queria muitíssimo a minha resposta... pensei.

___ Não penso em me casar novamente, nem com o xerife ou  qualquer, outro homem. ___ Enfatizei o "qualquer" assim não haverá dúvidas entre nós, estabelecendo uma barreira. ___ Está bem claro para o Senhor?

Expressei visivelmente o meu amargo.

___ Claro como a... água da chuva...

Assim, que acabou de proferir, do nada fomos envolvidos pela chuva, regando fortemente os nossos corpos distantes. Rindo, surpresa, olhei para cima, tocando o abundante liquido, despejado nas minhas mãos, escorrendo entre os meus dedos.
Fascinada e feliz, pulei saltitando alegremente nas poças que rapidamente se formaram nos meus pés, passando as mãos nos meus cabelos molhados afoitamente, sentindo a resplandecente gratidão de...
Miro Moisés ali parado, com o seu olhar amistoso e amigo.
Me aproximei gratificada por tê-lo junto a mim, acabando a distância entre nós, no meio da chuva, molhados, nossas roupas ensopadas.

Ele olha os meus lábios sorridentes, encantado.
Maravilhada, pelo calor do momento, sem pensar, permitindo-me ultrapassar aquilo que almeja embarreirar, no impulso eu o abracei fortemente.
Imediatamente seus braços fortes me envolveram, entrelaçando nossos corpos molhados, sentindo além do tecido encharcado, ouvindo sua voz terna murmurar algo inaudível. Embalada, apertada naquele homem, sentindo sua respiração ofegante em meu pescoço...tremi.






Continua...
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