A decisão
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.P.O.V. KURT HEMMIS
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Em muitas vezes, mais do que eu consiga contar, isso não me trás muito orgulho, mas em diversas vezes...eu pensei em desistir.
Não é algo que eu consiga explicar em palavras, até porque, nunca foi um motivo específico que me fez refletir sobre isso. É um emaranhado de motivos, emaranhado de problemas...um emaranhado de sentimentos e sensações, mas no final, a sensação de liberdade era sempre maior que tudo.
Na música eu encontrei o que não acharia em nenhum trabalho, em nenhuma pessoa. No palco, eu sou livre. Eu faço o que quero e sou quem quero, e eles vão a loucura com isso.
Junto aos meus irmãos, nós despertamos mais do que sentimentos em quem nos assiste, despertamos sonhos em nossos fãs. Nossa imagem se reflete na alma de jovens músicos que cobiçam um futuro tão brilhante quantos os olofotes que iluminam as cidades por onde passamos...
Nós somos o caminho, nós somos a referência, nós somos a inspiração.
— Somos os Dragões Metálicos - Com um sorriso receptivo me apresento aos jovens músicos que estão reunidos na gravadora, todos nós encaram com empolgação e admiração, e mesmo já sabendo quem eu sou, faço questão de me apresentar formalmente, como sempre faço. — Eu me chamo Kurt Hemmis, podem me chamar apenas de Kurt, jovens estrelas!
— Eu me chamo Marco Front - Ao meu lado um homem alto e forte se apresenta, com um grande sorriso de orelha a orelha. Me pergunto como ele ainda consegue sorrir após a viagem estressante que tivemos noite passada.
Para chegarmos em São Paulo passamos por mal bocados, mas não deixaríamos de fazer essa visita até a gravadora onde de fato a banda nasceu, somos gratos a todos os bons momentos que passamos aqui, e ao ver todo esses jovens com o mesmo brilho nos olhos que já tive um dia...isso me deixa emocionado, eu confesso.
— Todos aqui foram ótimos em suas apresentações, foi uma escolha difícil a ser tomada mas... - Olho para Leandro Hans, que enquanto ajeita seu chapéu estava prestes a relevar nossa decisão feita, como jurados dessa audição.
— Ooopa! Calma lá Hans! - Roberto, o baixista da banda, o interrompe rapidamente. — Você nem se apresentou rapaz, calma lá!
— Eles já sabem quem nós somos, dispenso apresentações - Com o humor totalmente oposto ao de Marco, o jovem me olha de olho de canto.
Sei bem o que esse olhar significa.
Ele quer ir embora logo - Sorrio para o caçula da banda, afundando o chapéu do mesmo em sua cabeça.
— Pra que a pressa, Hans! - Brinco com o homem, tentando descontrair a situação.
— Bom, agradeço novamente a presença de todos aqui - Leonardo toma frente na conversa, checando algo em seu relógio de pulso. Confesso que fiquei surpreso ao saber a idade desse jovem, tão novinho mas tão sério, parece que está no ramo empresarial á anos. A reunião que tivemos com o mesmo foi tentadora, não entendi direito o que aconteceu, afinal, somos apenas uma banda e toda a democracia que envolva ela é tratada com nossos advogados e empresários.
Mas quando vi, já havíamos fechado contrato com a casa de shows onde o senhor Gomes trabalha. Ele e sua equipe são assustadoramente bons de lábia.
— Principalmente a de vocês, senhores - Os olhos profundos de Leonardo me encaram com gratidão e admiração, sorrio para o jovem dando tapinhas em seu ombro.
— É uma honra estar aqui, senhor Gomes!
— Posso falar agora? - Leandro Hans volta a falar, olhando para Roberto que coloca seu indicador na boca do mesmo, o fazendo reclamar no mesmo instante. — Saí fora, Robertão! Tira esse dedo da minha cara!
— Iiih, tá com nojinho do teu irmão, Hans?? - Pergunta Roberto provocando o homem.
E lá vamos nós de novo - Observo Hans reclamar do comportamento de Roberto, como sempre faz quando possuí oportunidade. Briguinhas entre esses dois é algo rotineiro, e confesso que com o passar do tempo é até divertido esse tipo de entretenimento.
— Eu vou saber onde você tava com esse dedo, não toque em mim com ele!
— Haha, parem os dois! Dessa forma eles vão pensar que somos assim o tempo todo - Marco intervém na pequena briga entre os dois, olhando para todos os jovens a nossa frente.
Alguns riam da situação enquanto outros pareciam tensos e ansiosos para saber o resultado da audição, todos já se aquecerem e mostraram a nós seus talentos e habilidades. Apesar de cansativo, foi uma tarde muito agradável.
Estar com esses jovens foi incrível - Encaro todos já sentindo saudades da companhia de todos, tão enérgicos e determinados. Cada um possuí um sonho, mas todos envolvem estar nos melhores palcos com a melhor banda de São Paulo.
— Gaudérios Abutres - Leonardo chama os integrantes da banda, abrindo a porta para que os jovens possam adentrar na sala. Observo o vocalista da banda entrar, o tão bem falado Arthur Cevero.
Um jovem simpático e amável, consigo entender como ele conquistou todo um público, a fama que esse jovem possuí pelas redes sociais é realmente impressionante. Lembra da minha época de ascensão em minha juventude. E junto a ele, entre uma jovem baixinha e enérgica, confesso que achei ela um pouco esquesita, apesar de ser o charme dela. Agatha não é tão conhecida nas redes quanto Arthur, mas o nome da mesma sempre está ao do jovem, eles parecem bons amigos.
A única que restou ao lado do Gaudério, após o infeliz acidente na banda.
Tão novos, e com tantas perdas ... - Encaro Arthur com um sorriso no rosto, sei que ele não precisa de meus pêsames. Afinal, já aconteceu. O que lhe resta agora é viver o presente e se preparar para o futuro.
Um brilhante futuro que ele tem pela frente, isso é notável ao sentir sua presença. Poucos minutos de conversa com o Gaudério foi o suficiente para saber que sua banda alcançará os palcos com tanta intensidade, se não mais, que os Dragões Metálicos.
A nova geração tá aí, tô velho demais para acompanhá-los - Olho para os outros membros de minha banda, que ao notar meu sinal, se aproximam do Gaudério.
— Seguinte, Arthur. Nós já temos a nossa decisão avaliativa, mas como uma banda sabemos também que não basta apenas ter técnica, e sim, união. - Afirma Marco apertando o ombro de Leandro, o último a entrar para os Dragões Metálicos. — Não é não, Hans?
— Quando...eu tava fazendo o teste...assim como eles fizeram hoje - Leandro começa a falar, encarando cada jovem estrela que compõe esse lugar. — Eu não fui tão bem no teste assim, é claro, tava nervoso pra um caralho...
— Hahaha, você tremia igualzinho vara verde! - Exclama Roberto com uma risada nostálgica se lembrando dos bons tempos.
— A questão é que apesar do nervosismo e até falta de técnica que eu tinha na época...eu entrei para os Dragões Metálicos, porque eles me ouviram...ouviram o meu sonho. - Com gratidão Hans sorri para mim, voltando a olhar para Arthur com seriedade. — Você, como líder dos Gaudérios Abutres, deve dar o direito a eles de serem ouvidos, afinal, você é a inspiração deles...
— Inspiração...? - Com os olhos marejados Arthur olha para todos da sala, posso imaginar o que se passa na cabeça do jovem. Tudo está acontecendo rápido demais, essa é a verdade.
— Você é uma estrela do rock agora, Abutre! Acostume se com isso - Roberto bagunça os cabelos de Arthur, tirando uma risada sincera do mesmo.
— Certo! Hãm...certo. - Limpando a garganta, o jovem começa um pequeno discurso, inspirando todos da sala.
— Bom...eu quero que saibam que independente do resultados, todos vocês foram excepcionalmente bem! Juro, se eu pudesse escolher...criaríamos um grupo ao invés de banda. Mas eu sei que nós veremos em algum momento dessa caminhada, afinal, é um único caminho que trilhamos...o caminho da música é um caminho de autoconhecimento... não desejo sorte a vocês, porque definitivamente, vocês não precisam disso. Eu desejo tudo de bom para todos! De verdade, vocês são um máximo! - as pessoas os aplaudem, cessando por um breve momento ao notar que a garota ao lado do Gaudério, também queria dizer algo.
— Arthur tem razão, vocês são fodas e isso não é um adeus, é um até breve! Eu não sei bem o que dizer mas tipo, não desistam, por nada. Seja qual for o objetivo de vocês nessa caminhada, se agarrem a ele...e não soltem. Nada vale mais apena do que nossos sonhos, continuarem sonhando e estejam dispostos a tudo por eles. - Com um olhar penetrante ela encara cada jovem músico, sorrindo de canto em específico para um deles. — Sejam sonhadores, sejam egoístas... realizem os sonhos que tanto cobiçam, no final de tudo, só isso importa...
— Cacete - Me pronuncio batendo palmas, fazendo todos da sala voltarem a fazer o mesmo.
Continuamos ali, conversando particularmente cada jovem estrela da sala, Arthur ouviu cada um, cada sonho, e foi impossível não se emocionar com tudo isso.
Confesso que vir para cá, apesar de me trazer nostalgia ao estar de volta onde tudo começou, poderia me deixar inseguro. Eu, um membro dos Dragões Metálicos, estava com medo de ser substituído de alguma forma por essa nova banda em ascensão, tive receio de ser comparado, ou até esquecido.
Mas agora...eu reconheço o meu lugar, e sei que já está na hora de deixar esse caminho para as novas estrelas, a nova geração.
E presenciar o começo dessa nova banda mexeu muito comigo, eu fiz parte disso, de certa forma. Isso é incrível.
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18 ANOS NO FUTURO
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— INCRÍVEL, SIMPLESMENTE INCRÍVEL!!!
— Haha, que isso Kurt! Cê tá velho demais para ficar eufórico dessa forma! - Tento ouvir o que Marco está falando, mas a música está tão alta, o show está tão incrível. Parar para ouvi-lo seria um desperdício de tempo, quero apenas aproveitar o agora, isso que importa.
— Apesar de escandaloso, é verdade, esse show tá foda mesmo - Hans comenta ao meu lado, me permitindo ouvi-lo melhor. Com uma câmera em mãos o homem grava todo o show, focando nas pessoas que estão no palco, e pensar que eu fiz parte da seleção desses artistas.
Isso é incrível, pra caralho.
— Eu moldei esse guri!!! - Exclama Roberto com nenhum pouco de exagero com um jovem ao lado de nós, que sei entender nada exclama também.
— Os Gaudérios Abutres são fodas demais!! E essa participação do Gal, então? Meu Deus, posso morrer feliz depois dessa!
— Foda-se o Gal, olha lá a Agatha! AGATHA!!! CASA COMIGO MULHER, por favor!!! - Caio na gargalhada ao ver a garota de cabelos curtos e maquiagem gótica avançar sobre o palco. Junto a ela uma multidão a acompanha.
Poderia estar em desespero com a quantidade absurda de pessoas nesse lugar, mas é só mais um show normal para os Gaudérios Abutres.
Isso é simplesmente incrível.
Fim...?
Não, né! Hahaha, assustei alguém?
Olá, caro leitor!
Não é o fim, ainda, ok??
Farei os últimos capítulos mostrando o futuro dos nossos queridos casais.
E sim, TEREMOS FINAL FELIZ?
Obrigada a todos que acompanharam essa obra, sério, foi uma honra compartilhar isso a vocês!
O que acham que aconteceu com os nossos protagonistas?? Quem acham que entrou para os Gaudérios?? COMENTEM MEUS CAROS, COMENTEM!
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