CAPÍTULO 13 - Como Tudo Começou
6 ANOS ANTES
O dia amanheceu quente e ensolarado, típico de Sahab. Amber a aguardava para tomarem o café da manhã. Era um hábito que consistia em acordar as 6:00, tomar café as 6:30 e depois caminharem pelo jardim, observando a linda Kalahar tomar vida.
Kalahar, capital de Sahab, é uma grande produtora de Safiras, a família de Samira a governa desde a sua fundação há 150 anos. O pai dela, Mohamad Bin Dej Sahab está em seu 10° ano de reinado e naquele dia seria o almoço de comemoração, Mohamad daria um grande banquete e abriria as portas do castelo para toda população. Em uma tentativa de ser moderno, permitiu a Samira fazer aulas de ballydance que é uma tradição em alguns reinos vizinhos, mas no fundo ele sempre foi muito conservador, e desejava que ela se casasse logo com o Sheik de Okalahy, para juntar os dois reinos. Ela nunca concordou, queria apenas terminar a faculdade de economia e se mudar para Londres, não que ela não amasse Sahab, mas queria conhecer um lugar onde as pessoas não têm os mesmos costumes e nem são todos iguais. Mas, como princesa, ela sabia da sua responsabilidade.
Desceu para o café, sua mamãe lhe aguardava com um sorriso suspeito.
- Bom dia, mãe. – Disse com um meio sorriso.
- Bom dia, querida. Seu pai e eu temos uma surpresa.
- Mãe. – revirou os olhos. - Que surpresa?
- Sam, convidamos Sheik Kalifah Okalahy para o nosso almoço.
- Ah, não! Mãe, por favor, essa história do casamento, outra vez?
- Sam, querida. Você sabe como o casamento será importante.
- Eu sei. – disse, espalmando as mãos sobre a mesa e dando um longo e triste suspiro.
Terminaram o café e ficaram observando a movimentação do almoço que estava a todo vapor, até que Amber foi cuidar de alguns detalhes na cozinha, enquanto Samira ficou sentada, absorta em meus pensamentos.
Perguntou-se se seria possível o casamento com Kalifah, ele era bonito, e desejado por todas as damas dos reinos vizinhos. Deixou esses pensamentos de lado e foi para o quarto se arrumar para o almoço.
Estava atravessando o jardim quando esbarrou em alguém e quase caiu, mas braços fortes lhe puxaram e bateu contra o peito de alguém. Olhou para cima e engoliu em seco. Um belo rapaz a encarava e sorria, seu olhar era terno e divertido, havia covinha em suas bochechas e ela tinha certeza de nunca ter visto olhos verdes tão perfeitos. Céus! Como ele é lindo, pensou, querendo se perder naquele olhar.
Ele finalmente falou.
- Olá, moça. Você se machucou?
- Não. Desculpe por esbarrar em você.
- Ah, acho que fui eu o culpado. Estava distraído enquanto observava toda essa movimentação. – Ele gesticulou com as mãos, achando graça de toda aquela correria.
- Tudo isso para comemoração de 10 anos.
- Sim, ouvi dizer.
-Hmm, acho que você pode me soltar. - Ele sorriu e a soltou.
- Obrigada e me desculpe. – Ela realmente não sabia o que falar.
-A propósito, eu sou Oliver, mas pode me chamar de Olie. - ele estendeu a mão e ela a pegou.
- Sou a Sami...- Ela interrompeu sua fala, não iria revelar que era a princesa, Por algum motivo, sabia que se ele soubesse sua verdadeira identidade, ele não falaria mais com ela. E pelos céus! Ela queria conversar com ele. – Sam. Pode me chamar de Sam.
- É um prazer, Sam. – Oliver apertou um pouco mais a mão dela.
- O prazer é todo meu. – Respondeu de volta.
- Gostaria de caminhar comigo por esse belo jardim? Acredito que a festa vá começar em breve.
Samira sabia que não seria possível caminhar com ele pelo jardim. Os olhares atentos de todos estavam voltados para ela e sua família. Mas naquele momento, desejou ser apenas uma moça comum com um belo rapaz ao seu lado.
- Tenho alguns assuntos para resolver neste momento. – Disse ela, que ainda tinha sua mão sendo segurada pela dele.
- Que pena. – Respondeu, soltando lentamente a mão dela. – Então até mais, Sam.
- Até, Olie. – Ela se virou, segurou a beirada do seu vestido e correu de volta pra o castelo, entrando pela porta da área de serviço. Subiu as escadas com o coração batendo acelerado, bateu a porta do quarto e se jogou na cama. Era a primeira vez que havia estado tão próximo a um homem, muito bonito por sinal.
Samira se levantou se se apoiou na sacada, observando as pessoas chegarem ao castelo. Era incrível como as pessoas chegavam aos montes, alguns de carros, outros de camelo, alguns a pé. Mas lá estavam eles, os amados súditos de Sahab.
Algumas horas depois, uma das criadas bateu na porta, fazendo Samira dar um pulo de susto e entrar de volta para dentro de quarto. Era Nádia, trazendo o traje que a princesa usaria para o banquete de celebração.
- Princesa, sua mãe pediu para você se arrumar e descer em uma hora. – Disse ela. – Os convidados estão chegando e sua presença é de suma importância.
- Obrigada, Nádia. – Respondeu Samira, pegando o traje e os estendendo sobre a cama de dossel.
Era um Takchita azul claro e de mangas longas. Os ornamentos de pedrarias douradas criavam uma faixa vertical na parte central da vestimenta e se espalhavam pelo busto, criando ramificações e flores pela lateral da gola em V. Nas mangas, as ornamentações iniciavam na parte do punho e seguiam até a altura do cotovelo.
Sem muita demora, tomou banho e colocou a vestimenta, notando que na parte da frente havia um detalhe aberto que ia dos pés até a altura dos joelhos, o que faria seu caminhar ser mais suave. Olhou-se no espelho e penteou os cabelos, prendendo algumas mexas para trás e mantendo intacta a parte de trás que caia sobre seus ombros. Pegou um ornamento capilar em formato de tiara com pedrarias pendentes nas laterais e o colocou no alto da cabeça. Contornou os olhos com kajal, esfumando a parte de cima no côncavo e ressaltando o olhar com rímel nos cílios. Para os lábios, escolheu a cor rosa café, que deu um tom delicado ao seu rosto. Colocou os sapatos e desceu para a celebração.
O jardim estava ornamentado com flores brancas e amarelas. As crianças brincavam entre as mesas e cadeiras que estavam espalhados sobre as tendas que foram armadas em todos os cantos, para proteger todos do sol. A música era animada e algumas pessoas dançavam de forma contrita e riam com a movimentação.
Mohammed, vendo a filha chegar ao jardim, fez sinal para que ela fosse até ele. Samira foi até o pai, que a abraçou e lhe deu um beijo na testa.
- Por favor. – Disse ele. – Me ajude a cumprimentar a todos, já que sua mãe ainda não desceu.
- Claro. – Respondeu ela, vendo a alegria nos olhos de seu pai.
- Veja só, ali vem o seu noivo. – Disse ele, tentando não parecer eufórico. A união de Kalifah e Samira seria uma benção para os dois reinos.
Samira se arrependeu de ter descido. Pensou em dar uma desculpa e ir para a cozinha, mas já era tarde, Kalifah estava bem ao seu lado e lhe estendeu a mão.
- Minha querida noiva. – Cumprimentou, beijando a mão dela. – Meu reino saúda a futura rainha de Okalahy.
- Kalifah. – Disse ela, fazendo uma pequena reverência.
- Meu estimado sogro, é uma imensa honra estar ao seu lado em um dia tão importante como este. – Kalifah tinha a voz firme, digna de um futuro rei.
- Nós ficamos horados com sua presença. - Disse Mohammed. – Mas se me dão licença, preciso verificar o que minha esposa anda aprontando. – Disse, saindo e deixando os dois sozinhos.
Samira sentiu o pânico lhe invadir o corpo, jamais ficara em público com o noivo. Os olhos curiosos vinham de todas as partes, os súditos estavam ávidos por verem momentos de ternura entre os dois.
- Não olhe agora, mas temos uma grande plateia ao nosso redor. - Disse ela, tentando não parecer desconfortável.
- Estão todos querendo saber se nosso noivado é verdadeiro ou não. Venha. – Disse, estendendo a mão. – Precisamos parecer um casal completamente feliz, para não darmos motivos de burburinhos.
Mesmo contra a vontade, Samira pegou mão e se deixou levar por ele, que a levou até o lugar de honra do banquete. Ela via de longe a movimentação das pessoas, buscando um assento mais próximo a mesa onde eles estavam e logo seu pai e sua mãe se sentaram também.
Com todos sentados, convidados, súditos e turistas, o banquete foi servido. O cheio de especiarias se espalhou pelo jardim, carneiro ao vapor com coentro e cardamomo, peixe com gengibre e açafrão eram os pratos principais, acompanhados de grãos cozidos com páprica e arroz marroquino. A cevada com mel e canela era a bebida favorita de todos que estavam presentes.
Samira estava terminando sua refeição, quando seus olhos percorreram o jardim e sentiu os ossos tremerem quando ela o viu, sentado ao fim do jardim, junto com outras pessoas. Naquele momento, mais do que nunca, ela quis ser uma pessoa normal. Oliver ria junto com as convidados, eles pareciam tão felizes aproveitando o almoço, enquanto ela tentava engolir a comida na marra, sentada ao lado do noivo que ela não amava, se sentindo totalmente infeliz e dando graças por Oliver não estar olhando em sua direção.
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