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Sorvete

♪♪♪

ARTHUR CEVERO

♪♪♪

Hm...livros, estojo, celular...o que estou esquecendo?- Pergunto a mim mesmo olhando aos arredores de meu quarto. No momento eu acho que nada mas temo que assim que atravessar pela porta vou me lembrar de algo muito óbvio e impossível de se esquecer.

Minha cabeça está grudada ao meu corpo, então tá tudo bem!  - Dou de ombros despreocupado.

— Filho, não era hoje a tal tarde dos estudos? - Ouço minha mãe perguntar do outro lado da casa.

— É sim, mãe. - A respondo pegando minha mochila saindo do quarto rapidamente, volto até o cômodo me olhando no espelho pela última vez.

Eu sou um rapaz lindo demais, isso é um fato.

— Mãe, tô bonitão, não tô? - Pergunto a mais velha que com um olhar desconfiado me pergunta.

— Isso realmente importa para uma "tarde de estudos" com o tal Daniel?

— Primeiro, tire essas aspas aí haha! É realmente uma tarde de estudos - Afirmo caminhando até a mesma. — E segundo, o nome dele é Dante, de onde tirou Daniel?

— É um nome comum, muito mais que Dante. De onde a mãe dele tirou Dante? - Pergunta a gaúcha olhando confusa para o nada.

— Ah, vai ver ela gostava de ler A Divina Comédia, o protagonista se chama Dante... - Explico sorrindo bobo para a mais velha.

— A Divina Comédia? - Pergunta Ivete deixando sua louça de lado. — Desde quando sabe sobre esses livros guri? Você nunca lê nada.

— Que isso mãe, não me ofenda. - Comento defendendo meus quadrinhos desnecessariamente violentos.

— Força G não conta, Arthur. - Brinca a mulher me provocando.

— Conta sim, e eu não preciso ler a obra para saber algumas coisas sobre ela, eu pesquisei e é isso. - Explico calmamente para a mulher que com os cílios apertados me faz outras de suas perguntas desconfiadas.

— Pesquisou? Por que pesquisou? O que você tem? E se é apenas uma tarde normal apenas estudando, por que quer estar bonitão?

— Eu apenas pesquisei, conhecimento nunca é demais. Estou bem e quero só confirmar que estou bonitão, porque realmente estou - Respondo seu interrogatório rapidamente me gabando de minha última resposta. — Agora que já acabou com o interrogatório, eu já vou indo, ok?

— Hm... - Murmura a mulher me encarando  da mesma forma que antes, talvez até mais desconfiada que antes.

Não entendo o porquê de tanta desconfiança.

É só uma tarde normal com uma pessoa normal, vamos estudar sobre algumas matérias que tenho certas dificuldades. Eu e Dante somos amigos, amigos de longa data, como costumamos dizer um ao outro.

Pode até ser uma amizade que surgiu do nada e assim como se iniciou de repente irá se encerrar de repente. Mas não tem problema algum nisso.

Posso até ter pesquisado sobre o personagem de um livro que não tenho o menor interesse, apenas por ter o mesmo nome que loirinho cdf com quem ando tendo aulas de reforço. Mas não tem problema algum nisso.

Eu posso até ter me arrumado, mesmo sabendo que ele não vai se importar. Mas não tem problema algum nisso.

Eu entendo a sua desconfiança, todos a minha volta estão assim. Afinal, o que aconteceu comigo? Por que estou assim?

Sorridente e bobo, poético e sensível, ando compondo músicas feito um lunático. Um lunático apaixonado, apaixonado por alguém que mal conheço, que mal me conhece. Mas não tem problema algum nisso.

Tudo bem amar, é algo bobo, passageiro...é só um garoto...

Ele me faz flutuar quando ouço sua risada. Me faz me sentir sem rumo, completamente perdido quando encaro seus olhos. Me faz me sentir como um tremendo idiota quando toca em minha mão...é só uma mão...

Mas consigo imaginar toda a nossa vida ao sentir seu toque.

Eu sou um iludido, mas não tem problema algum nisso.

Não ainda, por enquanto, é uma ilusão agradável de se criar, de se afogar...

Eu sei como isso acaba, ele é um amor passageiro, assim como todos os outros. Ele me faz sentir coisas que no agora eu vejo como sinceras e profundas, mas daqui a algum tempo, dias ou meses...vou ver como mais uma de minhas ilusões bobas que sempre fantasio ao conhecer alguém legal.

Esse mundo é enorme, existem tantas pessoas legais, tantas que ainda vou conhecer.

Está tudo bem gostar delas, de todas elas...

Sentimentos existem para serem sentidos. E tá tudo bem...- Afirmo a mim mesmo caminhando em passos calmos até o parque, local onde eu havia marcado com Dante para nos encontrarmos.

Um encontro normal em uma tarde normal.

Está tudo bem...

♪♪♪

DANTE

♪♪♪

— Você tem que aprender a negar certos favores, sabe? - Explica Beatrice me olhando torto. — É sábado a tarde, por que alguém com a sã consciência aceita estudar em pleno sábado a tarde? - A jovem me encara indignada jogada sobre o tapete da sala.

— Bea, já lhe disse que a ideia foi minha, essa pergunta deve ser feita ao Arthur que aceitou estudar comigo no parque. - Comento calmamente em frente ao espelho. De todos os dias para meu cabelo se rebelar contra mim, por que justo hoje?

— Fala sério maninho, que falta de criatividade para convites ein. Tantos lugares e nesse calorão era só ter chamado ele pra uma sorveteria ou sei lá, qualquer coisa. Números e palavras são tedioso demaaaais - Reclama a mais nova enfatizando suas palavras.

— Bea, sem números e palavras a vida seria um caos completo, você nem se quer estaria a reclamar aí sem a existência de números e palavras, sabia? - Explico me virando para a jovem. — Pode me ajudar com isso? - A entrego a escova de cabelo deixando isso para alguém que tenha mais experiência.

— Hmmm...mais estranho do que você ter convidado é ele ter aceitado. - Comenta a jovem fazendo uma careta com desconfiança — Sendo bem sincera, por essa amizade eu não espera.

— Do que está falando? - Pergunto confuso.

— Ah, cê sabe né maninho. Vocês são muito diferentes, tipo, em tudo. Eu acho, quero dizer, que assunto vocês têm? É literalmente só sobre estudos e essas chatices? - Pergunta a jovem curiosa em saber sobre mim e o... Arthur?

— Por que quer saber, Bea? - Pergunto confuso.

— Ah, foi apenas uma pergunta que tive agora, tudo bem se não quiser respondê-la - Explica a mais nova calmamente.

— Bom...nós conversamos sobre diversas coisas, nem todas estão relacionadas ao colégio. Ele é músico, conversando bastante sobre esse assunto...ele toca muito bem... - Explico calmamente.

— Alguns colegas meus foram no show naquela noite do concurso, sabe? Eles disseram que os Gaudérios Abutres são realmente incríveis - Comenta Beatrice terminando o simples coque em meu cabelo. — Prontinho, tá perfeito!

— Obrigada, Bea. - Agradeço a menor pela ajuda me levantando calmamente. — Bom, acho que já vou indo então... - Explico olhando para as horas, faltam alguns minutos para o horário marcado para nos encontrarmos no parque próximo daqui.

— Quando você volta? - Pergunta Beatrice me acompanhando até a porta.

— Não sei exatamente, mas não vou demorar, prometo. - Explico me despedindo da mais nova. — Vai ficar bem?

— Claro, divirta-se! - Exclama a jovem se despedindo alegremente.

— Ok... - Saio do apartamento seguindo o trajeto em direção ao parque. O caminho até lá, apesar de barulhento por conta dos carros e pessoas transitando pela cidade, foi relativamente calmo.

Ao chegar ao parque, olho aos arredores a procura de Arthur, noto que próximo a um conjunto de bancos e mesas de pedra se encontra o jovem de olhos bicolores. Distraído em algo em seu caderno ele não parece ter notado minha aproximação.

— Oi ... - Comprimento o jovem me aproximando do mesmo, um sorriso genuíno nasce em meu rosto ao ouvir as palavras do mesmo. Lembro-me nitidamente, a meses atrás, quando a ouvi pela primeira vez.

FLASHBACK - 5 meses atrás

— Agradeço novamente pela a enorme ajuda que está nos dando, Dante - Comenta Calisto caminhando até a sala 301, sala onde todas as tardes ocorrem a aplicação de matérias extras para alguns alunos com dificuldade em seu aprendizado, por falta de atenção ou de interesse.

Infelizmente o professor encarregado nesse trabalho está doente há semanas, o período de provas se aproximam e os alunos precisam de algum tipo auxílio.

Auxílio que eu darei. Por que? Não sei. Veríssimo acha que eu sou o garoto perfeito para isso por conta de meu perfil exemplar. Não sei ao certo porque ele acha que eu tenho a mesma capacidade de um professor para ensinar algo aos alunos, afinal, eu também sou um aluno.

Estou aqui para aprender, mas hoje, ensinarei o que sei. Ou pelo menos vou tentar.

— Sua ajuda será essencial para as notas de todos os alunos do reforço, eu sei que graça a você, eles terão um desempenho ótimo nesse bimestre! - Explica o mais velho olhando gentilmente para mim.

— Espero mesmo poder ajudar a todos, darei o meu melhor... - Afirmo sorrindo frouxo para o homem.

Confesso que sua frase deixou uma certa pressão sobre meus ombros. Minha ajuda é essencial? E se eu não ensinar da maneira correta? Suas notas vão cair por minha causa? E se...

— Fique tranquilo, as matérias já estão aplicadas nas apostilas de todos os alunos, você apenas irá tirar algumas dúvidas e certificar que todos estão concentrados em seus estudos - Explica Calisto me tranquilizando. — Considere isso um trabalho em grupo! Um grupo de trinta alunos baderneiros...mas tudo dará certo, qualquer coisa chame o Veríssimo ou alguém do conselho, ok?

— Hm...ok... - Afirmo olhando para a porta receoso.

— Boa sorte! Digo, haha, boa aula - Comenta Calisto em meio a algumas risadas, sinto o nervosismo em seu tom de voz, se ele está tenso imagina eu...

Ok...- Abro a porta suspirando fundo, me assusto me deparando com o estado da sala. Isso não é normal, ou é? Ela está...

Vazia.

Completamente vazia... - Olho aos arredores confuso. Eles ainda não chegaram? E se não vierem? O que eu faço?

Hm...- Me sento em uma carteira olhando para o nada pensativo, acho que dar aulas de reforço será mais fácil do que eu pensei. Talvez apareça alguns alunos, dois ou três...

Pensando bem não me admira que a sala esteja vazia, os reforços são aplicados apenas para os alunos que realmente querem aprender, o aluno tem a opção de participar ou não de aulas extras como essa. Vê-la vazia dessa forma não é um bom sinal, a muitos alunos que realmente precisam de ajuda, mas para isso, é necessário que o querer venha do próprio aluno...

Coisa que não parece estar acontecendo frequentemente.

— Hm... - Encaro o teto distraído, se todas as aulas serão assim acho que posso ir embora. Espero que eu possa mesmo.

Por que aceitei isso mesmo? - Pergunto a mim mesmo pensativo, poderia estar em casa a agora, lendo um bom livro ou apenas descansando. Mas eu estou aqui...porque tenho um sério problema em dizer não para os outros.

Ainda acho que Veríssimo se aproveita disso, por que os membros do conselho estudantil não podem fazer esse "favorzinho" como o mesmo disse, para ele. Por que Mia não está aqui? Ela também possuí um desempenho tão avançado quanto o meu. Talvez até mais para alguém da idade dela...

Ah, reclamar agora não vai adiantar nada...- Fecho os olhos deixando o tédio tomar conta de mim.

Aqui é tão silencioso...acho que posso descansar um pouco...

• • •

— Hãm...oi...? - Ouço uma voz distante me despertando de meu cochilo.

Cochilo? Eu dormi?

Aí Deus, eu dormi! - Me desperto rapidamente me assustando com o toque do jovem a minha frente, meus olhos encaram suas orbes coloridas assutado, me acalmo notando que era apenas um aluno.

Um aluno? Eu o conheço de algum lugar...

Esses olhos...eles me fizeram ter tantas perguntas naquela noite agradável na casa de shows, me perguntei como poderia existir cores tão vivas no olhar de um ser humano, me perguntei o porquê desses olhos me fitarem com tanta curiosidade naquele palco, me perguntei se o veria novamente...

E aqui está ele.

— Oi... - O jovem se pronuncia novamente sorrindo para mim, seu sorriso é reconfortante, ele se lembra de mim? Acho que sim, eu espero que sim...

— Oi... - O comprimento sorrindo gentilmente para o jovem. Sinto algo estranho se formar dentro de mim, meu estômago está em festas, sinto minhas pernas fraquejarem ao me levantar da carteira. Talvez por ter acabado de acordar, ou pela presença do guitarrista que não saía de meus pensamentos desde que o vi pela primeira vez.

— Oi... - O jovem repete suas palavras novamente com um sorriso bobo em seu rosto. Acho que ele não sabe bem o que dizer, assim como eu.

— Oi... - Digo novamente. Paro de o encarar por um segundo me perguntando o porquê estou assim.

Pare de repetir a mesma coisa, Dante.- Penso comigo mesmo me levantando da carteira, caminho até o quadro o encarando envergonhado. Ele me viu dormindo na sala de aula, o quão estranho essa cena deve ter sido?

— Você...veio para as aulas de reforço, certo? - Pergunto me virando parcialmente em direção ao jovem. — Sente-se, por favor.

— Ah, ok... - Murmura o jovem se sentando. — Então...você é o professor?

— Temporariamente sim, me chamo Dante. - Explico pegando uma apostila sobre a mesa do professor entregando ao jovem. — Eu irei te auxiliar no que precisar em relação a qualquer matéria.

— Ah...entendi. Bom, eu me chamo Arthur, Arthur Cevero. É um prazer em te conhecer Dante, espero não te dar muito trabalho, haha - Comenta o jovem em um tom descontraído sorrindo para mim.

Arthur Cevero...- Sorrio gentilmente para o jovem observando cada traço do rosto do mesmo.

Ele é...diferente.

Sua aparência é a típica de um adolescente rebelde, não sei ao certo se é realmente por sua aparência ou por ser um guitarrista amante de rock clássico, estilo que o mesmo tocou naquele show. Mas só de ouvir sua voz sinto que sua personalidade é totalmente diferente do que eu pensei.

É uma quebra de espectativa e realidade mais agradável que já tive, acho que não terei problemas com ele, ao contrário de alguns delinquentes do colégio.

Mas talvez seja só a minha impressão.

Talvez ele realmente seja um daqueles delinquentes difíceis de lidar.

♪ Atualmente ♪

Delinquente...e pensar que isso já passou por minha mente...- Me sento próximo ao mesmo sorrindo gentilmente para o jovem.

Arthur é uma das pessoas mais genuínas que eu conheço.

— Oi! - O jovem me comprimenta alegremente.

— Já começou a estudar sem mim? - Pergunto ao jovem de forma descontraída olhando para o caderno do mesmo, vejo algumas palavras e razuras na folha de seu caderno, ao notar minha atenção voltada ao caderno o mesmo o fecha rapidamente.

— Q-ue? A-ah não, tava só deixando as palavras fluírem mesmo...para uma música... - Explica Arthur envergonhado.

— Estava compondo? - Pergunto surpreso. — Ah, me desculpe por invadir o seu espaço dessa forma, não foi a minha intenção...

— Tudo bem...eu termino ela depois. Então, trouxe os materiais? - Pergunta o Gaudério mudando de assunto.

— Trouxe sim - Comento tirando minha mochila de minhas costas a deixando sobre a mesa. — Que tal revisarmos o último exercício que o professor Morato passou na aula passada? - Pergunto tirando meu caderno da mochila.

— Vamos começar logo com matemática? Você não é nada piedoso - Brinca o jovem fazendo uma careta enquanto tira seus materiais de sua mochila.

— Haha, me desculpe...quer começar com algo mais leve? - Pergunto olhando para o jovem que pensativo olha para o céu.

— O dia está tão ensolarado...acha que um sorvete do Balu cai bem antes dos estudos? - Pergunta Arthur propondo tomar um sorvete de...de quem?

— Balu? - Pergunto confuso. — Que nome interessante para um sabor...é bom?

— Sabor? Haha, não. Balu é quem faz o sorvete, cê nunca foi na sorveteria do Balu??? - Pergunta Arthur em meio a risadas, vejo sua expressão mudar ao notar meu olhar confuso sobre o mesmo. — Espera...cê nunca foi mesmo? Tipo, é logo ali - Explica o jovem apontando para uma esquina com uma placa indicando o lugar do que o mesmo está falando.

— Eu não costumo sair muito para esses lados... - O respondo calmamente.

— Ok, isso é uma situação muito séria, vamos manter a calma e resolver todo esse problema. - Explica o jovem respirando profundamente.

— Hm? Problema...?

— Dante, estamos falando do melhor sorvete de todo o universo, todo mundo sabe do que eu estou falando! Tipo, ele é o melhor sorveteiro, veio da Itália e tudo mais! E rez a lenda que aqueles que nunca provaram sua sobremesa dos deuses está condenado ao fim! - Exclama o jovem enfatizando a tal lenda que tenho quase certeza que acabou de ser criada.

— Uh, isso parece ser uma situação séria mesmo... - Me levanto o encarando preocupado. — Estou condenado ao fim...?

— Não mesmo! Vamos rápido! Antes que o napolitano acabe, hahaha! - Exclama o Gaudério caminhando em passos apressados até a sorveteria da esquina, olho para toda a mesa por um instante guardando os materiais rapidamente, olho para Arthur que feito uma criança exclama novamente. — Vamos! Ninguém é doido de roubar livros de matemática cara.

— É. Espero que não - Comento acompanhando o Gaudério até a sorveteria. Me pergunto como nunca havia notado um lugar tão bem frequentado quanto "Mona mur do Balu". Um nome tosco, mas o interior do estabelecimento é bastante agradável de se estar.

Ao entrar na sorveteria observo a arquitetura do lugar que realmente trás o ar italiano ao lugar, várias mesas e cadeiras bem posicionadas pelo salão bem arrumado, no final do salão atrás de um grande balcão de vidro um homem alto e robusto comprimenta Arthur alegremente assim que o vê.

— Campeão! Que bom te ver por aqui!

— Olá Balu, voltei, hehehe - Arthur o comprimenta caminhando alegremente até balcão. Seus olhos encaram as taças decoradas como se a felicidade estivesse em sua frente, talvez realmente esteja.

Seu sorriso é tão simples...

— Me diga bambino, o que vai querer? - Pergunta o atendente pegando sua pequena agenda com uma caneta em mãos pronto para anotar seu pedido. — Lembrando que de tudo-um-pouco não é um sabor, querido.

— Aaah - O jovem choraminga olhando emburrado para o maior que soltando algumas risadas explica.

— Foi mal campeão, mas sua mãe me explicou como a açúcar te deixar enérgico, e tudo nessa vida deve ter uma moderação, não acha? - Explica o homem sorrindo gentilmente para o menor. — Que tal uma casquinha napolitana?

— Pode ser, o que vai querer Dante? - Pergunta o jovem se virando para mim.

— Ele está com você? Nunca o vi antes, amigo novo? - Pergunta Balu olhando para mim, seu olhar parece me analisar atentamente. — Hm...já entendi tudo... - Murmura o mais velho adentrando no cômodo nos fundos do estabelecimento.

— Hm? - Encaro Arthur confuso.

— Ele é meio estranho, mas é muito gente boa. - Explica Arthur calmamente caminho até a mesa mais próxima de nós. — Quer se sentar ou pedido será para a viagem?

— Ah... - Olho para o parque pensando na possibilidade de algo acontecer com nossos pertences. Talvez Arthur tenha razão, livros e cadernos não parecem chamar a atenção de nenhum mau caráter. Acho que ficar aqui dentro não seja uma escolha ruim, afinal, Arthur parece tão confortável aqui na sorveteria. É como se esse fosse seu segundo lar, talvez até o primeiro. — Podemos ficar aqui, é um lugar agradável... - Comento me sentando junto a Arthur.

— Eu adoro esse lugar, o cara é um gênio do sorvete! Sério, vai ver que eu não tô zuando - Explica o Gaudério sorrindente.

— Você parece conhecer muito bem o atendente do lugar - Comento olhando um pequeno cardápio que estava sobre a mesa.

— Ah sim, ele tem um crush na minha mãe - Explica Arthur calmamente.

Olho para o jovem com certa surpresa. — Sério?

— Sim haha, no começo eu fique tipo, qual é a desse coroa? Mas depois eu entendi tudo, ele é um sorveteiro bem humorado e minha mãe uma motoqueira ranzinza. Não faz sentido algum, o amor não faz sentido, e é por isso que eles são perfeitos um para o outro... - Explica Arthur sorrindo bobo para o nada.

— É como dizem, os opostos se atraem - Comento deixando o cardápio de lado. — Então eles tem um relacionamento? - Pergunto curioso sobre o assunto.

— A não, haha quem dera. Minha mãe não quer saber de compromisso, ela está focada em outras coisas... - Explica o jovem pegando seu celular rapidamente. — É até engraçado observar os dois, tipo, o Balu é o maior gado que já pisou na terra, nesse dia aqui ele tava jogando sinuca lá no bar onde minha mãe trabalha e acabou errando todas as tacadas - Em meio a risadas Arthur me mostra um vídeo feito pelo mesmo de uma noite divertida em um bar onde Balu é o centro da gravação próximo a uma mesa de sinuca. — Minha mãe humilhou ele na sinuca, coitadinho...

— Essa ali é ela? - Aponto para a tela de seu celular notando a presença de uma mulher de cabelos grisalhos no canto da gravação.

— Sim, sim. O nome dela é Ivete, ela é muito foda, tipo, foda mesmo! - Explica o jovem alegremente.

— Ah, legal. Ela parece mesmo ser...foda - Afirmo repetindo as palavras do mesmo.

— Ela é sim! Você podia passar no bar onde ela trabalha qualquer dia desses, digo, as vezes a gente marcas alguns eventos lá e...seria legal te ver por lá. - Explica o Gaudério me fazendo um...convite?

— Eu...? Eventos? - Pergunto tentando transparecer apenas um pouco de interesse no que o mesmo disse. Se é o que eu estou pensando acho que não irei conter minha felicidade.

— Tipo, shows simples de garagem, sabe? - Explica o jovem envergonhado. — Não é lá aquelas coisas mas é legal, o pessoal se reúne pra beber e tocar, se quiser aparecer amanhã a noite, está convidado, beleza?

— Claro, será incrível... - Sorrio para o cantor feliz com o convite. O verei no palco novamente, esse misto de sentimentos é tão estranho e agradável de se sentir ao mesmo tempo.

Mais agradável do que estranho. Ou mais estranho do que agradável? É estranho achar isso agradável? Afinal, o que é isso?

Esse sentimento...

Hm...não pode ser...- Encaro seus olhos pensativo, olhos bicolores que me levam ao passado, me levam a tempos simples onde tudo era melhor, tudo era mais calmo, mais vivo, tempos simples e sentimentos complexos.

Apesar de complexo eu sabia o que eram, sentia eles e os acolhia em meu peito, não tinha medo de sentir...não tinha medo de amar...eu a amava. E sabia disso.

Esse sentimento...ele não pode ter voltado...isso seria tão errado...

Como posso amar de novo? Amar outro alguém? Me sinto perdido em seus olhos, suas cores...

Eu não posso...- Desvio o olhar com pesar, nunca achei que sentiria isso novamente, posso vê-la através de seus olhos, é tão encantador e doloroso ao mesmo tempo. Eu deveria sentir vergonha de cogitar em sentir isso por outro alguém que não seja ela.

— Dante? Está tudo bem...? - Pergunta Arthur me olhando preocupado.

— Sim...eu só estou pensando em nossas coisas lá fora... - Digo a primeira coisa que vem em minha cabeça, boa desculpa ou não, é o suficiente para sair dali. — Vou guarda-las e trazê-las para cá, ok?

— Ah, se é só isso ok! Te espero aqui então - Comenta o jovem calmamente.

— Eu já volto... - Explico saindo do estabelecimento voltando até ao parque. Guardo os materiais calmamente, passo alguns minutos olhando para o nada tentando discernir o que é esse sentimento inquietante em mim, pensar demais nele atordoa meus pensamentos.

É tão estranho...

Volto até a sorveteria com as duas mochilas em mãos, ao entrar no local me deparo com uma única e grande taça de sorvete decorada com todas as possíveis besteira adocicadas que existem na terra. Talvez esteja sendo exagerado, mas essa sobremesa está bem...

— Nossa... - Olho para a mesa onde Arthur se encontra, olhar para o mesmo e não rir é quase impossível. — Haha, Arthur? Cê tá bem? Parece que está a contemplar uma das sete maravilhas do mundo.

— E você não está??? Olha só para isso, isso é enorme! Meu Deus, eu vou ter uma overdose de açúcar...que morte deliciosamente saborosa! - Exclama Arthur com uma colher em mãos. — Balu, eu te amo cara, juro...você é incrível!

— Haha, obrigada campeão. Mas isso não é só para você ein, taça de casal é para o casal - Explica Balu piscando um de seus olhos em minha direção.

— Taça de o que? - Pergunto confuso.

— É para dividirmos! Tem problema? - Pergunta Arthur me entregando uma colher.

— Ah, não tem não...eu só não acho que vou conseguir comer um terço disso... - Explico olhando para a sobremesa ainda espantado.

— É por isso que eu estou aqui, haha! - Exclama Arthur preparando uma quantidade generosa de sorvete em sua colher. — Conheça a salvação para o seu fim, Dante!

— Deliciosa, haha - Brinco com o jovem colocando uma colherada em minha boca. Sinto um gosto único tomando conta de meu paladar, um pouco enjoativo mas mesmo assim, parece impossível não querer mais e mais. Um vício perigoso, receio que Arthur já se sucumbiu a ele.

Como nunca vim aqui antes? - Pergunto sentindo arrependimento de tantas vezes que tomei um sorvete qualquer em um lugar qualquer.

Agora eu sei, esse é o sorvete e a sorveteria. Não tenho tanta pressa para sair daqui, os estudos podem esperar mais um pouquinho.

— Ei! Não coma tudo! - Exclama Arthur me olhando torto.

— Desfuhl-pa - Digo engolindo o sorvete em meio a risadas. — Digo, desculpas... - Corrijo minha frase, dessa vez, pleno e calmo. Talvez nem tão pleno assim.

— Hahahaha! Tá vendo Balu? Parece o seu bigode, hahaha, um bigode de sorvete! - Brinca Arthur apontando para meu rosto, olho para Balu que observava a situação segurando uma risada entre os dentes.

Bigode? - Passo minha mão próximo a minha boca limpando um pouco de sorvete que havia ali. Rio sem graça da situação pegando um guardanapo rapidamente.

— Relaxa, haha - Comenta Arthur recuperando o fôlego, o jovem pega o guardanapo de minhas mãos olhando gentilmente para mim. — Eu te ajudo...

Encaro seus olhos me deparando novamente com esse sentimento. Sentimento que trazem novas perguntas incovenientes...perguntas que sempre passarão por minha cabeça em momentos de quietude...perguntas que eu não tenho respostas...

O que é isso que sinto por ele? Por que ele? Isso não faz sentido algum...

— O bigode até que tava bacana, ein - Brinca o homem atrás do balcão sorrindo para mim.

— Obrigada, eu acho... - Desvio o olhar de Arthur voltando a realidade.

— Agora você tem outro cliente fiel! Legal, né? - Comenta Arthur orgulhoso de ter me chamada para cá. — De nada Balu, de nada.

— Haha, obrigada bambino! Sempre posso contar contigo, obrigada mesmo.

— Ah, que isso Balu. Não precisa agradecer, é só colocar na conta e tá tudo certo! - Brinca o Gaudério mudando sua expressão rapidamente. — É sério, coloca na conta aí, pago depois.

— Seus depois complica a minha vida né, mas ok. Tá na conta - Explica o mais velho voltando até os fundos da sorveteria. — Se precisarem de mim, me chamem, ok?

— Ok! - Afirma Arthur se despedindo do homem. — Então...está meio tarde né? Quem diria que devorar uma taça de sorvete demoraria tanto assim, e olha que somos dois, haha! - Explica o jovem olhando para o recepiente de vidro vazio.

— Valeu a pena... - Sorrio para o guitarrista mudando de assunto calmamente. — Bom, eu preciso ir para casa, disse a minha irmã que não demoraria. Nós podemos estudar outro dia, se quiser.

— Claro, outro dia estudamos... - Afirma o jovem se levantando me acompanhando até a saída do estabelecimento. — Então...te vejo amanhã no bar?

— Me passe o endereço e estarei lá... - Comento calmamente.

— Ok! - A animação do jovem é contagiante.

— Te vejo amanhã, Arthur... - Me despeço do jovem educadamente trilhando meu caminho para minha casa.

— Até, Dante... - Ouço o jovem se despedindo me observando me distanciar aos poucos.

♪ Na mesma tarde ♪

Esse dia foi incrível, agora eu posso... - Paro de caminhar olhando para a porta do meu apartamento, avisto uma mulher de cabelos curtos e escuros tentando abrir a porta com uma cópia da chave em mãos.

O que ela está fazendo aqui? - Pergunto sentindo certo encômodo ao vê-la próximo a minha casa, saber que ela irá entrar ali dentro e bancar uma de meiga e arrependida me faz querer dar meia volta e ir embora.

— Dante? - Ao notar minha presença a mulher olha para mim me comprimentando gentilmente. — Olá, meu filho. Como você está?

— Estou bem, e você Clara? - Pergunto educadamente caminhando até a mesma, a mulher me encara seriamente com certo encômodo do que eu a chamei.

Se esse é o seu nome é assim que irei te chamar.

— Estou bem também. Beatrice me chamou para ajudá-la a fazer o jantar, espero que não se importe com minha presença... - Explica a mais velha abrindo a porta do apartamento. Adentro no lugar caminhando até meu quarto.

— Tanto faz. - Digo entrando no cômodo fechando a porta logo em seguida.

De novo ela está aqui, eu entendo que Bea goste de passar um tempo de qualidade com ela, afinal, somos todos uma família.

Mas eu...

Eu não gosto de saber que estamos de baixo do mesmo teto, não gosto da forma como ela age conosco, como se nada tivesse acontecido...

Como se ela fosse a vítima da história.

É assim que ela me encara, como se eu fosse o errado por tratá-la de forma tão fria. Como se ela fosse a vítima...

A trato da forma que ela merece.- Afirmo me deitando em minha cama. Por mais que as vezes eu sinta que estou sendo ríspido demais com ela. Não é algo que eu controle...

Eu simplesmente não consigo a perdoar.

• • •

Olá, caro leitor!

Meio tarde, não é?

Tenham um bom descanso e bebam água!

E não esqueçam da estrelinha, caso tenham gostado:)

Baey, baey!

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