CAPÍTULO VIII - De Volta ao Lar
O amanhecer em Sahab era lindo, as luzes dos primeiros raios de sol refletiam na branca areia do deserto, o avião acabara de pousar e Samira seguia para a mansão de seu pai. Estava absorta em seus pensamentos, preocupada com sua mãe e temendo por seu filho. Uma lágrima rolou por seu olho esquerdo, Almir olhava-a de esguelha, sabendo que a jovem sofria.
- Princesa, vai ficar tudo bem. Nós vamos conseguir encontrar seu filho. – disse ele, tentado tranquiliza-la.
Samira tentou falar, mas o choro que vinha tentando segurar, impediu-a de pronunciar qualquer palavra, apenas segurou a mão de Almir e sorriu tristemente.
Ao chegar à mansão, fora recepcionada por sua antiga camareira, Nádia, uma senhora muito simpática, que fora cúmplice nos primeiro encontros entre ela e Oliver.
- Sinto muito, Sam. Sinto-me muito culpada, não deveria tê-la encorajado a se encontrar com o Sr. Ross. - a camareira fora surpreendida pelo abraço de Samira.
- Ei, não foi sua culpa. Eu quem quis encontrá-lo, você apenas me apoiou. Agora, conte-me tudo o que aconteceu.
Após 40 minutos de conversa, Samira ficara sabendo que sua mãe se manteve firme na decisão de cuidar do neto e que apenas ela sabia o paradeiro do menino.
– Ela nunca contou á ninguém o lugar onde fica o menino. Nem ao menos nos permitiu saber o nome dele. – Disse Nádia, enquanto recolhia a xícara de chá que havia servido a Sam.
Samira sabia que nunca deveria ter aceitado a proposta de sua mãe. Mas, no momento de desespero e medo, essa era a única maneira de proteger o bebê, já que seu pai a expulsara de Sahab.
O relógio marcava 09:00 da manhã, quando Samira caminhava no grande corredor de chão amarelo, que levava á sala de seu pai, lembrou-se de quando era criança e corria pelo corredor, no anseio de fazer uma surpresa para seu pai. Hesitou ao se aproximar da porta, respirou fundo e entrou. Seu pai que estava em pé, ao lado da janela fitando o horizonte, virou-se e sorriu de maneira triste, estendeu os braços para Samira que entrou, abraço-o e chorou. Samira não sabia ao certo se chorava de medo, de raiva, saudade ou qualquer sentimento estranho que pudesse ser possível sentir naquele momento. Queria seu filho, e toda a vida que deixou de ter a muito tempo.
- Papai- ela sussurrou. – O que faremos agora?
Mohammed olhou-a e disse-lhe.
- Pequena Sam. Primeiro deixe-me pedir-lhe desculpas, mas eu estava com raiva e você sabe que sou teimoso. Não queria te separar do seu filho ou te fazer qualquer mal, por isso deixei que sua mãe cuidasse dele. Entenda, eu estava sem saber o que fazer, eu fui tomado pelo sentimento de raiva e acabei descontando em você. No momento em que você saiu de Sahab eu me arrependi profundamente, mas fui orgulhoso.
- Papai, tudo bem. Eu entendo, mas não peça para te perdoar, sei que errou, mas todos nós erramos nessa história, mas não posso dizer que te perdoo, não agora.
- Sam. Oliver e você quase fizeram o acordo com Lokhary ir por água a baixo e tudo aconteceu muito rápido, eu estava com muita raiva. Depois vi que errei, mas já era tarde demais, tive medo que não me perdoasse. – Mohammed amava sua filha, sentia-se envergonhado por tê-la expulsado de casa e estava disposto a se redimir.
Samira entendia os motivos da raiva de seu pai, mas o amava. Ela sabia que raiva e amor são separados por uma linha muito tênue, e sabia que seu pai agiu em estado de fúria.
- Bem, temos que começar a procurar pistas de onde mamãe pode ter escondido o meu filho.
- Você já a viu? Ele quis saber.
- Não, quando cheguei ela estava dormindo, por isso apenas tomei um banho, e segui para cá.
- Antes de começarmos a procurar, vamos ver se ela já acordou.
Amber estava no jardim e conversava com Nádia, quando fora surpreendida com a chagada de Sam e Mohammed. Ela não se lembrava que tinha um neto e achava que Sam estava viajando, por isso ficou muito feliz em ver que sua filha havia voltado de viagem.
- Sam, querida. – Disse abraçando Samira, que tentava não se emocionar ao se reencontrar com sua mãe, que ainda tinha o mesmo cheiro de Jasmim, cheiro este que estava presente em muitos sonhos de Sam. Abraçar sua mãe era de fato estar em casa.
- Como está, mãe? - perguntou olhando para a perna engessada de sua mãe.
- Ah, é horrível ter que ser empurrada por Nádia nesta cadeira de rodas. Eu queria uma cadeira automática, mas como pode ver, minha mãe esquerda está engessada também. Nádia, não estou reclamando de sua companhia – disse olhando para Nádia. – Apenas me sinto um objeto sendo carregado.
- Mamãe, não seja dramática.
- Sam, se não for dramática, então não seria sua mãe – Mohammed, apesar da situação, parecia muito feliz em ver sua família reunida, mesmo que por circunstâncias tão tristes.
Após alguns momentos conversando com sua mãe, Samira pediu para que seu pai à levasse ao escritório, para que pudessem começar a procurar pistas do paradeiro de seu filho.
- Sim. – disse ele - Vamos começar olhando os documentos que sua mãe guarda no escritório.
Saíram os dois para o escritório e lá encontraram muitos documentos, seria como procurar uma agulha no palheiro.
Havia um imenso amontoado de caixa com recibos, contratos e outros diversos documentos das movimentações bancária dos últimos 5 anos de Amber.
**
Enquanto isso, em outro continente, Oliver caminhava de um lado para o outro em seu escritório, estava impaciente e não sabia o que fazer. Passara a noite em claro, pensando se deveria ou não ir para Sahab. Já havia sofrido de mais por Samira e, depois de 3 doses de conhaque, resolveu que a deixaria de lado, provavelmente o filho não seria dele, mas sim do Sheikh Khalifa Bin Lokhary, à quem Samira era prometida em casamento desde a adolescência, ela e Khalifa eram namorados quando Oliver a conheceu. E mesmo quando Samira e Oliver começaram a namorar, o Sheikh continuava a mandar-lhe presentes, o que fora um dos motivos para muitas brigas por ciúmes.
Cansado de tanto pensar em Sam, ele então resolveu que iria para a Austrália, levar o carregamento que havia se responsabilizado em transportar. A viagem duraria 10 dias de navio e esse tempo seria o suficiente para deixar de pensar em Samira. Ou talvez não, talvez ele só precisasse fugir do medo que crescia dentro de seu peito.
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