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Piercing

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LEONARDO GOMES

♪♪

  Trabalho.

Em pleno período de férias eu estou aqui, novamente em meu quarto, atolado no trabalho. Me sinto tão esgotado, sinto que preciso abrir mão de algum de meus afazeres se não como irei respirar? Eu não posso deixar os estudos e muito menos o trabalho. Achei que durante essas semanas de férias eu teria um tempo para descansar, um tempo para mim mesmo.

Mas eu só achei mesmo.

E ainda dizem que a adolescência é a pior fase, mal sabem que depois disso você se torna um jovem adulto. - Penso suspirando pesadamente, se eu soubesse que não morrer de fome no frio e sozinho era tão difícil eu não teria saído da casa de meus pais.

Se bem que eu não tive muita escolha…

— Ok, pausa para o café. - Digo a mim mesmo notando que minha caneca estava vazia novamente. Me levanto da cadeira deixando meu notebook de lado por alguns minutos, caminhando até a cozinha com minha caneca em mãos.

Meu Deus...- Encaro a pia do cômodo com temor, qualquer movimento brusco pode desencadear a queda de todos esses pratos e panelas. Eu nem sabia que tinha tanto talher assim em meu apartamento.

Passo cuidadosamente pela pia da cozinha ligando a cafeteira em cima do balcão, abro o armário ao meu lado a procura das medidas para o pó de café.

Amargo como a minha vida - Reflito enquanto coloco as medidas na máquina, talvez eu tenha colocado mais que tenho costume de tomar, mas não fará muita diferença já que a cafeína não faz mais efeito em meu organismo, acho que meu sangue é 70% água e 30% café.

Ok, exagero meu. Deve ser ao contrário.

Olho para o caos instalado em minha cozinha com desânimo, querendo ou não terei que arrumar esse lugar uma hora ou outra. É melhor fazer isso agora enquanto a cafeteira prepara meu café.

Passo um bom tempo organizando meu apartamento, achei que a cozinha estava em estado crítico mas não havia entrado em minha lavanderia antes. Possivelmente passei mais tempo do que deveria, bom, do que poderia ter passado fazendo essas tarefas. Mas pelo menos tudo está organizado agora.

— Como diria a véia, casa limpa é mente limpa. - Afirmo lembrando das palavras de minha mãe. Ao lembrar dela olho de relance para o celular sobre o balcão da cozinha, eu deveria ligar e perguntar como as coisas estão lá em casa, ou pelo menos justificar o porquê não a visitei como havia prometido que faria no final do mês passado. — Hm… - Pego o aparelho em mãos a procura de seu contato. Não espero que ela entenda mas eu realmente não tenho tempo para viajar para outro estado, eu deveria ter, afinal se trata de minha família…

Mas…

Esse mês eu apareço por lá...- Afirmo a mim mesmo me sentando despojadamente no sofá. Essa faxina acabou comigo, mas o pior já passou.

Aí Deus...- Arregalo os olhos ao notar que já são cinco da tarde e o que eu realmente deveria ter feito não fiz. Olho para o  notebook com desânimo sabendo que meu trabalho não está longe de terminar.

— Quem? - Tiro meu celular rapidamente ao senti-lo vibrar em meu bolso. Encaro a chamada surpreso em saber que Gal Sal lembra da minha existência aos sábados, por que ele está me ligando? Talvez seja importante...

Será que o ensaio era hoje? - Penso preocupado levando em consideração quantas vezes eu disse que iria e quantas vezes eu não fui.

As coisas fogem da minha cabeça com mais facilidade que entram.

— Alô? Gal? - O chamo confuso com o celular em mãos.

— Demorou para atender - Comenta o jovem no outro lado da linha.

— Tava ocupado, precisa de algo? - Pergunto voltando a me sentar em minha mesa de trabalho.

— Tá ocupado agora? Tipo, agora, agora? - Pergunta Gal controlando sua respiração, ele parece estar se movimentando, correndo? Por que?

O que ele está fazendo?

— Agora? Hãm...não -  Respondo me levantando da mesa ignorando os afazeres que tenho a fazer até o final do dia.

Ainda tenho tempo.

— Precisa de algo? - Pergunto novamente saindo de meu quarto, ouço sua voz mais próxima a mim acoando pelo corredor do prédio.

— Preciso que abra a porta aí - Responde Gal antes de encerrar a ligação.

Gal? - Pergunto surpreso. O jovem passa por mim adentrando em meu apartamento perguntando:

— Quem mais seria?

— Ah…sei lá… - Fecho a porta o encarando ainda surpreso em vê-lo, por que ele está aqui? — Cê bebeu? - Acabo perguntando automaticamente. Literalmente todos os nossos diálogos começam assim. Não é uma boa observação mas é um fato.

— Nossa Leonardo. Precisa ser tão seco? - Pergunta Gal olhando aos arredores. — Essa lugar até que tá arrumado hoje…é até estranho ver esse ambiente tão limpo, tá esperando alguém?

— Preciso estar para arrumar a minha casa? - Pergunto confuso caminhando em direção a cozinha, noto que a cafeteira já estava vazia novamente, abro o armário novamente a procura das mesmas coisas para fazer novamente a bebida.

Quinze minutos para algo que eu beberei em quinze segundos, há algum problema nessa máquina, ou em quem a usa.

— Não sei, precisa? - Questiona Gal olhando aos arredores. — Tô te atrapalhando em algo?

— Não...eu tava só ---

— Trabalhando, é eu sei. Por isso não foi ver o ensaio ontem, não é? - Pergunta Gal com certo encômodo.

— Foi ontem? - Me viro para o jovem surpreso. — Ah, droga...eu real não tava me lembrando disso...me desculpa Gal.

— Imaginei que sim, os meninos queriam te ligar mas não fazia sentido fazer isso. Afinal, você não faz parte da banda então não tem obrigação alguma em comparecer nos ensaios - Explica o moreno encarando o chão do cômodo pensativo.

Vê-lo cabisbaixo me deixa mal.

— Desculpa mesmo Gal...eu apareço na próxima semana, é só marcar o dia, ok? - Explico me desculpando com o jovem. Realmente não tenho obrigação alguma com a banda mas eu sei o quanto minha presença é importante para Gal durante os ensaios e durante os shows, confesso que acho isso fofo da parte dele. — Eu fiz falta ontem? - Pergunto o provocando.

— Nem tanto. - responde Gal dando de ombros fingindo não ter importância.

— Entendo - Comento mudando de assunto em seguida. — Mas o que te trás até minha humilde residência, Gal?

— E coloca humildade nisso né, mas hoje ela até que está realmente organizada - Comenta Gal me olhando surpreso. — Tem certeza que não tem visitas?

— Tenho sim Gal - Afirmo calmamente explicando ao jovem — Eu só fiz uma pequena faxina, mas enfim. Precisa de algo?

— Não exatamente, bom, eu queria te dar uma notícia... - O jovem explica próximo ao balcão. Vejo um pequeno sorriso se formar no rosto do mesmo. — Acho que você ainda não notou, não é?

— Notei o que? - pergunto confuso — É uma notícia boa ou ruim?

— É boa, fiz semana passada. - Ele responde estendendo seu sorriso de canto.

— Fez? - Pergunto novamente. Não estou entendendo nada mas ter Gal Sal aqui, sóbrio e em pleno sábado em meu apartamento sorrindo dessa forma, é um tanto quanto incomum. Mas se ele disse que é uma notícia boa eu acredito.

— Você ainda não percebeu não é, Lerdo-nardo? - Comenta Gal em um tom provocativo.

— Ah, não... - Sorrio sem graça para o jovem — Você só me chama assim quando algo tá muito óbvio, dessa forma eu me sinto realmente lerdo...

— Mas você é realmente lerdo - Brinca Gal não tirando seu sorriso no rosto, eu sou realmente lerdo ou ele está...diferente? — Quer dar um chute? - Pergunta o moreno calmamente. — Te dou três tentativas, Lerdo-nardo.

— Hm...- O encaro de cima a baixo pensativo. — Coturnos novos? - Pergunto curioso.

— Duas tentativas - Responde o jovem.

A não... - O encaro aflito sentindo a pressão no ar.

— Hmmm...é fim de semana e você tá sóbrio, isso é uma notícia muito boa - Explico convicto de que acertei. Nem tão convicto assim...

— Sério isso? Tá disperdiçando suas tentativas cara - Comenta Gal cruzando braços.

— Uma dúvida, se eu acertar o que eu ganho? - Pergunto o encarando desconfiado.

— A questão não é o que você ganha, e sim o que você não perde. - Explica o jovem calmamente não tirando seu sorriso do rosto em nenhum momento, é notável que essa situação se tornou seu entretenimento.

— Agora sim você conseguiu me deixar mais tenso ainda - Comento usando minha última tentativa. — Ok, o seu cabelo eu sei que não é então---

— Será mesmo que não é? - Questiona Gal pensativo me interrompendo.

— Ah, não! Isso aí não vale! - Reclamo cruzando os braços, devo parecer uma criança birrenta agora.

Suas risadas confirmam isso.

— Haha meu Deus Léo, não chora cara - Comenta Gal em meio a risos. Sua voz é tão reconfortante, depois de longos dias nesse apartamento poder ouvi-la novamente me deixa tão leve...

Ele está rindo de minha lerdeza, por que acha isso incrível? - Pergunto a mim mesmo tentando achar alguma lógica em meus sentimentos por esse garoto, mesmo sabendo que não existe lógica alguma no amor.

— Ok então, vai mesmo gastar sua última tentativa com isso? - Pergunta Gal recuperado o fôlego aos poucos.

— Acho que sim, posso ter perdido mas ganhei sua risada, isso já me basta - Comento sorrindo bobo para o jovem.

— Sério, Léo? você é muito lerdo. Eu tô falando e até rindo e você ainda não percebeu. - Comenta o jovem em negação.

Dou de ombros me virando para o balcão, desligo a cafeteira tirando a jarra com a bebida quente e enérgica. Olho para a pia onde minha caneca descansava sobre ela, me estico pegando o objeto de porcelana me servindo com um pouco de café enquanto pergunto novamente.

— Me conte logo Gal, o que cê fez semana passada? Disse que é algo bom, não é? - Pergunto ao jovem que com um sorriso de canto responde.

— Bom ou não, quem vai me dizer é você. Mas eu gostei, me sinto até meio rebelde.

— Meio rebelde? Isso você sempre foi Gal - Comento o provocando. - E sendo bem sincero acho que meio é pouco. Você sempre foi totalmente... - Paro minha frase notando a aproximação repentina do jovem, me viro para o mesmo o encarando confuso. — Gal? - Encaro seus olhos  por poucos segundos, apenas o suficiente para me perder em suas orbes tão escuras quanto o abismo, lembro-me de forma tão clara a primeira vez em que encarei seus olhos...aquele sentimento tão único de se sentir, intenso demais para conseguir expressar, indescritível demais para conseguir explicar...

Esses olhos, aindam são os mesmos...ele está igual, e isso é ótimo. O que eu não notei?

Talvez eu realmente seja lerdo...

— Você ainda não percebeu, não é? - As palavras de Gal me fazem voltar para a órbita da terra, estar tão perto dele me deixa desnorteado de certa forma. O jovem coloca suas mãos sobre o balcão me colocando contra ele, sinto meu rosto em brasas ao encarar seus olhos novamente, tão próximos dos meus...

— Percebi o que...? - Murmuro desviando o olhar sem reação, um silêncio paira sobre o cômodo, apenas minha tensa respiração pode ser ouvida por nós.

Não entendo o porquê estou sentindo tudo isso, não é como se eu não houvesse beijado Gal Sal antes, já tive o prazer de provar seus lábios algumas vezes mas dessa vez...

É diferente, ele está diferente...

O sinto explorando cada canto de minha boca, pressionando levemente seus lábios contra os meus me deixando sem ar. Suas mãos se envolvendo em minha cintura para mais perto do mesmo. Estar nos braços de Gal Sal era o que eu precisava depois desses longos dias, uma pena que eu precise de oxigênio para viver.

Nossa... - Separo nossas bocas o encarando incrédulo. Isso foi de repente, e ele realmente não bebeu...

— Você colocou um... piercing? - Pergunto  recuperando o fôlego do beijo que Gal  decediu me dar sem aviso prévio.

— Finalmente percebeu - Comenta o jovem sorrindo maliciosamente para mim — É maneiro, não é?

— É...eu acho... - Continuou a encara-lo pensativo ainda absorvendo as informações.

— Acha? Hm, por que não tem certeza? - Pergunta Gal com receio. — Não gostou...?

— Que? Ah, não... não foi o que eu quis dizer, é que---

— Gostou ou não? - Pergunta o jovem novamente, dessa vez com mais firmeza.

— É diferente...acho que terei que experimentar mais vezes para ter a certeza se eu gostei, sabe? - Explico sorrindo envergonhado para o chão.

— Safado - Comenta Gal me fazendo alcançar uma nova temperatura, se antes sentia meu rosto em brasas agora sinto que ele está se derretendo pelo chão da cozinha.

— Eu não quis dizer, quero dizer, eu quis né mas...ham...d-desculpa por falar isso --- Paro meu pedido ao ouvir as risadas de Gal ecoando pela cozinha.

— Haha não seja bobo Leonardo, não tenha vergonha de ser assim. Eu literalmente invadi sua casa para de dar uns pega cara, safado sou eu - Explica Gal pegando a caneca que estava sobre o balcão a levando até sua boca. — Eca, isso é café ou água suja? - Pergunta o jovem fazendo uma careta de repulsa.

— Pelo visto você não gostou do meu café, não é? - Deduzo isso de acordo com seu humilde comentário sobre minha bebida.

— Não mesmo - Reclama o jovem colocando a caneca novamente no lugar que estava. — Vamos fumar lá fora? - Pergunta Gal saindo da cozinha caminhando rumo a uma pequena varanda que tenho em meu apartamento.

— Ah, ok... - O sigo tirando meu maço de cigarros do meu bolso, tiro um cigarro o colocando em minha boca, e é claro que fui obrigado a pegar outro já que sempre que Gal está por perto ele sempre pega descaradamente o cigarro entre meus dentes.

— Lavou até roupa, quem diria - Comenta o jovem olhando para algumas peças penduradas no varal.

— Favor não jogar cinzas nelas - Peço me sentando na pequena poltrona onde normalmente reflito sobre a vida em meio a tragos.

— Como foi o seu dia hoje? - Pergunta Gal interessado no assunto, suspiro fundo o respondendo calmamente.

— O de sempre, trabalho e tals...

— Era mais simples quando você apenas cuidava da minha banda, não sei pra quê foi inventar de investir em outras... - Comenta Gal enciumado, é nítido o quanto ele não gosta de saber que a banda Escripta não é a única que cuido agora, sinceramente até eu não estou gostando tanto assim disso.

Desde de que conversei com o dono da casa de shows Verde e Néon sobre acessoriar outros grupos de músicos eu venho tendo dificuldade em administrar o tempo que tenho. O estabelecimento dá muitas oportunidades para vários músicos, alguns são contratados pelo lugar e tocam diariamente lá, sou responsável por manter tudo em ordem em cada banda, cuidar de suas apresentações e divulgar o trabalho de cada membro da banda. Atualmente temos os Escriptas, os Agentes da Calamidade, As Máscaras, e o DJ Anfitrião. Não é nada fácil lidar com as personalidades de cada um daquele lugar, sinceramente, essa é a parte mais complicada para mim.

Talvez porque os Escriptas são meus amigos de longa data, isso facilita muita coisa. Ou talvez seja totalmente o contrário.

— Agora você cuida até da carreira dos  Gaudérios Abutres... - Murmura Gal observando o cigarro queimar lentamente entre seus dedos. — O que você acha deles?

— Hm? - Olho para o jovem confuso. — São  uma banda normal ao meu ver.

— Hm...entendo. - Comenta Gal deixando o cigarro de lado. Não sei se disse o que ele queria ouvir, mas normal é uma palavra errada para descrever os Gaudérios Abutres.

A verdade é que eles são realmente fodas.

— Mas e o seu dia, como foi? - Pergunto mudando de assunto.

— Normal, a galera da banda me chamou para sair hoje, mas me disseram que você não iria então decedir não ir. - Explica o jovem voltando sua atenção para meus olhos. — Sabia que eles decidiram não te chamar porque já sabiam qual seria a sua resposta? Eu entendo que você tenha o seu trabalho mas...sei lá...as férias são para a gente descansar, sabe? Você não parece estar fazendo isso...

— Ah...eu ando pensando muito nisso, acho que ser acessor não é o meu lance. - Comento suspirando pesadamente.

— Por que não se demite? - Pergunta Gal inocentemente. — Sei lá, trabalha em algo que faça mais o seu estilo, sabe?

Como explicar sem parecer que minha vida está um caos? - Sorrio para o jovem explicando em um tom descontraído.

— Gal, o meu estilo é não morrer de fome, eu tenho contas para pagar e ainda preciso guardar uma quantia para os gastos que terei na faculdade - Comento acedendo outro cigarro. — Não posso simplesmente parar de trabalhar, as coisas não funcionam assim.

— Ah é mesmo, você é pobre. - Comenta Gal humildemente se lembrando desse pequeno detalhe.

— Haha você é uma graça Gal, uma gracinha - Sorrio para o jovem mantendo a calma. As vezes esse garoto não tem noção alguma.

As vezes sempre.

— Sabe, as vezes eu me sinto tão imaturo reclamando de problemas que nem se quer existem...eu nunca precisei me preocupar com essas coisas, sempre tive o melhor conforto que alguém poderia ter... - Explica o jovem encarando o céu pensativo. — Eu deveria parar de ser um mimado do caralho, não é?

— Hm...é impressão minha ou você está comparando os nossos problemas? - Pergunto o encarando seriamente.

— É claro que eu tô Leonardo, fala sério. Você tá fazendo pela segunda vez o terceiro ano, tem um trabalho que drena toda a sua energia e mora em um prédio tão fudido quanto o bairro. Isso sim é ter problemas, e eu deveria passar a tomar doses de noção ao invés de tequilas. - Reclama Gal frustado consigo mesmo.

Falando dessa forma minha vida parece estar fudida mesmo...-  Penso me levantando da poltrona me espreguiçando.

— Olha só, nós somos diferentes Gal, temos vidas e problemas diferentes...lidamos com eles de formas diferentes...e tá tudo bem, o importante é que temos um ao outro como apoio, entende? - Explico confortando o jovem.

— Para de ser legal cara, eu tô falando sério. Você vive ouvindo meus problemas de burguês sem reclamar de nada, por que nunca me mandou calar a boca? - Questiona Gal com certa indignação.

Por que ele está assim...? - O encaro preocupado.

— Espera um pouco, tá me dando permissão para te mandar calar a boca? - Pergunto brincando com a situação, tentando tirar o peso que essa conversa está trazendom

— Sim, calma não. Essa não é a questão Leonardo... - Explica o jovem olhando para o chão cabisbaixo. — Eu só acho que reclamo demais mesmo tendo de tudo...eu sou um ingrato...

— Você acha isso...? - Pergunto pensativo, já entendi qual é a verdadeira questão desse assunto. — Gal... - chamo o jovem fazendo o mesmo olhar para mim, o encaro seriamente perguntando com certo encômodo só em pensar nessa hipótese. — Você acha mesmo isso ou foi alguém que te disse? - Pergunto o encarando nos olhos.

— Eu não posso reclamar de nada, tenho de tudo e mesmo assim--- O interrompo fazendo olhar para mim novamente.

— Olha pra mim, por favor...você realmente acha isso ou alguém te falou isso? Brigou com seu pai...? O que ele falou pra você?

— A verdade. Eu não tenho problemas em minha vida...não entendo do que eu fico me lastimando. - O jovem me responde dando alguns passos para trás. — Eu...eu já vou indo nessa.

— Oi? Por que? - Pergunto confuso. — Espera um pouco, vamos conversar sobre isso cara, seu pai tem que parar de falar merda e você tem que parar de ouvi-las - Comento o aconselhando na tentativa de ajudá-lo de alguma forma.

É sempre assim...é sempre ele.

Kian... - Fecho os punhos impacientemente. Como um pai pode ser tão...

— Gal, espera - Digo acompanhando o jovem que saindo da varanda caminhava até a saída do apartamento.

— Você precisa trabalhar e fazer suas coisas, eu não deveria ter vindo...não quero te atrapalhar e nem te dar nenhum problema - Comenta Gal se desculpando pelo "encômodo".

— Gal! - Seguro eu braço o encarando seriamente. — Você nunca me atrapalha e sabe disso, por favor, me fala o que está acontecendo para eu conseguir te ajudar - Explico o acalmando, solto seu braço o encarando seriamente.

— Eu não quero ajuda Leonardo...não tem como ajudar...eu só queria ver você. Me desculpa te encher com tudo isso. - Murmura Gal desviando o olhar para a porta do meu apartamento.

— Escuta, eu te prometi que estaria com você para o que precisasse, prometi que te ajudaria e...eu preciso que você me explique exatamente o que aconteceu para eu---

— Léo...é sério, para de ser legal cara...só a sua companhia já me ajudou bastante hoje, e eu te agradeço por isso...

— Só? Mas eu posso te ajudar mais, eu consigo te ajudar, me fala o que aconteceu e o que aquele merda fez contigo...eu prometo que vou dar um jeito nisso Gal - Afirmo tentando manter a calma,  sinto minha voz estremecer e o peso da preocupação sobre mim.

Como eu odeio isso. Odeio quando as pessoas diminuam seus problemas, independente de qual seja, é um problema. E merece a devida atenção, merece ser resolvido, grande ou pequeno, a dor machuca da mesma forma.

Nunca ouviram os meus problemas já que sempre eram apenas um "drama". Eu não posso ignorar os problemas de Gal, independente de qual seja eu vou ouvi-lo e ajudar a solucionar o problema...

— Gal...fica aqui... - Peço como uma súplica ao jovem. — Se minha companhia já te ajudou você pode continuar aqui, se quiser...

Um silêncio paira no ar por alguns segundos, ele parece estar pensando se deve ou não ficar. A resposta é tão óbvia.

— A gente pode jogar conversa fora, falar mal de todo mundo ou assiti alguma série, o que acha? - Pergunto listando os melhores passa-tempo que podemos ter para destrair a mente, esquecer temporariamente os problemas nos deixa mais leves, é isso que ele precisa no momento, é isso que eu também preciso então...

— Ou a gente canta, tipo, spaceman - Digo citando sua música favorita, notando certo interesse na expressão do jovem.

— Hm... - Murmura Gal pensativo. — Essa proposta é tentadora...

— É! É sim haha - Comemoro feliz com sua resposta. — Vamos fazer os vizinhos reclamarem do barulho!

— Tem noção do quanto essa frase soou errada? - Pergunta Gal segurando a risada.

— Você que é um safado - Brinco com o jovem a procura de meu celular pelo apartamento.

Acabou olhando de relance para meu quarto, de onde eu deveria terminar o meu trabalho.

Tempo gasto com ele não é tempo perdido - Afirmo comigo mesmo fechando a porta do quarto. Eu ainda tenho tempo, termino isso depois.














Olá, caro leitor!

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