“Esse caso era estranho, mesmo na lua cheia os padrões não se encaixavam com lobisomens convencionais”.

— Eu sou um lobisomem!

“Não me surpreendi com a revelação de Scott, mas isso significava ficar de olho para que meu novo amigo não matasse ninguém na lua cheia”.

— A garota morta era Laura Hale.
— Hale? Como o…
— Derek Hale!

“Os rapazes suspeitavam dele, eu sabia de alguma forma que não havia sido ele quem a matou, e Scott confirmou isso pouco depois”.

— É um alfa.

“Claro que não seria fácil… eu precisaria aprender a me proteger mais do que nunca’.

— Preciso que você me ensine a lidar com lobisomens como você.

“Era frustrante não conseguir me defender de um ataque simples dele, os garotos sendo atacados no colégio não ajudou em nada. Recebemos a visita do meu pai e meu irmão logo antes de uma lua cheia, Scott perdeu o controle, e o ajudamos enquanto Derek ainda era fugitivo”

— Preciso de um lugar para me esconder essa noite.
— Tá, tanto faz.

“Ele não parava de olhar pela janela, e na manhã seguinte foi embora. Tínhamos um outro problema agora com Jackson pegando no pé do Scott por ter descoberto tudo. Stiles conseguiu encontrar a localização do alfa”.

— Peter Hale é o alfa!

“Precisávamos dar um jeito nisso, Derek estava do lado dele agora e foi sequestrado pela Kate Argent. Eu tinha certeza que ela tinha sido a responsável pelo misterioso incêndio na mansão dos Hale”.

— Para mim ele é só um animal estupido.

“Alisson agora sabia de tudo, e eu precisava dar um jeito de tirar Derek daquele lugar, de alguma forma”.

Caminhei pela estrada vazia por mais ou menos meia hora, era estranho ter meus passos como a única fonte de barulho no ambiente, poderia passar a sensação de paz, poderia, em alguma outra ocasião… naquele momento só me deixava mais aflita e com mais pressa para chegar. Eu poderia apenas voar até lá, mas não quero revelar meus poderes assim, talvez eu revele quando tudo acabar mas não agora, e com certeza não hoje.

Eu tinha acabado de entrar na floresta quando meu celular tocou, era meu pai, ele disse que a Lydia tinha sido atacada pelo alfa, Jackson a encontrou na quadra, ferida e desacordada, ela estava a caminho do hospital agora. Eu pensei em ir até lá, mas meu pai disse que no momento o mais urgente era pegar o alfa, e eu tinha certeza que fora o Scott, que meu pai disse ter sido finalmente descoberto pelos Argent, o único que saberia como encontrar o Peter era o Derek.

Quando finalmente entrei pela área que me daria acesso ao subsolo da mansão dos Hale, o lugar onde Derek estava, tentei fazer o máximo de silêncio possível, eu tinha certeza que a Kate não cometeria o erro de deixar ele sozinho, e eu estava certa. Havia um homem grande na porta que dava acesso a sala onde Derek estava preso.

Considerando que estávamos no subterrâneo, e com uma porta garantindo que Derek não visse o que eu planejava fazer, não vi nada me impedindo de pôr o plano em prática. Chutei a parede do corredor escuro e quando o caçador foi verificar usei um velho truque que meu pai Castiel me ensinou a algum tempo, eu ainda não tinha tido a chance de testar, admito que foi a oportunidade perfeita. Toquei a testa dele e o fiz apagar, ele estava vivo, apenas dormindo.

Quando entrei na sala, para a minha surpresa Derek se surpreendeu ao me ver, não é de se admirar que ainda estivesse com os poderes fracos depois de tantos choques.

— Como você entrou aqui?
— Eu acho que você quer dizer é “obrigado por ter vindo me salvar mesmo depois de eu ter traído a confiança de todos vocês e começado a apoiar meu tio psicopata”. — resmunguei enquanto soltava uma das mãos dele da corrente que o prendia na grade. — Eu dei um jeito no cara lá fora.

Soltei a outra mão dele e peguei a camisa que estava em uma mesa próxima ao holofote. Não sei o que aquela sala era para ser, mas tenho certeza que não foi projetada pra ser sala de tortura e muito menos uma masmorra, e eu sei disso, nós temos uma masmorra no bunker.

— Só mais uma coisa… — Eu disse me virando e indo na direção dele após ele colocar a camisa.
— O que?

Dei um soco na cara dele com toda a força que consegui reunir naquele momento, ainda estava ressentida e não poderia perder a chance. Ele cambaleou para trás e me olhou perplexo por alguns segundos.

— Porque você… — Ele foi interrompido por Scott que entrou na sala olhando para trás, provavelmente para o caçador caído no chão no corredor à alguns metros.
— Você viu que tem um homem caído ali?
— Vi, fui eu quem deixei ele lá. — Respondi passando a mão pelos cabelos enquanto os dois me olhavam como se eu fosse um ET. — O que? Ele tá vivo, só tá dormindo!

Scott aproveitou o momento para pedir a ajuda de Derek para impedir que Peter matasse Alisson e a família dela, ele insistia que precisavam fazer algo, eu concordava em parte, Alisson não tinha nada haver com o que aconteceu e não sabíamos até onde Chris estava ciente do que a Kate fez. Scott venceu a discussão ao mostrar a Derek um folheto com a foto de um cervo morto com uma espiral no estômago, a foto que havia atraído Laura até Beacon, o que Peter havia usado para conseguir matá-la e roubar seu lugar como alfa.

Nós saímos o mais rápido possível daquele lugar, a noite estava clara, iluminada pelas estrelas, seria tranquilizadora em diferentes situações. Não pude deixar de notar o quanto Derek ficou ofegante após a fuga, que estranho.

— Os choques realmente devem ter afetado muito seus poderes… parece quase um humano normal. — Comentei.
— Hilário. — Ele resmungou recuperando o fôlego. — Não acham que isso foi…
— Não fala que foi fácil demais! Isso sempre faz as coisas piorarem. — Scott cortou. — Acha que foi fácil conseguir despistar os caçadores no estacionamento!?
— Tá, tem razão. — Derek admitiu.
— Não… realmente foi fácil demais! Chega até a ser…

Antes que eu terminasse a frase, fomos surpreendidos por Derek sendo acertado no ombro com uma flecha. Os dois tentaram correr mas Derek foi acertado outra vez, agora na perna. Quando olhei para a direção de onde a flecha veio, me deparei com Alisson e Kate, eu mal podia acreditar no que estava vendo. Alisson posicionou outra flecha no arco e ouvi Derek gritar para cobrirmos os olhos, mas meu raciocínio não foi rápido o bastante para fazê-lo e fui surpreendida por uma flecha explosiva que me cegou momentaneamente com seu brilho.

Os garotos tentaram fugir mas não foram muito longe antes de caírem de joelhos. Meus olhos ardiam enquanto eu os seguia até ficar em frente a eles em uma tentativa provavelmente inútil de impedir que recebessem flechadas e tiros.

— Alisson, o que você tá fazendo? — Perguntei enquanto minha visão voltava a focar. Observando-a enquanto ela se aproximava. Ela me empurrou para que eu saísse do caminho.

Scott tentou falar com Alisson, fazê-la reconsiderar o que estava fazendo, se desculpar por não ter contado tudo antes, mas ela não pareceu se importar.

— Ótimo agora atira! — Kate disse a uma curta distância de onde estávamos. E Alisson a olhou confusa e perturbada pela ideia.
— O que? — Ela perguntou, eu sabia que ela não teria coragem, estar brava com Scott era uma coisa, atirar nele era diferente. — Você disse que iríamos pegá-los!
— Nós fizemos isso, agora vamos terminar o trabalho. — Kate respondeu se aproximando, e mesmo que estivesse olhando diretamente para ela, me assustei ao ouvir o barulho alto do disparo quando ela atirou em Derek. — Viu só? É fácil, sua vez.

Alisson olhou para Scott, e para a arma que Kate segurava. Hesitou, mas estava bem claro que ela não conseguiria. Por um momento pensei que Kate estivesse decepcionada, mas ela apenas decidiu que faria o trabalho, e antes que ela pudesse fazer algo peguei minha arma e apontei para ela, destravando o gatilho e ficando outra vez entre ela e Scott.

— Sério, Bella? — Ela me olhou com aquele sorriso sarcástico no rosto. — Se não vai ajudar, saia do caminho, eu odiaria ter que machucar você.
— Honestamente, eu não posso dizer o mesmo.
— Você não teria coragem de atirar em mim. — Ela zombou. Sem abaixar a arma, mirei rapidamente a floresta escura próxima a onde estávamos, o reforço chegou.
— Talvez não, mas eles sim! — Acenei olhando para meu pai e tio Sam, que estavam logo atrás dela.

Ela olhou para trás ainda apontando a arma para nós, e Sam e Dean se aproximaram também armados. O que era para ser um confronto entre caçadores e lobisomens estava se tornando algo mais nesse momento.

— Abaixe a arma Kate! — Sam disse.
— Sam, Dean… não podem estar falando sério! — Ela manteve aquele sorriso zombador no rosto.
— ABAIXA a arma!! — Meu pai disse irritado.

Logo uma terceira figura saiu da mata.

— Kate!! — Chris Argent gritou, também armado. — Eu sei o que você fez!
— Eu fiz o que me mandaram!
— Nunca mandaram você matar inocentes! Tinha crianças naquela casa. Crianças HUMANAS!! — Ele disse seriamente. — Olha o que está fazendo! Apontando a arma para um garoto de dezesseis anos que nem sabemos se derramou sangue humano… vamos seguir o código. Nous chassons ceux qui nous chassent.
— Caçamos aqueles que nos caçam… — Alisson murmurou logo atrás de mim.
— Abaixa essa arma!

Kate fez menção a se mover para que eu saísse de sua frente e ela voltasse a mirar em Scott, mas Chris atirou assim que ela se moveu, o tiro não a acertou, mas passou raspando por seu braço e atingindo uma árvore próxima de nós.

De repente a porta da mansão se abriu, rangendo como em filmes de terror. Meu pai e meu tio chegaram mais perto, todos nos juntamos apontando a arma para a porta, ou melhor, para o que havia aberto a porta.

— O que foi isso? — Alisson perguntou atrás de Chris e Scott.
— É o alfa. — Scott respondeu.

Algo saiu pela porta, nada além de um vulto podia ser visto devido a sua velocidade, ele surpreendeu a todos ao derrubar Chris, depois Alisson, e logo em seguida Scott. Começamos a disparar, mas apenas um dos disparos do meu pai o acertou, porém inutilmente, só o fez ficar com mais raiva ainda e derrubá-lo como fez com os outros.

Corri para ajudá-lo e Kate agora estava sozinha tentando disparar contra o alfa.

— Vem!! — Ela gritou, e não demorou muito até que Peter aparecesse ao lado dela, ele segurou seu braço e quando ela atirou ele o torceu em um ângulo perigoso, pelo barulho imaginei que tivesse sido quebrado.

Ele segurou-a pelo pescoço e jogou em frente a porta da mansão. Alisson os seguiu enquanto ele a arrastava para dentro.

— Alisson! Não!! — Gritei, mas deveria saber que seria inútil. Eu a segui até lá.

Quando entrei, Peter estava com as garras no pescoço de Kate, seu olhar era psicótico… era bizarro e eu nem podia julgá-lo.

— Eu vou te dar uma chance de salvar ela. — Ele disse a Kate enquanto eu me aproximava de Alisson lentamente enquanto a ouvia chorar de desespero. — Peça desculpa. Diz que você lamenta ter dizimado minha família, lamenta ter me deixado fraco e doente por SEIS anos. Diga, e eu deixo ela viver!
— Eu lamento. — Kate murmurou. Peter considerou o pedido de desculpas por um momento, e logo depois rasgou a garganta de Kate, fazendo o sangue espirrar pelas paredes próximas.

Alisson tentou ir até ela enquanto a via cair, mas eu a segurei. Eu sei que poderia ter impedido ele de fazer o que fez, então porque não fiz!? Eu não pude, não pode tirar dele o direito de vingar a morte de toda sua família, seus irmãos, sobrinhos, talvez seus pais, eu não sei. Ela colheu o que plantou, mas não podia deixar Alisson se aproximar e correr o risco de ser a próxima.

— Eu não sei quanto a vocês, mas essa desculpa… — Ele suspirou, alívio? Raiva sendo liberada após anos? — Não me pareceu sincera.

Ele se aproximou de nós enquanto eu tentava puxar Alisson para fora, mas ela estava em choque até o momento em que Scott e Derek entraram, ambos em suas formas de lobisomem.

— Corram! — Scott disse, não que ele precisasse, eu não a deixaria correndo risco ali nem um minuto a mais.

Do lado de fora Alisson correu para socorrer seu pai que estava desacordado, não podíamos ver nada, mas podíamos ouvir claramente o barulho de corpos batendo contra objetos ou sendo jogados contra o chão. Só nos restava esperar e ver o resultado, meu pai estava bem apesar de ter batido a cabeça na queda. Os barulhos lá dentro começaram a ficar estranhos, e do nada Scott foi jogado para fora pela janela.

Scott e Peter entraram outra vez em luta corporal do lado de fora, Peter agora totalmente diferente e ainda mais bizarra, sua forma totalmente licantropa, anatomia de humano, mas face e características físicas animalesca, nós atiramos inutilmente contra a fera em tentativas falhas de ajudar Scott mas não adiantou, parecia nem fazer cócegas.

Quando as armas foram totalmente descarregadas pensei por um momento não ter mais opções além de usar meus poderes, mas quando finalmente decidi fazê-lo, Stiles e Jackson apareceram. Stiles arremessou uma garrafa em Peter, e Alisson disparou uma flecha no objeto, a garrafa continha um coquetel molotov, Peter começou a queimar, Jackson jogou uma segunda garrafa fazendo-o queimar ainda mais rápido. Ele voltou ao normal e ficamos um pouco atordoados pelo que aconteceu, seu corpo estava outra vez queimado como imaginei que tivesse ficado seis anos atrás, totalmente desfigurado.

Todos estavam chocados com tudo que houve, verificando se estavam todos bem, Scott e Alisson estavam tendo seu momento fofo de casal e ninguém percebeu quando Derek se aproximou de Peter, mas logo Scott correu até onde estavam.

— Espera! Você disse que a cura vem de quem te mordeu…
— Isso é mentira garoto! — Meu pai disse de longe. — É uma lenda. Nunca foi comprovado.

O momento era de total tensão, e a noite estava fria o bastante para vermos nossa própria respiração. De repente Derek ergueu as garras e rasgou a garganta de Peter. Ele se virou para nós e seus olhos vermelhos brilharam em meio a escuridão, ele era o alfa agora.

Quando a polícia chegou horas depois, a maioria das pessoas que estavam lá já tinham ido embora, os Argent, os garotos… só estávamos meu pai, tio Sam, e eu. O xerife estava periciando a área onde Kate foi morta, e os rapazes estavam com ele enquanto eu esperava do lado de fora encostada em uma árvore praticamente tremendo de frio.

— Acabou. — Derek ressurgiu em meio às sombras da floresta atrás de mim.
— É… — Sorri. — Foi o caso mais longo que tivemos nos últimos meses, e agora… — Respirei fundo fazendo com que o ar próximo a mim se tornasse névoa.

De repente ele tirou a jaqueta e colocou nos meus ombros.

— Valeu… — Eu acho. — Se eu pudesse ficaria por aqui até terminar o colégio. Nunca vou encontrar outro lugar tão bizarro quanto esse!
— Isso é bom?
— Vou sentir falta… bizarrices, lobisomens… — Não pode evitar uma pequena risada. — O Stiles.

Ficamos em silêncio por alguns minutos observando a movimentação dos policiais dentro da mansão enquanto eu apertava a jaqueta ao redor dos meus braços por causa do frio.

— Tem uma forma de você ficar…
— Ah é? — Olhei confusa.
— Eu sou um alfa agora. Vou precisar de um bando… e só o Scott não é o bastante.
— Onde você quer chegar?
— Se eu tornasse você uma de nós você teria que ficar. — Ok, isso me surpreendeu. Mesmo se eu cogitasse a ideia eu duvido que seria possível.
— Eu não posso.
— Por causa deles? — Acenou para a mansão onde os rapazes estavam.
— Em parte, mas não é só isso. — Olhei nos olhos dele.
— Então porque?
— É meio… eu não sei bem como explicar, eu… — Meu pai se aproximou com meu tio logo atrás enquanto eu tentava achar as palavras certas.
— Já acabamos lá dentro, vamos. — Dean disse, olhando para mim e depois encarando Derek de forma séria.

Eu devolvi a jaqueta para ele.

— Talvez um dia você eu possa contar. — Me afastei com meu pai e tio Sam e andamos um pouco pela floresta até chegar ao lugar onde eles tinham estacionado o Impala.
— Você ia contar a ele o que você é? — Tio Sam perguntou quando entramos no carro.
— Eu quase contei… mas me enrolei toda tentando. — fechei a porta. — Por quanto tempo vamos ficar?
— Só até o enterro da Kate. — Meu pai respondeu dando partida. — dois dias.

Nos afastamos da mata e voltamos para o hotel. Eu tinha exatamente dois dias para me despedir de tudo e todos naquele pequena e estranha cidade.