Prólogo
Gatilhos: previsão de morte, desconfiança, humor ácido, perigo iminente.
Meninos e meninas de todas as idades. Você não gostaria de ver algo estranho? Venha conosco e você verá. Esta, nossa cidade de Halloween. Este é o Halloween — This Is Halloween (Marilyn Manson).
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30 de outubro de 2024.
A chuva caía sobre o homem misterioso, que, imóvel, observava a casa. Era noite, e os jovens lá dentro se divertiam, alheios ao fato de que eram vigiados. Aquela cidadezinha pacata no condado de Cheshire abrigava lendas sombrias debaixo de suas humildes calçadas. E a noite seguinte, tão especial, era a escolhida para mostrar a eles o verdadeiro sentido do Halloween.
Dizem por aí que o dia 31 de outubro é a véspera do Dia de Todos os Santos, uma festa cristã ocidental, ou talvez uma homenagem ao Dia de Los Muertos. Outros juram de pé junto que é tudo coisa dos celtas, um ritual antigo chamado Samhain. Bom, para os habitantes de Cheshire, não havia nada daquilo e toda aquela história não passava de folclore. A única certeza era que o Halloween ali vinha com um toque especial de maldição: ele acordava seus piores pesadelos.
Bom, quem se importa, não é mesmo? Afinal, esse ano tudo seria diferente e, digamos, especial. Eu sei que não deveria dizer isso, mas... desculpem, queridos figurantes, porque todos vocês vão morrer. Ou quase todos. Então, aproveitem a festa. Bom Halloween!
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31 de outubro de 2024.
O clima estava chuvoso e gelado. Folhas mortas dançavam ao som do vento, enquanto os estudantes se reuniam na sala de aula, ouvindo o professor contar suas memórias do primeiro Halloween que passou ali. Suzie, no entanto, estava completamente alheia ao monólogo do professor; sua maior preocupação era saber quando seria a hora do almoço.
Suzie odiava matemática avançada com todas as forças. Na verdade, não fazia ideia do por que estava naquela aula, já que seu talento com números se limitava a saber quanto era 1+1.
— Tá na cara que você odeia ele — comentou Lilian, sua melhor amiga, rindo. Enquanto assistia a morena dar de ombros, totalmente desinteressada.
— Admita, você também — Suzie riu, com um olhar de desprezo, fazendo uma careta para a camisa manchada de mostarda do professor.
Suas unhas longas e pretas, tamborilaram na mesa, e Suzie estava adorando o som irritante que distraía seu "querido" professor. Apesar de ser uma aluna nota A, Suzie se destacava mais pelo talento para o sarcasmo do que pelos números. Era possível dizer até mesmo que era sua maior habilidade. Com seus olhos castanhos e rosto delicado, carregava uma expressão desafiadora e uma alma selvagem. Sua cortesia.
— Senhorita Collins...
Um sorriso se formou nos lábios dela, e suas sobrancelhas se ergueram em um claro desafio, mas o som do sinal interrompeu qualquer resposta que aquele homem pudesse dar. Ele a observou estourar a bolha de chiclete, pegar suas coisas e sair da sala com um toque de desdém. Ela sabia que o reitor fazia vista grossa para seus "pequenos deslizes", mas simplesmente não resistia a abusar da sorte.
Ela se postou em frente ao armário, com os das duas melhores amigas ao lado, e do outro lado do corredor, os de Philipe e Miguel. Aqueles cinco se conheciam desde que eram pequenos capetinhas, passando trotes e destruindo caixas de correio sem remorso.
Os armários se abriram em sincronia, quase como se fosse um ato ensaiado, enquanto discutiam animadamente sobre a noite de Halloween. No instante seguinte, um convite alaranjado despencou de cada armário, como se algum gênio do mal tivesse cronometrado a cena.
Eles se agacharam, leram o papel e se entreolharam, com um misto de surpresa e entusiasmo. A noite do Halloween prometia.
"Você está sendo convidado para a noite mais especial do ano. Venha conosco em uma aventura pela linha do tempo do terror. Atenciosamente, o Maestro."
Eles se entreolharam e sorriram, dando de ombros. A noite do Halloween estava prestes a começar, e eles estavam prontos para conhecer seus piores pesadelos — ou melhor, seus ídolos. Porque, convenhamos, quem não gostaria de ter um encontro com o medo personificado? Afinal, o que poderia dar errado?
— Isso aqui tá mais com cara de spam do que convite — resmungou Philipe, batendo a porta do armário e lançando um sorriso irônico às amigas.
— Você disse a mesma coisa quando sua mãe te pegou vendo pornô — provocou Lilian, arrancando risadas. Philipe, sem perder a compostura, deu de ombros. Ele não tinha vergonha na cara.
— Cliquei no lugar errado, ué!
Os amigos riram e seguiram pelo corredor. Logo à frente, as três garotas encontraram seus namorados, e, juntos, todos foram para o refeitório.
— Sabe o que é estranho? — Milla disse, analisando o bilhete. — Não tem endereço.
— Vocês também receberam isso? — Nicholas perguntou, confuso, olhando para Lily. — Você não vai nessa loucura, né?
— Claro que não, amor, eu não vou. Mas nós vamos — respondeu ela com um sorriso travesso, enquanto Nicholas arregalava os olhos, espantado.
Nicholas não era fã de filmes de terror, mas sua namorada adorava e, claro, sempre escolhia os mais macabros.
— Aceita, cara, é Halloween. Todo mundo aproveita a noite para doces ou travessuras — Ryan comentou, tentando ser casual. Mas tudo que ganhou foi um olhar cheio de desconfiança.
— Do que você tá falando? Você é o maior cagão em filme de terror! — Nicholas rebateu, franzindo a testa indignado.
— E é por isso que vamos ficar em casa, né, princesa? — Ryan lançou um olhar para Milla, que apenas riu.
Mal sabia ele que a fantasia de casal já estava garantida, e nem era o convite do Maestro que faria a noite ser agitada; eles já tinham seus próprios planos para doces e travessuras, apesar de serem "um pouco" crescidinhos para isso. Todos eles estavam no último ano do ensino médio, então já tinham 18,19 anos.
— Você está muito quieta — Lilian se virou para Suzie, que apenas deu de ombros.
— Algo nesse Halloween me parece estranho, e tenho certeza de que nossos pais também estão envolvidos — respondeu, analisando o convite com um olhar desconfiado. — Talvez esse tal Maestro seja a nossa resposta.
Ela já tinha visto aquele convite em algum lugar..., mas como isso seria possível, se aquela era a primeira vez que recebia um convite do Maestro? Bom, pouco importava. Com um sorriso evasivo, ela trocou olhares cúmplices com os outros.
— Tá mais para o nosso ticket para o inferno, de tobogã — Philipe retrucou.
— Ah, o diabo nem aceitaria você lá. Ele não gosta de concorrência — Suzie debochou, com o tom ácido que era sua marca registrada.
— Só nos resta descobrir onde e quando — Liam deu um sorriso, entusiasmado.
— Esse será o melhor Halloween das nossas vidas! — Miguel disse, cheio de animação.
— Vai ser mesmo... Vamos todos morrer — Milla riu, cruzando os braços.
— Pelo menos vamos nos livrar da cafajestice do Philipe — Lilian disse, olhando para o amigo, que respondeu mostrando o dedo do meio em um gesto nada educado.
— É o meu charme — ele se gabou, como se isso fosse justificativa.
As três garotas reviraram os olhos e o ignoraram. Aquela noite prometia ser inesquecível. Nenhum deles, claro, fazia ideia do perigo que os aguardava.
Peraí, eu não tinha mudado o roteiro? Isso aqui não estava deletado? Ah, quer saber, só continua.
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