Quando Lydia Morgan viu que as coisas estavam realmente esquentando entre ela e Heitor, a bruxinha resolveu que apesar do seu grande fogo interior clamar para que experimentasse tudo aquilo até o fim, ela também não tinha cem por cento de certeza do que poderia acontecer, caso ela transasse mesmo com o rapaz. Afinal, Heitor Stan era um humano sem magia e as bruxas não deveriam se deitar nunca com alguém que não fosse da raça delas. E além de tudo isso, ainda havia o fato de que a ruiva ainda era virgem.

Então mesmo depois de umas apalpadelas bem vigorosas entre um e outro, Lydia resolveu abortar aquela aventura, pela metade.

Heitor, no entanto, não parecia ter entendido o recado muito bem, tanto que ainda beijava o pescoço da garota, com bastante lascívia. Porém, mesmo amando aquela carícia, Lydia se viu obrigada a parar, ou então compraria ainda mais briga com a tia e com toda a Comunidade Bruxa.

— Heitor, eu não posso prosseguir com essa nossa loucura, infelizmente — a bruxinha disse e o encarou, para que o rapaz visse que apesar de tudo, ela estava gostando.

O rapaz então se deitou ao lado de Lydia na cama, ainda totalmente desalinhado. E apesar da ruiva saber que Heitor estava em ponto de bala naquele segundo, ele não reclamou nem por um minuto, mostrando assim, que era bastante respeitador.

— Acho que chegou a minha vez de tomar um banho então — ele disse, em um tom descontraído, mas o seu semblante, todavia, estava um pouco desanimado.

Lydia segurou no braço do loiro, ao ele pular da cama, a fim de se dirigir ao banheiro.

— Me desculpe, Heitor? — ela pediu, sabendo que de alguma forma, poderia ter iludido o rapaz. — Mas é que eu nunca fiz nada assim, e eu não quero me precipitar... Você entende, não é mesmo?

O rapaz fixou os seus olhos verdes na bruxa e então sorriu abertamente, mostrando que apesar de ser um adolescente cheio de hormônios, ele também entendia muito bem todas as questões da bruxinha.

— Está bem, Lydia. Eu jamais te pressionaria a fazer algo assim — ele respondeu, sem afastar os olhos dos dela. — E de qualquer forma, tudo o que a gente fez, já foi mais do que maravilhoso. Então não existe motivo para termos pressa!

A ruiva sorriu abertamente, pois além de lhe ser leal, mesmo sem ela merecer, Heitor Stan também mostrava que era um rapaz criado à moda antiga, de forma a respeitar completamente uma mulher e as suas vontades. E com isso, a bruxinha percebia então, que havia julgado muito mal os jovens humanos sem magia, pois nem todos eles pensavam somente em bebidas e sexo.

Heitor caminhou para a porta do banheiro, mas ao chegar lá, parou embaixo do batente e voltou a olhar para Lydia, com certa curiosidade brilhando em suas irises muito verdes.

— Lydia, quais são os programas que os casais fazem na Comunidade Bruxa? — ele quis saber, com um sorriso interessado no rosto. — Vocês também assistem filme e comem pizza, ou só saem juntos para praticar algum feitiço mesmo?

Ao ver que o rapaz estava debochando dela só um pouquinho, a ruiva lançou uma almofada na direção de Heitor, mas nem por isso, ficou irritada com o rapaz. Afinal, as provocações também apimentavam a relação ainda indefinida dos dois.

— Claro que assistimos a filmes e comemos porcarias, mas nós também saímos para fazer feitiços e andar de vassoura — ela disse, com um tom muito cômico em sua voz. — Inclusive, temos um canal na TV que se chama “Bruxaflix”, onde só existem filmes e séries sobre magia e bruxaria.

— Sério mesmo? — Heitor perguntou, ainda muito desconfiado, pois Lydia era mestre em colocar ele em ciladas. — Bem legal isso então.

— Claro que não, Heitor! — ela disse, soltando uma grande gargalhada. — A vida na Comunidade Bruxa é muito parecida com a vida de qualquer humano sem magia, porém, com alguns detalhes a mais.

Heitor coçou a cabeça, atrapalhando os cabelos loiros, que já estavam bem amarfanhados, depois dos amassos que eles deram.

— Você toparia então fazer um programa de casal, bem típico dos humanos sem magia? — ele perguntou, ainda um pouco inseguro com a bruxa.

— Por que se não somos um casal de verdade? — ela perguntou, encarando o rapaz com seriedade.

Heitor bateu os dedos na porta do banheiro, parecendo murchar quase que completamente, depois daquela insinuação da ruivinha.

— Poxa! Eu achei que poderíamos ser... — ele falou com apenas um fio de voz. — Foi mal então, Lydia Morgan.

O rapaz se virou para entrar no banheiro, e já não sorria mais. A ruiva então ficou logo preocupada de ter estragado tudo, e então soltou da cama no mesmo momento, indo até ele.

— Você por acaso considerou a nossa ida ao Baile como um encontro? — ela questionou, enquanto cutucava as costas do rapaz. — Você estava, por acaso, pensando em me pedir em namoro, Heitor Stan?

O loiro fixou os seus olhos muito verdes na bruxinha, parecendo sério e também um pouco indeciso, sobre o que fazer a seguir.

— É claro que foi um encontro, Lydia! — ele respondeu com certa impaciência. — Ou então não teríamos feito tudo o que fizemos, entende? Mas só resta saber o que você iria me dizer, se eu te pedisse realmente em namoro... O que você deseja de mim, na realidade, Lydia Morgan?

Ao ver que o rapaz estava irritado e acreditava que, talvez, a bruxa pudesse só estar brincando com os seus sentimentos, Lydia se pôs na ponta dos pés e o enlaçou pelo pescoço, olhando Heitor Stan dentro dos olhos, de forma muita intensa.

— Você não perguntou para ver se eu aceito ou não — ela disse, mordendo os lábios e mostrando ao loiro, que bem gostava de uns joguinhos. — Fique logo sabendo que para ficar comigo, Heitor, você terá que não ter medo de se arriscar. Nunca, de preferência.

— Eu achei que já tivesse provado que não tenho receio algum... — ele respondeu e sem conseguir resistir à atração perigosa que os unia, Heitor a enlaçou pela cintura.

— Mas e no campo dos sentimentos, você se arriscaria? — ela perguntou, enquanto o incitava a ir além, mesmo sem aquele ser o recomendado pela Comunidade Bruxa.

Heitor sorriu timidamente, ao ver onde Lydia queria chegar com aquela conversa. A verdade era que a bruxinha de cabelos vermelhos, bem gostava de ser adulada pelo rapaz. E ele, infelizmente, faria tudo o que ela lhe pedisse, pois já estava terrivelmente apaixonado.

— Você quer namorar comigo, Lydia Morgan? — ele perguntou timidamente, com medo de que a bruxa o rejeitasse.

— Eu sei que vai ser muito difícil para a gente conseguir ficar junto, mas, sim, eu aceito ser a sua namorada, Heitor Stan!

Logo os dois já estavam se beijando e se agarrando de volta, dentro do banheiro. E ao ver que já estava ficando excitado de novo, Heitor resolveu intervir, antes que ele pegasse fogo e virasse cinzas.

— Acho melhor eu ir tomar o meu banho logo... — ele sussurrou no ouvido da bruxa, atiçando algo dentro dela. — Ou você mudou de ideia e quer vir comigo? — Naquele segundo, Heitor usou um tom bem sacana, para falar com a ruivinha.

— Confesso que é bem tentador, mas não, então me diga apenas onde encontro um telefone para que eu possa pedir a nossa pizza — a garota disse de forma teatral, se afastando do rapaz e lhe lançando um olhar bem provocante, ao chegar perto da porta. — Afinal, eu não me esqueci do nosso programa de casal muito normal.

Heitor gargalhou e suspirou, percebendo que com Lydia Morgan, a sua vida estaria sempre perto de entrar em colapso, mas que dessa forma também, ele sempre viveria as melhores aventuras.

— Na minha mesa de estudos tem um número de uma pizzaria bem boa — ele respondeu de forma descontraída. — E então, depois de você me provocar até o limite, agora só me resta tomar um banho bem gelado. Entao, até daqui a pouco, minha bruxinha!

Lydia riu do drama do rapaz, mas antes de sair efetivamente do banheiro, resolveu que ainda podia provocar o namorado, só mais um pouquinho.

— Cuidado para não congelar o seu traseiro branco, e outras coisas mais preciosas também — ela falou de modo bem serelepe. — Ou então, se eu mudar de ideia, como nós faremos?

— Ah, Lydia Morgan, vai me provocando assim, vai! — ele respondeu, já abrindo a porta do box.

A garota saiu correndo do banheiro, mas não fez questão de fechar a porta, pois quem sabe, se ela ficasse muito curiosa, talvez não pudesse dar só uma espiadinha no banho do rapaz?

— E o que você fará, Heitor Stan? — ela gritou do quarto, viciada em provocar o rapaz.

— Deixa eu sair daqui que eu te mostro, Lydia Morgan! — ele respondeu, já tirando a roupa e entrando no chuveiro.

— Eu só quero ver! — ela respondeu, soltando uma risadinha bastante safada, logo após.

Em seguida a bruxa pegou o telefone da pizzaria e foi ligar, e enquanto isso, o rapaz tomava o seu banho e se perguntava intimamente, se a sua vida ainda poderia melhorar. Ele acreditava muito que sim, pois apesar dos perigos que ainda correria ao ficar com Lydia Morgan, Heitor só conseguia pensar no quanto aquela bruxinha espevitada lhe fazia feliz e mexia fortemente com as suas emoções.

E então, sendo ele muito simples e otimista, no final, aquilo era tudo o que lhe importava realmente, pois as dificuldades e perigos, o loiro deixaria para mais tarde, quando realmente tivessem que enfrentar tudo o que estava por vir.