9. O Labirinto Esquisito de Hellraiser
Gatilhos: suspense e tensão; elementos de BDSM mencionados de forma satírica; abandono e perigo iminente; humor negro.
Bem-vinda à selva. Nós temos diversão e jogos. Nós temos tudo o que você quiser. Querida, nós sabemos os nomes — Welcome To The Jungle (Guns N'Roses).
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Seus pés os levaram até uma cidadezinha esquisita, completamente fora de série. Bruno estava morrendo de fome quando decidiu entrar em um bar. Aliás, eles nem deveriam estar ali, mas o lunático achou que seria uma boa ideia parar para comer. Afinal, já não estavam mais no reino do Freddy, e aquele lugar não parecia tão denso e perigoso. Então, por que não fingir que eram pessoas normais, vivendo em um mundo normal? Exceto, é claro, pelo fato de que 1987 era horrível.
Bruno se sentou numa mesa com um cara estranho vendendo coisas ainda mais estranhas. Entre elas, uma pequena caixa repousava em destaque. Ah, o único objeto interessante daquela porcaria de filme! Sinceramente, se eu fosse o roteirista, a história seria muito melhor, e o Pinhead teria muito mais tempo de tela. Mas, enfim, divago...
Onde eu estava? Ah, sim! Na cena em que o Bruno aceita a maldita caixa, entregue de graça. Aqui vai um conselho: se te derem algo de graça em um filme de terror, corra.
Depois de não acharem nada decente para comer — porque, obviamente, 1987 não tinha graça nem para isso —, eles seguiram para o ponto principal: uma casa velha e abandonada. Supostamente, ela deveria ser amaldiçoada, mas, honestamente, ninguém sabia o que diabos havia lá dentro. E, francamente, nem eu sabia. Que filme nojento.
Quando chegaram, ficaram incrédulos. Uma tarja de "censurado" cobria o homem pelado que perambulava pela sala, desesperado pela caixa que agora estava nas mãos do Bruno.
— Qual é a graça dos filmes de terror sem mortes, violência e nudez? — resmungou Tommy, incrédulo.
— Isso nem é terror! É uma piada de mau gosto. Vocês viram o final? Um dragão esquelético carregando a caixa?! Não faz o menor sentido! — rebateu Suzie, revirando os olhos. — E, sério, qual é o problema de mostrar vísceras? Os filmes de hoje em dia fazem pior. Jogos Mortais que o diga!
— 1987 era horrível — Milla murmurou, concordando.
— Esse filme é que é horrível — Lily completou, chutando a grama antes de entrar na casa.
A casa tinha cheiro de mofo, rato e sangue. E, olha, as imagens religiosas espalhadas pelas paredes não ajudavam em nada. Lá dentro, no meio de um círculo, estava o homem dos alfinetes na cara, também conhecido como Pinhead. Sério, o que o título do filme tem a ver com essa bagunça de roteiro? Se era pra mostrar o mundo do Pinhead, então mostrem direito, né?
Por que mesmo eu decidi usar esse filme como referência? Era melhor ter trazido o Coringa.
— Ele teria decorado a sala com tripas coloridas! — comentou Suzie, pensativa.
Pera... Vocês estão ouvindo meus pensamentos?
— Você é a narradora, está falando em voz alta, genius — Milla bufou.
— Tá, vamos acabar logo com essa porcaria — Liam disse, entrando na casa com pressa.
Todos se reuniram na sala principal e, claro, abriram a caixa. Porque, em filmes de terror, abrir coisas amaldiçoadas é sempre a melhor ideia. No mesmo instante, Pinhead se levantou e, do nada, surgiram seus amigos cenobitas esquisitos. Antes que pudessem processar a bizarrice, estavam todos presos em um labirinto.
— Parece o Labirinto do Fauno — Ryan cochichou para Milla.
— Tenho certeza de que é uma mistura de Harry Potter e o Cálice de Fogo com Round 6 — ela respondeu, no mesmo tom.
Pinhead começou sua performance:
— Muito bem, meus caros. Agora que estão no inferno...
— Epa, peraí! Meu lugar é no céu, como a bela anja que eu sou — retrucou Charlotte.
— Cala a boca, mulher! — gritou um dos cenobitas, e, num piscar de olhos, uma fita adesiva apareceu na boca dela.
Até que é fácil calar alguém aqui, hein?
— Continuando, antes de ser rudemente interrompido — Pinhead prosseguiu, irritado —, vocês precisam encontrar a caixa e sair daqui. Têm uma hora. Se falharem, ficarão aqui para sempre.
Eles se entreolharam, deram de ombros e saíram andando, ignorando completamente o discurso dramático. Eles poderiam ter sido mais pacientes? Claro. Mas estavam tão entediados quanto eu assistindo a esse filme. Fala sério, nem dá pra levar isso a sério. Perdi uma hora da minha vida assistindo a essa porcaria!
Voltando ao roteiro... Os protagonistas caminhavam tranquilamente pelos corredores do labirinto, admirando os quadros terrivelmente feios. Se mal gosto tivesse nome, seria aquilo.
Eles entraram em uma sala cheia de tralhas velhas. Sinceramente, poderia muito bem ser o cenário de Freddy's At Night. Ou, sei lá, como quer que se chame aquele jogo sinistro e assustador.
Entre pilhas de coisas inúteis, havia alguns itens até bonitinhos. Mas não era isso que eles procuravam. Por isso, saíram do mesmo jeito que entraram e seguiram em frente. A sensação era de que estavam andando em círculos. Tá, eu admito, talvez eu tenha feito eles rodarem feito idiotas.
Finalmente, encontraram a maldita caixa. Um alívio, certo? Errado. Porque um dos amigos estava sumido: Bruno. Eles refizeram o caminho, resmungando o tempo inteiro, até encontrá-lo. E lá estava o desgraçado, no meio do labirinto, curtindo o momento mais bdsm da vida. Ah, que se dane!
Sem paciência para aquele show, Lily abriu a caixa e puxou todo mundo para fora dali, deixando Bruno para trás, vestido de um anjo caído e completamente entregue aos prazeres bizarros do labirinto de Hellraiser. Boa sorte, amigo.
— Nunca mais volto a esse acampamento maldito — reclamou Milla, sacudindo a fantasia e tirando a poeira. — Eu só quero ir embora. Quantos lugares ainda faltam?
— Sei lá, quem se importa? — Lily respondeu, mas, de repente, seus olhos brilharam. — Loja de brinquedos! Sempre quis ficar trancada em uma.
Antes que alguém pudesse reagir, Lily saiu correndo em direção à loja, arrastando o namorado pelo braço. O coitado nem teve tempo de pensar em fugir.
O que ninguém sabia é que, entre as prateleiras coloridas e aparentemente inofensivas da loja, dois personagens sinistros estavam à espreita, esperando o momento perfeito para atacar.
E lá vamos nós de novo.
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