O Diário- Part. II
Evelyn Narrando
-Certeza que não quer ajuda para colocar este vestido? -Eduarda pergunta preocupada e se levanta do sofá que estava sentada. Neste momento estou no ateliê de Rene para provar o vestido que Rene fez.
Fito Eduarda e lembro que não posso aceitar sua ajuda pois ela notara que o curativo em minha barriga não é real e que não existe mais nenhum ferimento.
-Eduarda você sabe que gosto de me trocar sozinha. -Digo tentando convencê-la e a mesma revira os olhos. Sigo até a funcionária de Rene e pego o vestido na cor champanhe das mãos da mulher de cabelos castanhos e lindos olhos castanhos.
-Senhorita caso precise de algo é só me chamar. -Fala ela de forma atenciosa e sorri. Sorrio para ela mesmo que eu prefira a outra funcionária da loja.
-Tudo bem. -Digo e sigo até o vestuário. Antes de entrar no vestuário olho minha bolsa em cima do sofá e entro no vestuário torcendo para que o diário de minha avó continue ali dentro quando eu sair.
Não deu tempo de eu passar em casa e deixar o diário em um lugar escondido. Safira me trouxe direto para o ateliê para aguardamos os seguranças pois foi o local combinado. Assim que Eduarda chegou Safira foi embora pois disse que precisava buscar Felipe no aeroporto. Confesso que estava com saudades de Felipe, mas em breve irei vê-lo.
Volto o foco para o vestido em minhas mãos. O pouso sobre um banquinho preto e começo a tirar minhas roupas. Quando termino de tirar minhas roupas as deixo sobre outro banquinho e pego o vestido para colocá-lo. Sem nenhuma dificuldade o visto. Fico admirada olhando o vestido feito por Rene, apesar de precisar de alguns ajustes já está muito belo. Abro a porta do vestuário e saio dele para mostrá-lo como ficou.
Eduarda solta a revista que lia e olha meu vestido.
-Ficou perfeito! -Rene afirma entrando na sala após me ver usando o vestido feito por ele. Sorrio pelo jeito alegre e expontâneo de Rene esquecendo de tudo que já enfrentei hoje. Ele segue até Eduarda e a cumprimenta rapidamente com beijos na bochecha e depois vem em minha direção. Rene me cumprimenta com beijos na bochecha e depois me analisa. -Apenas alguns ajustes e estará perfeito até sábado. -Afirma ele e me obriga dar uma volta. Eduarda ri do jeito de Rene.
-Agora vou tirar o vestido e colocar minha roupa de volta pois está me dando frio. -Digo um pouco sem jeito pelo o olhar sedutor de Rene. Um sentimento de culpa me invade por pensar outras coisas em relação à Rene. Repreendo tais pensamentos e os afasto pois Rene jamais me olharia com outros olhos pois ele não gosta de mulheres desta forma.
-Claro, vai lá. -Rene diz ainda sorrindo me obrigando a sair de meus devaneios. -Agora vou ajustar o vestido da minha noiva predileta. -Rene fala e olha Eduarda. -Evelyn não se ofenda, daqui uns dias você também será minha noiva predileta. -Afirma ele e só de pensar em me casar me dá náuseas. Sorrio para ele não querendo fazer um comentário chato e sigo de volta para o vestuário. Fecho a porta e tiro o vestido com cuidado. O deixo sobre o banquinho de antes e visto minha roupa de volta. Pego o vestido feito por Rene nas mãos.
Saio do vestuário já vestida com minha roupa e entrego o vestido na cor champanhe para a funcionária de Rene.
Sigo até o sofá e me sento ao lado de minha bolsa. Enquanto Rene ajusta o vestido de noiva de Eduarda verifico se o diário continua no mesmo lugar. Somente após ter certeza que o diário ainda está na minha bolsa que respiro aliviada.
Tentando agir normalmente e não como uma paranóica que verifica a bolsa há cada cinco minutos escolho deixar a bolsa sobre meu colo.
[...]
-Obrigada Antonio. -Agradeço a ajuda de Antonio assim que ele me ajuda de um jeito cavalheiro à sair do carro. Sorrio para ele me sentindo culpada por não precisar de sua ajuda pois afinal de contas estou completamente bem desde que Sebastian me curou em meu próprio sonho. Solto sua mão e António ao notar a expressão de Eduarda ele rapidamente estende a sua mão direita para ajudar ela à sair do carro também. Eduarda sem mais delongas aceita a ajuda de António e sai do carro sorrindo.
-Obrigada António. -Agradece Eduarda e solta a mão de António.
-Disponha. -Fala António sorrindo e rapidamente coloca a luva que estava usando para que seus dedos não congelem. Digamos que é um gesto cavalheiro um homem ajudar uma mulher com a mão nua, mesmo com este frio de Londres. -Licença. -Diz Antônio e segue para o carro para deixá-lo na garagem.
[...]
Paço a mão no espelho um pouco embaçado pelo vapor devido ao banho quente que acabei de tomar. Respiro fundo e me analiso.
Apenas minha aparência já diz que estou cansada e com receio do que pode haver no diário de minha avó.
Assim que cheguei em casa vim direto para tomar um banho pois pretendo ficar o restante da tarde desvendando os segredos de minha avó enquanto Eduarda conhece a prima de David.
Meus cabelos castanhos escuros estão soltos e um pouco embaçados. Pego uma escova de cabelo sobre a pia de granito preto e desembaraço meu cabelo. Após pentear meu cabelo pego uma chucha e faço um rabo de cavalo.
Seguro a toalha com a mão esquerda com firmeza e sigo até a porta. Abro a porta e saio do quarto. Me assusto ao ver Eduarda sentada em minha cama tentando abrir o cadeado do diário de nossa avó.
-O que está fazendo? -Pergunto seria e paro de andar um pouco assustada assim que vejo Eduarda com o diário de nossa avó nas mãos.
-Não sabia que tinha um diário. -Eduarda fala olhando o diário em suas mãos de forma curiosa assim como uma criança que esta prestes a comer um brigadeiro. Por mais que eu ame Eduarda confesso que seu jeito curioso as vezes me irrita.
Engulo em seco preocupada com o conteúdo neste diário e me sinto tola por tê-lo deixado sobre a cama e não ter trancado a porta de meu quarto.
-Melhor eu guarda-lo. -Digo a primeira coisa que me vem à mente querendo tirá-lo logo de suas mãos e sigo até Eduarda. Rapidamente ela se levanta da cama se desviando.
-Porque está trancado? -Pergunta ela curiosa após se desviar e tenta abrir o diário.
Um barulho anuncia que ela conseguiu abrir o diário deixando evidente que o cadeado não era tão forte como pensei.
De forma rápida sigo até ela e quando noto ela começa a folhear-lo e me desespero.
Quando estou perto o suficiente noto que ela apenas folheia o diário como se procura-se algo, mas me surpreendo ao não ver nada escrito, ou seja tem apenas folhas brancas. Solto o ar que não havia notado que estava segurando.
Raios! Devo ter pegado o diário errado! -Penso suspeitando não vendo outra resposta para não ter nada escrito.
Ou talvez tenha algum tipo de magia que fora colocado por minha avó. -Penso não tão supresa como esperava.
Por que minha avó faria isto? -Me pergunto curiosa.
-Não tem nada. -Afirma ela e revira os olhos. -Porque tem um diário em branco? -Pergunta Eduarda de forma curiosa e segue até minha cama. Ela pousa o diário sobre o criado mudo branco ao lado de minha cama e somente quando vejo o diário longe de suas mãos é que respiro com tranquilidade.
-O comprei recentemente. -Minto tentando soar convivente escondendo minha irritação por ela ter mexido em algo que não é dela e sigo até o criado mudo onde ela colocou o diário. Pego o diário e sigo até o closet para escolher uma roupa. Entro no closet aproveitando que Eduarda está distraída olhando uma mensagem em seu celular.
Abro o diário e o deixo aberto na segunda página. Aos poucos letras começam a aparecer e percebo que minha avó não queria que qualquer um lesse seu diário.
Por que raios as palavras apareceram apenas quando eu o seguro? E porque minha avó colocou uma magia que impede vampiros de toca-lo? -Me pergunto intrigada com tantos segredos.
Controlando e lutando contra minha vontade de ler o diário o escondo atras de umas bolsas e tentando agir naturalmente decido escolher logo uma roupa. Pego uma calça legue preta, uma blusa de manga longa e uma camisa de frio branca grande e que provavelmente irá até na minha coxa. Sem mais delongas pego uma calcinha e sutiã roxo e os visto, logo em seguida visto a roupa que escolhi. Lembro que estou descalça e escolho uma meia que aqueça meus pés e pego uma bota cano longo. Coloco as meias e a bota.
Saio do closet já vestida e Eduarda continua no mesmo lugar. Noto o semblante preocupado de Eduarda.
-O que está lhe perturbando? -Pergunto enquanto caminho até minha penteadeira. Pego meu perfume e o passo. Logo em seguida sigo até Eduarda que por alguma razão está pensativa o que é raro de acontecer.
-Evelyn. -Eduarda começa a falar e a olho atenta. Sento ao seu lado em minha cama e ela me olha preocupada. -Se um dia eu deixar David me transformar você ainda vai me amar? -Eduarda pergunto e por alguma razão não me surpreendo por sua pergunta pois digamos que já estava esperando que um dia Eduarda viesse a tocar em tal assunto.
Respiro fundo antes de responder pensando em quais palavras usar. Olho nos olhos verdes de Eduarda e sorrio para ela sabendo que mesmo que ela vira vampira eu ainda vou amá-la da mesma forma.
-Eduarda eu sempre vou te amar, esqueceu que além de irmãs somos gêmeas? -Pergunto sorrindo e um sorriso brota na boca de Eduarda.
-Será que mamãe irá aceitar? -Eduarda pergunta receosa pela reação de mamãe.
-Eduarda é a sua felicidade, você irá se casar e irá morar com David. -Começo a falar a encorajando a fazer o que ela quer e não o que mamãe quer.
-Vou esperar até depois do casamento. -Conta Eduarda e me olha como se esperasse alguma reação.
-Apenas quero que seja feliz Eduarda. -Digo a verdade e noto que seus olhos começam a lacrimejar.
-Nem lembro quando foi a última vez que chorei. -Eduarda fala emocionada e limpa algumas lágrimas que saem de seus olhos. Ela se levanta e sorri. -Agora vou ir conhecer a prima de David. -Eduarda fala nem parecendo a mesma sentimental de antes. Sorrio do jeito de Eduarda sabendo que ela terá a felicidade ao lado de quem ama, algo que nunca terei. -Será que ela vai gostar do meu jeito? -Eduarda pergunta receosa.
-Com certeza. -Afirmo e sorrio para ela.
-Tomara! -Fala ela empolgada e segue até a porta. -Até mais tarde! -Grita Eduarda animada se despedindo e sai do meu quarto.
Lembro do diário e levanto rumo a porta para tranca-lá, pois afinal de contas não quero ser interrompida.
Tranco a porta do quarto e sigo até o closet. Entro no closet e sigo até onde escondi o diário. O pego e saio do closet. Sigo até minha cama. Sento na cama e abro o diário de minha avó.
Abro na primeira folha e noto que está tudo branco. Aos poucos letras começam a surgir e paço os dedos sobre as palavras sem lê-las.
Turbilhão de sentimentos estranhos me atinge fazendo uma corrente elétrica percorrer meu corpo e rapidamente tiro os dedos sobre as palavras.
Respiro fundo criando coragem e começo a ler em silêncio :
- 13, Janeiro, 1966. -Leio a data no início da folha. -Nunca precisei tanto de um diário para desabafar desde que descobri que vampiros existem. Sim, vampiros existem e não estou louca.
Conheci uma vampira há três semanas atras no meu aniversário de 18 anos, ela se chama Safira e confesso que nunca vi mulher com tamanha beleza surreal. Ela disse que precisa me proteger, mas não disse tudo o que me irrita as vezes. Safira é o mais perto que tenho de uma amiga no momento, pois desde que a conheci temos muitas conversas longas e mesmo que a conheço à tão pouco tempo eu não consigo ter medo dela.
Somente depois que conheci Safira que comecei a ver Londres com outros olhos, Safira afirma que agora vejo a verdade e que como agora sei que vampiros existem eles sabem que eu sei disto.
Hoje conheci o irmão de Safira, na verdade pelo que Safira me contou eles não são irmão de sangue e sim irmãos devido ao criador deles. Ele se chama Felipe e quando o vi pela primeira vez fiquei hipnotizada por sua beleza e confesso que senti as famosas borboletas em meu estômago quando ele num gesto cavalheiro beijou minha mão. Estava frio, mas o gélido de sua mão era diferente e quando olhei seus olhos azuis acizentados me perdi ali. Nunca vi um ruivo tão belo igual Felipe. -Termino de ler o primeiro dia que minha avó escreveu pela primeira vez neste diário e viro a página. Lembro que quando comecei a ter aulas de montaria com Felipe senti a mesma coisa que minha avó descrevera no diário. Esqueço tais lembranças e volto a atenção ao diário. Noto que ela ficou alguns dias sem escrever:
-27, Janeiro, 1966. -Leio a data que ela escreveu pela segunda vez no diário. -Fiquei alguns dias sem escrever devido à compromissos que tomam meu tempo, mas por uma boa razão.
Acho que eu e Felipe ainda teremos um romance, mas toda vez que deixo evidente que sinto algo por ele como num passe de mágica ele se afasta com frieza o que me irrita, nunca fui ignorada ou rejeitada por nenhum homem pois em um estralar de dedos eu tinha tudo o que queria e não vai ser Felipe que mesmo sendo vampiro que irá conseguir resistir à meus encantos. Safira afirma que Felipe quer me proteger assim como ela e que paixão apenas o tornará fraco, mas não importa o que Safira diga ainda terei Felipe. -Termino de ler o segundo dia que minha avó escreveu e fico um pouco supresa pelo jeito e pensamentos de minha avó.
Decido ler o outro dia que minha avó escreveu pois estou apenas no início do diário e ainda tem várias paginas para eu lê:
-3, Fevereiro, 1966. -Leio à data. -Hoje não foi um dia tão interessante pois o médico da família disse que mamãe está com leucemia e que terá poucos dias de vida, tentei convencer Felipe ou Safira à transforma-lá em vampira para cura-lá, mas eles disseram que não podem transformar ninguém sem o consentimento do tal conselho de vampiros e ainda argumentaram que ela não seria a mesma se fosse transformada.
Irei perder mamãe e nenhum dinheiro no mundo poderá salvá-la pois ela já está muito doente. -Termino de ler as poucas palavras que minha avó escreveu neste dia que deve ter sido péssimo para ela.
Noto que na mesma página ela começou a escrever em outro dia. Começo a ler:
-7, Março, 1966. -Leio a data e vejo que ela ficou um bom tempo sem escrever. -Hoje foi o enterro de mamãe e percebi que nunca vi tantas pessoas importantes de Londres vestidas de preto no mesmo dia, odeio cemitérios e tantas roupas pretas. Se eu pudesse teria ficado em casa pintando algo, mas papai me obrigou à ir afirmando que todos notariam se eu não fosse. Papai não entende que eu não queria ver mamãe ser enterrada pois ainda não aceitava que ela morreu.
Enquanto estava sendo consolada por Felipe em minha casa percebi que para não sofrer tanto pela morte de mamãe eu deveria ser uma boa atriz para que as pessoas parassem de me lembrar toda hora que mamãe morreu com suas palavras vazias de meus pêsames ou sinto muito.
Felipe me ajudou de tal forma hoje à esquecer tudo o que houve que quando percebi tivemos nosso primeiro beijo, foi um beijo ardente e que me fez esquecer tudo ao nosso redor. -Termino de ler um pouco chocada tentando entender e me convencer que minha avó queria apenas esquecer da morte de sua mãe e que ela não era nenhuma insensível.
Viro a página vendo outra data e começo à ler:
-9, Março, 1966.
Hoje eu e Felipe passamos a nossa primeira noite juntos e o fiz prometer que por enquanto não iríamos contar para Safira sobre nosso romance. Felipe é um perfeito cavalheiro, mas mesmo ele sendo perfeito e me ajudar eu não consigo entender porque ele quer oficializar nossa relação e até mesmo falar com papai. Não quero magoar Felipe, talvez eu o ame, mas não posso prometer algo que sei que não vou cumprir pois hoje enquanto passeava sozinha conheci Tyler.
Apenas de olhar Tyler eu soube que ele não era humano, ele estava entretido distraído olhando o pescoço de uma mulher que olhava um vestido na vitrine e deduzi que aquela mulher seria sua próxima vítima. De longe o observei e depois quando vi que ele levava a mulher para um beco sem saída o segui, não tive medo, apenas curiosidade para saber mais sobre o vampiro que me lembrava um viking devido aos cabelos longos e barba grande. Sem medo e talvez eu estava sendo uma louca vi ele matar a mulher sem piedade o que não me assustou. -Paro de ler um pouco surpresa e sinto algo estranho percorrer meu corpo. Uma dor de cabeça me atinge e fecho os olhos. Coloco a mão na cabeça e quando abro os olhos não estou mais no meu quarto.
Olho ao redor e vejo que estou em Londres, mas não na Londres atual, e sim em uma Londres de anos atrás.
Algumas mulheres estão vestidas com vestidos que vão até o joelho e casacos devido ao frio de Londres e algumas usam chapéus. Noto carros antigos e homens usando roupas que não são atuais.
Olho para meu corpo e noto que estas roupas não são minhas e percebo que novamente estou no corpo de Elizabeth.
Fecho os olhos devido à dor de cabeça tentando voltar para meu quarto e para meu corpo.
Quando abro os olhos respiro aliviada em saber que estou em meu quarto novamente.
Ignorando o fato que novamente consegui voltar ao passado de minha avó volto à atenção ao diário.
Volto a ler o diário na onde parei: -Tyler é um típico vampiro que vive na era antiga e ele não me matou o que já é interessante. Com meu jeito de sempre convenci ele à ir ao barbeiro de papai para fazer aquela barba horrorosa.
Claro que ele me ameaçou diversas vezes naquela final de tarde, mas queria saber mais sobre aquele vampiro com um olhar frio. -Termino de ler o que minha avó escreveu sobre quando conheceu Tyler.
Então o romance de Tyler e minha avó começou do nada? -Me pergunto curiosa para ler mais.
Batidas na porta me assustam e me obriga à sair de meus devaneios.
-Só um momento. -Grito para a pessoa que bate na porta e fecho o diário. Levanto rapidamente e sigo até meu closet para esconder o diário. Escondo o diário debaixo de umas bolsas que não uso muito e as arrumo para não chamar atenção.
Saio do closet e sigo até a porta para abri-la. Destranco à porta e a abro vendo mamãe me lançar um olhar curioso.
-Por que trancou a porta? -Mamãe pergunta enquanto lhe dou as costas rumo à minha cama. Sento na beira da cama tentando não fazer nada de mais para que mamãe não suspeite de nada.
-Estava lendo um livro e você sabe que não gosto de ser interrompida enquanto leio. -Minto tentando soar convincente e a olho. Se for ver por outro ângulo não é bem uma mentira, pois eu realmente estava lendo algo, apenas não era um livro.
Mamãe me olha com uma sobrancelha arqueada e respira fundo. Noto que ela está bem arrumada e usando suas joias preferidas. (Look ⬇)
-Você vai sair? -Pergunto querendo puxar assunto e cortar o silêncio.
-Vou ir com seu pai em um jantar com os pais de David. -Mamãe responde em um tom de voz preocupado. -Como estou? -Pergunta mamãe insegura e a olho chocada me perguntado se mamãe fora abduzida por algum Et para estar insegura.
-Está linda. -Digo a verdade contendo um comentário de brincadeira pois esta deve ser uma das primeiras conversas em que mamãe não me perturba com assuntos fúteis. -Mamãe você está bem? -Pergunto preocupada sabendo que mamãe não está bem e que devido ao seu orgulho ela não vai chegar e começar à desabafar do nada.
Rapidamente mamãe fecha a porta e se aproxima. Ela senta ao meu lado na cama e a fito preocupada com misto de curiosidade.
-Evelyn você sabe que seu pai já teve amantes antes, eu sei que você sabe. -Mamãe começa a falar afirmando e engulo em seco sabendo que ela descobriu o que papai me pediu ha quatro anos para não contar para ela e nem para Eduarda.
Uma culpa me invade por nunca ter contado para mamãe que uma vez quando fui em uma das empresas de papai enquanto eu o aguardava no lado de fora de sua sala eu vi sua secretária saindo de sua sala de um jeito suspeito que deixava tudo bem evidente. Ainda lembro como se fosse hoje papai negando tudo, mas eu sabia que ele estava tendo algo com sua secretária.
Aquela foi a última vez que botei os pés em uma das empresas de papai.
Na época quando mamãe suspeitou ela veio falar comigo, porém disse que não vi nada. Eu realmente não vi ele traindo mamãe, mas sabia que ele o tinha feito.
Digamos que foi desde essa época que mamãe começou a contratar e mandar empregadas jovens embora em um piscar de olhos.
-Mamãe eu... -Começo à falar um pouco sem jeito penando em quais palavras usar e a olho sem entender o do porque de falarmos sobre isto agora.
-Evelyn você tinha apenas 15 anos e não vou gritar e nem ficar brava com você. -Mamãe começa à falar de um jeito emocionado e pela primeira vez vejo mamãe desse jeito. -Quando você foi atacada eu sabia que a culpa era minha. -Mamãe fala se referindo à empregada que me atacou.
-Mamãe a culpa não foi sua, apenas esqueça o passado, pois se formos falar dele agora eu também tenho uma certa culpa por nunca ter contado para você. -Digo querendo mostrar para ela que não deve se culpar.
Se ela soubesse o perigo que me ronda não iria se culpar por isso. -Penso tentando não surtar e dou um sorrio fraco para ela.
-Tenho que ir. -Mamãe fala se recompondo e limpa as lágrimas que caem de seus olhos rapidamente.
-Mamãe você o ama? -Pergunto me referindo à papai mesmo já suspeitando de sua resposta.
-Filha neste mundo rodeado por vampiros você tem que escolher algo que a deixe viva. -Mamãe fala com um olhar aflito e aproxima sua mão de minha bochecha. Ela passa a costa de sua mão com luva em minha bochecha e lhe dou um sorriso amarelo sabendo o que ela quer dizer com isso. Ela se recompõe e se levanta seguindo rumo à porta. Antes dela sair ela me olha. -Não deixe que nenhum vampiro roube sua humanidade, já perdi Eduarda e não quero perda-la também. -Pede ela em tom amargurado e me dá as costa. Ela sai de meu quarto e olho a porta aberta.
Respiro fundo sabendo que Eduarda já falou com mamãe sobre ela querer se tornar vampira e provavelmente isto deixou mamãe abalada e sentimental.
Passo minhas mãos no rosto e as palavras de mamãe sobre eu não deixar nenhum vampiro roubar minha humanidade ecoam pela minha cabeça.
-Evelyn. -Uma voz familiar me chama e olho para Tobias parado na porta usando um moletom cinza.
-Olha quem apareceu. -Brinco e sorrio para ele tentando esquecer o assunto de mãe e filha que tive com mamãe. Tobias como sempre fica à maior parte do tempo trabalhando igual papai.
-Ia te convidar para sair hoje, mas seu professor Felipe está no hall de recepção lhe esperando. -Tobias fala entrando em meu quarto.
-Felipe está aqui? -Pergunto alegre e Tobias me fita sério. Tobias se aproxima e estende sua mão. Pego sua mão e levanto.
-Já não basta Eduarda, agora você também está de "namorinho". -Tobias comenta fazendo aspas em namorinho como um típico irmão ciumento.
-Sou apenas amiga dele. -Afirmo e Tobias revira os olhos e solta minha mão.
-Então ainda tem chance de você virar freira? -Pergunta ele irônico e reviro os olhos por seu comentário.
-Como vai você e Safira? -Pergunto mudando o foco da conversa rumo a porta com ele e entrelaço meu braço ao seu.
-Ela quer ser apenas amiga. -Assopra ele as palavras um pouco irritado. -Pensei que estávamos dando um passo depois que a gente... -Continua ele a falar, mas o interrompo.
-Sem detalhes por favor. -Peço não querendo saber o que rolou entre eles.
-Ela é a primeira mulher que quer apenas ser minha amiga. -Comenta ele ainda frustado. Suspeito que Safira apenas quer proteger Tobias e se eu estivesse no lugar dela faria o mesmo. Quando me aproximo da escada desço os degraus com Tobias. -Sorte sua que mamãe acabou de sair. -Fala Tobias se referindo à visita de Felipe.
Termino de descer os degraus e solto o braço de Tobias. Sigo até até o hall e vejo Felipe de costa olhando um quadro novo. Ele está usando uma camisa social roxa e calça jeans cinza deixando evidente seu corpo em forma e tento não olhá-lo tanto de costa.
-Felipe. -O chamo. Ele se vira e sorri. Sigo até ele de forma espontânea sem pensar direito e o abraço com saudade pois já faz tempo desde a última vez que o vi. Ele retribui o abraço. O barulho da campainha me traz de volta a realidade e me afasto apenas o suficiente. Enquanto uma empregada abre a porta olho os olhos azuis acizentados de Felipe esquecendo de tudo por um momento e sorrio.
-Espero não estar interrompendo. -A voz de Tyler me obriga a voltar para a realidade. Olho para Tyler me perguntando o que ele faz aqui se papai saiu com mamãe agora pouco pouco. Tyler analisa eu e Felipe próximos de um jeito indecifrável. Por um momento os olhares de raiva de Tyler e Felipe direcionados um para o outro deixa o ar carregado.
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Capas feita por SamyaVictoria :
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