10. Tifanny, o brinquedo furioso
Gatilhos: violência e humor negro; terror psicológico; referência a filmes de terror e massacre; álcool e comportamento caótico.
Entre tapas e beijos, é ódio, é desejo, é sonho, é ternura. —Entre tapas e beijos (Calypso).
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O ano agora era 1988 e, apesar de ser apenas um ano depois, este filme com certeza tinha mais graça do que o anterior. Enfim. Todos os personagens, exceto Bruno, estavam maravilhados com a grandiosidade daquela loja. Sinceramente, Toy Story deveria ter se passado em uma loja de brinquedos, não em uma casa. Mas enfim, ironias da vida.
Seguindo o nosso maravilhoso dia — que provavelmente nem era mais Halloween, e sim Natal, considerando a quantidade absurda de brinquedos —, fica claro que a alma generosa da autora decidiu jogá-los ali como um presente inesperado.
Não sei vocês, mas meu sonho de infância era ficar presa dentro da Americanas. Só para brincar com tudo e comer todos os doces. Que minha mãe nunca saiba disso. Enfim.
Os personagens se espalharam pela loja, animados. Havia brinquedos bem legais, como o boneco Fofão (cruz credo), Monopoly (o jogo da discórdia), pega-varetas e até...
— Corrida de patinete! — Lily gritou antes de sair correndo com Nicholas para pegar um e sair deslizando pela loja, rindo como duas crianças felizes.
— Crianças... — Suzie riu, lançando um olhar para os patins. De repente, ela e Milla se encararam e, antes que percebessem, já estavam colocando os malditos patins e apostando uma corrida.
No meio de tanta confusão, até esqueci onde foram parar nossos vilões. Ah, sim. O boneco pulou em cima de uma garota, que gritou e o jogou longe.
— Seu merdinha! Tá flertando com outra na minha frente? — a boneca reclamou, dando um chute nas partes não tão íntimas dele. Mas, pensando bem... bonecos sentem dor? Enfim.
De repente, todos estavam gritando "briga!" e, o que deveria ser uma perseguição de bonecos contra humanos, virou uma torcida organizada para Tifanny, agora vestida de lutadora, tentando espancar Chucky. Convenhamos, isso não é simplesmente incrível?
A algazarra só parou quando, do nada, a luta virou uma cena de dorama. Os dois fizeram as pazes, e foi um daqueles momentos que mudam de clima tão rápido quanto o vinho de Dionísio virando água.
Os personagens reviraram os olhos e deixaram os bonecos para trás, voltando a brincar. Resolveram jogar pega-varetas. Tudo parecia em paz... até Chucky e Tifanny surgirem novamente na espreita.
— Devemos matá-los? — Chucky perguntou.
— Eu sei bem quem eu vou matar, seu pilantra — Tifanny rosnou, começando a listar todas as atrocidades que Chucky já tinha aprontado até ali, enquanto se distanciava, irritada demais.
Os outros apenas se entreolharam e deram de ombros. Sim, decidiram ajudar o boneco assassino.
— Isso é tão ridículo — Suzie bufou. — Cara, você precisa fazer uma surpresa para ela.
— Que tal um jantar romântico? — Milla sugeriu. — A gente tem umas coisas bem legais. Vamos, nós ajudamos.
E lá estavam eles, montando uma mesinha de criança, com pratinhos, garfinhos e tudo o que um chazinho de boneca precisa. Olhem só a ironia: eles deveriam estar correndo pela vida, mas estavam planejando um encontro amoroso para um serial killer de brinquedo.
— Vamos procurar a Tiff e trazê-la, certo? — Lily disse animada.
— Prometem que vai dar certo? — Chucky perguntou, visivelmente empolgado e... usando um smoking horroroso.
— Claro! O que poderia dar errado com a gente no comando? — Nicholas respondeu sorridente.
Absolutamente tudo.
Primeiro, ninguém sabe de onde diabos surgiu tanta bebida, mas, quando Tifanny chegou com a outra Tifanny, Chucky já estava bêbado. Jigsaw, o boneco Fofão e o Red Devil estavam no mesmo estado. Não perguntem.
— Essa é a hora que a gente dá o fora — Lily decretou.
E assim fizeram. Abandonaram Chucky apanhando da mulher e saíram correndo para fora da loja. Um show de stand-up não chegaria aos pés daqueles lunáticos.
Estranhamente, encontraram uma casa. O problema? Ainda não tinham mudado de cenário.
— Quem será que vamos encontrar agora? — Liam perguntou curioso.
— Boa pergunta... — Tommy olhou para os amigos e fez uma rápida contagem. Os onze que saíram do labirinto de Pinhead ainda estavam ali. — Não falta ninguém.
— Acho que ainda encontraremos o Chucky... — Philipe fez uma careta, empurrando a porta da casa. — Isso tá parecendo aquele filme... Eu vejo gente morta.
— Claro que vê. Tem corpos espalhados pelo chão — Suzy o empurrou impaciente e entrou.
A casa parecia uma mistura de residência comum e acampamento abandonado, onde um massacre claramente havia ocorrido. Parecia um conto antigo se tornando realidade.
— Olhem, são os jovens desaparecidos de Cheshire — Milla disse, observando cartazes espalhados pelas paredes. — Me sinto em Derry, no mistério de Pennywise.
— Sinceramente? Pior do que um boneco assassino, só um palhaço assassino — Miguel resmungou.
— Não vejo diferença. Ambos são ruins — Charlotte revirou os olhos.
— Vamos brincar? — uma voz sinistra ecoou, e todos se espalharam. Agora era um jogo de esconde-esconde, e Chucky não estava para brincadeiras.
— Você acha que ele seria capaz de nos matar? — Suzy perguntou, escondida dentro de um guarda-roupa com Lily e Milla.
— Já viu o tamanho dele? Um chute bem dado resolve — Lily respondeu, revirando os olhos.
— E por que estamos escondidas mesmo? Isso nem faz sentido — Milla riu sarcástica e saiu do armário.
As três deixaram o esconderijo e caminharam silenciosamente até a sala, onde encontraram Charlotte amarrada a uma cadeira e os outros jogados no chão.
— Devemos deixá-los para a morte? Pensem bem: sem mais personagens de terror, finalmente voltamos para casa — Lily sugeriu, sorrindo.
— Não funciona assim. O maestro foi claro: um figurante por cenário — Suzy revirou os olhos. Que regra tosca.
— Tenho uma ideia — Milla disse, sorrindo de forma macabra.
As outras duas suspiraram. O plano dela era péssimo. Mas funcionou.
Atrair Tifanny até ali talvez não tenha sido a melhor ideia. Ela parecia um dragão furioso. E, bem, não conseguiram salvar Charlotte. Mas quem liga? O importante é que estavam prontos para o próximo cenário de terror.
Ou pelo menos achavam. Porque, ao que tudo indicava, estavam entrando em uma festa infantil... dentro de um esgoto... com crianças flutuando.
Credo. Sinistro.
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