Lydia e Heitor ainda se beijaram por mais um tempo, interligados na intensa ligação que pareciam sentir quando estavam juntos. Contudo, por mais que o jovem rapaz desejasse se perder com a bruxa em um ósculo sem fim, ele sabia que corriam perigo, então tratou modo de se deslocarem dali em direção à sua casa, da forma mais discreta possível.

E ao chegarem na residência da família Stan, tudo estava silencioso nos arredores. Lydia admirou a casa de cor clara, pois todo o local parecia ser ladeado por árvores frondosas, assim como se estivessem no meio de uma pequena floresta particular.

— Seja bem-vinda ao meu lar! — Heitor falou com verdadeira alegria, por dividir com a bruxa o seu santuário.

— Aqui é muito lindo! — ela disse, encantada com a singeleza do lugar.

Logo adentraram no aconchego da casa e antes que Lydia pudesse observar cada cômodo ao redor, Heitor logo a puxou para o seu quarto, que ficava no andar superior.

E já dentro dos aposentos do rapaz, a bruxa Morgan se pôs a observar tudo, gostando muito do que via ali.

Heitor era um sujeito organizado, então o seu quarto estava arrumado de forma impecável. Lydia gostou muito de ver que o rapaz tinha uma estante com muitos livros, pois isso mostrava para ela que ele não era como os playboys do colégio, que só pareciam pensar em futebol americano e paqueras.

Heitor parecia ser culto e estudioso, e como uma bruxa que havia se dedicado durante toda a vida a estudar magia, ela gostava bastante daquele detalhe.

Contudo, investigar a vida do rapaz ficaria para outra hora, pois logo Heitor surgiu com uma toalha e uma camisa larga de moletom, entregando aquelas duas peças nas mãos de Lydia.

— Sugiro que você tome banho, antes que eu te ajude a cuidar desses ferimentos — ele falou com cuidado e a bruxinha se sentiu incrivelmente segura ali. — Depois nós podemos enfrentar juntos a fera da sua tia.

Lydia deu uma gargalhada diante do bom humor de Heitor, mas infelizmente ela sabia que convencer Nádia Morgan de sua inocência, não seria tão fácil quanto o garoto fazia parecer naquele segundo.

— Obrigada — ela disse e então se encaminhou até o banheiro particular de Heitor, que incrivelmente estava muito limpo.

Para um garoto de Ensino Médio, Heitor Stan estava impressionando Lydia além das expectativas. E foi assim que ela percebeu que havia subjugado e muito, todo o mundo dos humanos sem magia.

A bruxa logo arrancou a roupa e então um arrepio muito agradável percorreu todo o seu corpo, ao ela pensar que estava nua, ali tão perto de Heitor.

A ruiva sabia que o rapaz a desejava, pois sentia a atração que ele sentia por ela, pairar sobre o ar, quase que como uma corrente elétrica. No entanto, diante do perigo que eles corriam, Lydia sabia que não era o momento certo de se aventurar de forma lasciva com o rapaz; sem contar que se envolver sexualmente com um humano sem magia, podia piorar e muito, a sua sentença na Comunidade Bruxa.

Tratou modo então de aquietar o fogo que parecia habitar o seu corpo, e simplesmente se pôs a lavar todas as feridas e sujeiras que haviam grudado em sua pele.

Quando ela saiu do banheiro vestindo a reconfortante e cheirosa blusa de moletom de Heitor, Lydia poderia dizer que apesar do medo e dos perigos, ela estava relaxada.

O rapaz, por sua vez, lançou os seus olhos verdes sobre a bruxa, chegando à conclusão de que não tinha visto nada tão sensual quanto a ruivinha vestida com a sua blusa velha. No entanto, Heitor se esforçou em aquietar os seus hormônios e anseios mais íntimos, pois senão poderia afugentar Lydia, ao ela pensar que ele era só mais um tarado aproveitador.

O rapaz se aproximou da bruxa com cuidado, afastando uma mecha úmida do seu cabelo vermelho-cereja. E ao os olhares dos dois se encontrarem de forma tão impactante, Heitor percebeu que jamais veria algo tão lindo em sua vida, como era a bruxa, Lydia Morgan.

Ficaram alguns minutos em silêncio, apenas se olhando e aproveitando a sensação reconfortante que um causava no outro naquele momento que era para ser só de tensão, mas estranhamente não era.

— Vou cuidar dos seus machucados agora — ele disse, enquanto analisava as feridas na pele da ruiva com mãos gentis. — E apesar de eu não ter nenhuma magia de cura para lhe oferecer, garanto que darei o meu melhor para aliviar a sua dor.

Lydia se viu sem palavras ao notar que não precisava de nenhum feitiço naquele instante, pois o que ela sentia por Heitor, já amenizava por si só, o peso de todas as feridas causadas em seu corpo e também aliviava o jugo pesado que estava em suas costas, ao a bruxinha pensar em tudo o que ainda teria que enfrentar na busca de eternizar e proteger o grande Segredo das Bruxas.

— Obrigada — ela disse, deixando a sua língua afiada para depois e simplesmente aproveitando o toque suave de Heitor em sua pele muito clara.

O rapaz então ficou em silêncio, se dedicando a cuidar das feridas de Lydia com os aparatos de primeiros socorros que havia em sua residência. E quando terminou, ele apenas sorriu para a bruxa, que retribuiu logo no primeiro instante.

— Agora podemos falar com a sua família através do seu Pager — Heitor disse e então apontou para o objeto, que estava sobre a sua cama. — E enquanto não encontramos uma solução mais acertada, por que não guardamos a cápsula do Segredo no meu cofre particular?

Lydia encarou Heitor, sabendo que ele era um ótimo aliado, mesmo sem ter magia alguma. Apesar de todo o perigo enfrentado, o rapaz não havia se mostrado temeroso nem por um segundo, o que causava certa tranquilidade na bruxinha.

A garota, no entanto, sabia que não podia complicar a vida do rapaz assim, tão de graça. Heitor havia caído de paraquedas ali no meio das suas confusões, e ele tinha o direito de escolher, caso quisesse ficar fora disso tudo. Afinal, as coisas ainda ficariam mais complicadas com o passar do tempo, e disso Lydia tinha certeza.

— Você tem certeza que quer fazer isso, Heitor? — ela perguntou com seriedade, enquanto segurava no pulso do rapaz. — Nada disso é necessariamente de responsabilidade sua.

— Eu tenho certeza, Lydia Morgan — ele respondeu de forma descontraída, a fim de aliviar a tensão da garota. — Eu quero estar ao seu lado em tudo o que vier, daqui para frente.

Heitor encarou Lydia com os seus olhos verdes e sem que a bruxa percebesse — pois ainda era muito iniciante na arte do romance —, daquela sua maneira, ele fazia uma declaração subentendida para ela, dizendo que que queria ficar com a bruxa, de outras formas também.

— Então vamos logo, pois não vai ser nada fácil convencer Nádia Morgan da minha inocência! — Lydia disse com o seu tom de voz irreverente de sempre, o que animou Heitor Stan.

Afinal, uma das coisas que o rapaz mais gostava na ruiva, era a sua vivacidade tão autêntica.

— Isso é porque você nunca viu a lábia de Heitor Stan em ação — ele falou de forma humorística, como se aquilo que viviam ali, fosse apenas uma piada e não perigos muito reais.

Sem nem notar, Lydia deu a mão para o rapaz, entrelaçando os seus dedos nos dele, enquanto somente caminhavam até o cofre e depois de Heitor digitar o código, eles guardarem a cápsula lá dentro.

E ao lado daquele rapaz que deixava tudo mais leve, a bruxa Morgan se viu preparada para enfrentar as forças do mal que ameaçavam a sua família e, consequentemente também, toda a Comunidade Bruxa.

— Está preparado mesmo para enfrentar a fera? — Lydia questionou, já com o Pager em mãos. — A minha tia pode ser bem chata e difícil quando quer.

— Depois de enfrentar os ardis da bruxa-furacão chamada Lydia Morgan, eu estou preparado para qualquer coisa! — ele disse de forma divertida, arrancando uma risada sincera da bruxa.

— Mais tarde nós vamos ver se você sabe mesmo lidar com todos os meus truques — ela disse de forma sugestiva, com um sorriso bem safado na face.

Heitor se viu quase louco, ao sequer imaginar que aquela sugestão ali implícita, poderia significar ao menos um pouco, se queimar no fogo que parecia habitar e crepitar de forma tão intensa e natural, dentro de Lydia.

— Mal posso esperar por isso — ele respondeu, já com as pupilas dilatadas de desejo e atração.

E por mais arriscado que fosse — tanto pelos perigos que ainda estavam soltos lá fora, quanto por ser proibido para as bruxas se envolverem romanticamente com humanos sem magia —, a ruivinha decidiu que merecia e que queria ainda mais, mergulhar na tentação que seria experimentar um pouco mais do que poderia significar ela e Heitor juntos, assim com tamanha intensidade.

E se ela tivesse que enfrentar as consequências de suas escolhas depois disso, Lydia enfrentaria com gosto, desde que pudesse se aventurar novamente nos mistérios desconhecidos dos lábios e talvez também, do corpo tão atrativo de Heitor Stan.