Jantar
Scott finalmente descobriu que não havia sido Derek quem o mordeu… mas agora ficou aquela questão, se não foi ele, então quem?? Havia um alfa a solta… um lobisomem maior… mais forte, e com certeza mais perigoso que Scott e Derek juntos. Sam e Dean haviam conseguido o contato do Argent com um dos caçadores que trabalham com ele, eles iriam se encontrar pessoalmente em breve para ter uma conversa, mas antes precisavam esperar outra pessoa chegar à cidade.
Era uma noite tranquila em Beacon Hills, (se é que uma noite em Beacon Hills pode ser tranquila). Eu estava no pequeno quarto do hotel onde nos hospedamos quando chegamos a cidade, os rapazes pediram dois quartos, estavam dividindo um deles, e eu estava sozinha no quarto ao lado. Eu preciso dormir… eu sei que preciso… mas às vezes é apenas tão difícil.
Resolvi tomar um ar do lado de fora, passava de 01AM e a noite estava linda… mas nada dura para sempre certo? Voltei ao meu quarto e sentei no chão próximo a porta, as imagens da primeira vez que matei alguém me voltavam a mente repetidas e repetidas vezes… o dia em que quase fomos mortos por um príncipe do inferno ainda estava marcado em mim, pois graças a ele minhas noites de sono nunca voltaram a ser boas. Devo ter adormecido sentada no chão pois acordei com um barulho vindo da janela, tirei meu canivete do bolso e levantei o mais rápido que pude, meus olhos ainda se adaptando a escuridão do quarto, acendi a luz e fiquei totalmente perplexa com o que vi, ou melhor dizendo… com quem vi.
— HALE!??? — murmurei em um tom baixo para que não fosse ouvido fora do quarto, mas alto o suficiente para deixar claro que em outras circunstâncias eu teria gritado. — O QUE DIABOS VOCÊ TÁ FAZENDO AQUI?? PORQUE ENTROU PELA JANELA DO MEU QUARTO??.
— Preciso de ajuda… — Ele estava segurando o braço esquerdo, quando tirou a mão pude ver a manga da camisa manchada e com uma marca de bala. — Eu levei um tiro.
— Tô vendo! Mas isso não explica porquê diabos você entrou pela minha janela! — Raciocinei por alguns segundos. — Na verdade, como você descobriu que eu estava nesse hotel?
— Segui seu cheiro, você exala ansiedade. — Ele levantou a manga esquerda da camisa deixando visível o ferimento horrível causado pela bala.
Não pude evitar uma expressão de nojo ao olhar para aquela horrível lesão.
— Isso não é um ferimento, isso é um braço começando a entrar em estágio de putrefação, sem ofensas. — Me virei e fui até a porta do quarto abrindo-a e verificando o corredor, estava vazio.
— Você disse que mora com caçadores, deve saber como reverter isso! — Ele afirmou.
— Na verdade não… o que eu poderia fazer seria ir no quarto ao lado e chamar meu tio ou-...
— Não! Isso foi feito por um caçador, porque eu confiaria em outro!? — Ele me olhou e seus olhos oscilaram em um brilho azul.
O encarei levemente ofendida com o comentário.
— Não vou debater isso nesse momento com um lobisomem a beira da morte. Eu sou filha de um caçador, mas o mais perto que já cheguei de balas foram balas de sal, eu não sei o que fazer! — Expliquei andando pelo quarto. — Imagino que isso… não tenha sido feito por uma bala de prata, o que é isso?
— Algum tipo de acônito. — Ele continuou mexendo naquela lesão.
— Dá pra parar de tocar nisso?... — Comentei. — Eu posso tentar fazer uma pesquisa… dar uma olhada nas ervas que temos, mas não agora!
— Se o veneno chegar no meu coração eu vou morrer!.
— Se o meu pai te encontrar aqui você vai morrer de qualquer forma! — Afirmei ainda o observando mexer no ferimento aparentemente tentando extrair a bala.
Eu não conseguia desviar o olhar, eu queria realmente fazer isso… apertei os lábios e continuei involuntariamente mantendo contato com ela cena perturbadora.
— Isso vai ter que sair daí… — Murmurei e tirei o canivete do bolso outra vez. — Eu vou ter que cortar um pouco!
Ele me olhou franzindo o cenho. Enfiei a mão na mochila procurando algo que pudesse servir para retirar a bala, por sorte existe algo que gosto de chamar de "kit caçador", ferramentas que são usadas para arrombar fechaduras, cortar fios, etc. Entre elas encontrei uma pinça, não sei porque isso estava ali, mas agora ele teria uma utilidade.
Coloquei uma toalha no chão e sinalizei para que ele colocasse o braço sobre ela, eu mal conseguia respirar e minhas mãos tremiam.
— Tudo bem, tá tudo bem! — Respirei fundo e tentei olhar para a lesão. — Se quiser gritar, não grita! Os rapazes estão no quarto ao lado…
— Não vou gritar. — Ele murmurou.
— Eu sei, eu tava falando comigo.
— Você já fez isso antes?
— Já… claro… só que era uma lasca de vidro… e era meu próprio pé… e eu tinha 7 anos… — Eu estava enrolando ao máximo para não fazer isso, não iria adiantar, mas não vou dizer que eu estava com pressa. — Tem certeza que não quer que eu chame alguém mais… sei lá, experiente!?
Ele me encarou outra vez como costuma fazer, mas dessa vez seu rosto estava pálido.
— Tudo bem… foi só uma sugestão.
Fechei os olhos e respirei fundo outra vez tentando manter as mãos firmes, cortei um pouco mais a carne com o canivete e abri com o alicate para que o projétil ficasse visível… por sorte não chegou a acertar nenhum osso.
— Eu não sei quem fez isso… mas essa pessoa me paga! — sussurrei para mim mesma tentando me distrair do que estava fazendo.
Enfiei a pinça para tentar alcançar o projétil. Ele enrijeceu o braço e apertou os lábios enquanto a pinça penetrava na carne e começava a tocar o objeto.
— Vou puxar… no três… — Sussurrei novamente, dessa vez para avisá-lo. — Um… dois…
Apertei a pinça no projétil e puxei antes de chegar no três e cobri o ferimento com a toalha para estancar o sangue.
— Segura! — Entreguei a ele o objeto encharcado de sangue. — E agora?
— Se eu não descobrir que tipo de veneno era esse… eu vou morrer.
Me peguei pensando que se eu ainda tivesse meus poderes poderia só fazer aquela toxina desaparecer… aí está mais uma desvantagem de ser humana. Enquanto estancava o sangue, ouvi passos do lado de fora do corredor.
Trocamos olhares e ele rapidamente levantou, olhei para a sombra visível por baixo da porta e quando olhei de volta para onde ele estava ele havia sumido. Enfiei a toalha ensanguentada e as ferramentas embaixo da cama e corri em direção ao banheiro para lavar minhas mãos.
— Bella?...Tá tudo bem? — Meu pai entrou enquanto eu ainda estava no banheiro. — Eu ouvi vozes.
— Ahn… não, eu não ouvi nada! — Saí do banheiro sem sequer notar a mancha de sangue que estava na minha blusa.
— De onde veio isso? — Ele apontou para a minha blusa.
Me passaram mil desculpas esfarrapadas pela cabeça, mas nenhuma delas parecia servir. Achei que deveria contar a verdade… lutei bastante contra a vontade de fazer, mas não consegui.
— Eu posso explicar… — Tirei as ferramentas e a toalha de debaixo da cama. — O sangue não é meu.
Expliquei tudo a ele sobre o que aconteceu com Scott, sobre como havia conhecido Derek e como ele havia chegado até nós, mas principalmente sobre a bala especial usada contra ele.
— Você tirou uma bala mágica do braço de um lobisomem sem nossa ajuda!?... — Ele resmungou.
— Ele disse que se o veneno chegar no coração-... — Argumentei.
— Tá eu sei… mas você devia ter contado isso pra gente! — Ele suspirou. — Você sabe o tipo de veneno?
— Acônito… mas não existe um tipo só não é? Pela forma que ele falou pareceu ser difícil identificar o tipo.
— É… o mais comum é o roxo mas tem outros tipos, não dá pra descobrir a cura sem saber qual o veneno.
— Pai, você não pode deixar ninguém mais saber disso, ok!? Só o tio Sam, mais ninguém. Promete!? — Olhei nos olhos dele e estendi a mão para que ele apertasse, firmando a promessa.
Ele me olhou com um sorriso de canto, apertou minha mão e me puxou para um abraço.
— Eu prometo. — Ele colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. — Talvez a Rowena tenha algum feitiço para eliminar a toxina do corpo do seu amigo.
— Eu não acho que somos exatamente amigos… e também não acho que o orgulho dele o permitiria aceitar… mas não custa tentar.
No dia seguinte achei que seria mais fácil encontrar Derek outra vez com a ajuda do Scott… porém às vezes o destino tende a nos pregar peças, e tudo que poderia dar errado naquele dia pareceu realmente dar. Nenhuma das minhas aulas do dia correspondiam com as do Scott, ele não respondia as mensagens e eu não o encontrava em lugar algum.
Encontrei Stiles no corredor quando fui colocar alguns livros no meu armário, mas Scott não estava com ele.
— Eu preciso do Scott, onde ele tá? — Perguntei enquanto fechava o armário.
— Ele deve estar treinando no campo com o resto do time… — Ele respondeu me seguindo pelo corredor.
— Claro… como não pensei nisso!? Valeu! — Corri em direção ao campo de lacrosse torcendo para que o Scott estivesse lá. O que infelizmente não aconteceu… as aulas haviam acabado, e eu não teria sorte para encontrá lo do lado de fora.
Enquanto procurava por ele ouvi um barulho ensurdecedor de buzinas vindo do estacionamento, corri até lá e para a minha surpresa não iria mais precisar da ajuda do Scott, pois Derek já estava lá, caído no chão do estacionamento do Colégio impedindo a circulação do tráfego.
— Pelo amor de Deus-... O que tá acontecendo!? — Me aproximei do jipe do Stiles enquanto Scott e ele ajudavam Derek a se levantar.
— É melhor a gente sair daqui e conversar fora do estacionamento. — Stiles comentou enquanto ouvia o barulho das buzinas.
Stiles dirigiu até um lugar onde não atrapalhasse a passagem dos outros carros e finalmente pudemos conversar. Derek disse que Scott precisava encontrar uma bala igual a que o acertou para que pudéssemos descobrir que tipo de acônito havia sido usado, entretanto não tínhamos tempo a perder, Scott viu quando Derek foi baleado e ouviu a pessoa que atirou dizer que ele teria no máximo 48 horas até que o veneno entrasse em contato com o coração.
Só Scott poderia encontrar a tal bala, a pessoa que atirou era um Argent, a família da Alisson. A bala estava na casa dela, e especialmente hoje Scott poderia ter acesso fácil a ela porque Alisson iria ajudá-lo a estudar.
— Só para garantir, eu vou ligar para a minha madrinha e perguntar se ela tem algum feitiço de cura que não seja tão complicado ou algo assim… — Comentei enquanto saía do jipe deixando Derek com Stiles.
— E você vai me deixar aqui com ele? — Stiles murmurou.
— Leva ele pra algum lugar, sei lá… me avisa quando Scott conseguir a bala, ok!? — Corri até onde meu pai havia parado o carro.
Minutos depois, enquanto estávamos no Impala, meu pai comentou que haviam marcado um jantar na casa do Argent… por um lado, se Scott não conseguisse a bala eu poderia dar um jeitinho de pegar… por outro lado eu odeio eventos sociais.
Liguei para a minha madrinha Rowena e torci para que ela tivesse algo que fosse ser útil… uma bruxa de mais de 300 anos devia conhecer algum método de cura… eu não sei qual de nós é mais azarado, Derek por ter levado um tiro, ou eu por não ter conseguido falar com minha madrinha. Tentei procurar algo nos livros que havíamos trazido do bunker, mas não tínhamos nenhum dos ingredientes à mão no momento e quando conseguíssemos todos provavelmente seria tarde demais… espero que Scott tenha mais sorte.
Faltavam alguns minutos até o jantar mas eu ainda não sabia o que vestir… a alguns meses eu apenas colocaria um vestido bonito e faria um penteado, mas agora… bem, por um lado era provável que o jantar fosse algo formal, por outro lado os rapazes nunca me obrigaram a usar algo só por ser elegante ou mais adequado.
Coloquei minha camiseta do Metallica, calças jeans pretas e minhas botas também pretas… pode não ser o outfit mais elegante do mundo, mas quem disse que uma adolescente precisa sempre estar vestida de forma elegante?
Enquanto estávamos a caminho da casa dos Argent meu celular começou a vibrar. Stiles estava ligando para perguntar se eu por acaso não teria encontrado nada útil, ele disse que Scott ainda não havia conseguido a bala, mas ainda estava na casa da Alisson. Mesmo já sabendo de tudo, os rapazes permaneceram em silêncio no impala enquanto a voz de Stiles ecoava dentro do veículo; "É sério vocês precisam conseguir logo isso, ele tá começando a cheirar mal aqui!", ele reclamava enquanto Derek agonizava ao lado dele.
— Eu vou dar um jeito de ajudar o Scott a pegar, segurem as pontas só mais algumas horas! — Murmurei para dar a impressão de que os rapazes não poderiam ouvir, é melhor que eles não saibam ainda que Sam e Dean já sabem sobre Scott por enquanto… pelo menos até que eles percebam que os rapazes não são como os outros caçadores.
Na casa dos Argent tocamos a campainha e uma mulher de cabelos curtos abriu. Era Victória Argent, mãe da Alisson. Entramos e Alisson e Scott estavam na sala de estar juntamente com quem imaginei ser Chris Argent, e uma outra mulher a quem não reconheci.
— Bem vindos, é um prazer finalmente conhecê-los! — O homem cumprimentou os rapazes. — Sou Chris Argent, já conheceram minha esposa Victória… aquela é minha irmã Kate, minha filha Alisson e o namorado dela, Scott.
— Ah.. o prazer é nosso! — Meu pai respondeu. — Eu sou Dean… esses são meu irmão Sam e minha filha Isabella.
A mulher a qual agora eu sabia se tratar de Kate Argent veio até nós.
— Dean Winchester… você não morreu ano passado?… e a onze anos atrás!? — Ela comentou com um sorriso que me deixou um pouco incomodada.
— Éh… não durou muito… — Meu pai respondeu com aquele sorriso de canto que ele costuma dar quando alguém toca em um assunto delicado.
Olhei lateralmente para Scott e sinalizei para que ele percebesse que precisávamos conversar.
— Alisson, pode me ajudar com a mesa? — Victória pediu.
— Claro.
Ela seguiu a mãe até a sala de jantar e Scott pôde vir até mim.
— Oi Scott! — O cumprimentei fingindo que não sabia que ele estaria ali.
— Oi Bella… — Ele sorriu desconfortavelmente.
— O Stiles não vê a hora de você ajudá-lo com aquela coisa que você disse que faria. — Sorri de volta tentando não ser tão direta.
Os rapazes e Kate olharam para nós enquanto conversávamos, obviamente não era com Sam e Dean que eu estava preocupada… me senti levemente desconfortável com os olhares dos Argent, queria sair dali, mas não podia… não com a vida de alguém em risco.
— Eu realmente quero ajudar o Stiles com aquilo, mas você sabe como é difícil, não é!? — Finalmente ele pareceu pegar a linha de raciocínio.
— Eu ajudo vocês, não se preocupe.
Durante o jantar o clima estava estranho, eu diria até que um pouco pesado. Se Scott estivesse mais desconfortável provavelmente desmaiaria… em dado momento Chris Argent começou a falar sobre animais raivosos e como um cão com raiva era uma ameaça… obviamente ele não estava falando de cães… isso foi incômodo até para mim. Alguns minutos depois Scott disse precisar ir ao banheiro enquanto os adultos conversavam, Kate foi atrás dele pouco depois, eu estava torcendo para que ele conseguisse logo a droga da bala. O jantar continuou assim que ele voltou do "banheiro", os adultos começaram a falar de negócios… sobre como os rapazes eram famosos no seu ramo de trabalho, e sobre como "podiam contar com eles caso precisassem".
— Então Bella… você pretende seguir os passos do seu pai? — Kate perguntou.
— Ainda não decidi… — Eu sorri torcendo para que não parecesse forçado demais. — Talvez eu acabe no negócio da outra parte da família.
— É um trabalho perigoso, é compreensível se você não quiser seguir por esse caminho. — O Argent comentou.
Fiquei em silêncio tentando me manter estável… não era como se eu tivesse poderes para manter sob controle, mas não estava afim de perder o pouco que já havia acumulado, meu pai pareceu perceber que eu estava começando a ficar afetada por aquele ambiente, ele sabia que não era o meu tipo de situação preferida, um jantar com desconhecidos em um ambiente fechado!? Dispenso… meu pé direito não parava de balançar, tudo que senti enquanto tentava continuar comendo e manter o controle foi a mão do meu pai segurando minha mão esquerda por baixo da mesa e apertando levemente, respirei fundo e me senti razoavelmente melhor, mas ainda não estaria totalmente bem até que saíssemos daquele lugar.
Minutos depois do fim do jantar, Scott se despediu e foi em direção a porta, porém Kate o parou antes que ele a pudesse abrir, perguntou o que ele havia tirado da bolsa dela, imagino que Scott devia ter sentido seu coração parar por alguns segundos, pois eu senti minha espinha gelar quando ela fez essa pergunta. Scott disse que não havia pegado nada, Dean, Sam e eu trocamos olhares… se eles estivessem pensando o mesmo que eu, o pensamento seria algo como "ele vai ser pego tão fácil!?", ela insistia que ele havia tirado algo de sua bolsa, entretanto Alisson a interrompeu dizendo poder provar que não havia sido ele e sim ela quem havia mexido e tirado algo da bolsa de Kate, ela colocou a mão no bolso e tirou um preservativo. Todos ficaram em choque com a situação, principalmente Chris Argent que a encarou perplexo… assim Scott finalmente pôde correr com a bala até a clínica veterinária onde Stiles e Derek estavam.
Estava na hora dos adultos conversarem, Alisson claramente não sabia sobre a família e o real trabalho do seu pai… estava óbvio pela forma como Chris sugeriu que ela me levasse para conhecer seu quarto, ele queria ficar sozinho com a irmã e os rapazes. No quarto da Alisson conversamos um pouco sobre Scott, ela disse que ele estava agindo de uma forma meio estranha durante o jantar.
— Acho que não foi exatamente o jantar mais agradável da vida de nenhum de nós, sem ofensas… — Comentei.
— Não, tudo bem, eu concordo! — Ela sorriu levemente.
Mais tarde enquanto os rapazes estavam no hotel, fui encontrar Stiles e Scott na casa dele, ele estava irritado e confuso por algo que Derek havia dito e mostrado depois que o salvaram, algo sobre o incêndio na mansão dos Hale, um dos sobreviventes e como os caçadores tem culpa no que houve.
— Ele tá errado não é? A gente pode confiar na família da Alisson… não é!? — Ele questionou olhando em minha direção.
— Honestamente eu também não confio neles… — Comentei olhando para os meus pés, talvez eu estivesse errada, talvez não, mas ao se tratar de confiança eu já aprendi minha lição.
— Mas o seu pai é um caçador, você não deveria confiar neles!? — Stiles argumentou franzindo o cenho.
— Eu confio, confio no meu pai, no meu tio, eu confio naqueles que já mostraram que são confiáveis! — Suspirei. — Nem todo caçador é bom.
Continuamos conversando a respeito por mais alguns minutos, expliquei sobre a sede de sangue que alguns caçadores tem e usei como exemplo um caçador que meu pai e meu tio conheceram no passado, Gordon Walker, que era obcecado por matar vampiros e acabou sendo transformado em um e morrendo como um.
Fui andando de volta para o hotel, eu sei dos perigos de ser uma humana andando pelas ruas escuras de uma cidade a noite, mas depois de uma noite desastrosa como essa eu estava almejando um pouco de ar fresco… fui até o quarto de Sam e Dean antes de entrar no meu e conversamos um pouco, eles estavam preocupados sobre meu pequeno problema durante o jantar, e curiosos para saber porque estava sendo tão evasiva em relação a Kate Argent, tentei explicar a eles com palavras como me senti cada vez que ela sorria, mas não me vinha à mente nada que a descrevesse melhor que "parecia que o tio Lúcifer estava na minha frente". Me dirigi em direção ao meu quarto depois de dar boa noite aos rapazes, separei o meu pijama e fui até o banheiro imaginando que um banho talvez pudesse limpar minha mente, e me ajudar a dormir melhor.
Saí do banho e coloquei o pijama, as luzes do quarto estavam apagadas e a única luz vinha da janela. Enquanto penteava meus cabelos no banheiro ouvi um barulho vindo do quarto, imediatamente peguei minha faca no bolso da roupa suja que estava dobrada sobre a pia e fui em direção a escuridão do quarto, vi uma sombra entrar pela minha janela, preparei a faca para caso precisasse usá-la e acendi a luz, eu deveria ter imaginado quem estaria ali afinal ele havia feito o mesmo na noite passada.
— Por que eu não me surpreendo de ser você!? — Apontei em direção a ele com a faca. — Eu não sei se você sabe, mas existe um dispositivo muito interessante que permite a você ter acesso a área interna de um ambiente, se chama "porta".
— Bela faca. — Pude notar um leve tom de sarcasmo em sua voz.
— Sabia que não se deve entrar assim no quarto de uma garota!? Eu estava no banho à literalmente 6 minutos! — O repreendi. — Tô vendo que o braço melhorou.
— Eu vim agradecer pela ajuda com a-... — O interrompi antes que acabasse de falar.
— Tá de boa. — Coloquei a faca embaixo do travesseiro e voltei a visão para ele. — Scott me contou sobre a visita de vocês ao hospital… como você sabe que foram os Argent quem causaram o incêndio?
— Só eles sabiam sobre nós! — Ele respondeu.
Assenti e fiquei em silêncio por alguns segundos pensando se deveria compartilhar minha primeira impressão dos Argent.
— Não estou dizendo que concordo com toda essa desconfiança em torno dos caçadores, mas se estamos falando dos Argent… éh… — Eu não tinha uma boa palavra para descrever minhas impressões, era só uma intuição baseada em eu tenho um trauma envolvendo meu tio que era o próprio satã. — Mas ainda acho que não vai doer você falar com meu pai e meu tio.
Ele pareceu ignorar o que eu falei por último… filho da mãe…
— De qualquer forma — Continuei. — Aquela ajudinha com a bala não foi de graça!
— Claro que não… — Ele disse em um tom irônico. — O que você quer?
— Você vai me ajudar a aprimorar minhas habilidades de caça!
— O que você quer que eu faça!?? Que eu tente correr enquanto você acerta uma flecha na minha cabeça!? — Ele reclamou.
Franzi o cenho e o encarei sem conseguir acreditar que essa era a visão que ele tinha de mim, uma assassina em potencial que não se importaria em machucar alguém apenas para treinar minha pontaria.
— Eu estava pensando em algo mais simples… — Comentei. — Algo como, você me ajuda a entender mais sobre lobisomens como você, hábitos, como saber se estão por perto… nada que vá possivelmente resultar em uma flecha na sua cabeça!
Ele pensou por alguns segundos antes de dar sua resposta final, não que eu fosse aceitar caso a resposta fosse não, mas não custa nada dar a ele uma falsa sensação de que tem uma escolha.
— Certo. — Ele respondeu. — Esteja pronta. — Ele disse enquanto saía pela janela outra vez.
Preciso começar a trancar essa janela, pensei.
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