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Show

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DANTE

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  Lembro-me da primeira vez em que ouvi falar da banda Dragões Metálicos, me perguntei como Gal era tão fanático por um grupo que ao meu ver, gritava palavras agressivas acompanhadas por ritmos exageradamente pesados.

Eu não gostava de Metal, achava um gênero musical interessante, mas nunca um que eu ousaria a ouvir em meus fones com o objetivo de relaxar.

No geral a música é assim, ela me relaxa em momentos de tensão. Após um longo e estressante dia nada melhor do que ouvir minha música favorita em lup infinito. Nunca fui intolerante com o gosto musical do próximo, o mundo da música nos trás uma variedade vasta de estilos, mas saber que assim como eu, em dias estressantes Gal coloca seus fones de ouvido e desaba em sua playlist me deixava agoniado. Quero dizer, como alguém consegue relaxar com tanto barulho e gritos? Afinal, isso é Metal.

É barulhento, desnecessariamente barulhento.

FLASHBACK três anos atrás ♪

— Retira o que disse agora mesmo cara - Gal me encara torto após ouvir meu comentário. — É sério, a nossa amizade acaba agora se você não retirar o que disse!

— O que eu falei de errado? - Pergunto extremamente confuso ao notar sua entonação de voz. Ele me pediu para ser sincero e eu fui, por que ele está me olhando dessa forma. — Eu só disse o que eu acho...não queria te ofender com o que eu disse. Perdão... - Explico calmamente.

— Perdão? Cê não ofendeu só a mim cara, toda a população de metaleiros choram nesse exato momento ao ouvir sua comparação idiota. - Comenta o jovem olhando decepcionado para mim. — Quando seu despertador toca sem cessar, ou quando um tapado tá mastigando chiclete de boca aberta bem do seu lado é irritante, isso sim é um barulho desnecessariamente desnecessário. Agora Metal, dá licença cara. Você não sabe o que tá falando. - Explica o moreno com seu celular em mãos.

— Hm...talvez eu não saiba mesmo... - Dou de ombros voltando a atenção ao instrumento que tenho em mãos. Marcamos de nos encontrar hoje a tarde para ensaiar um pouco. Não quero gastar esse tempo em uma discussão que não irá resultar em nada.

Não me importa o quanto Gal argumente, eu ainda acho esse estilo musical um dos mais desinteressante. Pelo simples fato de ser exagerado demais. Mas é só a minha opinião, se eu soubesse que isso o emputeceria eu não teria tocado nesse assunto.

— Hum, só barulho... - Resmunga Gal com indignação. — Toda música é só um barulho, até se criar uma melodia e adicionar um ritmo.

— É um bom ponto... - Afirmo pensativo.

— Viu só? Cê nem sabe o que tá falando, Metal é vida cara, desapega desse rock alternativo aí e vai explorar novos horizontes musicais! Se continuar aí no cotidiano nada nunca vai mudar, e você sabe disso, Gaspar - Explica Gal afinando sua guitarra. O jovem olha para a GIbson que tenho em mãos com um sorriso largo. — Como andam os treinos, alguma evolução?

— O de sempre. Na real acho que ando mais desafinado que o comum... - Comento suspirando pesadamente. — Acho que isso não é pra mim...

— Quê?! Tá doido cara? Por que você só tá falando merda hoje, ein? Pode ir parando agora com esse "de não é pra mim", é sim! Vai tocar até o final da sua vida, cê nem brinca em parar Gaspar, nem brinca! - Reclama Gal apontando seu indicador para mim. — Você mal começou e já tá fraquejando, qual foi cara?

— É que é muito difícil...sei lá... - Encaro o nada pensativo. Já faz alguns dias que sinto esse desânimo, no começo aprender a tocar e compor minhas próprias músicas parecia ser uma ideia tão legal, mas agora...

— Difícil? Ainda tem muito pra prender, Gaspar. Ninguém nunca falou que seria fácil, mas no fim vai valer apena. - Explica o jovem firmemente.

— Será que vai valer mesmo...? - Murmuro com certo desânimo. As vezes penso o porquê nunca consigo terminar algo que começo. Não sei se é por falta de atenção ou de vontade, mas isso me incomoda profundamente, me faz me sentir irresponsável por conta de tantas coisas inacabadas.

Queria ter pelo menos um terço da determinação de Gal, do esforço que tem mesmo com todos os obstáculos que o impedem de tocar seu instrumento que tanto ama.

Gal é um prodígio no mundo musical, os mais famosos apreciadores da música clássica colocam espectativas no potencial do jovem de forma tão sufocante, me pergunto como ele consegue subir nos palcos e junto a orquestra fazer a melhor apresentação dos tempos, sempre superando as próprias avaliações. Gal é um dos melhores violinistas, se não o melhor, da época.

O violino é um instrumento de quatro cordas que exige muita dedicação e habilidades, Gal parece brincar com ele com uma leveza encantadora, ele sempre foi bajulado por todos em sua volta por isso. Mas apenas os íntimos do jovem sabe o tempo que ele gasta no instrumento que realmente lhe interessa.

— Eu nunca vou deixar de tocar guitarra, especialmente essa belezinha aqui que foi criada para estar em minhas mãos - Explica o monero sorrindo bobo para sua fiel e amada Fender. — Eu sei que não é fácil, nada nessa vida é. Mas eu sei que pelo meu sonho tudo isso vale a pena, ele não tem preço, entende o que eu digo?

Permaneço em silêncio tentando entender suas palavras. No fim tudo vale a pena? Pelo meu sonho...vale a pena? Qual é o meu sonho? Porquê estou fazendo tudo isso?

Hm...- Olho para a GIbson que tenho em mãos pensativo. Eu comecei a tocar por um motivo específico, um bem tosco, para ser honesto.

Não tenho um sonho ambicioso por fama ou dinheiro, não tenho um sonho de conseguir me expressar alcançando o máximo de pessoas possíveis através da música, eu não tenho sonho. Apenas um capricho, uma vontade boba que se eu contar ao Gal ele vai com certeza me chamar de idiota.

Eu só quero impressionar alguém.

— Olá gente! Ensaiando na hora do intervalo de novo? - Ouço uma voz familiar comentando, me viro olhando para o pátio do colégio, dentre todos os alunos ela se destacava com seus cabelos longos e cacheados, seus olhos azuis encaram os meus com leveza. É por ela que eu estou fazendo tudo isso, sempre foi por ela.

— Cê sabe né Jasmim, a fama me aguarda, preciso treinar pra isso acontecer! - Explica Gal seguro de si.

— Entendo, vocês estão fazendo isso todos os dias, não acham que Veríssimo vai se encomodar com o barulho? - Pergunta a jovem se sentando ao meu lado. Educadamente ela me comprimenta. — Olá, Dante...

— O-oi... - Sinto minha voz falha. Sempre foi assim, ela chega e meu cérebro entra em pane. Meus gestos não condizem com meus pensamentos, as palavras saem fora de ordem e não consigo a encarar nos olhos, me sinto tão bobo em sua presença.

— Nós falamos a ele que os ensaios são para uma apresentação, temos a permissão da Noralma. - Explica Gal deixando sua guitarra de lado. — Mas eae? Quando vai entrar para a banda?

— Eu? Ah, não posso...meus pais surtariam se me vissem em uma banda de Metal - Comenta a jovem suspirando fundo. — Mas agradeço o convite.

— Lá vem, o que caralhos as pessoas tem contra o Metal? É só música! Um gênero musical comum assim como os outros. - Exclama Gal indignado.

— É um estilo bem pesado, não acha? - Comenta Jasmim dando de ombros. — Sabe, eu não tenho nada contra, só não curto mesmo.

— Vocês não tem é bom gosto! - Reclama Gal cruzando os braços emburrado. — Se não tem nada contra por que não entra pra banda?

— Gal, você sabe. Meus pais... - Murmura a jovem cabisbaixa. Se existe pais mais rígidos e sistemáticos que os de Jasmim, eu desconheço. É surpreendente como ela é tão amigável e simpática, tendo os pais que tem.

É como se toda a toxicidade de seu lar familiar não pudesse afeta-la, ela é incrível...

— Aff, aqueles religiosos do caralho, o que acham que vai acontecer se você entrar em uma banda? - Questiona Gal revirando os olhos.

— Rituais satânicos. - Digo calmamente. Os jovens me olham confuso durante a pequena pausa que eu fiz em minha frase. — Talvez eles acham isso de uma banda que toca Metal, já que as músicas são...

— As músicas não são satânicas! - Exclama Gal defendendo o Metal com todas as suas energias. — Elas falam sobre drogas? Sim falam. Sexo? Também, isso é normal. Crimes e atos de vandalismos? É claro! E é por isso que elas são tão boas! Fala sério, o funk também é um gênero sujo e ninguém reclama!

— Meus pais também reclamam do funk, acham vulgar e tals... - Comenta Jasmim dando de ombros.

— Mimimi, seus pais odeiam música! Isso não é nada legal - Gal volta a reclamar indignado. Noto o desconforto na expressão de Jasmim com todo esse assunto, não é como se a culpa da ignorância de seus pais fossem dela.

— Gal, esse assunto não vai levar a lugar algum, não tem o que fazer... - Explico acalmando o jovem.

— Tem sim! Trancamos eles em uma sala e o obrigamos a escutar Metal até gostarem! Aí formamos uma banda e conquistamos o mundo, fácil-fácil - Explica Gal com simplicidade. Não senti nenhum tom humorístico em seu comentário, acho que ele está falando sério.

— Gal, não pode obriga-los a gostar de algo só porque você tem uma opinião positiva sobre isso - Explico olhando gentilmente para Jasmim.

— Isso é um desafio, Gaspar? - Pergunta Gal com seu típico sorriso largo que na maioria das vezes, me dá um certo medo.

— Não Gal, é um fato, você não pode fazer isso - Chamo a atenção do jovem o repreendendo.

— Eu preciso de pessoas na banda para ser de fato uma banda. Se a Jasmim não entrar na banda eu tô fudido! Você já tá dando um fora do mundo da música, vacilão.

— Está? - Pergunta Jasmim olhando surpresa para mim. — Por que? Ah, você toca tão bem...

— Acha mesmo? - Pergunto a encarando por alguns segundos, segundos o bastante para me sentir estranho. — Sei não, tá meio difícil de aprender as coisas... - Desvio o olhar pensativo.

— Ah, mas não é só por isso que vai desistir, as coisas não são fáceis, nada fáceis...mas você chegou até aqui, e consegue chegar mais longe! Eu sei que consegue... - As palavras da jovem soam com tanta leveza e sinceridade. Elas tiram todos os pensamentos de desistência de minha mente.

— Viu só? Até a Jasmim vê em você o potencial, você não deve parar cara! - Exclama Gal me encorajando.

— Eu vejo mais que isso... - Murmura a jovem envergonhada, sinto um rubor crescer em minhas bochechas. O que ela quis dizer com isso?

— Ih, tô queimando aqui - Comenta Gal revirando os olhos. — Vela saindo, tchau!

— Haha por que está indo embora Gal? Não precisa sair - Explica Jasmim rindo da careta que o jovem fazia olhando para nós.

— Eu não vou ficar aqui vendo essa melação, boa sorte com o Gaspar e convence ele a continuar tocando nos ensaios comigo, tchau - Gal se despede de nós pegando seu instrumento atravessando o pátio da escola. Junto a ele outras garotas o acompanham para continuar a observa-lo tocando.

E lá vai o rebelde famosinho do colégio - Penso comigo mesmo observando o jovem se afastar.

— Olha...eu respeito sua decisão mas confesso que só de pensar em não ouvir sua voz tão melodiosa me deixa mal... - Explica a jovem sorrindo bobo para o nada.

— Minha...voz? - A encaro surpreso. Normalmente Jasmim assiste os ensaios, tanto ela quanto Gal sempre dizem que meu timbre de voz se encaixa perfeitamente com um acústico. As vezes me pergunto se seus elogios são sinceros ou se apenas dizem isso porque são meus melhores amigos.

Gostaria de me ver como eles me vêem, talvez eu não seja tão desinteressante como acho que sou.

— Sim...é um sentimento tão único quando você canta...eu sinto que você se sente leve quando canta, sabe? Isso deixa quem está ouvindo leve também, a calmaria toma conta de todo o ambiente e...ah, não sei explicar muito bem, mas é uma leveza muito agradável...eu gosto... - Comenta Jasmim me olhando nos olhos.

· Atualmente ·

— Dante? - Me desperto de meus devaneios ao ouvir a voz de Arthur perguntando. — Cê tá legal?

— Hm? Ah...estou... - Explico sem jeito não sabendo ao certo por quanto tempo passei perdido no passado enquanto o mesmo estava falando. — Me desculpe, Arthur. Eu acabei me perdendo no assunto, do que estávamos falando mesmo?

— Ah, sem problemas. Eu só tava comentando sobre a minha banda favorita, você disse que já havia ouvido falar dela - Explica o Gaudério se espreguiçando em sua cama. — Os Dragões Metálicos são fodas, não acha?

— É, são legais... - Comento voltando a observar os diversos pôsteres que o jovem possuí da banda espalhado por todo seu quarto. — Todo o seu quarto é bem legal Arthur, vejo sua personalidade em cada canto dele.

— Haha obrigada, ele tá bem bagunçado na real. Mas joguei toda a tralha no guarda roupa - Explica o jovem dando de ombros.

— Você fez o que, guri?! - Ouço a voz de Ivete, mãe de Arthur, perguntando na cozinha de forma ameaçadora. — Se eu entrar aí e ver uma zona eu vou---

— Tá tudo limpinho mãe, te garanto isso! - Comenta Arthur em meio a risadas nervosas. O jovem se levanta rapidamente fechando a porta de seu quarto. — E ai? O que achou da minha mãe? - Pergunta o mesmo cheio de espectativas em relação a minha resposta.

— Sua mãe é incrível, Arthur. - Sorrio gentilmente para o jovem. Ao chegar na casa de Arthur fui muito bem recebido pela gaúcha, a mulher insistiu que antes de irmos para o bar apreciar o show dos Gaudérios Abutres jantariamos uma receita especial da mesma. Não pude recusar tanta hospitalidade.

— Ela é sim! Ah, cara. Ela também te achou incrível, eu tenho certeza - Explica o jovem voltando a se sentar em sua cama.

— Ela me disse isso enquanto você tomava banho... - Comento sorrindo de canto para o jovem. Ela disse muito mais coisas que isso, mas não quero envergonha-lo com isso. Afinal, são só conversas que toda mãe tem quando um amigo de seu filho aparece em casa.

— Disse? - Pergunta Arthur me encarando confuso, vejo sua confusão rapidamente se transformar em preocupação. — Aí, não. O que mais ela disse? Mãe! Pare de me envergonhar na frente das visitas! - Exclama o jovem olhando para a porta de seu quarto.

— Eu não disse nada além da verdade - Ouço a voz da gaúcha se pronunciar vindo da cozinha novamente.

— Está tudo bem Arthur, ela é muito simpática - Comento o tranquilizando.

— Ela também é muito exagerada, então dependendo do que ela falou, talvez seja mentira, tipo, talvez... - Explica o jovem desviando o olhar. — O que ela disse...?

— Conversamos bastante, você demora muito no banho, isso foi uma das coisas que ela disse - Brinco com o jovem me sentando ao seu lado, encaro a parede personalizada do cômodo onde várias pranchas de skate estão servindo como prateleiras para alguns livros e HQs. — Ela me disse sobre seus passatempos favoritos, você tem uma garagem onde ensaia com sua banda, não é?

— Tenho sim, eu toco junto com minha banda lá, também afino os instrumentos e... - Olho para o Gaudério ao notar a pausa em sua fala. — Eu componho também, ela te falou sobre isso...? - Pergunta o jovem receoso. Afirmo levemente com a cabeça o encarando confuso, não espera esse comportamento vindo de Arthur. Ele sempre é tão amigável, foi um livro aberto em relação a sua vida.

Mas...parece que ele não queria de alguma forma que eu soubesse desse detalhe.

— O que você compõe? - Pergunto com interesse e curiosidade no assunto.

— Nada demais, apenas o que sinto... - Envergonhado por algum motivo Arthur desvia o olhar para o chão de seu quarto.

Por que ele está assim? - O encaro pensativo, talvez ele não queira falar sobre algo tão pessoal como isso. Mas se ele é um músico e compositor, suas letras devem ser expostas ao público, não?

— Você está bem? Parece encomodado com esse assunto. Me desculpe se estou sendo invasivo... - Comento tranquilizando o jovem. — Está tudo bem se não quiser falar sobre isso, Arthur...

— Ah, não é isso não, err que...hmmm...eu ainda tô em fase de descobrimento sobre algumas músicas, sabe? Eu não sei bem o que escrever...e muito menos o que sentir...então é tudo meio confuso pra mim... - Explica o Gaudério sem jeito.

— Entendo...compor parece ser algo complexo mesmo...mas você vai ficar bem, vai encontrar seu lugar no ramo musical... - Explico sorrindo gentilmente para o menor.

— É, eu sempre toquei rock, as vezes um Metal alternativo, mas sei lá, ando sentindo coisas mais suaves, as vezes passo noites em claro pensando em como passar isso para o papel...- Explica O Gaudério sorrindo bobo para o nada, seu olhar volta a se encontrar com o meu. Sua pergunta me deixou paralisado.— Já se apaixonou por alguém...?

Me apaixonei...por alguém...?

FLASHBACK

— Vai cara! Você consegue! - Exclama Henry animado, na verdade, ele está bêbado. Assim como todos do grupo.

— Só chega nela e fala, tipo: "eu gosto de você desde o fundamental, me dá uma chance?" - Explica Antony calmamente. Como se fosse simples assim. — O pior que você pode ouvir é um "não", ou um "foi mal, eu gosto de outro cara", ou um "cai fora, sou lésbica!"

— A Jasmim não é lésbica, eu tenho quase certeza disso - Comenta Bruno interrompendo Antony que para aumentar o meu desespero continuava a listas toda das possibilidades disso dar errado.

— Ou um, "ah, querido. Te vejo apenas como um amigo", ou um "eca, não, seu estúpido!" - Exclama o jovem apontando sua garrafa para mim. — Ser chamado de estúpido deve doer, não é? Haha!

— Tá rindo de que? Haha! o Antony tá chapadão - Exclama Henry no mesmo estado que Antony.

— Só fala pra ela e pronto! Que enrolação desnecessária - Reclama Gal se sentando junto a nós, o jovem coloca sobre a mesa algumas garrafas de algum tipo de bebida, talvez alguma cerveja barata.

Me pergunto como a situação foi ficar assim, tudo começou como uma ligação para um rolê normal em uma sexta feira normal, e cá estamos em uma boate onde claramente não devíamos estar.

Estamos praticamente de penetra aqui, a maioria bêbados, se nos pegarmos aqui estaremos muito encrencados.

— Gal, você não devia ter feito isso - Chamo a atenção do jovem o encarando seriamente.

— Isso o que? Comprar entradas clandestinas para boate e não só convencer mas também embebedar todos os meus amigos? - Pergunta Gal dando de ombros.

— O que? Não, bom. Isso também... - Comento olhando para todos da mesa, apesar de bêbados, parecem felizes. Me preocupar com eles não é o meu foco agora. — Eu estou me referindo a Jasmim, por que contou a eles sobre ela?

— Eu não contei cara, eles que ouviram a minha conversa com o Leonardo. Bando de enxeridos! - Reclama Gal de braços cruzados.

— Eu contei a você porque confiava esse segredo e voc---espera, Leonardo? Quem é esse? - Pergunto confuso não reconhecendo esse nome.

— Olha para o balcão discretamente, é aquele loirinho charmoso ali - Explica o jovem virando um terço da bebida em sua garrafa rapidamente. Olho para a direção dita forçando minha visão para avistar o jovem, as luzes da boate não estão me favorecendo. Rapidamente recebo um leve tapa de Gal. — Eu falei discretamente, Gaspar! Mas me fala a verdade, ele é lindão, não é?

— Quem? - Ainda confuso tento achar a tal pessoa. É um garoto? Gal tá afim de um garoto aleatório que acabou de conhecer em uma boate? Caramba, ele tá muito bêbado.

— Ei, porra! Falei discretamente! - Reclama Gal chamando minha atenção. — Vai quebrar o pescoço desse jeito aí.

— Você conhece esse Leonardo? - Pergunto o encarando desconfiado.

— Éh, mais o menos, tipo, venho aqui já faz algumas semanas e ele é o atendente do balcão. Acredita que ele mora sozinho? Tipo, tem a nossa idade a já se sustenta! Cara, ele é muito foda - Explica Gal enfatizando a vida do jovem. — Queria ter a liberdade e independência dele...

Tenho quase certeza que não é certo um adolescente morar sozinho. Mas ele deve ter seus motivos. Entendo em partes porque Gal parece o admirar, ele mais do que ninguém também quer sair de casa o mais rápido possível.

— Hmmm, foda é? - Henry encara Gal desconfiado com um sorriso de canto do rosto. — Por que não compra outra bebida lá, ein?

— Eu? Acabei de sair de lá, não vou me levantar de novo não cara - Reclama Gal olhando torto para Henry. — Se você quer vai e pega, folgado.

— Ah, qual é? Não pode fazer esse favor para um amigo seu não, Gal? - Pergunta Antony colocando seu copo próximo a Gal. — Aproveita que vai pegar para o Henry e pega para mim também, beleza?

— Virei garçom agora?! - Pergunta Gal indignado.

— Gal-çom, tendeu? Hahahahaha! Meu Deus, essa foi muito boa hahahahaha! - Exclama Henry dando altas gargalhadas.

— Nossa, Henry... - Bruno desvia o olhar soltando uma risada frouxa. — Só não falo nada porque somos amigos cara...

— Eu vou falar, e vai ser exatamente por ser teu amigo que eu digo: Terapia. Procura uma Henry, rápido. Antes que seja tarde - Comenta Antony seriamente. — Por que ainda tá aqui Gal?

— Gal-çom, hahahahaha! - O jovem volta a gargalhar perdendo o fôlego.

— Porque eu disse que não vou buscar nada! - Reclama Gal ainda indignado.

— Não quer voltar conversar com o loirinho charmoso lindão? - Pergunto sorrindo maliciosamente para Gal. — Ele está lá no balcão, a espera de algum cliente.

— Até você Gaspar? Fica quieto, eu falei só por falar, não me enche a paciência. - Reclama Gal se levantando novamente. — Deixando claro que eu vou porque EU quero, seus folgados. - Resmunga o jovem caminhando até o balcão do estabelecimento. Eu nunca havia frequentado esse lugar, e acho que nenhum do gênero.

Olhando para o balcão agora entendo o porquê Gal demorou para trazer as bebidas da última vez, e será da mesma forma dessa vez, já que o mesmo está mais focado em conversar com o atendente do que fazer o seu pedido.

O que eu faço...?- Suspiro pesadamente olhando para o meu celular pensativo. Talvez meus amigos tenham razão.

Se eu não fizer isso hoje, quando farei? Quando finalmente vou dizer a ela o que sinto? Eu preciso dizer...eu preciso sentir...

— Eu vou lá fora fazer uma ligação, já volto. - Explico aos jovens na mesa me levantando firmemente.

— Ligação? Pra quem? - Pergunta Antony curioso. — Aaah, saquei. Vai lá garotão, vai lá!

— Fala pra ela. Só não seja muito brega, haha! - Brinca Henry sendo repreendido por Bruno.

— Não diga o que ele deve fazer, apenas seja você e tudo dará certo, Dante. - Explica o maior olhando gentilmente para mim.

— Ok... - Respiro fundo caminhando até a saída da boate. Passo pela porta comprimentando o segurança nova mente. O homem me olha torto suspeitando de minha idade, é claro. Mas Gal comprou não só passes mas também documentos falsos para conseguirmos entrar.

Eu me pergunto ao jovem como ele fez isso, mas temo ouvir sua resposta.

• • •

Alô? Dan?

Oi, Jasmim...

Ah, oi! E aí? Como cê tá?

Bem, digo, bom...queria te contar algo...

Queria? Não quer mais?

Hãm? Não, digo, quero. Claro que eu quero, quero muito...

Fala então haha

Hm...tá muito ocupada agora?

Tô não, na real eu tô sozinha aqui em casa.

Sério? Achei que seus pais voltariam de viajem essa semana

Parace que aconteceu um atraso ou algo assim, eu tô aqui esperando eles, mas nesse horário acho que voltam ao Brasil só amanhã mesmo.

Você está bem aí?

Tô...indo...

Você não gosta de ficar sozinha, não é? Quando acha que eles voltam?

Não sei, mas eu tô legal. Vou trancar tudo em casa e ir dormir, está tudo bem.

Mesmo...?

Claro
Mas me fala aí, o que quer contar a mim?

Ah, então...
Acho que quero te dizer presencialmente, sabe? Você vai amanhã na esco---

Tô indo pra aí

Que? Aí onde? Espera, aqui?!

É!
Não quer falar presencialmente?
Me passa a localização então

O que? Jasmim, que isso. Eu posso te dizer amanhã, não precisa sair do conforto da sua casa para---

Eu já tô indo, só vou colocar meus tênis.

Jasmim, é sério. Te conto amanhã...

Você me liga para dizer que vai dizer algo amanhã? Tá querendo mexer com a minha ansiedade, Dante?

N-não, me desculpa...

Tudo bem, haha! Só tô me auto-convidando mesmo para ir aí. Você está com o Gal e os outros, não tá?

Tô sim...estamos na boate Verde e Néon, você quer vir pra cá?

Você quer que eu vá?

Ah...sim, claro...

Tô indo então, me espera no lado de fora, ok?

Ah, ok...

• • •

Desligo a ligação pensativo. Amanhã na escola? Qual o seu problema Dante? Eu simplesmente desisti na última hora...

E agora ela está vindo para cá, não posso desistir de falar dessa vez, ela está vindo para cá.

Vindo para cá...

Espera, para cá? VINDO PARA CÁ?! - Sinto meu estômago entrar em briga contra os órgãos que habitam nele. Alguém está perdendo essa briga, minhas pernas tremem. Sinto minhas bochechas pegarem fogo apenas em pensar que em minutos ela estará aqui.

Ele virá para cá. O que eu falo...? Como eu falo...? Eu não faço ideia de como dizer isso a ela.

Aí Deus, e agora? - Ando em passos apressados de um lado para o outro, pensando em como organizar as palavras em minha cabeça, mesmo sabendo que assim que vê-la as palavras sumirão ao vento. Eu vou parecer um idiota, eu sou um idiota. Por que não consigo ser normal? Por que não perto dela? Ela me deixa assim...

E agora? E agora?! - Continuo a andar feito um maluco, não sei quanto tempo se passou, mas lá estava ela.

Tão linda, como eu vou dizer? E se eu falar algo estranho ou ruim? E se ela não gostar? E se ela me odiar...? Nossa amizade é tudo o que tenho...

Não posso estragar isso. Não posso...

— Dante... - A ouço me chamar.

· Atualmente ·

— D-dante? - Ouço a voz de Arthur me chamar me trazendo novamente ao presente. O jovem me encara com preocupação e arrependimento. Me pergunto quanto tempo eu passei novamente perdido em minhas memórias.

— O que...? Me desculpe, Arthur... - Murmuro desviando o olhar. Não quero parecer alguém rude que está o ignorando. — Eu não esperava por essa pergunta... - Explico justificando o meu silêncio.

Por que ando recordando do passado? Esse sentimento é tão...estranho...

— Me desculpa mesmo, e-eu não queria te fazer perguntas assim, quero dizer, é a sua vida...você não tem que responder nada... - Explica Arthur se desculpando desesperadamente. Antes que pudesse dizer que está tudo bem, como sempre digo, sinto suas mãos alcançando meu rosto. O encaro surpreso com seu toque repentino, seus dedos macios acariciam minhas bochechas que sem dúvida alguma estão em um novo tom de vermelho. — Me desculpa Dante, eu não queria te fazer chorar, me desculpa mesmo... - O jovem se desculpa novamente secando minhas... lágrimas?

Eu estou chorando?  - Pergunto confuso não percebendo esse detalhe. Se Arthur não tivesse comentando eu nem se quer perceberia que...

Por que estou chorando?

De novo isso, que vergonha... - Me levanto da cama do Gaudério confuso com toda a situação.

Foi só uma pergunta. Por que tudo é tão confuso? Esse sentimento...

— Arthur...tudo bem... - Explico o tranquilizando.

— Mesmo...? Eu falei algo idiota, não falei? Ah, cara. Me desculpa mesmo por isso... - O Gaudério se levanta se desculpando novamente.

— Tudo bem, você não fez nada demais. Foi só uma pergunta, eu que...não soube reagir a ela...está tudo bem... - Explico olhando para Arthur suspirando pesadamente. Eu sei que esse peso sairá se eu contar isso para alguém, Arthur sempre me deixou tão avontade, talvez eu possa dizer a ele o motivo de meu pesar...

— Arthur... - Chamo o jovem que me encara preocupado. — Sabe, existia uma pessoa...ela era...incrível. Pode parecer bobo mas ela foi o meu primeiro amor. Éramos apenas adolescentes, sabe? Aos quinze anos os sentimentos estão a flor da pele, eu a amava mais do que tudo no mundo, ela era o meu mundo, o centro de tudo...

— Ela...se foi...? - Pergunta Arthur percebendo minha entonação de minha voz falha.

— Sim...desde então eu...eu tentava esquecer isso a todo custo. Sabe, a saudade é algo que eu não sei lidar muito bem então eu só...ignorava isso, todo esse sentimento que na teoria deveria ser belo e intenso como nas novelas ou em contos românticos - Solto uma risada frouxa de minhas comparações, as nossas expectativas são tão diferentes da realidade. O amor não é nada disso que dizem ser.— Ele é esmagador em meu peito, eu tenho medo do amor...não quero senti-lo...tenho medo... - Explico encarando meus pés pensativo. Eu sei o que eles querem, querem fugir pra longe daqui, para fora da terra. Para qualquer lugar...fugir de mim mesmo.

Por que eu disse isso a ele? Ele só fez uma pergunta, por que não o respondi com um sim ou não?

— Eu sinto muito, Dante... - Arthur coloca uma de suas mãos sobre meu ombro como forma de conforto. Encaro o jovem sorrindo gentilmente para o mesmo.

Ele é tão amável e compreensivo.

— Obrigada, Arthur... - Agradeço ao jovem sentindo sinceridade em suas palavras. Como se a minha dor também fosse uma dor para ele.

— Gurizada, o fricassê tá pronto e... - A mãe de Arthur para sua frase ao olhar para nós dois. — Tá tudo bem por aqui?

— Tá sim, dona Ivete - Comento educadamente mudando de assunto. — O cheiro está ótimo.

— Ah sim, claro que está. Eu sou praticamente uma mestre cuca! - Explica a mais velha orgulhosa de seu prato. — Vamo que vamo comer e depois ir para o evento no bar!

— Já estamos indo mãe - Explica Arthur segurando em minha mão. — Vem, você vai provar a melhor massa de toda a sua vida!

Acompanho o jovem até a cozinha onde servido sobre o balcão estava o tão famoso fricassê da dona Ivete. O jantar foi tranquilo, mudamos de assunto e o clima voltou a se tornar agradável. Ivete é tão querida e carismática quanto Arthur, agora entendo os traços de personalidade herdados da mais velha em Arthur. Comemos tranquilamente e conversamos um pouco sobre diversos assuntos, após o jantar acabar enquanto Ivete guardava a louça que eu havia ajudado a limpar, Arthur correu até sua garagem para pegar seu instrumento para todos irmos para o bar Suvaco Seco, local onde ocorrerá o tão e aguardado show Gaudérios Abutres.

— Arthur, vamos? - Pergunta Ivete pegando suas chaves.

— Já estou indo! - Em algum canto da casa ouço a voz de Arthur avisando animadamente.

Hm... - Saio da casa junto a gaúcha esperando Arthur no lado de fora, após alguns minutos o Gaudério aparece com uma pasta e uma guitarra em mãos. A Fender Stratocaster de cor preta parecia ser feita para o jovem, alguns adesivos de diversas bandas, dentre elas Dragões Metálicos, estavam coladas no corpo do instrumento.

Ela é linda...

— Te apresento a minha Fender, a melhor guitarra elétrica que já existiu na terra! - Exclama Arthur com orgulho de tê-la em mãos.

— Ela é incrível, Arthur - Comento a observando detalhadamente.

— É um modelo meio antigo, já passamos por bons momentos juntos...ela é o melhor presente que eu já ganhei em toda minha vida! - Explica o jovem sorrindo nostálgico para o instrumento.

— Melhor e mais caro viu - Explica Ivete abrindo a porta de seu carro. — Todo mundo da gangue teve que ajudar com o valor desse negocinho caro.

— Os preços são variáveis, mas essa teve um bom custo mesmo, mas também teve bom uso, não acha? - Explica o jovem adentrando no automóvel. Abro a porta no banco de trás ouvindo a conversa dos dois calmamente. Apesar que uma palavra em específica nesse diálogo me deixou um tanto quanto curioso.

Gangue? - Olho para o Gaudério pelo retrovisor pensativo. Seu estilo é bem diferente, talvez seja um estilo de...um gangster?

Gangster...- Penso com certa preocupação. E se ele for um? Isso é ruim? A palavra gangue não tem um significado muito positivo, ele faz parte de um grupo violento? Talvez isso explica sua cicatriz em seu rosto...

Hm...um gangster guitarrista carismático... - Desvio o olhar ao notar que estou a um bom tempo o encarando, sinto que essas palavras são vagas demais para definir o jovem.

Arthur é mais que isso, mais do que posso expressar em palavras.

— Quando chegarmos lá, apresente seu amigo a sua banda, Arthur - Comenta Ivete olhando de relance para o banco de trás do carro, onde eu me encontro. — Tenho certeza que eles vão adorar o Dante.

— Vão sim! A Agatha já o conhece, sabe? Mas nunca conversaram muito, né? - Comenta Arthur se virando para mim.

— Agatha? - Pergunto pensativo tentando me lembrar de alguém com esse nome.
— Agatha Vollkamen? - Pergunto me recordando de uma jovem que frequenta as aulas de reforço com esse nome.

— Sim, sim. Ela disse que você já a ajudou  em física.

— Ah sim, me lembro dela... - Afirmo olhando pela a janela do carro. Os carros e pessoas passam por minha visão aos poucos, estacionamos em frente a um estabelecimento com uma placa chamativa escrita: "Suvaco Seco!"

Me pergunto se onde tiraram esse nome.

— Vem, Dante! - Assim que saio do carro Arthur volta a segurar em minha mão me levando alegremente até o bar.

Ao entrar no local os olhares de alguns jovem se direcionam a mim, reconheço os irmãos gêmeos e Agatha pela noite em que os jovens estavam tocando na casa de shows, e novamente lá estão eles com seus instrumentos em mãos em algum tipo de ensaio. Eles parecem legais, Arthur me falou muito de sua banda.

— Trouxe visitas! Pessoal, esse é o Dante! - Exclama Arthur me apresentando aos outros. — Dante, esses são a minha banda! Murilo, o baixista. Marcelo, o guitarrista e a segunda voz! E é claro, a nossa baterista Agatinha!

— Olá... - Comprimento os jovens educadamente.

— Dante? Finalmente ein, Arthur . Cê fala tanto desse cara, achei que não nos apresentaria - Comenta Marcelo me comprimentando. — Fala aí Dante, de boas?

— Sim, e vocês?

— Tamo bem tamb--- Murilo é bruscamente interrompido por Agatha que seriamente responde minha pergunta.

— Fudido, tamo fudido. - Explica a jovem dando de ombros. — O show nem começou e já foi pro caralho.

— Que?! - Pergunta Arthur preocupado. — Como assim?! O que aconteceu??

— Pergunta pra esse Marcelo aí, desafinado do caralho! - Reclama Agatha apontando uma se suas baquetas para o jovem que a encara indignado.

— Que?! Não fala merda guria! Você que claramente não sabe qual música estamos ensaiando e tá aí fora do ritmo - Reclama Marcelo a encarando torto.

— Improviso é vida, meu bem. - Explica Agatha sem dar importância para a crítica do jovem.

— Agatha, já falamos sobre isso, não é? - Ouço Arthur comentar sorrindo fraco para a jovem chamando a atenção da mesma gentilmente. — Eu entendo que esse é seu estilo mas isso pode prejudicar os shows, entende?

— Tá, tá. Eu sei. - Reclama Agatha revirando os olhos cruzando seus braços. — Eu só improviso quando necessário, que é o caso de agora.

— Não precisamos mais improvisar, Arthur já chegou para o ensaio - Explica Murilo olhando para o Gaudério. — Trouxe a música, não trouxe?

— Hãm? A-ah é...a música...

Olho para o Gaudério notando o silêncio no ar.

— Arthur, você disse que tocariamos uma música nossa hoje, não podemos viver só de cover de outras bandas. Temos potencial para mais! Você tem potencial, por que não quer tocar a própria música? - Pergunta Marcelo encarando Arthur seriamente.

— Não é que eu não quero... - Responde Arthur desviando o olhar. — É que...ela ainda não está pronta...ainda falta algo...

— Algo? Tipo o que? - Pergunta Agatha confusa. — Ainda tá com dificuldade com a letra, cara?

— Um pouco...mas vou terminar em breve, prometo, gente. Me desculpem mesmo por isso - Explica Arthur cabisbaixo se desculpando pelo imprevisto.

— Tudo bem, Arthur - Coloco minha mão sobre seu ombro o confortando. — O processo criativo é somente seu, lide com ele de sua forma e tudo dará certo, dê tempo ao tempo, entende?

— O loirinho tem razão, vai no seu tempo - Explica Murilo calmamente.

— É. Vamo de cover então, Dragões Metálicos? - Pergunta Agatha brincando com suas baquetas entre os dedos.

— De novo? - Pergunta Marcelo bufando uma mecha de seu cabelo para longe de seu rosto. — Existem outras bancas gente, variar é bom, não acham?

— Nirvana? - Pergunta Arthur dando uma ideia.

— Tô sem voz para isso cara. - Comenta Marcelo reclamando novamente. — E você, guri? Qual banda costuma ouvir?

— Eu...? - Pergunto pensativo. — Bom, Guns N Roses é uma banda incrível...

— Real cara, o Slash é foda pra caralho! - Exclama Agatha animada. — Bora de Guns hoje?

— Bora! - Os irmãos exclamam aos mesmo tempo em uníssono.

— Claro, qual música?  - Pergunta Murilo olhando uns para os outros a espera de algum palpite. Como esse assunto é apenas da banda não me interfiro.

— Vou me sentar em algum lugar lá no bar, ok? - Aviso para Arthur caminhando até uma das meses deixando o jovem ensaiar um pouco com sua banda.

Aos poucos a movimentação no bar crescia,  as pessoas entravam no estabelecimento se acomodando em suas mesas sendo bem recebidos e servidos por Ivete que alegremente anunciava a cada cliente sobre a banda de seu filho.

— Sim! Ele foi aceito na casa de shows lá no centro, parece que perdemos nossa banda para aquele lugar, haha! - Brinca a gaúcha comentando com Balu que dando de ombros comenta.

— Não há o que fazer, eles crescem tão rápido...é a vida - Comenta o mais velho emocionado. — Parece que foi ontem que ele estava aprendendo a tocar guitarra...e agora já tem um trabalho em uma casa bem frequentada, meu campeão cresceu tanto!

— Nossa campeão, meu querido, nosso - Afirma Ivete olhando para mim. — Ah, quase me esqueci de você guri, vai querer alguma coisa para beber? Tem idade para isso, não tem?

— Ah, tenho sim dona Ivete, agradeço mas prefiro não beber. - Explico a respondendo educadamente.

— Tem certeza? É por conta da casa hoje! - Exclama a mulher levantando um copo junto aos outros do bar.

— Se é por conta da casa, eu aceito. - Ouço uma voz familiar comentar adentrando no bar. Me viro em direção a porta surpreso em ver Leonardo aqui, ao notar minha presença o jovem caminha até mim se sentando ao meu lado.

— O que faz por aqui, Leonardo? - Pergunto o encarando confuso.

— A banda Gaudérios Abutres pertencem a casa de shows agora, temos exclusividade em seus eventos, eu como acessor e braço direito do chefinho vim até aqui verificar se--- Interrompo sua desculpas perguntando novamente.

— O que realmente faz por aqui, Leonardo?

— Beber. - O jovem resume tudo em uma única palavra. — É domingo, e eu tô morto de cansaço. Vou encher a cara até esquecer meu nome. - Ele afirma se debruçando sobre a mesa.

— Por que o Gal não veio com você? - Pergunto surpreso, já que os dois são parceiros de copo desde sempre.

— O Gal só tem dezessete anos, eu tenho que parar de convidá-lo para lugares desse tipo, isso é só para adultos, saca? - Responde Leonardo com sinceridade. — Só não conta pra ele que eu fiz isso, tá?

Afirmo com a cabeça voltando com minha atenção ao palco onde os jovens se preparavam para a apresentação.

— E você? - Pergunta Leonardo me olhando desconfiado. — O que faz por aqui?

— Fui convidado, vim ver o Arthur tocar... - Explico sorrindo para o Gaudério que de leve acena para mim a distância.

— Hmmm... - Vejo um sorriso travesso surgir no rosto de Leonardo. Envergonhado o repreendendo rapidamente.

— N-não é nada disso que você tá pensando! Pode ir parando com essa cara - Reclamo desviando o olhar emburrado.

— Eu nem falei nada, haha! - Brinca o jovem se levantando calmamente. — Já volto - Explica o mesmo caminhando até o balcão do bar.

Suspiro calmamente observando os integrantes da banda conversando entre si, uma ansiedade agradável toma conta de meu corpo com todo esse clima, daqui a alguns minutos ouvirei a voz de Arthur.

Tão melódica...

Leve e intensa ao mesmo tempo, com um timbre como o dele qualquer ouvinte é capaz de sentir inúmeros sentimentos, inúmeras sensações...a música faz isso com a gente, o Arthur faz isso com a gente...

Faz isso comigo...

É tão estranho. Arthur é alguém único para mim, mas me faz me lembrar de alguém...

O sentimento que sinto por ele é totalmente novo para mim mas...me trás nostalgia de algo que já senti...que já senti por alguém. Alguém tão importante, alguém que eu amava.

Será que eu...o amo?

Amando o Arthur ? Pergunto a mim mesmo preocupado. Antes que pudesse negar a mim mesmo ouço sua voz ecoando por todo meu ser, seus olhos encaram os meus novamente, como na última vez.

Como no último show...

Seus olhos concentrados em encarar os meus e sua boca concentrada em cantar no tom certo acompanhando o ritmo da música, as palavras saem de forma tão harmônica do jovem...como se elas fossem para mim.

Essa letra...- Sorrio bobo para o palco reconhecendo a música.

Think About You, a música mais cafona já lançada pela banda Guns N Roses.

I remember  when we met
Eu me lembro quando nos conhecemos

Funny how It never felt so good
Engraçado como eu nunca me senti tão bem

It's a feelin' that I know
É um sentimento que eu sei

I know  I'II never forget
Eu sei que nunca esquecerei




















Continua.

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