Te amar não é fácil
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GAL SAL
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O cheiro de adolescência pela manhã me deixa de mau humor. A qualquer hora do dia, na verdade. Os jovens são tão patéticos, brigam por assuntos banais e reclamam de problemas que os mesmos criaram.
Eu sou jovem, e odeio isso. Odeio ter esses problemas de jovem, apesar de não ser um processo ou uma hipoteca para pagar ainda é um problema.
Pode ser tosco aos olhos de muitos mais continua sendo um problema, grave ou não, ainda dói...
Me encomoda. Eu nunca senti isso antes, perder é algo...horrível...
Eu não nasci para perder... - Penso suspirando impaciente só de me lembrar de mês passado. Como pude perder para uma banda tão amadora?
— A culpa é toda dele - Reclama Henry de braços cruzados em frente a nossa sala. - Quando ele chega? Tá demorando demais. - Pergunta o jovem olhando aos arredores.
— Pra quê estamos aqui mesmo? - Pergunta Bruno confuso.
— A gente vai conversar com o Dante sobre o vacilo que ele deu com agente- Explica Antony ao lado de Henry. — Ele não quis cantar no show, por isso perdemos.
— A culpa não foi dele, não comecem com encrenca agora cedo. - Reclama Leonardo em meio a bocejos.
— Ninguém vai brigar com ninguém. - Explico deixando claro a todos o grupo que não estamos aqui para arrumarmos brigas. — Eu só preciso conversar com ele, depois vamos embora.
— Eu entendo que ele é nosso amigo Gal, mas sinceramente, amigo que é amigo ajuda o outro quando precisa! - Exclama Henry indignado.
— Realmente, agora é notável o quanto Dante está disposto a nos ajudar em situações de apoio. Com ele não dá pra contar. - Explica Antony seriamente.
— Por que ele não quis cantar? - Pergunta Bruno ainda confuso.
— Porque ele é um egoísta. - Reclamo amargamente, a palavra certa seria covarde. Ele simplesmente foi embora quando precisávamos dele. Fugiu por medo do palco, mesmo tendo habilidades impecáveis em relação a música, ele fugiu.
Covarde ingrato. Se não fosse por minha ajuda ele nunca seria o que é hoje, e por que esconde o que é? Por que foge dos palcos? Eu não o ajudei tanto para vê-lo nas sombras.
Dante deve brilhar, e ele não pode ter medo disso. Ele não pode fugir, não pode ignorar o tempo gasto que tive com ele.
Ele não pode dizer não para mim...- Penso encarando o jovem loiro que caminha calmamente até seu armário. Caminho até Dante indo direto ao assunto.
— O que foi aquilo? - Pergunto rispidamente. O jovem me encara confuso perguntando.
— Aquilo o que? - Pergunta Dante olhando para os jovens atrás de mim. — Bom dia, pessoal...
— Bom dia? Você vacila no show e nos evita por aí e agora vem falar bom dia? Cê tá zuando, né cara? - Henry o encara impaciente.
— Evitar? Bom, não estou evitando ninguém. Na verdade estou apenas ocupado demais ultimamente, estou ajudando o conselho estudantil da Nostradamus e tudo mais... - Explica o loiro calmamente. — E sobre o vacilo no show, eu sempre deixei claro que não cantaria mais nada. Não era obrigação minha subir no palco, vocês sabem disso.
— Não é questão de obrigação, é uma questão de lealdade Dante, você sabia que precisávamos de uma mão e como um ótimo amigo pau no cu cê saiu pela porta e não voltou. - Reclama Antony rispidamente.
— Mas eu voltei. - Explica Dante sem entender o porquê da revolta de todos da banda, exceto de Léo que por algum motivo está o defendendo. Não entendo ele as vezes.
— Gente, a obrigação de cantar em um palco não é dele, ele nem se quer fazer parte da banda, parem de o culpar por algo que definitivamente ele não tem culpa. - Explica Leonardo tentando acalmar a situação.
— Da banda ou não, ele é nosso amigo, podia ter nos ajudado com esse favor... - Explica Bruno junto a Henry.
— Que belo amigo você é ein Dante. - Reclama o jovem de braços cruzados.
— O que queriam que eu fizesse? Eu disse que não poderia fazer isso, não podem me culpar por isso... - Explica Dante fechando seu armário, o jovem olha para mim confuso me perguntando. — O que foi, Gal?
— Eu posso te culpar, e eu vou porque nós dois sabemos bem que o que você tá fazendo é errado - Reclamo com amargura.
— Errado? O que eu tô fazen---
— Você tá fugindo Dante, você não pode fazer isso, não pra sempre - Digo seriamente o interrompendo.
— Fugir? Eu não tô fugindo de nada, eu só tomei a decisão de não cantar no show, e não há nada que possam fazer a não ser respeitar essa decisão - Explica o jovem calmamente afirmando novamente. — A culpa não foi minha.
— Não foi mesmo, o que adiantaria uma voz como a do da Dante se mesclando com acordes desafinados de um certo alguém. - Explica Leonardo olhando para mim.
Como é que é? - Me viro bruscamente em direção a Leonardo, o que eu menos preciso é desse garoto me tirando do sério.
O empurro contra os armários enfileirados do corredor segurando o jovem pelo colarinho de seu uniforme. Qual é o problema dele? Eu não tive culpa de nada, sóbrio ou não eu nunca erro um acorde se quer. Se existe um culpado por tudo isso esse é o Dante, ele fugiu, preferiu continuar se afogando no passado ao invés de voltar para o presente.
Jogou todo o meu tempo fora como se não fosse nada. As vezes me pergunto se ele realmente gosta de ser meu amigo, pelo visto nem Leonardo Gomes gosta já que está defendendo esse covarde.
— Qual é o seu problema? Chega de indiretas Leonardo, cita logo meu nome e para de me tirar do sério. - Reclamo rispidamente de olhos cerrados.
— Gal solta ele, nós estamos em uma--- Interrompo Dante novamente perdendo o controle.
— Cala a boca! Você sabe que está errado e eu não tô falando de show nenhum, para de fugir da música, isso não é certo Dante. - Reclamo impaciente. Como ele pode ter medo tocar? Justo ele que durante anos ensaiou comigo, como pode ter medo de cantar? Ele não pode ter medo. Não há lugar para os fracos no mundo da arte. Se ele continuar se acovardando ninguém nunca verá o potencial que ele tem e eu me recuso ao ver seu fracasso quando pode muito bem ter um futuro brilhante. — E você, para de passar pano pra ele. Ninguém te chamou nessa conversa. - Reclamo me virando novamente para Leonardo.
— Me chamando na conversa ou não, a verdade é só uma. A banda perdeu porque você bebeu e saiu do controle, quer falar sobre fugir? Você não consegue viver na realidade sóbrio e busca escapatória no álcool, quem é o covarde aqui? - Pergunta Leonardo seriamente sem temer em dizer essas palavras em minha frente.
Como eu odeio quando ele faz isso.
Leonardo Gomes é a única pessoa que tem a coragem de me repreender quando estou errado. E na maioria as vezes eu sempre estou errado, isso resulta em brigas o tempo todo, odeio quando ele me chama a atenção como se fosse minha mãe, odeio quando me dá conselhos para ter um futuro melhor, odeio quando tenta me ajudar mesmo eu deixando claro que não preciso de ajuda, odeio quando me faz companhia mesmo querendo estar sozinho.
Odeio a forma que se importa comigo, por que ele não só concords com tudo que eu faço como os outros? Seria tão fácil se ele fosse só mais um puxa saco meu.
Mas não, ele tem que ser assim, tem que ser um Leonardo Gomes.
Que droga - Cerro os olhos o encarando em silêncio.
— Para de achar um culpado para as consequências de seus atos Gal. Você sabe que isso não é certo. - Explica Leonardo colocando suas mãos por cima das minhas, solto seu colarinho me afastando do mesmo. Odeio seu toque.
— Errado é ele jogar todo o tempo que tivemos fora por puro medo! - Exclamo olhando com ódio para Dante que em silêncio começa a caminhar pelo corredor do lugar.
Ele virou as costas...para mim!? - Corro até o loiro segurando em seu braço fortemente.
— Olha pra mim quando eu tô falando garoto. Sabe o tempo que eu gastei com você? O tempo em que eu podia estar me aprimorando enquanto te ensinava tudo o que sei? Sabe o quanto de espectativas eu criei para quando chegasse o momento certo você brilhasse? O seu lugar não é nas sombras Dante, eu não vou permitir que você dê as costas para mim e simplis--- Sou bruscamente interrompido por Dante que com seus olhos lacrimejados me encara seriamente.
— O meu lugar é onde eu quero estar...se criou espectativas sobre mim eu sinto muito...mas eu não vou continuar com isso, eu não tenho mais motivos para continuar... - Explica Dante com sua voz falha.
Não tem mais motivos para continuar... - O encaro com pesar ao ouvir suas palavras. Não acredito que ele vai parar de viver sua própria vida pela morte de alguém.
· FLASHBACK - três anos atrás ·
— Essa é uma GIbson Les Paul, ela tá ranking das doze melhores e mais fodas guitarra no mundo da música - Explico com orgulho de minhas pesquisas sobre todo o universo das músicas, eu finalmente encontrei o meu lugar nesse mundo entre as cordas de uma guitarra elétrica, e saber que Gaspar também quer se encontrar me deixa mais do que feliz.
Eu vou ensinar a ele tudo que sei, por mais que eu não saiba muita coisa. Mas será incrível!
Vamos crescer juntos nesse meio musical e futuramente eu poderei me achar por ter sido professor do segundo melhor músico de todo o universo! O primeiro será eu, é claro.
— Duas dúvidas. Melhores e fodas não tem o mesmo significado? E outra, como eu vou conseguir tocar isso? - Pergunta Gaspar olhando para o instrumento em sua frente. — Gal, você falou que me emprestaria uma guitarra para iniciantes, como se toca uma GIbson?
— Da mesma forma que se toca outras guitarras, cara entenda que, por mais que exista diversas marcas, tamanhos e cores, no fim tecnicamente é tudo a mesma coisa. - Explico olhando para a minha prateleira a procura de um bom adaptador de som.
— Tecnicamente? - Pergunta Gaspar confuso.
— A habilidade de um músico não se baseia-se em seu instrumento, e sim o que ele é capaz de fazer com ele - Explico dando o primeiro ensinamento ao meu aluno gafanhoto. — Que seja essa a sua primeira lição, pequeno gafanhoto.
—Tá mas como eu---pera aí, gafanhoto? - Pergunta o jovem me olhando torto. — Tá bem da cabeça Gal? Que apelido mais estranho.
— Haha, vou te chamar assim agora. - Afirmo o entregando uma pequena caixa em mãos. — Aqui, escolhe um cinto aí para você usar. Você precisa acoplar ele na GIbson se não ela vai cair no chão e eu vou te matar antes que tenha a oportunidade de falar foi mal. — Explico o encarando seriamente.
Não quero nem pensar em um acidente desse acontecendo.
— Por que acha que eu vou deixar ela cair no chão? - Ele pergunta pegando o instrumento em mãos. — Nossa...ela é linda...
— Eu sei, comprei diretamente de uma loja em uma viajem que fiz ao exterior, o moço falou que aos poucos elas vem sendo difíceis de serem achadas por aí, preto combina com tudo, né? - Explico admirando para a guitarra preta e branca. O preço valeu com certeza a pena.
— Preto é bonito mesmo, mas você não precisava comprar uma Gal, eu pedi apenas uma simples que você não usa mais mesmo...ela parece ter sido cara. - Explica o jovem olhando para cada detalhe do instrumento.
— Não parece, foi cara. Mas tudo bem, se meu pai não sentir falta desse dinheiro na conta dele tá tudo ok. - Comento me sentando ao lado de Gaspar.
— Ele ainda briga com você sobre esse lance de ser um guitarrista? - Pergunta Gaspar preocupado.
— Cê sabe como ele é um pé no saco, na cabeça dele apenas música clássica é música de verdade. Eu até gosto de violino e tals mas... - Olho para o teto onde colei um pôster da banda Dragões Metálicos, a banda que me inspirou a ser o que sou hoje. — Guitarras são minhas paixões cara, só elas conversam comigo de uma forma tão profunda, sei lá, elas são incríveis...
— Tentou explicar isso a ele...? - Pergunta Gaspar olhando para o teto junto a mim.
— Explicar alguma coisa ao meu pai? Eu não posso fazer isso, estamos até brigando com menos frequência então...é melhor deixar esse assunto quieto... - Explico admirando os pôsters por toda a parte. - Sabia que o Slash da banda Guns N' Roses tocava uma GIbson? Ele era foda pra um cacete com aquela belezinha em mãos - Mudo de assunto tentando não pesar o clima.
— O George dos Beatles também tocava uma dessas... - Acrescenta Gaspar sorrindo para sua guitarra em mãos, vejo seu sorriso aos poucos se esvaindo. — Acha que eu vou conseguir tocar da forma certa...? - Pergunta o jovem com receio.
— Não existe forma errada de tocar cara, quero dizer, existe. Tipo, usar ela sem cordas é uma forma tremendamente errada de tocar, haha! - Brinco com Gaspar tentando o anima-lo. — Mas relaxa, por mais que exista diversas formas de tocar errado não existe uma se quer de tocar de forma certa.
— Como assim? - Gaspar me encara confuso não entendendo o que acabei de dizer.
— Você deve tocar o que sente, e nós sentimos coisas diferentes, então seu som não será errado e nem certo, será apenas diferente, será único...e ela vai amar isso... - Explico o confortando com sinceridade.
— Acha mesmo? - Pergunta o jovem ainda receoso. Não entendo de onde Gaspar tem tanta insegurança, as vezes eu não sei lidar com isso mas eu me esforço ao máximo para entende-lo e respeita-lo.
Quando se cresce em uma família onde ter insegurança é ser fraco, e fraco é ser falho...e não se pode de forma alguma falhar...é difícil entender a dor dos outros.
Ninguém nunca entendeu a minha...
— Gaspar, ela te ama. É claro que ela vai gostar, então para aí com essa cara de depressivo. Viemos aqui para tocar rock caralho! - Exclamo me levantando rapidamente mudando o clima desse quarto.
Hoje é um dia importante, não temos tempo para pensar se pode dar errado. Sempre pode dar errado! E daí? Faz parte da vida.
— Nós vamos compor a melhor música de todos os tempos! Você vai aprender a tocar e vai se declarar para a Jasmim! Aí vocês casam, filhos, e blá blá blá. - Explico caminhando até meu armário, pego minha guitarra pronto para começarmos nossa aula para iniciantes.
— Por que usa uma Stagg? Dizem que a melhor guitarra elétrica são as Stratocaster ... - Pergunta Gaspar olhando para meu instrumento.
— Eu tô dando um tempo para as Fender, acho que já quebrei muitas delas - Comento pegando minha boa e velha Stagg, ela é legal, ela me entende.
— Quebrou? Eu não entendo esse negócio de quebrar guitarras, é um tipo de costume de metaleiros ou é só coisa de doido mesmo? - Pergunta Gaspar olhando para sua Les Paul preocupado. - Vou ter que quebrar ela para ser um---
— Você não é nem doido de quebrar essa guitarra garoto. Eu juro que decepo sua cabeça se fizer isso! - Aponto minha palheta para o jovem o ameaçando. — Não precisa ser um metaleiro para destruir seus próprio instrumento, só precisa ser doido mesmo. - Explico respondendo a pergunta do mesmo.
— Entendi... - Murmura o jovem pensativo.
— Olha, eu acho que cada caso é um caso, Kurt Cobain expressava sua ira nos palcos e destruía seus instrumentos, eu acho que no calor do momento ele fazia isso, a sensação de estar em um palco deve fazer isso com a gente , sabe? - Explico pensativo. Será que um dia estarei em um palco? Será que um dia poderei explodir todos os meus sentimentos para fora e não me repreenderão por isso, e sim aplaudirão...
Bom, só existe uma maneira de descobrir.
— Eu quebrarei todas as minhas guitarras como um símbolo artístico! Sempre que toco uma música entro em uma conversa profunda com elas ... - Seguro a guitarra em mãos a encarando seriamente. — As vezes as conversas são banais e agradáveis, as vezes são discussões e ofensas. E como toda conversa uma hora ela deve se encerrar, e eu encerrarei as conversas, encerrarei as músicas, encerrarei os ciclos com o maior estilo. - Explico não contendo meu sorriso de canto. — Eu vou ser o músico mais foda que já pisou na terra Gaspar, guarde as minhas palavras!
— Gal... - Gaspar me encara surpreso e pensativo.
— Agora, falando de uma forma mais lógica, esses instrumentos são caro, mas o prejuízo é do meu pai então que ele se foda. - Dou de ombros sem dar importância para esse pequeno detalhe.
Grande pequeno detalhe.
— Voltando ao nosso assunto, o primeiro passo para qualquer coisa é ter certeza dessa coisa. Você quer aprender a tocar, ok. Mas o que exatamente? Uma GIbson é uma guitarra versátil, digamos assim. Elas são usadas para músicas suaves como blues e intensas como o rock. Você tem várias escolhas a se fazer, vários estilos musicais, entende o que digo?
— Entendo, mas eu não sei bem o que quero tocar... - Murmura Gaspar sem graça com suas próprias palavras.
Esse cara é uma graça mesmo - O encaro sorridente a espera de uma resposta.
— Por que tá me olhando assim? - Pergunta Gaspar confuso, desviando o olhar o jovem repete. — Tô falando sério Gal...
O infeliz é tão engraçado que dá até vontade de sair no tapa... - Respiro fundo contendo meu pequeno surto interno.
— Gaspar...cê nunca sabe de nada né? - Comento não vendo nenhuma novidade. Apenas Gaspar sendo o Gaspar. Indeciso e inseguro. — Ok, então vamos começar pelo zero, literalmente pelo zero.
· Atualmente ·
Como ele pode querer jogar tudo isso fora? Nós nos divertimos tanto...nós evoluímos tanto...como ele pode simplesmente jogar tudo fora? Todo esse tempo, todos os momentos...
— Vai desistir de tudo? acha que ela gostaria que você fizesse isso? - Pergunto com indignação.
— Respeite minha escolha Gal, por favor... tudo que eu menos preciso agora são de seus julgamentos... - Reclama Dante se soltando.
— Respeitar? Você não se respeita! Você não me respeita! O que tudo aquilo foi para você? Por que quis aprender a tocar para depois jogar tudo fora? Por que ainda gaurda ela em seu armário então? - Pergunto não contendo meu ódio.
Não é justo, não é sobre ela, não pode ser mais sobre ela. Deve ser sobre ele...eu não posso mais vê-lo assim. Estagnado na vida por causa de alguém que já foi, ele precisa seguir em frente, precisa olhar para frente e caminhar, nem que para isso eu precise empurra-lo.
— Não me peça para respeitar essa escolha...ela não é a escolha certa... - Explico com minha voz embargada. Eu odeio me sentir dessa forma.
Eu deveria o ajudar, mas para isso ele precisa permitir se ajudar...
Ele precisa voltar a tocar o que sente, não pode guardar isso para si mesmo.
— Gal, deixa ele em paz, é a escolha del--- Interrompo Leonardo impacientemente novamente.
— Não é a escolha certa! Ele não pode fazer isso, eu não vou deixar. - Reclamo me virando para Leonardo, volto a encarar Dante que volta a caminhar dando as costas para mim.
— Você não é ninguém para dizer o que é certo ou não. Cuida da sua própria vida. - É a última coisa que o ouço dizer antes de curvar o corredor.
— É um pau no cu mesmo. - Reclama Antony indagado - Sorte a nossa que ele não está na banda, lidar com alguém como ele deve ser um--- Acerto um murro em seu maxilar antes que pudesse terminar sua frase.
— Gal! Para com isso! - Exclama Leonardo me puxando para longe de Antony que assutado me encara.
— Caralho, do nada Gal! - Reclama Antony colocando sua mão na região atingida por mim. —Não desconta isso em mim, eu não tenho nada haver com essa briga entre vocês!
— Exatamente, você não tem nada haver com isso então cala a porra da boca! - Reclamo de punhos fechados. Pau no cu é ele.
Dante pode ser tudo, mas não é um pau no cu, é meu amigo! Só eu posso falar dessa forma com ele.
— Gal, já chega. Se o diretor ver isso ele vai brigar com todo mundo aqui. - Reclama Leonardo tentando acalmar a situação.
— É por isso que eu tô vazando fora - Explica Henry entrando em sua sala, Antony e Bruno o acompanham deixando eu e Leonardo no corredor.
Que droga...
— Gal, por que tá surtado assim? - Pergunta Leonardo preocupado.
— Porque você tava defendendo a pior escolha que o Gaspar já tomou na vida dele! Você não o conhece como eu o conheço, ele não pode parar com a música...se não tudo vai dar errado... - Explico tentando o convencer.
— Gal...a escolha foi dele, não pode obriga-lo a continuar no mundo da música se ele não quiser... - Explica Leonardo colocando sua mão sobre meu ombro. — Eu não o apoiei em sua escolha, eu a respeitei, porque sendo certa ou não, eu devo respeitar isso. E você também Gal.
— Mas...ele ama a música...ele ama cantar... Léo, você sabe que ele ama, já o viu cantando...é tão... - Paro por um instante a procura de uma palavra para descrever como é ouvir a voz de Dante.
Não há palavras para isso.
— É doloroso... - Comenta Leonardo pensativo. - Já faz um ano que eu o conheço, e faz um ano que noto isso. Cantar para ele é difícil Gal, dói por algum motivo...eu não sei qual é mas é visível em sua voz...se não o faz bem cantar ele deve parar mesmo. - Explica o jovem dando sua opinião.
Me recuso a ouvi-la, me recuso a aceita-la.
— Não! Ele não pode...ele ama a música...e o amor nem sempre é algo agradável, amar dói...mas não deixa de ser amor, entende Léo? - Explico o encarando nos olhos, o jovem me encara por alguns segundos desviando seu olhar de meu alcance. - Léo...? - O chamo preocupado.
— É...eu entendo muito bem... - Explica Leonardo tirando sua mão sobre meu ombro. — De qualquer forma, eu acho que devemos esperar ele pensar sobre essa escolha e depois conversamos com ele sobre isso - Explica o jovem mudando de assunto.
Eu falei algo de errado? - Pergunto notando a expressão mudada de Leonardo.
— É... - Murmuro suspirando fundo. — Me desculpe por eu ter gritado com você, e ter te jogado contra a parade, e falado que te odeio, e todas as outras coisas... - Explico envergonhado, eu sou realmente um cuzão. Leonardo sempre tenta me ajudar e eu o trato tão mal. Como ele ainda pode ser meu amigo?
— Ah, não é a primeira vez que você---pera, oi? Cê não falou que me odeia não cara. - Explica Leonardo me olhando confuso.
— Não? Devo ter só pensado então. - Dou de ombros caminhando até a sala de aula.
— PERAE então você me odeia??? - Pergunta o jovem reprimindo seus lábios. - Você...me odeia...
— Claro que não, eu só pensei, e desculpa por ter pensado isso também. Foi na hora da---meu Deus, você tá chorando? - Pergunto o encarando surpreso. — Cara eu não te odeio, para de chorar seu bebezão!
— Mas se você pensa significa que--- O interrompo tirando essa ideia de odiar ele de sua cabeça.
Como odiar Leonardo Gomes? Ele sempre foi tudo o que eu precisei ter ao meu lado, eu seria um monstro se odia-lo, e por mais que eu seja babaca aos olhos de muitos ainda não cheguei nesse nível. E nunca chegarei, eu nunca odiaria Leonardo Gomes, é mais provável que ele me odeie algum dia...
Eu sempre afasto as pessoas que amo de minha volta, Dante e Leonardo foram os únicos que ficaram. Se eu perder os dois por culpa de minha impulsividade eu nunca me perdoarei.
— Léo, eu não odeio, é sério. Eu só pensei nisso porque sou um idiota, não tenho controle sobre nada em mim, muito menos sobre meus pensamentos... - Explico suspirando fundo, bagunço os loiros fios de cabelo de Leonardo rindo da situação. — Por que tá chorando? Meu Deus, tá parecendo um criança tapada chorando por coisa tão boba.
— Não é boba! Não me odeie Gal...por favor... - Murmura Leonardo cabisbaixo.
— Para com isso, eu não odeio ninguém e tá tudo certo, não me peça essas coisas...não é possível te odiar - Explico sorrindo para o jovem tentando tranquiliza-lo.
— Sorte a minha então... - Afirma Leonardo aliviado.
— Não abuse dessa informação Leonardo Gomes - Explico o encarando seriamente, vejo um sorriso travesso surgindo no rosto do mesmo. — Puta que me pariu...
Ele vai me encher o saco o dia inteiro depois dessa...- Me debruço em minha carteira me sentindo exausto só de pensar no longo dia que terei pela frente.
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LEONARDO GOMES
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·01:30 AM·
As coisas andam tão corridas. Admitir isso não é nada saudável mas o trabalho está me fazendo bem, quero dizer, não está.
Mas isso é bom.
Sinceramente, prefiro passar noites em claro trabalho e aproveitando minha produtividade enquanto ainda a tenho, nunca estive tão dedicado ao meu trabalho de acessor, o que começou como um emprego temporário tirando fotos e marcando eventos se tornou algo que realmente está lucrando.
Desde que comecei a cuidar da carreira de outros músicos venho recebendo elogios pela competência de meu trabalho, sempre achei que era um amador nesse área pelo fato de sempre ouvir isso dos Escriptas. Mas agora eu sei que estava no ambiente de trabalho errado, talvez até no ambiente social errado também...
Eles são meus amigos e também meus clientes, é algo complicado. Desde que a banda perdeu aquele concurso Gal anda frustado demais para liderar a banda, eu não sei o que será dos Escriptas daqui para frente, isso me preocupa, mas devo focar em problemas mais importante, nos meus problemas...
Penso demais em tudo e em todos e isso me quebra no fim do dia. Com todo respeito, chega de Bruno e seu problema com seu melhor amigo de infância, basta deixar o orgulho de lado e pedir desculpas!
Chega de Dante e seu passado problemático, a certas coisas que somente ele poderá resolver com seus próprios sentimentos, seus próprios demônios...
E chega de Gal, definitivamente, chega de Gal Sal e tudo que o envolva.
Eu vou focar em mim e em minha carreira profissional, afinal, eu mais do que ninguém mereço minha própria atenção.
É! É isso que eu farei!
·02:45 AM·
Sair da teoria é outra coisa.
Por que ainda faço planos para mim mesmo se sempre os coloco em último lugar?
Porra, Leonardo! Você tem que se foder mesmo - Caminho pelas ruas frias e desertas da cidade com meus olhos fixos em meu celular.
Eu devia estar fazendo tudo que prometi fazer a mim mesmo para o meu próprio bem, mas não, cá estou eu a procura de Gal Sal. Esse sem noção me manda mensagem em plena madrugada esperando que eu o atenda.
E eu atendi.
Eu atendi...
Eu...
Por que eu atendi?!?
Leonardo Gomes, eu oficialmente desisto de você, que você sofra nas mãos daquele play boy até parar de ser idiota - Suspiro fundo perdendo a paciência comigo mesmo.
Mas pela voz embargada ele parecia realmente mal...se não fosse urgente ele não ligaria tão tarde para mi... - Reflito me defendendo de meus próprios julgamentos.
Talvez ele esteja com problemas...
Quem não tem problemas? Todos temos, eu sempre tive e nunca recebi ajuda...nunca tive ninguém ao lado...
por que estou o ajudando? Eu deveria me afastar, por mais que doa em Gal, eu sei que não vai mata-lo, a solidão dói, mas não mata, não por inteiro...
Ele vai ficar bem, e se não ficar...sinto muito mas não a nada que eu possa fazer, eu já fiz demais...se eu não parar de me enfiar na frente de balas pelos outros, principalmente por quem não se importa, eu vou morrer. Eu sinto isso, uma morte lenta e dolorosa.
E se eu morresse...ele sentiria minha falta? -
Penso parando de caminhar. Ele morreria por mim...? Acho que não.
Por que eu sou assim? Por que dói tanto?
Ele me assistiria agonizar...ele não me ama, não como eu o amo... - Seco uma lágrima discreta que fugiu de meus olhos, me sinto tão pequeno em frente aos portões de sua casa luxuosa.
Por que eu vim? - Pergunto a mim mesmo com meu celular em mãos.
— Gal...tô aqui, como me pediu. - Explico ao atender a ligação do jovem que me encarava pela janela de algum cômodo da casa. Olho para os portões vendo uma serviçal da casa abrindo a entrada me dando passagem para entrar, sorrio gentilmente para a senhora me sentindo mal de certa forma.
Ela saiu nessa noite fria para abrir os portões para mim, assim como eu fazendo as vontades de Gal Sal. A diferença é que eu tenho a escolha de dizer não.
Eu não tenho é essa coragem, ou vergonha na cara, é a mesma merda no fim das contas.
Não acredito que estou aqui, por que estou aqui? Por que sou tão --- Silencio meus pensamentos ao me encontrar com os olhos de Gal, inchados e marejados...ele estava chorando...
O que aconteceu?
— Gal...? - O chamo preocupado. Não importa o quanto eu me esforce, quando encaro seus olhos cansados e profundos, quando ouço sua voz gritando por socorro junto ao seus soluços, quando o vejo dessa forma, eu simplesmente o abraço.
O acolho...
O ajudo...
Caminho até o jovem com os abraços abertos, a poucos passos de distância de Gal vejo o mesmo correr até mim desabando em meus braços. Conforto sua cabeça em meu peito acariciando seus cabelos o deixando chorar avontade.
Ele precisa de alguém para isso, e eu prometi que estaria lá por ele quando ele precisasse, é o que os amigos fazem...
Mas...enquanto cicatrizo e alivio suas dores as minhas feridas só aumentam...
Demorei anos para cicatrizar acontecimentos traumáticos em meu passado para Gal Sal entrar em minha vida reabrindo minhas feridas. Não é intencional, eu sei, ele nem se quer tem ideia do que sinto por ele.
Mas mesmo assim, dói.
Sangra...
Por que tenho que te amar? - Choro junto ao mesmo por motivos diferentes, nem se quer sei o porquê ele está assim dessa vez, são tantos motivos, só espero que não seja o pai escroto dele novamente se não terei que tomar providências sérias sobre isso.
— Gal...por que está assim? foi o seu pai? ele tocou em você? - Pergunto com preocupação e pesar, o medo de ouvir o que aconteceu toma conta de mim, quero ajudá-lo, quero tirá-lo de perto de tudo que o atormenta.
Mas eu não tenho essa capacidade, mal estou me ajudando, como poderia ajudar Gal...?
Isso só vai piorar as coisas...
— Gal, foi ele? - Pergunto novamente.
— Não...é o Dante...ele esteve aqui e... - O jovem para sua frase voltando a permanecer em silêncio deixando que seu choro falasse pelo mesmo.
— O que aconteceu Gal? O que ele disse? - Pergunto preocupado.
— Ele não disse nada...ele...ele só veio aqui e me entregou a...a guitarra, ele a me entregou...ele não a quer mais, ele não me quer mais...Léo, ele foi embora. Ele nunca mais vai voltar, ele não vai me perdoar e a culpa é toda minha...ele não quer mais nada que lembre de mim perto dele...agora ele tem seus novos amigos e eu não faço parte deles, não faço parte de sua vida, eu... eu vou ficar sozinho... - Em meio ao desespero o jovem tenta se explicar sem muito sucesso. Sua palavra estão perdidas, mas acho que entendi o contexto da história.
O que estava previsto aconteceu.
— Sinto muito Gal... - Comento em uma tentativa de consolo. Eu faria o possível e impossível por Gal para vê-lo bem mas laços separados é algo que só o tempo conserta.
Essa guitarra era algo de valor significativo para a amizade dos dois, algo que os uniu durante anos...ele deve estar sentindo uma dor horrível ao ter a visto novamente... - Penso o voltando o abraçar fortemente.
Sinto um cheiro de álcool vindo das roupas de Gal, é claro que ele não aguentaria toda essa situação sóbrio, o que complica mais ainda as coisas.
·Alguns minutos depois ·
— Aqui está o chá que pediu, senhor Gomes. - Explica a senhora me entregando uma xícara de chá de camomila que pedi para que fizesse para Gal se acalmar, quem sabe assim ele consiga dormir.
— Obrigada, de verdade. Está tarde então vá descansar, fique tranquila pois eu cuidarei dele. - Agradeço a mulher gentilmente voltando a fechar a porta do quarto de Gal.
Encaro o cômodo com algumas mobílias reviradas e coisas quebradas, consequência de uma crise de raiva de Gal.
Ele sempre me chama depois de suas crises, se me chamasse antes delas evitaria todo esse prejuízo - Penso passando por alguns cacos de vidro. Terei que limpar isso depois mas agora o foco é o Gal.
— Vai demorar aí dentro, Gal? A governanta da casa fez um chá pra você, isso vai te fazer se sentir melhor, saí logo desse banho antes que desça pelo ralo - Comento colocando a xícara sobre a pequena estante do quarto do jovem, olho para a mobília a procura de algo que eu deixei bem a minha vista para me certificar que não sairia dali. — Gal, saí desse banheiro. - Reclamo caminhando até a porta do banheiro onde Gal estava a mais de meia hora.
— Gal, abre essa porta e me devolve a garrafa que eu deixei claro que não era para você encostar um dedo se quer nela. - Reclamo firmemente, e eu achando que ele estava tomando um banho como uma pessoa descente. — Se não sair daí agora eu vou embora Gal. Eu não vou cuidar da ressaca de ninguém, não de novo.
Ouço a porta se abrir vagarosamente, Gal passa por ela com uma garrafa vazia de uísque em mãos, cambaleando até a cama o jovem se joga nela se deitando de forma despojada.
— Eu disse que beber não é a solução para as coisas Gal, quantas vezes tenho que te falar qu---
— Para o seu governo, eu não toquei dedo algum em garrafa alguma. - Explica Gal me interrompendo.
- Ah, não? - Pergunto indagado.
— Na-na-ni-na-não, nenhum dedo, só a boca, sacou? Porque eu bebi hahaha - Explica o moreno caindo na gargalhada. — Essa foi tão boa que chega a ser ruim. Essa noite só piora haha!
— Gal...para com isso cara... - O aconselho me sentando próximo ao mesmo em sua cama. — Vamos conversar, o que acha?
— Eu não quero conversar, não quero conselhos e muito menos lição de moral, eu não quero nenhuma merda desse tipo - Reclama Gal rispidamente em uma careta.
— O que quer então? - Pergunto não entendendo o motivo de estar aqui.— Gal, eu só vou poder te ajudar se você quiser se ajudar, entende? - Tento explicar ao jovem que distraído encarava meus lábios.
Ah, Deus ... - O encaro da mesma forma já entendendo o motivo de minha vinda aqui. Por que ainda tento ajudá-lo? O que eu quero com isso? Ganhar seu amor? Eu não sou nada para ele...só algo descartável...
— Eu só não quero mais sentir isso...essa dor...ela precisa ir embora...Léo, você precisa me ajudar... - As palavras do menor saem como uma súplica de sua boca, se aproximando aos poucos de meu rosto nossos lábios se selam por poucos segundos antes de me afastar. — O que foi...? - Pergunta Gal olhando para mim, o mesmo segura a gola de minha camisa não me deixando afastar. — Fica, por favor...
— Gal...isso...isso não vai dar certo, não é assim que as coisas devem ser, você não pode usar as pessoas dessa forma...- Reclamo com minha voz trêmula, estar tão perto de Gal e senti-lo tão distante é uma sensação horrível. Prefiro morrer do que continuar sentindo isso, continuar vivendo assim. — Gal, isso me dói muito, você não pode fazer isso comigo...
— Isso o que? - Pergunta Gal encarando meus olhos, sinto sua mão ajeitando meu colarinho gentilmente, antes que pudesse responder o peso de seu corpo e jogado sobre mim. Em meu colo Gal me pergunta novamente. — Do que está falando? Você quer mais? Achei que eu...podia contar com você... - Explica o menor me olhando com decepção.
— Não me olha assim...eu não sei porque é tão fácil você agir dessa forma mas eu não sou assim, eu não quero ser assim...não quero ser o cara que você pensa quando chega a noite, me entende? - Tento explicar tentando conter minhas lágrimas.
— Eu penso em você pela manhã também. - Comenta Gal sorrindo para mim.
— Gal, você não tá me entendendo cara, não é pela e sim para quê. O que eu sou para você? Para que eu sirvo...? Você...não me ama, não é..? - Pergunto receoso de sua resposta.
Teria que a ouvir uma hora ou outra.
— Léo... - Gal me chama encarando meus olhos com tristeza, sinto suas lágrimas caindo em meu rosto. Me dói tanto vê-lo assim, me dói tanto me ver assim...
— Léo...eu não sei o que é o amor...e eu tenho medo de senti-lo...eu não quero sofrer, e também não quero que você sofra... - Explica o menor com sua voz falha.
— Mas...? - Espero aflito por uma explicação. Precisávamos ter essa conversa hora ou outra.
— Mas eu me sinto tão bem quando estou com você e...apesar de não saber o que é isso que eu sinto eu quero...eu quero que dure, por uma noite ou para o resto da minha existência. Me desculpe se não é a resposta que você esperava mas...eu sinto muito. - Explica o jovem saindo de cima de mim, seguro em sua cintura o puxando para perto novamente.
— Eu sei o que eu sinto Gal, eu sei desde que nós éramos crianças...eu sempre me senti na sua sombra sendo usado de várias formas por você, eu me apeguei de uma forma doentia a você e eu sei que não é certo mas tentar não te amar me dói...eu posso parecer um idiota mas...eu amo você...você me tira do sério e eu amo isso, você mente e se aproveita de momentos como esses e...bom, isso eu com certeza eu não amo, quero dizer, isso é coisa de manipulador cuzão e eu não gosto desse teu lado mas...eu amo você, seu lado...menos cruel... - Explico fitando seus olhos finalmente tirando as palavras que a tanto tempo estavam em mim, vejo um sorriso sincero surgindo no rosto de Gal.
— Você me acha cruel, Leozinho? - Pergunta o jovem em um tom provocativo.
— Eu te acho é um bosta Gal, não, ainda é pouco, seu mimadinho sem escrúpulos, folgado d---
— Haha acho que eu já entendi, posso te dar uns amassos agora ou vai continuar me amando e me ofendendo ao mesmo tempo? - Pergunta Gal se aproximando de meu rosto, respondo sua pergunta o beijando.
Finalmente sem aquele peso....
Não sei o que será daqui para frente, não sei se essa conversa é o suficiente para mudar Gal Sal mas.
Eu falei o que precisava, e não ouvi um não.
Já é uma conquista, eu acho.
Olá, caro leitor!
Já sabem né, beba água! E vote, caso queira :)
Baey, baey!
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