Abutre Solitário
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ARTHUR CEVERO
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Lembro-me de como eram as noites em Carpazinha, minha cidade natal. Após um dia longo todos se sentavam próximo ao balcão do bar mais aconchegante da cidade para jogar conversa fora, mesmo não tendo idade para estar naquele lugar lá estava eu, ao lado de meu pai e meu tio, cantávamos no karaokê como bons amadores, não era necessário ter o melhor timbre ou estar no ritmo certo da música...
Tendo energia e a vontade de cantar já nos bastava, me sentia tão especial sendo assistido pela platéia composta por meu pai, meu tio Gregório, meus primos Marcelo e Murilo e é claro, Ivete. Eles sempre aplaudiam meus shows e me incentivavam a seguir meu sonho...
Eu não sou o melhor músico, mas meu esforço me deixa seguro de mim mesmo, todas as expectativas postas dos outros a minha volta nunca me pressionaram, ao contrário, isso me motiva a continuar.
Me inspira a compor...
Eu sempre estive rodeado de pessoas, mesmo perdendo grande parte da minha família, de certa forma eu sentia a presença deles comigo. Meus pais e meu pequeno irmão...eles ainda vivem em mim, eu sei disso...eu sinto isso...
Por que isso tá acontecendo...? - Essa notícia desestabilizou o meu ser por inteiro, meus pensamentos se sobressaem e perguntam desesperadamente o porquê. Por que as coisas são tão injustas? Por que pessoas boas se vão e deixam para trás amigos, deixam esposa, deixam filhos...
Eu não consigo entender o porquê ele se foi, tão forte e leal as suas palavras...ele fez uma promessa...por que não a cumpriu?
Por que você se foi...? - Pergunto olhando para meu celular com pesar, já se faz três dias que recebemos a notícia do hospital de Carpazinha que Gregório veio a falecer.
O último membro da gangue Gaudérios Abutres, ela foi fundada pelo meu pai e após o infeliz acidente de carro envolvendo o mais velho, minha mãe e meu irmão, o Gregório prometeu que cuidaria de tudo, prometeu que deixaria a memória de todos viva e agora...
— Ele será velado amanhã de manhã, se conseguirmos a passagem ainda hoje teremos tempo para... - Ouço a voz rouca e falha de Ivete explicar a mim me fazendo voltar a realidade. A dura realidade...
— Arthur...eu sei que as coisas não estão fáceis, é um choque muito duro de se sentir mas... - A gaúcha se perde em suas palavras de consolo, no momento nada irá aliviar essa dor. Eu sinto tanto pelos gêmeos...sei como é a dor de perder os pais, queria abraça-los nesse momento e consolar da forma que pudesse, mas assim que souberam sobre a morte de seu pai os dois voltaram as pressas para Carpazinha, pegaram o primeiro vôo dessa manhã.
— Me desculpa... - Ouço a voz trêmula de Ivete pedir desculpas encarando meus olhos com pesar.
— Desculpa...? - Murmuro confuso, olho para as mãos trêmulas de Ivete e as seguro fortemente a confortando. — Ivete, você não tem culpa de nada...nós sabíamos que isso aconteceria se os assombrados continuassem soltos por aí, pelo menos aqueles merdas estão presos agora. - Explico com amargura só de lembrar da existência de pessoas tão podres quanto essa gangue maldita. Anos de confronto entre os Gaudérios Abutres e os Assombrados terminariam uma hora ou outra em morte, covardes. Se eu estivesse lá eles não...se eu estivesse lá...
Eu não estava...meu pai era o líder dos Gaudérios e eu deveria honrar meu sobrenome e sua memória. Eu deveria estar lá...deveria ter protegido Gregório assim como meu pai o protegeria se ele estivesse vivo...
Se existe algum culpado disso tudo não é você, Ivete.
— Eu poderia ter feito mais, poderia ter dito mais... - Explica a mulher em prantos, vê-la assim me dói tanto. Desde que recebemos a triste notícia as noites silenciosas vem sendo substituídas por choro abafados pela mesma, ela é forte e se esforça tanto para manter essa imagem para todos. Mas já perdemos tantos, assim como as minhas as forças dela estão se esvaindo, vejo isso em seus olhos...
— Ivete... - Murmuro seu nome não sabendo o que dizer, não sei o fazer...eu não sou o melhor para dar conselhos sobre perda e luto, preciso fazer algo a respeito mas...
— Se eu tivesse o convencido a morar aqui conosco nada disso teria acontecido, eu o deixei lá...sozinho... - As palavras da mulher se cessam por um momento, ela olha para a TV atentamente tentando ouvir o noticiário da semana. Percebendo isso caminho até a sala que praticamente estão no mesmo cômodo, pego o controle esquecido entre algumas almofadas no sofá aumentando o volume para ouvirmos a notícia envolvendo o aeroporto de São Paulo.
Jornal da semana
Atenção, estamos ao vivo em frente ao aeroporto da cidade de São Paulo, voltamos com mais informações sobre os vôos atrasados. Foi registrado na madrugada da noite passada o acidente envolvendo a turbina de avião com o vôo traçado a estados vizinhos. Voltando para São Paulo o acidente acabou causando muitos feridos, os policiais e especialistas estão no local onde o avião colidiu contra uma fábrica de produtos gerais. Nós entramos em contato com o departamento do aeroporto de São Paulo buscando mais informações, por conta das diversas exigências todos os aviões passarão por uma revisão urgentemente já que as turbinas do avião se estavam em estados deploráveis, isso resultará em cancelamentos e atrasos de vários vôos.
Aguardem mais notícias em breve sobre o trágico acidente e o número de vítimas que, infelizmente, sofreram as consequências dos descuidos da manutenção dos aviões.
• • •
O que...? - Seguro o controle em minhas mãos vidrado na tela do televisor, os pensamentos voltam a ferver intensamente em minha cabeça. O que está acontecendo? Do que essa repórter está falando? Os meninos...eles pegaram o primeiro vôo dessa manhã...isso significa que?
— Vou ver o que está acontecendo - Ouço Ivete dizer enquanto procura suas chaves em seu quarto. — Não saia de casa Arthur, eu não demoro.
— O-onde você vai...? - Pergunto virando para ela preocupado.
— Aeroporto - Responde a mulher saindo as pressas do apartamento antes que pudesse falar qualquer coisa a respeito.
O que está acontecendo? - Pergunto me sentando no sofá. Preciso manter a calma... - Respiro fundo sentindo algo se esvair entre meus dedos, não consigo ver, apenas sentir...é algo importante, eu preciso ficar calmo, eu preciso vê-los...
Não posso perde-los...são tudo o que eu tenho...
Minha família...eu não posso perde-los...
• Quatro semanas depois •
O vazio. Ele me corrói de dentro para fora, é desesperador encara-lo de frente, quando tudo está em silêncio eu o ouço, cochicando em meu ouvido tudo o que eu ignorei a minha vida inteira. Não posso mais ignorar, não posso mais fugir...
Estou sozinho...
Já deu disso - Suspiro fundo desligando a TV em minha frente. Eu deveria tentar dormir um pouco... - Penso me deitando sobre o sofá, encaro o teto do apartamento pensativo, tudo está silencioso, consigo ouvir as vozes familiares que tanto amei e suas promessas.
"Eu sempre estarei aqui para o que precisar, guri!" - Dizia meu pai, mesmo sendo um homem de poucas palavras ele sempre se esforçou ao máximo para expressar o que sentia pelos seus filhos. Ele era minha fonte de inspiração, ter a força física e mental para proteger todos a sua volta. Eu queria ser como meu pai...
Todos os Gaudérios ficaram devastados com a morte dele, cada um costuma lidar com o luto de sua própria forma...
Mas eu fugi, eu simplesmente fugi da minha cidade e da responsabilidade de cuidar dos Gaudérios Abutres. Eu não me imagino sendo um gangster, sempre evitei brigas ao máximo e apesar de minha aparência ser um tanto quanto contraditória a minha personalidade eu sempre estive disposto a fazer novos amigos, conhecer novas pessoas, viver novos momentos...mas isso não é sobre mim, é sobre meus erros, meu egoísmo de deixar tudo que eu tinha em Carpazinha para buscar uma nova vida em São Paulo, eu abandonei todos...abandonei o Gregório.
E mesmo assim ele me apoiava, criava bastante expectativa em relação a minha carreira. Ele também era músico, não era o melhor mas dava tudo de si, assim como eu...
Por que eu estou aqui? Eu não deveria estar, eu tinha tudo que precisava em Carpazinha...eu tinha tudo, tinha todos...
Agora estou sozinho.
Eu mereço isso...
— Ô de casa!? Arthur? Arthur??? - Desvio o olhar para o teto observando a porta do meu apartamento. Eu reconheço essa voz...
— Arthur? Abre a porta cara, me deixa te ver...tô preocupada contigo, eu sei que as coisas não estão fáceis mas...tem como abrir aí???
Eu deveria atender...acho que fingir que não existo não funciona mais com ela...- Me levanto vagarosamente caminhando até a porta a abrindo lentamente, pela fresta vejo Agatha vestindo um conjunto moletom acompanhado de outros agasalhos, os dias andam chuvosos ultimamente. Ao me ver a jovem abre a porta rapidamente envolvendo seus braços em um abraço reconfortante.
— Arthur, você tá vivo! - A jovem me olha preocupada desviando o olhar rapidamente. — Seu porra, vou esfolar você... - Resmunga a jovem se afastando do abraço.
— Me esfolar? Por q-aí! Agatha, que isso - Pergunto colando a mão sobre meu ombro onde a menor me acertou um soco, a força de Agatha com certeza não condiz com o porte físico dela.
— Por que?! Porque você sumiu! Viu a reportagem sobre o acidente no aeroporto? Eu achei que você tava naquele avião, cê não entendeu ligação nenhuma e eu...meu Deus, Arthur! Não me mata de susto caralho! - Exclama a jovem indignada.
— Me desculpa...não era a minha intenção te deixar preocupada... - Explico me desculpando com a jovem. Não sei exatamente quanto tempo passei dentro desse apartamento, mas pela preocupação de Agatha parece ter sido alguns dias...
— Um mês cara, você sumiu por um mês! - Comenta Agatha entrando no apartamento, noto que a jovem carrega algumas sacolas de mercado em mãos. — E não foi tipo, um tempo das redes sociais, foi tipo, sumiu do mapa! Geral do colégio tá preocupado, vimos a placa na casa de shows e o dono dela disso que a banda está de luto. Eu entrei em pânico cara, não sabia o que fazer mas eu sentia que eu tinha que fazer! Eu soube sobre o Gregório...e sobre a queda do avião com os meninos...eu achei que você e a Ivete também estavam no avião...
— Não fomos...as passagens não são nada baratas então decidimos que Marcelo e Murilo iriam primeiro, já que são filhos do Gregório, nós iríamos depois assim que Ivete conseguisse um empréstimo com um conhecido mas...tudo aconteceu e... - As palavras se esvaem de meus pensamentos aos poucos. — Bom, até hoje o aeroporto tá parado, não é? - Mudo de assunto voltando a me sentar no sofá.
— O governo é uma droga, esse erro custou a vida de muitos e aqueles merdas não estão dando a mínima para isso - Reclama a jovem suspirando impaciente. — Eu sinto muito Arthur, de verdade... - Comenta a menor me consolando se sentando ao meu lado.
Ouço as palavras da jovem decidindo permanecer em silêncio durante alguns minutos, minutos que parecem dias, meses, anos...o que eu farei agora? Eles se foram...me sinto sem rumo para seguir um caminho...
— Eu nunca fui muito próxima dos meninos, principalmente do Marcelo, mas...eles são importantes para você, então também são para mim...- Murmura Agatha olhando para o nada pensativa. — Eu não sei bem o que dizer e sinceramente acho que minhas palavras de consolo não farão tanto efeito em você...eu só quero que saiba que eu tô aqui para o que precisar, tipo, para qualquer coisa a qualquer momento. É só ligar, ou atender o celular né seu arrombado - Explica a jovem olhando torto para mim.
Olho aos arredores a procura de meu aparelho telefônico, não faço ideia de onde ele está. Possivelmente deve estar sem carga alguma, acho que não preocupei apenas Agatha com esse meu sumiço...
— Obrigada Agatha, eu prometo que não faço mais isso... - Afirmo a tranquilizando.
— Todo mundo precisa de um tempo pra si mesmo, fazer o que gosta ou apenas existir mesmo no próprio canto durante algum tempo, só não faz mais isso durante um mês, ou sei lá, avisa pra mim antes... - Explica a jovem se espreguiçando no sofá. — Se eu não tivesse encontrado a Ivete lá no mercado eu não teria notícias de você tão cedo...
— Viu a Ivete no mercado? - Pergunto a menor que automaticamente responde.
— Sim, eu tava lá na bancada de legumes pensando porquê caralhos tomate é uma fruta e lá estava ela, a gente conversou um pouco, ela disse que você nunca lembra de comprar arroz e tals, disse também que cê tava acordado e que seria legal se eu passasse aqui para te ver...
Afirmo levemente com a cabeça me levantando, agora que a jovem citou o meu celular acho que deveria procurá-lo...
— Procurando algo? - Pergunta Agatha notando minha inquietação.
— Perdi meu celular em algum lugar do apartamento... - Comento entrando em meu quarto, o cômodo mais deprimente que existe em todo o prédio. Confesso que nunca fui tão organizado mas isso aqui tá uma vergonha. Fecho a porta rapidamente ao notar a aproximação de Agatha, confusa a jovem me encara.
— Pra que esse desespero com uma porta cara, cê não quer ajuda para achar seu celular? - Pergunta Agatha olhando para a porta.
— Quero mas...meu quarto não tá lá nas melhores condições, entende? - Explico envergonhado.
— É só esconder o corpo debaixo da cama, finjo que não vi, não ouvi e sem sei de nada - Comenta a jovem calmamente.
— Corpo? Eu não quis dizer isso Agatha, tem roupas sujas e pratos, apenas. - Explico encarando a menor seriamente, o que fez ela pensar que haveria um corpo no meu... melhor eu nem perguntar.
— Ah, pensei longe agora, abre a porta então - Comenta a morena rindo frouxo.
Meu Deus, que pensamento foi esse?- A encaro preocupado perguntando para a mesma.
— Que tal dar uma olhada lá em baixo na garagem de ensaio? Depois de meu quarto é o lugar que eu mais frequento então faz sentido estar lá - Explico a jovem que afirmando com a cabeça caminha até a porta que dá acesso a garagem.
Volto a entrar em meu quarto a procura de meu objeto perdido, eu poderia ligar para o meu número mas não há chances alguma de sua bateria ter durado durante um mês inteiro.
Um mês...
Como não vi o tempo passar?- Pergunto preocupado, não quero nem imaginar como está minha situação na Nostradamus, e eu ainda pensei que não havia como as coisas piorarem.
Sempre tem como piorar mais e mais.
Aqui está - Pego meu celular entre as cobertas da cama, como já previsto ele está totalmente descarregado. Pego meu carregador e o conecto na tomada mais próxima a mim.
— Agatha, eu o achei - Digo em alto tom a espera de que a menor consiga ter me ouvido, possivelmente não já que está bem distante de meu quarto. — Agatha - A chamo novamente saindo do quarto a procura da menor. — Agatha...?
— Arthur... - Ouço a voz da jovem me chamar vindo de dentro da garagem, adentro no cômodo a encarando preocupado, apesar de ter um sofá de couro na garagem, Agatha se senta no centro da garagem em um tapete felpudo onde todos costumávamos deitar e encara a lâmpada pendurada no teto até surgir alguma ideia do que cantar, eu particularmente passava mais tempo ali já que também era responsável por compor o que cantávamos. Os pôsteres colecionáveis dos Dragões Metálicos expalhados aleatoriamente pelas paredes davam o ar de juventude, ou apenas de desordem mesmo. A bateria vermelha no canto esquerdo do cômodo junto a algumas caixas de som e adaptadores para nossos instrumentos, no canto direito há três guitarras penduradas cuidadosamente como objeto de decoração. As três primeiras guitarras que a banda comprou, cada um dada como presente de nossos respectivos pais...lembro-me como se fosse ontem a ansiedade em terminar de retirar todo o embrulho que meus pais tiveram tanto cuidado para empacotar todo o instrumento, a felicidade de ter e aprender o meu primeiro acorde, minha primeira apresentação...
Agatha...- Permaneço imóvel observando o lugar que um dia me trouxe tanta alegria e tanto conforto, que me rendeu tantos bons momentos.
Momentos que nunca acontecerão, a alegria que nunca sentirei novamente...
Eu sei exatamente no que ela está pensando, do que será a banda Gaudérios Abutres? As coisas nunca mais serão como antes...
Não posso dar a notícia que a banda acabou para Agatha... - A encaro pensativo sabendo o quanto é importante para ela essa banda.
— O que vai ser da banda, Arthur...? - Caminho até a menor me sentando ao seu lado, encaro seus olhos marejados que encaram o nada. — Eles eram tão idiotas...faziam qualquer um rir com seus comentários, e qualquer um chorar com seus acordes...tinham potencial para alcançar a fama...esse é o sonho de todo músico, não é? Sabe, eu nunca liguei muito para isso, estar no palco ou nessa garagem...o lugar não importa,o que fazia os momentos únicos para mim eram as pessoas a minha volta...agora que eles se foram eu sinto que não será a mesma coisa... - Explica a jovem com pesar.
— As coisas não serão como antes... - Repito as últimas palavras da menor me deitando no tapete, encaro o teto pensativo por alguns instantes, eu não sei como responder a pergunta de Agatha, mas eu sei que devo responder. — Nós estávamos tão perto, havíamos ganhado aquele contrato na casa de shows e seríamos a banda principal...era tudo o que o Marcelo queria, o tão merecido reconhecimento. Mas agora...eu não sei, não sei o que será da banda, Agatha...
A jovem apenas se deita ao meu lado encarando o brilho que a lâmpada fraca emite iluminando o cômodo permanecendo em silêncio.
As coisas nunca mais serão como antes... - Suspiro pesadamente, essa sensação é horrível, ela permanece aqui a mais de um mês, não aumenta ou se dissipa, apenas está aqui. Sinto que ela não irá embora nunca mais, que todas as noites o silêncio será preenchido pelo seu sussuro me dizendo que ela ainda está aqui, que a culpa é toda minha, que as coisas nunca mais serão como antes...
Eu só quero parar de ouvi-la, eu só quero parar de pensar em tudo que aconteceu, eu só quero deixar de sentir tudo isso...
Eu só quero sumir, eu preciso...
— Arthur, cheguei - Ouço a porta do apartamento se abrir e uma voz familiar ecoar pelo lugar. — Arthur? - Ivete me chama novamente a minha procura.
Me levanto calmamente abrindo a porta da garagem, avisto a mulher na cozinha colocando algumas sacolas sobre o balcão, ao me ver a mesma caminha até mim, beijando minha testa como de costume. Sua voz trás o conforto que meus pensamentos intrusivos precisavam ouvir.
— Meu filho, como se sente...? - A mulher me pergunta me encarando nos olhos, vê-la me trás a sensação de calmaria e esperança...ela está aqui...
Ela não se foi...ainda está aqui comigo...
— Tô...estou bem... - Afirmo abraçando a mais velha, sinto seus braços me acolhendo calorosamente. Está tudo bem, por mais que não esteja, mas está. Enquanto eu tiver pessoas que se preocupam comigo como Agatha e Ivete, tudo ficará bem...
— Comeu algo hoje? - Pergunta a mulher guardando as compras que a mesma fez no mercado. — Passei no teu colégio e no mercado, vi a Agatha lá, ela parecia conversar com os tomates e... - A mais velha olha para a porta da garagem entre aberta olhando surpresa para dentro do cômodo. — Ah, oi Agatha. - Ivete comprimenta Agatha que ainda deitada encarando o teto apenas levanta seu polegar.
— Passou no colégio? - Pergunto preocupado. — O Veríssimo te chamou lá?
— Ele disse que suas faltas não estavam sendo devidamente justificadas, você perdeu algumas provas importantes e...a situação que já estava ruim, piorou. - Explica a gaúcha com pesar, a mais velha para de organizar os armários olhando para mim. — Ele é um homem muito insensível, mesmo depois de ter explicado sobre as três perdas que tivemos ele contatou uma assistente social para comparecer aqui, eles vão conversar com você para entender o porquê de sua ausência contínua no colégio.
— Assistente social? Como assim?? - Pergunto preocupado, essa é a última coisa que eu queria que acontecesse. Só estou dando problemas para Ivete com tudo isso. — O- o que eu tenho que dizer a eles? Por que querem conversar comigo?
— Você anda faltando muito Arthur, isso deve ter chamado a atenção do juizado de menores. Mas não se preocupe, não temos nada a temer - Afirma a mulher calmamente. — Você irá respondê-los com honestidade, afinal, você não tem culpa das mortes que aconteceram...esse é o seu luto e você o supera com o tempo necessário, o colégio é algo importante mas sua saúde mental é muito mais. - Explica Ivete caminhando até mim, ela coloca suas mãos sobre meus ombros os apertando levemente. — Arthur, leve o tempo que precisar...eu não vou te obrigar a ir a lugar algum que você não queira, se for sincero com esses assistentes eles vão compreender e entender a situação, espero que tenham pelo menos mais empatia que aquele tal Veríssimo.
— Ou você manda eles se ferrarem! - Comenta Agatha de dentro da garagem. — Afinal, ano que vem você já faz dezoito, eles não tem nada o que se meter na sua vida.
— Pelo amor de Deus, Arthur. Não manda ninguém de ferrar, principalmente as autoridades. - A mulher me aconcelha a fazer o contrário que Agatha disse.
— Eu...eu vou voltar para o colégio, não quero dar nenhum tipo de problema para a senhora... - Murmuro respirando fundo, por mais que eu não queira, eu vou.
A Nostradamus está cheia de alunos, exercícios, aulas e atividades estressantes e sinceramente, não estou com ânimo para lidar com nada disso. Mas eu não quero trazer encômodo a ninguém e sei de minhas obrigações como estudante.
Eu tenho que voltar a focar nos meus estudos, ou pelo menos tentar...
— Arthur, você não me encomoda e não me trás problemas...nunca mais pense isso... - Explica Ivete acariciando meu ombro sorrindo calorosamente para mim.
Permaneço em silêncio durante alguns segundos até ouvir a voz de Agatha novamente, dessa vez saindo do cômodo.
— Sabe o que eu acho? Cê tá precisando sair um pouco, nem que seja pra encher a cara - Comenta a menor caminhando até a porta. — Que tal um passeio sem rumo por aí?
— É uma boa ideia - Afirma Ivete concordando com Agatha, coisa que não acontece todo dia. — Por que não saí com a sua amiga por aí? Destrair a cabeça vai ser bom para você, Arthur. Se precisar de mim, sabe onde me encontrar - Explica a mais velha voltando a guardar as compras feitas.
— Pode ser...eu acho...- Afirmo olhando para o meu quarto, caminho até o cômodo pegando o primeiro moletom que vejo jogado em minha cama, calço meus tênis e me encaro no espelho.
Eu poderia estar pior... - Penso tentando ser otimista. Apenas tentando mesmo.
— Já tô indo Agatha - Comento avisando a mesma, paro de caminhar até a saída de meu quarto ao notar meu celular vibrar, possivelmente já consegui o mínimo de bateria.
Abro as mensagens do aparelho olhando preocupado para a tela. Muitos conhecidos ligaram e mandaram mensagem para mim durante esse mês inteiro. Há até um número desconhecido aqui.
Quem é esse? - Encaro o contato confuso abrindo a conversa.
——————————
+ 55 11 98 *******
Olá
Então, a gente não se conhece muito, peço desculpas desde já pelo encômodo.
Eu sei que você tá passando por um momento difícil agora, mas queria saber como você está, sabe?
Eu trabalho na casa de shows onde você toca, lembra? Sou o Leonardo Gomes, da equipe de produção.
•••
Bom...
Só queria saber como você está mesmo, muitos estão preocupados com você e eu entendo perfeitamente o que está passando.
Eu sinto muito pela sua perda.
Só quero dizer que caso precise de alguém, todos do nosso trabalho estamos dispostos a te ajudar e apoiar no que você precisar, ok?
Se cuida Arthur, e aparece quando puder...todos estamos preocupado contigo.
Oi
Obrigada pelas palavras e pela preocupação Leonardo
Ah, oi!
Que isso cara, tamo aí para o que você precisar
Obrigada
De verdade
Não precisa agradecer cara
Tá tudo bem
Melhoras pra você
Obrigada
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Saio da conversa voltando a minha atenção nas primeiras mensagens que vi de pessoas conhecidas.
——————————
Grupo "E"
Liz : ELE TÁ ON
MDS
ARTHUR
CARALHO
Thiagão: Opa
Arthur, cê tá legal cara?
Joui : Vimos no noticiário tudo o que aconteceu, sentimos muito...
Kaiser : Onde você tá? Você e a Ivete estão bem?
Liz: Onde você tá? Vamos aí, blz?
Thiagão: Calma lá minha querida
Vamo deixar o Arthur ter o tempo dele
Kaiser: Mas a gente pode fazer companhia pra ele, não pode?
Tipo, amigos são para momentos como esse...
Joui: Sim...
Arthur-San
Podemos ir te visitar aí?
Liz: RESPONDE PELO AMOR ARTHUR
eu tô em crise aqui
Mds
Thiago: Imagina ele ent.
Desculpa gente
Eu não sei bem o que dizer
A não ser obrigada
Pela preocupação que vocês tem por mim
Joui: Arthur
Tamo indo aí tá bom?
Vou te encher de abraços!
Liz: Todos vamos!
Thiago: A questão é se ele quer visitas nesses momento, gente.
Kaiser: Arthur?
Eu não quero encomodar ninguém
Mas se quiserem me encontrar em algum lugar, por mim tudo bem..
Kaiser: Que isso irmão
A gente vai adorar te ver
Que tal na frente do fliperama?
Liz: ANÃO
DE NOVO NÃO
odeio aquele lugar
Sem falar que os jogos de lá nem fazem sentido
Thiago: Perdedora kkkkk
Liz: Vtmnc Thiagão
Joui: Liz! Olha o linguajar!!!
Kaiser: Não vamos lá pra jogar, vamos ver o Arthur, lembra?
Liz: Quem garante que você não vai entrar lá dentro e me torturar com aqueles jogos de baixa qualidade?
Fds
Pelo Arthur eu vou naquela bosta de novo
Thiago: iiiih
Bora no Gasparzinho Lanches então rapaziada, que tal?
Kaiser: Sem grana
Liz: Novidade.
Kaiser: EI
eu sou um gamer falido, dá licença.
Liz: Continua nesse LOL que você vai ser despejado
Kaiser: Beleza Liz. Beleza...
Joui: Liz!!! Olha o linguajar!!!
Liz: Eu nem xinguei ninguém Joui
Joui: Está ofendendo o Kaiser! Para com isso agora mesmo!
Thiago: iiih
Joui confrontando Elizabeth, eu tô vendo mesmo isso?
Por essa eu não esperava...
Liz: Joui e seu lado boiola pelo Kaiser
Joui: Liz!!!
Peça desculpas para o Kaiser, ele é nosso amigo e amigos não ofendem os outros!
Liz: Quem disse que não?
Eu e Thiago nos conhecemos a anos e eu ofendo ele de todas as formas possíveis
Thiago: Opa opa
É diferente minha querida
De todas as coisas que você me chamou, nenhuma delas foi desempregado
Liz: Eu não chamei o Kaiser disso
Ele é? É. Mas eu não falei
Thiago: Falou agora
Liz: Eu DIGITEI agora, tem diferença.
Kaiser: ...
Joui: LIZ!!!
Liz: AFF
Desculpa Kaiser
Kaiser: Hm, pelo o que?
Liz: Por te chamar de emo descompromissado, gamer sem futuro, e lolzeiro depressivo e etc.
Etc?
Kaiser: ...
Joui: Liz! Pede direito!!!
Liz: Não
Cansei
Tô esperando lá no parque mesmo, já que o Kaiser é o que é.
Não citarei palavras ofensivas para ninguém chorar e encher o meu caso.
Thiago: kkkkk
Kaiser: Tá rindo da minha situação Thiago?
Thiago: Falo é nada
Arthur, pode ser no parque mesmo?
Claro
Eu e Agatha encontramos vocês lá.
Joui: A baterista descolada?
A mesma
Joui: Legal!
Até lá então!
Kaiser: Flw
Thiago: Até lá rapaziada
Até!
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Desvio minha atenção ao ouvir uma voz familiar me chamando.
— Arthur? Você vem ou não? - Pergunta Agatha se aproximando da porta. — Colocando o papo em dia, né?
— Uhum. O pessoal marcou de se encontrar no parque, eu disse que a gente iria...espero que não tenha problema... - Explico sem graça lembrando que não avisei a mesma antes de confirmar sua presença no parque.
— Sua equipe vai estar lá? Legal, faz um tempinho que não vejo a Liz, ela deve estar mais do que véia carcomida agora, hahaha! - Comenta a menor fazendo uma pequena careta a se lembrar dos bons-nem-tão-bons momentos que teve com a jovem.
— Vamos? - Pergunto me levantando enquanto a jovem afirma com a cabeça. Tiro o celular do conector o colocando em meu bolso. Junto a Agatha desço as escadas saindo do apartamento.
O caminho até o parque é um pouco turbulento, o barulho do trânsito e das pessoas são tão distantes quando se mora no décimo quinto andar. Enquanto Agatha conversa sobre algo de seu cotidiano eu continuo a responder as mensagens acomuladas com o tempo, noto outro número não desconhecido, mas esquecido em meus contatos me fazendo algumas perguntas.
Perguntas que uma hora ou outra eu terei que responder.
——————————
Mia
Oi
Aqui é a Mia, lembra?
Presidente do Conselho Estudantil do colégio ENEM.
Bom...eu não costumo fazer isso, até porque isso é o trabalho do Veríssimo mas queria te dar um aviso sobre as suas faltas.
Na verdade eu queria saber como você está, antes de tudo.
Meus sentimentos a toda sua família Arthur, entendo que seja um momento delicado mas precisamos falar sobre isso, entende?
Me responda quando puder, por favor.
Olá, Mia
Desculpa a demora
Não foi intencional...
Tudo bem
Tudo no seu tempo
Como está? Melhor?
Indo
Obrigada por perguntar
Bom, já faz um tempinho que não nos vemos, não é?
Um mês
É...
Eu sei que as coisas estão complicadas para o meu lado.
Sua situação é delicada, mas meio que no sistema, não é justificável, entende?
Sim, eu entendo.
O Veríssimo vai te explicar melhor sobre tudo isso, eu só queria te aconselhar a não faltar dessa forma...
Isso pode te prejudicar, sem falar, que muitos estão sentindo a sua ausência.
Entendo
Espera, muitos?
Claro
Todos os professores e alguns alunos em específico, bom, volte a Nostradamus quando puder, aí conversamos, tá bom?
Tá bom
Obrigado pelo conselho Mia
Não agradeça Arthur, é de coração!
Tanto o colégio Nostradamus quanto a família Veríssimo está ao seu dispor. Você tem o nosso apoio para o que precisar...
Obrigada, de verdade...
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Até ela se preocupou comigo... - Penso surpreso com tudo o que aconteceu. Eu achei que estava sozinho, mas após ver tanto apoio vindo de tantos lados eu percebo que não estou sozinho como havia pensado.
Eu não estou sozinho...
— Arthur, ali estão eles - Agatha aponta para o outro lado da rua, onde em um banco de pedra Elizabeth e Thiago estavam sentados a minha espera. Atravesso a rua junto a Agatha que ao avistar Elizabeth a comprimenta carinhosamente. — E aí véia, como anda as coisas?
— Oi Agatha, estou bem. Menos preocupada agora que esse garoto deu sinal de vida - Explica Elizabeth me abraçando fortemente. — Não some mais dessa forma Arthur, por favor... - A jovem me encara nos olhos com angústia como uma suplica.
— Eu não vou, prometo... - Afirmo seriamente recebendo outro abraço de Thiago que descontraindo o clima comenta.
— Não vai mesmo, porque a gente nunca mais vai sair do teu pé cara - Brinca o Fritiz bagunçando meus cabelos.
— Arthur-San! - Ouço a voz de Joui me chamando alegremente, olho aos arredores a procura do jovem. Ao lado de Kaiser o asiático atravessa a rua ao nosso encontro. — Você está bem?! - Pergunta o jovem preocupado, antes que pudesse responder o jovem também me abraça junto a Elizabeth e Thiago.
— Abraço coletivo, eca. - Agatha faz uma careta dando alguns passos para trás, olho para Kaiser que ao lado da mesma estava exatamente com a mesma expressão.
— Eca mesmo. - Afirma Kaiser junto a Agatha.
— Venha cá Kaiser-San! - Exclama Joui estendendo sua mão para o jovem que de forma educada responde.
— Valeu Joui, mas tô de boa - Explica Kaiser olhando aos arredores. — Então, a gente vai procurar algum lugar para descansar e colocar o papo em dia ou o que?
— Tem um fliperama aqui perto, já foram lá? - Pergunta Agatha dando um palpite.
— Adoro aquele lugar, mas a Liz não sabe perder sem fazer birra - Explica Kaiser provocando a morena.
— Vamos sentar aqui mesmo, o foco aqui é o Arthur, não máquinas ridiculamente trapaceiras - Reclama Elizabeth caminhando até o centro do parque, local onde há mais bancos e uma fonte para observar.
Um tempo se passa e entre uma conversa e outra banal entre o grupo acabo me perdendo novamente nas mensagens em meu celular.
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♡ Mãe
Guri
Onde você está?
Oi mãe
No parque
Com toda a galera
Ah sim
Vai voltar quando?
Tem horário?
Hmmm
Acho que não
Por que?
Precisa de algo?
Então...
Esqueci o arroz
Pode comprar depois que estiver voltando pra casa?
Ok
Sem problemas
Espera...
Você esqueceu o arroz?
É
Não ria
Meu Deus...
Parece eu
Quem é a cabeça de vento agora ein?
Você.
Você ainda é uma cabeça de vento
Não esqueça de comprar, por favor.
Pode deixar
Não esqueço
Ao contrário de certas pessoas eu não esquecerei
Guri
Não me tira do sério
Não esquece, tá bom?
Ok ok
Se cuida
Não se meta em encrenca
E beba água
Ok ok
Se cuida também
Bj bj
Bj! ♥️
——————————
Ok, comprar arroz mais tarde - Afirmo comigo mesmo deixando o celular de lado.
— Tô falando cara, você é idêntico a ele - Comenta Agatha deitada despojadamente sobre o banco de pedra.
— Eu sempre digo a mesma coisa, haha! - Exclama Joui sorrindo para Kaiser, o jovem olha para mim perguntando curioso.
— Acha que eu pareço o Anjo da Noite, de força G? - Pergunta Kaiser olhando para o gibi em suas mãos.
— Hm... - Murmuro pensativo. — Até que parece mesmo - Comento notando certa semelhança com o personagem da HQ.
— Deve ser por isso que o Hugo é seu fã - Brinca Agatha se lembrando de um colega nerd fanático por essa franquia de quadrinhos.
— Arthur, cê tá legal cara? - Pergunta Thiago preocupado. — Tá meio calado aí, parece distante da terra...
— Eu tô bem, relaxa. - Explicando sorrindo fraco tentando parecer convincente.
— Hm...sei não ein, cê tá meio méh - Explica o Fritiz fazendo uma careta.
— Todo esse lugar tá meio méh! - Reclama Elizabeth entediada — Ainda acho que a gente devia ir encher a cara lá no suvaco seco, não a nada que uma boa dose não resolva.
— Tirou esse argumento de onde, Liz? - Pergunta Kaiser contrariando a jovem.
— Ela tem toda razão - Ouço uma voz distante afirmar caminhando até nós, me viro olhando para Gal que em passos calmos caminhava em nossa direção. Com seu sorriso largo e olhar profundo o jovem me encarava fixamente.
Gal?- Encaro o jovem confuso.
— Olá pessoal - Ao lado de Gal Leonardo nos comprimenta educadamente. — Arthur, que bom te ver!
— Oi, Leonardo - O comprimento da mesma forma. — E Gal. - Acrescento o jovem na fala calmamente.
— Eae Arthur, tá sumido ein - Comenta Gal curioso. — Não te vejo mais na casa de shows, se aposentando tão jovem assim? - Pergunta o jovem em um tom provocativo. — O que aconteceu com a sua banda?
Por que ele está me perguntando isso? Ele com certeza já sabe sobre o ocorrido com os Gaudérios Abutres - Deduzo isso olhando para Leonardo que parece desconfortável com o comentário de Gal.
— Que foi? - Pergunta Gal olhando para Leonardo. — Eu apenas fiz uma pergunta a ele.
— Você já sabe a resposta - Comento com sequidão. — A banda se foi...
— Puts, que coisa ein - Gal suspira fundo mudando de assunto rapidamente. — Então, voltando a encher a cara. Eu acho uma boa, vocês não concordam? - Pergunta o jovem olhando para o resto do grupo.
— Não acho - Responde Agatha rispidamente. — Tá fazendo o que aqui, Gal? - Pergunta a jovem com incômodo. — Sabe que ninguém te convidou, não sabe?
— Tirou as palavras da minha boca, Agatha. - Comenta Elizabeth olhando seriamente para Gal.
— A gente marcou de se encontrar com alguns amigos para sair e distrair a cabeça, sabe? - Explica Leonardo calmamente. — Se quiserem vim, estão convidados.
— Perdi a vontade de beber - Resmunga Elizabeth revirando os olhos.
— Ah, minha querida. Por que não ir? Pode ser legal - Comenta Thiago calmamente.
— Hm... - Kaiser olha para Joui pensativo, o asiático dá de ombros deixando a escolha para o mesmo. — Tanto faz, se forem eu vou também.
— Arthur-San, você quer ir? - Pergunta Joui olhando para mim.
— É claro que ele quer - Afirma Gal olhando para mim. — Todo mundo vai estar lá, inclusive o Dante - Explica o jovem mencionando o nome do loiro.
Dante...
Como eu...como eu me esqueci dele...?
Passei tanto tempo naquele apartamento deixando as emoções tomarem conta de mim, me tornei um poço de negatividade, achei que não havia mais sentido em nada por conta das perdas de pessoas amadas, acabei me esquecendo das outras pessoas que eu também amo, que também me amam...que se importam comigo...
Achei que estava sozinho, me senti sozinho, porque me isolei.
Dante...
— Arthur? - Kaiser me chama preocupado. — Se não quiser ir, tudo bem...a gente entende, ok?
— Eu estou bem...e eu vou...eu quero ir.- Afirmo respondendo o convite de Gal que sorrindo para mim comenta:
— Essa noite será incrível, Arthur - Comenta o jovem olhando para Leonardo que afirma sorridente.
— Ele vai ficar feliz em te ver - Complementa Leonardo.
Um mês...já se faz um mês que não nos vemos...parece tão pouco tempo mas ao mesmo tempo sinto como se fosse anos...
Como ele deve estar?
Olá olá, caro leitor!
Já sabe, né? Deixe sua estrela e bebam água! Até a próxima!
Baey, baey!
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