4. Leatherface: o açougueiro do Texas
Gatilhos: violência cômica, perseguição, caos e gritaria.
Assassino psicótico, o que é isso? Mui, muito melhor. Corra, corra para longe – Psycho Killer (Talking Heads).
O ano era 1974, e eles estavam enfiados até o pescoço em uma cidade qualquer do Texas — um lugar tão genérico que poderia facilmente ser confundido com qualquer filme de terror barato. O tipo de cidade onde o "bem-vindo" estava escrito de forma torta na placa de entrada, como se alguém tivesse feito com a mão não dominante e um marcador permanente. A paisagem? Um cenário tão desolado que nem as cabras tinham vontade de parar para fazer um check-in.
A tensão no ar era palpável, como se até o vento estivesse indeciso se queria sair ou se esconder em algum buraco para não ser visto. E então, o som começou. O eco de uma serra elétrica cortando o ar, com aquele tom inconfundível de "isso vai dar merda". Era como se o Texas tivesse decidido colocar uma trilha sonora sinistra para a sua versão de "O Massacre da Serra Elétrica", mas com a adição de um toque de "isso aqui é só mais um domingo monótono" no fundo.
A cidade parecia tão calma e sem graça que, se não fosse pelo som da serra e uma certa sensação de que a qualquer momento poderiam ser alvos de um ataque de criaturas de filme B, poderia até se pensar que estavam em um daqueles episódios que ninguém lembra. O som da serra se intensificava, ecoando de uma maneira tão dramática que até o mato barulhento parecia fazer uma pausa, esperando o grande show começar.
— Eu odeio esse filme — Rebeca resmungou, se escorando em Liam.
— E vai odiar ainda mais se não desencostar do meu namorado, piranha — Suzie retrucou, com um olhar fulminante. — Não me faça colaborar com o Leatherface e acabar com você.
As duas tinham uma rixa antiga. Rebeca constantemente dava em cima de Liam, e, consequentemente, ganhava a ira de Suzie, que o namorava há quatro anos.
— Tá legal, ninguém vai acabar com ninguém — Liam disse, se afastando de Rebeca e puxando Suzie para longe dali.
Voltando ao clima de tensão e morte, antes deles me interromperem com o drama romântico. Ao contrário do que aconteceu com os outros dois ícones, isso aqui não era uma comédia romântica. Estamos falando de um filme de terror de verdade, e eles precisavam aprender a lidar com as regras dos slashers.
O vento uivava com a mesma força de um adolescente em crise existencial, e a cada "vrrrrr" da serra, uma leve dúvida surgia no ar: seria isso uma homenagem ao clássico do terror ou alguém estava apenas tentando cortar a grama do quintal, mas de forma muito, muito errada?
Mas não, o nosso queridíssimo e ilustríssimo Leatherface estava, na verdade, se escondendo em uma casa rural decadente, tão suja e esfumaçada que até os ratos se recusavam a morar ali. Uma verdadeira obra-prima do terror, se você ignorasse os detalhes como os buracos nas paredes, a aparência de abandono total e o cheiro de algo entre carne podre e uma churrasqueira de beira de estrada.
E, claro, como em todo bom filme de terror, a família de Leatherface não era apenas maldita — eles eram praticamente a personificação do caos rural, mais perdidos do que qualquer pessoa que tenha caído de paraquedas ali. Seu compromisso com a matança era inegável. Eles viviam naquele estado permanente de "nada a perder", incentivando o bom e velho massacre com a mesma energia com que você incentiva o time do coração, só que, no caso deles, a torcida envolvia muito mais sangue e muito menos esportividade.
Mas peraí... será que eu estou confundindo esse cenário com Pânico na Floresta? Aquele filme onde a diversão na floresta se transforma numa perseguição de dar pesadelos? Hmm... Talvez, mas vamos dar uma conferida, quem sabe eu não esteja fazendo uma mistura de terror como um bom caldo de feijão: um pouco de tudo, um toque de grotesco e uma pitada de nostalgia dos anos 70.
Uma hora e meia de filme depois... o nosso querido Leatherface, armado com sua infame serra elétrica (que parecia ter sido comprada na liquidação de Halloween da loja de ferragens local), estava à espreita de suas novas vítimas. O som do motor da serra zumbindo no ar, como se ele estivesse tentando lançar uma carreira paralela como DJ de uma balada subterrânea, deixava o ambiente ainda mais tenso.
Mas o que ele não esperava, e sinceramente, quem poderia prever isso, era que... em vez de correrem de pavor, suas vítimas começaram a gritar algo como:
— Vamos ajudá-lo na revolução! — gritou Lily, levantando sua serra elétrica como se fosse uma bandeira de luta, só que, em vez de ser a luta pela liberdade, era pela pura falta de juízo.
— Diga não aos filmes de baixo orçamento! — Charlotte gritou, parecendo a heroína de um filme B de terror, com um olhar digno de prêmio Oscar... ou talvez apenas um prêmio de "mais ridículo da noite".
Pera aí, gente, não era isso, não! Acho que a única revolução aqui era a dos roteiros mal escritos e absurdos. E lá se foi a Zumbi, gritando como se estivesse em uma manifestação contra filmes ruins, levando sua turma de desajustados juntos. Bem, Suzie e Liam foram os únicos a desaparecer no meio do mato marrom, não me perguntem, eu nem sei o nome dessa merda, eu só estou aqui narrando... Não me julguem, ok?
De repente, o cenário virou um verdadeiro caos. Era como se todos tivessem decidido que, ao invés de fugir de um serial killer, o melhor a fazer era criar um carnaval de serra elétrica e gritaria. A briga entre as lâminas zumbindo no ar, os gritos das vítimas — que, honestamente, poderiam ser interpretados como uma coreografia improvisada — e a galera se divertindo com o que mais parecia um ritual voodoo de danças estranhas e batidas descoordenadas. Ah, e claro, alguém, em algum lugar, estava gritando "Festa de Halloween da família maluca!" como se fosse uma despedida de solteiro apocalíptica.
Tudo o que eu sei é que ninguém estava realmente preocupado com a serra elétrica do Leatherface. A real diversão estava nas risadas histéricas e nos movimentos desajeitados de gente que nunca deveria ter sido escalada para esse filme. Ou pra esse roteiro, quem trouxe esses figurantes?
— Fora remake ruim! — Milla gritou histérica.
— O massacre da serra elétrica é ruim! — Josh gritou, fazendo todos pararem e olharem para ele.
Enquanto ele continuava gritando e girando a serra, Leatherface olhou para os outros, olhou para Josh e, quando o garoto finalmente notou o silêncio, Leatherface grunhiu, e todos começaram a correr atrás do jovem vestido de esqueleto.
Aquilo, de repente, parecia mais uma revolução que se transformara em uma perseguição ridícula.
Todos seguiram atrás de Josh, mas o motivo desse motim, que até então estava com a serra ligada, largou tudo, colocou as mãos na cabeça e saiu correndo. O cheiro de queimado estava no ar — e, antes que alguém pense o contrário, não estamos falando de Hannibal Lecter aqui, ele só mata as pessoas, não as come. Parem com essa nojenta imaginação!
Os estudantes da Cheshire High, depois de algum tempo, pararam de perseguir Josh e começaram a se reagrupar.
— Deu sorte, vacilão — Miguel deu uma tapa na cabeça dele.
— Vocês me perseguiram com uma serra elétrica! — Josh reclamou, esfregando a cabeça onde havia levado o tapa. — Aliás, de onde tiraram tanta serra?
— Do galpão ali atrás, ué — Lily apontou, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. Bem, até que era.
O casal retornou aos amigos, sorrindo.
— O que eu perdi? — Suzie perguntou, observando os amigos com as fantasias meio rasgadas.
— Perseguimos o Josh com a serra elétrica — Milla deu de ombros, como se fosse uma rotina. — Aliás, onde foi o Leatherface?
— Naquela direção — Ruty disse, nem esperando que a turma seguisse em frente, mas já se dirigindo para lá.
Eles se entreolharam e assentiram. Afinal, não tinham muito a perder. O jeito era seguir o fluxo.
Caminharam por alguns minutos e, depois de muito mato, finalmente puderam ver a casa do bendito vilão... ou, pera, podemos considerar o Leatherface um vilão? Ou ele é só o protagonista da bagunça toda? Ah, não, a protagonista é aquela loira sem sal chamada Sally, que grita mais que um bode. Já viram um bode gritar?
Eles nem chegaram a entrar na casa, apenas rodearam até a parte de trás, onde havia um pátio de carros abandonados que poderia ser confundido com um ferro-velho. E lá estava o temível Leatherface, abanando a carne do churrasco.
Então, todo aquele tempo ele não queria matar ninguém? Não, pera, talvez só o Josh, porque aquele imbecil ainda tinha insinuado coisas sobre o açougueiro do mal.
— Já reparou que a final girl grita demais? — Suzie perguntou, se sentando à mesa e interagindo com o vovô múmia, o irmão violador de túmulos e o pai politicamente correto, mas que não denuncia os filhos por quebrarem o código penal.
— Acho que ela foi paga para isso, de dez palavras, onze foram gritos — Lily comentou, rindo. Ela olhou para Leatherface, que já pendurava Josh em um gancho. — Os curiosos são os primeiros.
— Deveríamos criar as regras dos filmes de terror — Rebeca se intrometeu na conversa.
— Não me faça ir aí dar na sua cara — Milla resmungou.
De repente, a perseguição se transformou literalmente em um churrasco de domingo com um serial killer. Tudo dentro da normalidade.
— Onde será que o Maestro vai nos levar agora? — Miguel perguntou, curioso.
— O que mais me interessa é o que esse bando de doidos tem a ver com a maldição de Cheshire — Philipe retrucou, de mau humor, já que sua carne tinha queimado.
— Acho que cada um dos jovens daquela noite estava fantasiado em uma dessas lendas, talvez seja por isso que ele esteja nos trazendo até os filmes — Suzie deu de ombros e mirou as costas do cara alto e grotesco. — Pensem bem, eles são atrapalhados, e isso aqui não passa de uma paródia. É tipo, todo mundo em pânico.
— Faz sentido. O assassino mata, mas tem uma pitada de comédia em cada filme — Lily concordou, e a amiga assentiu.
É, se formos pensar por esse lado, faz sentido. E enquanto o Josh não morre, vamos deixar eles aproveitarem o churrasco.
Ah, o Texas. Onde qualquer barulho estranho poderia ser um serial killer, um churrasco mal feito ou até mesmo o som de um aposentado tentando reverter décadas de negligência com seu cortador de grama velho e barulhento. Afinal, nada dizia mais "bem-vindo ao Texas" do que uma serra elétrica, não é mesmo?
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