Evelyn Narrando

Meu coração batia de uma forma que me deixava preocupada com a probabilidade dele saltar de mim, meu estômago estava com as famosos borboletas devido ao tamanho nervosismo que sentia, pela primeira vez na vida estava me entregando a algo maluco e surreal, eu estava quase dando uma chance para Tyler.
A verdade era que uma parte minha queria descobrir quem era Tyler de verdade, eu o via como um vampiro, frio, mentiroso e manipulador, mas Felipe que eu o considerava incrível na verdade não era tão incrível assim. Devido aos últimos acontecimentos fiquei confusa sobre a sanidade de Tyler, mas e se ele mudar? E se ele esquecer de vez Elizabeth que por a caso é minha avó e que já está morta, e esquecer do sangue que corre em minhas veias? -Me pergunto em duvida sabendo que isso é um grande risco que estou tentada a correr.
E Sam e Sebastian! -Penso transtornada sabendo que eles esperam à tanto tempo serem livres de sua maldição. -Posso liberta-los e depois me arriscar a viver algo com Tyler, sei que Sam estava ensinando magia à Elizabeth, mas não tenho nenhum interresse em aprender isso. -Começo a fazer planos.
Respiro fundo e penso em me beliscar para ter certeza de que não estou sonhando em estar deitada sobre o braço de Tyler enquanto olho para o teto do quarto com algumas pinturas estranhas.
Neste momento estamos deitados na enorme cama king. Depois de nos beijarmos algumas vezes Tyler me convenceu a descansar um pouco pois não faço isso desde que Eduarda fora para o hospital. Novamente ao lembrar de Eduarda me sinto culpada por estar aqui com Tyler enquanto eu deveria estar de luto por ela.
O celular de Tyler faz um barulho e deduzo que seja papai. Com a mão livre Tyler pega seu celular sobre o criado mudo ao lado da cama e lê a mensagem, após alguns segundos ele coloca o celular no mesmo lugar.
-Seu pai disse que o velório de Eduarda irá começar daqui uma hora e meia. -Tyler fala calmo, com cautela, como sempre sem expressar nada. Sinto um breve susto por ser tão rápido assim. -Segundo ele meu primo irá se comportar pois estará fortemente sedado e controlado. -Continua Tyler a falar e respiro fundo sabendo que David ainda deve me culpar por não ter impedido Paulo de ter empurrado Eduarda pela escada.
-David poderia te-lá transformado assim como você transformou Tobias quando ele estava quase morrendo. -Falo triste tentando ser forte mesmo que já tenho aceitado a ideia de que meu irmão é um vampiro. Não o olho, apenas continuo olhando para o teto e ele faz o mesmo.
-Não é simples assim, quando dei meu sangue à Tobias ele ainda estava vivo, David não poderia transformar sua irmã depois de morta. -Tyler fala sério de um jeito muito sincero sem muita arrogância e percebo que David fora burro de não intervir na cirurgia.
Sento na cama e assim que chego à beira da cama coloco meus pés não chão.
-Aonde vai? -Tyler pergunta rapidamente e senta ao meu lado.
O olho ainda me sentindo estranha ao lembrar de que agora tem algo entre a gente.
-Agora posso ficar com mamãe, ela precisa de mim e já é quase meio dia. -Falo lembrando que Tyler disse que David está sedado, fico curiosa para saber como que um vampiro pode ficar sedado, mas guardo tais curiosidades pois mamãe precisa de mim.
-Evelyn você precisa pelo menos uma vez na vida pensar em si. -Tyler fala de um jeito sério e o olho perplexa me perguntando como ele pode falar isso. -Sua vida inteira você viveu para os outros, se eu fosse você nem iria ao velório de Eduarda. -Tyler diz de forma fria.
-Como pode dizer isso? -Pergunto horrorizada ja me arrependendo de ter cogitado a ideia de ficar com ele.
Tyler um pouco irritado passa a mão em seus cabelos louros os jogando para trás. Ele se levanta e fica de frente para mim.
-Evelyn sua mãe a vida inteira provavelmente se importou mais com a imagem dela na mídia do que com você, eu respeito seu pai, mas ele não é diferente de sua mãe, Tobias não passa de um mimado que não aceita um fora, e Eduarda é a pior pois sempre a manipulou com mentiras! -Tyler fala tudo me olhando nos olhos e meus olhos lagrimejam pois isso foi algo que até agora me negava à enxergar.
Levanto da cama me recusando a chorar e respiro fundo sem olhar Tyler. Tobias é o único que é de verdade na minha família, ele sempre fora parecido comigo, as demais coisas que Tyler disse pode até ser verdade.
-Eles são a minha família. -Digo num sussurro sabendo que apesar de tudo eu os perdoaria. Me viro para Tyler e o olho seria. -O que você quer que eu faça? -Pergunta um tanto irritada sem entender aonde ele pretende ir com isso.
Tyler se aproxima e olho vidrada para seus olhos únicos com um brilho sobrenatural que já estou acostumada.
-Pelo menos uma vez na vida viva. -Tyler fala num sussurro e o olho sem entender. -Podemos viajar. -Sugeri Tyler e me pergunto se escutei certo.
-Não é hora de viagens. -Retruco sabendo que não posso ser tão incessível com minha família devido à recente morte de Eduarda. Percebo o quão incessível estou sendo por não estar de luto por Eduarda e novamente me sinto culpada.
-Vamos para a Australia ou Canadá, você precisa viver um pouco, pode ser poucos dias, mas considere um novo começo para nós. -Tyler fala parecendo ou fingindo estar ansioso me deixando confusa e quando percebo seu rosto está a centímetros do meu.
Penso em recusar, mas havia ficado de ir embora com Sam e Sebastian daqui duas semanas, se Tyler realmente mudar eu fico e enfrento todos os problemas e perigos possíveis. -Penso decidida que talvez uma viagem possa ser bom agora.
-Australia? -Pergunto em tom irônico questionando a sugestão de Tyler e ele me olha diferente, de um jeito que ele nunca me olhou, como se ele estivesse sendo ele mesmo talvez.
-Não me importo com o lugar, pode ser o Hawai, Nova York, Madri, Acapulco ou Chile. -Tyler fala rapidamente de um jeito que me faz esquecer tudo ao nosso redor. -Podemos ir agora mesmo. -Conclui Tyler colocando as mãos em minha cintura. O olho um momento em duvida, mas cedendo a sua sugestão duvidando da minha sanidade.
-Preciso apenas fazer uma coisa antes. -Falo num sussurro sabendo que preciso me despedir de Eduarda antes de me aventurar ao lado de Tyler.

[...]

Assim que o carro de Tyler entra pelo portão principal de minha casa vejo diversos carros luxuosos e uma indignação me atinge por meus pais terem organizado uma cerimônia tão rápida.
-Evelyn como eu disse, seus pais se preocupam mais com a imagem deles do que com seus sentimentos. -Tyler fala baixo enquanto olho pela janela do carro e devido a minha indignação com meus pais acabo concordando com ele. Ele estaciona perto da entrada principal e respiro fundo me preparando psicologicamente, em um piscar de olhos Tyler sai e da a volta no carro para abrir a porta para mim, saio do carro e assim que Tyler fecha a porta ele pousa sua mão sobre minha costa e unindo forças para encarar a realidade sigo até a entrada.
Entramos pelo Hall de recepção assim que uma das empregadas abre a porta.
Olho para a mulher que mesmo usando um uniforme deixando evidente que trabalha aqui não a reconheço pois mamãe deve te-lá contratado a pouca tempo.
-Senhorita Green a Sra. Green pediu para avisa-lá assim que chegasse que era para a senhorita colocar uma roupa adequada e ir para a sala de estar para receber as pessoas. -A mulher de cabelos pretos e olhos castanhos fala rapidamente sem me olhar nos olhos e uma breve raiva de mamãe me invade por ela não mudar.
-Obrigada. -Agradeço num sussurro tentando soar forte e sem pensar duas vezes sigo até a escada para subir para meu quarto. Tyler me segue em silêncio respeitando meu espaço. Após subir os degraus sigo rumo ao meu quarto. Assim que chego ao meu quarto paro e fito Tyler.
-Você está bem? -Pergunta Tyler me olhando sério e controlando toda minha indignação por mamãe fito Tyler tentando soar forte.
-Sim, apenas vou arrumar minhas coisas e depois apenas irei me despedir de Eduarda para que possamos ir. -Falo me controlando tentando não chorar.
Tyler olha para o relógio de pulso de forma séria.
-Provavelmente Nicolai já deve ter organizado o jato e falado com o piloto, falta apenas decidirmos nosso destino. -Tyler fala me olhando nos olhos profundamente.
Novamente a culpa por estar ignorando a morte de Eduarda me invade, mas ao lembrar de meus pais crio forças.
-Você poderia escolher o destino. -Falo sem saber ao certo para onde ir, pois apenas preciso me afastar daqui o quanto antes.
-Tá bom, irei avisar seu pai enquanto você se organiza. -Tyler informa dando espaço para mim e lhe dou um sorriso fraco. Tyler se afasta voltando para a escada encanto caminha pelo corredor calmamente.
  Abro a porta do meu quarto e entro, tranco a porta e caminho até o closet para arrumar algumas coisas rapidamente.
Entro no closet e tiro os sapatos rumo até onde guardo algumas coisas de valor e documentos.
Pego uma bolsa grande preta e pego alguns documentos, fico um tempo procurando meu passaporte e coloco minha bolsa em cima de um puff branco suspeitando que o deixei na gaveta do meu criado mudo.
Saio do closet rumo ao meu criado mudo.
-Procurando por isto? -A voz de Sebastian fala me assustando e me viro devagar para fitar Sebastian.
Engulo em seco ao vê-lo sentado numa poltrona próximo da lareira, em sua mão direita vejo meu passaporte e estranho o fato da lareira estar com fogo. Ele está usando um terno cinza sob medida que tem um belo caimento, em seus olhos não descubro nada devido à sua frieza no olhar, um certo medo percorre meu corpo ao pensar na possibilidade dele querer me impedir de viajar com Tyler.