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GIbson Les Paul

· ♪♪♪ ·

ARTHUR CEVERO

· ♪♪♪⁠ ·

  A música é algo que sempre me guiou, em momentos turvos ela foi meu farol. Se não fosse por ela eu nunca teria conseguido dizer tudo que sinto. Ainda seria aquele garoto com os sentimentos reprimidos dentro de mim mesmo, continuaria a gritar em silêncio a espera de que alguém pudesse me ajudar, a espera de que alguém pudesse me entender.

As pessoas não me entendem, e isso não é algo que me atormenta mais, não como antes, hoje pelo menos ela tentam me entender, e eu tento explicar...

Explico através da música, sou um bobo apaixonado que nunca amou, um sofredor que nunca sentiu a dor, não o suficiente.

Eu ainda sou jovem, meu pai sempre dizia que quando se é jovem se tem muito mais pela frente, e por mais que seja difícil e desanimador eu não posso parar. Preciso continuar, os acontecimentos em minha vida vão despertar em mim sentimentos, sentimentos que eu colocarei em versos...

Afinal, é o que eu sei fazer de melhor.

Escrever essa música está sendo um desafio para mim, sair da zona de conforto é tão difícil...

— Hm...que palavra combina com esquecer? - pergunto pensativo brincando com a caneta entre meus dedos.

— Enlouquecer - responde Agatha com suas baquetas em mãos, a jovem enérgica acertava o ar com suas baquetas imaginando seu instrumento em sua frente, as batidas de tambores e pratos saíam de sua boca automaticamente. — Tipo, se eu não te esquecer, vou enlouquecer - cantarola a jovem piscando para mim.

— Cafona demais - ouço Marcelo reclamar enquanto afina sua guitarra — Que tal..hm..enfurecer! Se você me esquecer eu irei me enfurecer! É, perfeito. - comenta o jovem olhando para mim.

— Que tóxico, agora os outros são obrigados a lembrar de você? - pergunta Murilo debochando de seu irmão.

— Se não ele vai ficar putinho, haha!  - Brinca Agatha o provocando junto a Murilo.

— Cala a boca guria. Eu sou o único que está tentando ajudar o Arthur de verdade com a nova música. - reclamar Marcelo deixando seu instrumento de lado, o jovem se levanta e caminha até mim se sentando ao meu lado. — Como tá indo cara? Pensou em algo?

— Hm...enlouquecer não combina com a letra, apesar que eu acho que tô realmente ficando maluco - comento rindo frouxo da situação. Eu componho a maioria das músicas da banda, e a cada palavra que escrevo sinto minha mente se esvaindo.

É como se minha criatividade escorresse como água de minhas mãos, elas entram pelo sombrio ralo e se perdem na escuridão. Eu preciso dela, não sou nada sem minha criatividade. Não sou nada sem minha música...

Preciso compor logo alguma coisa.

— Transcender! - exclama Agatha de forma repentina me fazendo assustar com sua fala. — Coloca aí transcender! Palavra melhor que essa não existe Arthur! - explica a menor orgulhosa de sua ideia.

— O que essa garota tem na cabeça? - pergunta Marcelo discordando com Agatha, para variar.

— O nome disso é criatividade Marcelo, sinto muito se você não tem isso  - reclama a jovem rispidamente.

— Você tá falando palavras aleatórias e eu que não tenho criatividade? Agatha, quando eu falo cala a boca, sério. Cala a boca. - Reclama Marcelo revirando os olhos.

— Acontece que eu não sou obrigada a te obedecer, e outra, a música é assim, aleatoriamente aleatória. - explica Agatha firmemente.

— Aleatória? - pergunta Murilo a encarando confuso.

— A música não precisa fazer sentido para ser boa, quantas coisas nesse mundo não fazem sentido e são incríveis? Várias! Várias coisas são assim, principalmente quando se trata de arte, as letras não precisam estar em ordem, o acorde não precisa ser o certo e nada precisa estar perfeitamente sincronizado, se estiver sendo feita com sinceridade até os erros tornarão a obra perfeita, sentimentos não fazem sentido na maioria as vezes, então se nossa arte é baseada em nossos sentimentos vamos apenas fazer e mostrá-la ao mundo! - Exclama Agatha sorridente para mim, seus olhos brilham olhando em minha direção. — Não é, Arthur?

— É...você tem razão Agatha... - concordo com a jovem olhando para o papel em minhas mãos. O lado artístico de Agatha é tão caótico, isso a torna perfeita.

— Nós fizemos uma promessa, sempre ouvir o que sentimos em nós mesmos e compartilhar isso aos outros através da arte, e é isso que faremos, todos juntos! - afirma a menor se sentando ao meu lado me confortando.

— A Agatha fala umas coisas tão profundas cara, nem parece que ela é a guria pirralha da banda - comenta Murilo junto ao Marcelo.

— Pode crê, a pirralha fala merda mas são umas merdas bem sábias. - comenta Marcelo concordando com seu irmão.

— Merdas sabiás? - pergunto confuso tentando entender a frase do jovem.

— É claro que eu sou sábia, já você fala umas merdas fedidas mesmo. - comenta Agatha  provocando Marcelo que volta novamente a reclamar com a mesma.

Me levanto calmamente deixando os dois jovens brigando na garagem, Murilo observa a cena tranquilamente curtindo seu entretenimento de sempre. Observar os dois brigando é algo realmente divertido, Marcelo não leva desaforo algum para casa e Agatha perde tudo, menos a oportunidade de tirá-lo do sério. Eu poderia observar minha banda sendo minha banda mas hoje me sinto aéreo.

Adoro estar com eles mas preciso respirar um pouco de ar sozinho. O dia do concurso está chegando e eu não faço ideia do que compor, por que me dediquei a três cargos de uma só vez? Não achei que seria tão difícil...

O medo de falhar me atormenta, eu finalmente consegui a oportunidade que nossa banda merece em uma casa de shows conhecida na cidade. Se tudo der certo e vencermos o concurso ganharemos um contrato com o dono do lugar, tocar todas as noites lá seria incrível, o sonho de todo músico amador...

É um passo importante para crescermos, não quero nem pensar se não der certo, tem que dar certo. Se não der...

Tem que dar certo! - Encaro o papel com frustração, lembro-me de tantas músicas que fiz baseados em tantos sentimentos que senti...

O que há de errado comigo? Por que não consigo escrever uma linha se quer...

Será que...- Encaro os degraus da escada pensativo a espera de algo acontecer. Algo sempre acontece, eu sempre sinto. É questão de tempo...

Tempo é o que eu não tenho agora... preciso de uma letra até essa semana, se não o concurso será o pior show de todos...

— Arthur? - uma voz familiar me chama, olho para o começo das escadas avistando Ivete com algumas sacolas de mercado em mãos. — Tá fazendo o que sozinho aí guri? - pergunta a mais velha olhando para a porta que dá acesso a garagem. — Achei que estaria ensaiando para o tal evento na casa de shows, é nesse fim de semana, certo?

— É...para ensaiarmos precisamos de uma música e...minha cabeça tá uma merda... - reclamo bagunçando meus cabelos.

— Não diga isso guri, pelo o que eu saiba você pensa com o coração e não com a cabeça. - explica Ivete sorrindo para mim subindo as escadas. — Vai dar tudo certo meu filho, eu acredito em você... - comenta a mais velha passando por mim.

— Pensar com o coração...meu coração só me arruma confusão. - Resmungo comigo mesmo massageando minha testa.

— Guri, pode ir parando agora mesmo com essa cobrança de si mesmo, eu não sei como funciona o seu processo criativo mas eu tenho certeza que se pressionando não é a melhor maneira de resolver as coisas. - explica a mulher chamando minha atenção. — Você precisa acreditar em si mesmo, meu filho...

— Isso não é o suficiente mãe, não dá...eu não sei o que está acontecendo mas eu quero que pare! Tem algo de errado...eu não tô sentindo o que eu deveria sentir... - Murmuro cabisbaixo.

— E o que você deveria sentir? - pergunta Ivete deixando as sacolas sobre o balcão da cozinha.

— Sei lá, deveria estar feliz por ter sido selecionado para participar do concurso junto a meus amigos, ou ansioso com isso...mas eu não sinto nada...as vezes sinto medo, mas isso não é bom...eu não quero sentir isso... - explico suspirando pesadamente. — As vezes eu me pergunto o porquê disso tudo...

— Meu filho, você sabe bem o porquê...cante só por isso e não se cobre por nada... - aconselha a mais velha segurando firme em meu ombro.

— Arthur! - ouço Murilo me chamar em desespero no final da escada. — Ajuda aqui Arthur, a brincadeira saiu do controle!

— O que..? - olho para o jovem preocupado voltando até a garagem, olho para o cômodo e avisto Agatha segurando Marcelo pelo colarinho, corro até a jovem a tirando de perto do mesmo. — Ei! Parem de brigas!

— A minha baqueta, ele quebrou a porra da minha baqueta! - exclama Agatha furiosa, viro para a mesma a consolando, vejo em seus olhos mais do que raiva.

— Calma! A gente da um jeito... - afirmo me virando para Marcelo o perguntando. — Que tipo de merda você tem na cabeça?

— Eu já pedi desculpas, tava só brincando e ela sabe disso, como eu ia saber que esse negócio era frágil como um palito de dente - reclama o jovem suspirando fundo. — Eu já disse que te pago outras Agatha, não precisa ficar triste por isso.

— Eu não tô triste o seu merda, eu tô puta! Não se toca em nada que não é seu, eram Nirvanas Liverpool...eram minhas...eram minhas Marcelo! Que droga cara! - reclama Agatha em meio a prantos.

— Agatha, a gente dá um jeito....eu sei que falar é muito fácil mas fica calma, eu vou consertar... - explico acalmado a jovem. — Eu te prometo, vou dar um jeito.

— Mas é só uma baqueta, não é? - Pergunta Murilo confuso, não entendo o comportamento de Agatha.

— Não Murilo, não é. - Explico seriamente, olho para o carpete da garagem a procura das baquetas quebradas, não sei como isso aconteceu mas vou resolver. Olho para as mãos de Agatha vendo o objeto com a mesma. — Eu vou na loja mais próxima, te prometo que voltarei com ela nova em folha - afirmo sorrindo para a menor que receosa me entrega suas baquetas partidas ao meio.

Como isso aconteceu? Marcelo e suas piadas de mau gosto, se ele soubesse um terço sobre a vida de Agatha a trataria melhor...ela merece... - Abraço a menor murmurando em seu ouvido.

— Eu vou consertar Agatha...te prometo isso... - encaro seus olhos com firmeza.

Sem perder mais tempo subo as escadas novamente a procura de minha chave, Ivete preocupada pergunta o que houve.

— O que aconteceu lá em baixo? - pergunta Ivete aflita por uma resposta.

— Está tudo bem mãe, eu consigo. - afirmo pegando minhas chaves, sou parado pela mulher que ainda confusa pergunta.

— Consegue o que? Onde você vai Arthur?

— Eu consigo resolver, vou arrumar a baqueta e criar a melhor música de todas, faremos o show e venceremos aquele concurso. Eu consigo! Todos nós conseguiremos! - exclamo descendo as escadas rapidamente.

— Se motivou tão rápido assim? Haha esse é meu filho! Não corra na estrada, ok?  - Explica Ivete acariciando meus cabelos. Seu olhar de orgulho sobre mim me trás conforto.

Orgulho de mim? É isso que farei. Farei todos terem orgulho de mim, todos os que se foram...seja lá onde estão irão ouvir minha voz.

Irão ouvir minha música!

Eu consigo!   - Penso com determinação subindo em minha moto, talvez seja isso que eu precise, um tempo conversando com minha CB. Vou compor uma música e vencer esse concurso, honrarei os nomes Gaudérios Abutres.

Dou a partida em meu veículo acelerando até o centro da cidade, passarei na loja de instrumentos e quem sabe encontrar algo lá que me inspire de certa forma.

Quem diria que seria um alguém que me inspiraria.

Seus olhos apáticos encarando a vitrine refletindo sobre alguma coisa, os preços? Talvez as marcas...deveria o aconcelhar em algo? Afinal, se existe alguém com mais conhecimentos em instrumentos de cordas do que eu, sinceramente, desconheço esse alguém.

Eu poderia observar seus cabelos contra o brilho do sol pelo resto de minha vida, a tarde fria levava seus fios ao vento tornando a cena única demais para ignorar.

Não é só um alguém, talvez seja, mas foi esse alguém que me desmontou em um olhar, ele olhou para mim, em um pequeno relance...talvez porque estou a mais de vinte minutos o observando.

Admirando é a palavra certa.

Pareço um estranho o observando do outro lado da rua, talvez ele se sinta desconfortável com isso.

Mas ele é tão...

Quem é ele? - Penso finalmente me movendo. Foco, Arthur . Você veio aqui por um motivo...- Atravesso a rua a caminho da loja de instrumentos em busca de alguma solução para ajudar Agatha.

Passo pelo jovem o observando cuidadosamente, suas roupas casuais em tons claros de azul marinho.

Azul como o mar...- Penso comigo mesmo sorrindo bobo. Não faço ideia de quem seja e já estou o gadeando como uma divindade grega. Minha alma de artista adora alimentar meu coração iludido.

Eu não tenho jeito mesmo.

— Olá... - Paro instantaneamente ao ouvir sua voz. Ela é tão...doce...

Ele está falando comigo? Meu Deus, ele deve achar que sou um tarado o secando. Tenho que parar com essa mania de encarar as pessoas como se elas fossem de outro planeta.

Mas ele parecer ser...tão único...

Ok, vou parar de encara-lo dessa forma.

Espera, é comigo mesmo? O que eu respondo? Meu Deus, o que eu falo?!

— Sim, pois não? - ouço do outro lado do balcão o atendente perguntar olhando para o loiro.

Ah, não era comigo... - Me envergonho ao notar que ele estava falando era com o balconista. Por que achei que seria comigo?

— Preciso de cordas, não sei exatamente qual mas... - O loiro tira de suas costas uma capa Bag preta a deixando sobre o balcão. — Preciso dar um jeito nisso? Acha que consegue consertar? - pergunta o jovem esperançoso. Noto a expressão de espanto do atentamente olhando para dentro da capa, possivelmente pra o instrumento dentro dela.

Ele toca? - O encaro não escondendo meu sorriso ao saber disso, sempre me alegro ao ver um músico vivendo sua vida artística. Mas ele não parece feliz, talvez esteja preocupado com a reação do atendente.

— Consegue dar um jeito nela? - pergunta o loiro preocupado.

— Cara, vou ser sincero contigo, o que eu preciso para consertar isso aí tá em falta na loja, sem falar que eu nem sei se realmente tem conserto, cê sabe que uma GIbson tem que ser cuidada no mínimo semanalmente, não sabe? - pergunta o atendente olhando para a situação. — Elas estão enferrujadas demais, por isso elas rebentaram, entende?

— Entendo...nunca a usei então--

— Cê nunca tocou ela??? - pergunta o atendente abismado. — Como assim você tem uma guitarra dessas e nunca usou?Cara, não pode deixar uma belezinha dessas abandonada por aí. Isso deve ser considerado um crime! - brinca o jovem atendente olhando para o instrumento. — Eu lembro a primeira vez que vi uma dessas, custava uma fortuna, e ainda custa né? Vamos fazer o seguinte, te compro ela e tudo se resolve. - Explica o rapaz olhando nostálgico para o instrumento.

O jovem loiro da alguns passos para trás fechando sua capa.

— Não está a venda...quero conserta-la, apenas isso. - explica o jovem firmemente.

— Mas você mesmo disse que não a usa, por que guardar algo se não a usa? E não a cuida por sinal, me venda ela e garanto que será o melhor negócio que já fez em sua vida, você com grana e eu com essa reli---

— Ela não está a venda, já disse.- reclama o jovem interrompendo o atendente, encaro o loiro com preocupação notando sua respiração desestabilizada. Antes que pudesse falar ou fazer algo o jovem se retira rapidamente da loja.

Ele se foi...- Olho para o loiro que em passos rápidos se distancia do estabelecimento. Nem pude ajudá-lo, nem pude conhecê-lo...

— O cara é maluco de tratar uma GbIson Les Pauls daquela forma, se não sabe cuidar de um instrumento não assuma a responsabilidade de tê-lo, é o que eu sempre digo. - afirma o atendente se virando para mim. — Bom, do que precisa?

— Eu quero saber se, sei lá, tem como consertar uma baqueta partida ao meio - Explico mostrando ao jovem as baquetas personalizadas de Agatha.

— Claro que tem, uma fita já resolve, mas nós temos uma cola específica para esse material, podemos juntar as partes quebradas novamente mas sendo bem sincero, o melhor a se fazer é comprar outra, já que uma baqueta danificada pode se romper novamente ao longo do tempo. - explica o rapaz analisando as baquetas. — E vai por mim, você não quer passar por um perrengue de ter uma baqueta quebrada durante um show, é a pior coisa que pode acontecer cara.

— Entendo... - penso durante alguns instantes, olho para a vitrine observando a variedade de baquetas, várias marcas e cores, algumas até fazem o estilo da Agatha, mas nunca será igual a essas. — Me vê alguns tubos dessa tal cola aí, por favor.

— O senhor é quem manda. - comenta o rapaz dando de ombros, não acho que ele tenha gostado de minha decisão mas sinceramente, ele não tem nada haver com isso. — Aqui está, três tá bom pra você?

— Claro. - pego os tubos de cola deixando uma nota sobre o balcão. — Fica com o troco. - Saio do lugar as pressas olhando aos arredores.

Não vejo aquele garoto loiro por perto, talvez nunca mais eu o veja.

Uma pena, por poucos segundos sentindo sua presença já senti meu coração palpitar em um ritmo agradável, ele me inspirou de certa forma...

Por poucos segundos encarando seus olhos, por poucos segundos ouvindo sua voz...

Não acredito nisso... - Massageo minha testa suspirando fundo. Eu tenho que conversar seriamente comigo mesmo.

• • •  Na mesma noite • • •

— É só um garoto Arthur, só um garoto, não é um anjo vindo dos céus, não é o pecado em forma humana, ele é só um garoto... - digo a mim mesmo encarando meu reflexo. — É só um garoto...TÁ ME OUVINDO?! É SÓ UM GAROTO! - exclamo indignado.

Se não doesse eu me daria uns tapas bem dados na minha cara, nem se quer o conheço e não consigo tirar ele da minha cabeça! Qual é o meu problema? Por que não consigo esquece-lo, se passaram seis horas desde o acontecimentos da loja, meu Deus eu tô contando os minutos...

Quero me enfiar em um buraco e me isolar da sociedade, como pode um ser humano ser tão idiota? Eu me recuso a me apaixonar por alguém que vi aleatoriamente na rua, isso é coisa de adolescente carente.

Eu sou um desastre...

Pelo menos isso vai me render boas letras.

— Me afoguei no azul de seus olhos... - ouço Agatha dizer me tirando de meus pensamentos. Olho para a jovem que com o papel em mãos lia o que estava escrito. — Arthur, que isso ein? - pergunta a menor me encarando confusa.

— A-agatha! Eu disse que tava ocupado! Não pode entrar no meu quarto como se não fosse o meu espaço! - Exclamo envergonhado ao notar que a garota continuava a ler o papel. — Agatha!!!

— Iu, iu, então essa é a letra? Achei que tocávamos rock, que musiquinha cafona é essa? - pergunta a jovem descendo as escadas rapidamente. — Pessoal! Saca só isso aqui!

— O que?! Não! Agatha devolve esse---ai meu Deus, mãe! Manda a Agatha parar de pegar minhas coisas! - reclamo saindo de meu quarto as pressas atrás da jovem, desço as escadas abrindo a porta da garagem bruscamente.

Olho para os Marcelo e Murilo que encaravam o papel em silêncio. Agatha sorriu para mim como se ela tivesse feito o melhor ato de bondade que fez em sua vida.

Invadiu minha privacidade enquanto eu gritava comigo mesmo na frente do espelho, essa garota é tão... - Suspiro fundo caminhando até todos da banda.

— Tá tão ruim assim? - pergunto encomodado com o silêncio que pairou na garagem.

— Não é isso...é que tá...diferente... - explica Murilo pensativo. — Parece sertanejo.

— Que?! Que sertanejo o que Murilo! Não me ofenda! Eu ainda nem coloquei o ritmo, é só um rascunho cara...ignora a letra, eu vou mudar ela. - explico pegando o papel de suas mãos.

— Como assim ignorar a letra cara? Ela é o mais importante e...até que não tá ruim, faz o perfil dos jovens de hoje em dia. - explica Agatha sorrindo para mim, tentando me confortar.

— Achei depre demais, até parece uma despedida - Explica Murilo olhando desconfiado para mim.

— É...nunca mais o verei... - Murmuro cabisbaixo.

— Quem? - Pergunta Agatha confusa.

— Hm? N-ninguém haha, eu só tô falando como o cara da música, sabe? Ele tá se despedindo do outro cara e...ah sei lá. - Dou de ombros tentando conter meu nervosismo.

Não sei o porquê estou tão tenso e isso me deixa mais tenso ainda.

— Então são dois caras? - pergunta Marcelo sorrindo de canto para mim. — Tô sentindo um cheirinho estranho no ar, tão sentindo também rapaziada? - pergunta o jovem me deixando mais tenso ainda.

— Haha do que cê tá falando Marcelo? Vai ver é a Agatha, ela nunca toma banho mesmo. - comento tentando mudar de assunto.

— Pode crê Marcelão, tô sentindo cheirinho no ar - Afirma Murilo junto ao seu irmão.

— Cheiro? Sério que eu tô fedendo? - pergunta Agatha levantando os braços. — Não tô não! Tomei banho esse sábado, é o Arthur, aposto!  - afirma a jovem apontando para mim.

— É ele mesmo - afirma Murilo sorrindo de canto.

— Sem dúvidas alguma é sim. - concorda Marcelo sorrindo da mesma forma.

— Haha! Arthur é fedorento hahaha! - comenta Agatha caindo na gargalhada.

Do que essa tapada tá rindo? - Pergunto a mim mesmo a olhando torto.

— Agatha, acho que você ainda não sacou - explica Murilo em meio a risos. — Você não mora aqui com a gente então...digamos que nós reconhecemos esse cheiro, haha!

— Real, o Arthur tá cheirando a quem foi dar uma volta e tropeçou no "amor da vida dele" - explica Marcelo fazendo aspas eu sua frase. — É sempre assim, ele conhece alguém e automaticamente se apaixona por essa pessoa, é emocionado demais!

— E aí desperta o lado artístico e gay ao mesmo tempo, resultando em músicas de sucesso - Complementa Murilo sorrindo para mim. — Ala, tá todo bobinho haha!

Meu Deus... - Suspiro me rendendo aos comentários deles, no fundo infelizmente eles tem razão. Sou realmente um emocionado em relação a isso.

— Sério? Então ele compõe literalmente de acordo com seus sentimentos. Isso explica o nosso estilo de música variado. - C
comenta Agatha pensativa. — Caramba, se parar para pensar isso é foda pra caralho, nunca vi alguém com o processo artístico como o seu, é...poético.

É um inferno...- Suspiro fundo sorrindo para a mesma gentilmente. Não adiantaria se eu falasse o quanto isso dói as vezes, ser escravo de meus sentimentos é exaustivo pelo fato de ser tão repentino.

Hoje mesmo estava preocupado em não sentir o que deveria sentir e agora aqui estou lutando contra meus próprios pensamentos.

Ele precisa sair de minha cabeça...-  Fecho os punhos mantendo a calma, se pelo menos fosse fácil deixar de sentir o que sinto com a mesma facilidade que sinto as coisas em minha volta...

Eu não posso gostar desse garoto de forma alguma, eu não o conheço. E não quero, não posso...vai dar tudo errado de novo.

— Espera só quando ele levar um fora de novo, vai criar os melhores sucessos da banda, nem zuando - comenta Marcelo brincando com a situação. — Não é não, Arthur?

Permaneço em silêncio por alguns segundos, sorrio para o jovem afirmando levemente com a cabeça. Saio da garagem deixando os jovens conversando sobre o evento dessa semana. Pego minhas chaves buscando consolo novamente em meu veículo, não sei quanto tempo se passou, mas me senti sem norte pelas ruas de São Paulo.

Ligo para as pessoas que sempre me dão direção em situações como essa, minha equipe...

— Fala ae meu querido, tá de boas? - pergunta Thiago me comprimentando.

— Oi Thiago...tô legal... - comprimento o Fritiz gentilmente.

— Não tá não, o que aconteceu contigo? - pergunta Elizabeth preocupada.

— Se precisar falar qualquer coisa a qualquer hora, estaremos aqui, Arthur-San! - explica Joui sorridente ao lado da jovem.

— Joui tem razão Arthur, tamo aqui caso precise, tá bom? - Complementa Kaiser me confortando.

— Obrigada pessoal...de verdade... - Murmuro observando o céu. — Eu só...sei lá, queria uma companhia, sabe?

— Sei, a noite tá linda hoje... - comenta Kaiser se sentando no meio fio da calçada.

— É uma vista linda de se apreciar... - comenta Joui se sentando ao lado de Kaiser, o asiático olha para mim me convidando a me sentar ao seu lado.

— Principalmente com os amigos! - afirma Thiago se sentando ao lado de Elizabeth que comenta.

— É verdade...nas estrelas encontramos o conforto que precisamos em noites como essa... - Murmura a jovem olhando para o céu.

Faço o mesmo que todos apenas vivendo esse momento, as estrelas brilham como se fosse a última vez que estariam penduradas no céu, talvez seja realmente a última vez...talvez elas se despenquem do céu nesse exato momento...

Talvez...nunca se sabe....

Pelo menos apreciarei sua queda... - Penso sorrindo fraco para o céu, viver o momento como se fosse o último, porque talvez realmente seja...

· · · Três dias depois do show · · ·

  Naquela noite eu cantei como nunca havia cantado antes, dei tudo de mim sabendo que estava sendo avaliado pelo dono da casa de shows, ele parecia estar adorando o show, assim como todos os outros.

Mas no meio de tudo aquilo, de todas as pessoas e barulho, gritos eufóricos e vozes acompanhando a letra da música, mesmo ela sendo a mais recente criada pela banda, mesmo com tudo isso...minha atenção só estava focada em uma única coisa.

Um único alguém...

Ele estava lá, no meio de toda a platéia, seus olhos brilhavam junto as luzes daquele lugar, eles encaravam os meus...

Ele está aqui. Por que sinto uma sensação tão boa ao vê-lo? Eu poderia descer do palco nesse exato momento apenas para dizer um oi e perguntar pelo seu nome.

Achei que nunca mais o veria, mas agora eu sinto de alguma forma que...nós nos veremos todos os dias apartir de hoje...

É tão estranho essa sensação, como se já o conhecesse desde sempre...

Como isso é possível? -  Pergunto a mim mesmo pensativo.

— E teve aquele solo que foi tipo, muito foda, tipo, muito mesmo! O show foi do caralho, tipo, nossa! - exclama Eduarda enérgica elogiando Agatha de todas as formas possíveis. — Você foi muito foda Agatha, tipo, muito mesmo!

— É claro que eu fui, sou dos Gaudérios Abutres! - exclama a jovem envolvendo seu braço em volta de meu pescoço, volto a realidade ao ouvir meu nome ser citado. — Mas o Arthur que foi o fodão naquele show, a música dele são as melhores! Graças a ele vencemos o concurso.

— Ah, que isso. - Sorrio sem jeito olhando para Agatha. — Todo o trabalho foi em equipe, a banda inteira mandou muito bem. - explico me levantando calmamente ao notar que o horário para minhas aulas de reforço já se iniciou.

Ainda não acredito que Veríssimo me obrigou a frequentar aulas de reforço. Espero que isso não ocupe muito o meu tempo, agora eu sou vocalista da banda principal em meu trabalho! Preciso focar apenas nisso, sinceramente, o resto é só o resto.

— Tenho que ir para o reforço agora, nos vemos depois, Agatinha! - me despeço da jovem carinhosamente caminhando pelos corredores do colégio.

Hoje esse lugar está vazio, não sei se é pelo clima chuvoso ou algo do tipo. Estou ansioso de certa forma para conhecer meus colegas de turma, lembro que Thiago havia comentado que está de recuperação em geografia então todas as quartas o verei na sala de reforço.

Mas hoje, em plena sexta feira será apenas eu e...

Elem... - Paro de caminhar ao vê-lo sentado em uma carteira preguiçosamente a espera de alguém, a espera de...mim?

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Olá, caro leitor!

Se leu até aqui eu lhe agradeço imensamente! Vote e comente caso queira!

Não se esqueça de beber água, e cuide-se!

Até o próximo capítulo, baey baey!


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