E quando chega a noite e eu não consigo dormir
Meu coração acelera e eu sozinha aqui
Eu mudo o lado da cama, eu ligo a televisão
Olhos nos olhos no espelho e o telefone na mão...

(A Noite - Tiê)

Uma semana sem Alex.

Um mês sem Alex.

Matheus acordava chorando todas as noites, meu coração se despedaçava a cada vez que me pedia pelo papai dele. Sempre prometia que logo ele viria, mas já estava sem esperanças, passando a abraçar meu filho com força, tentando consolar a ele também a mim mesma. Às vezes o menino chorava inconsolavelmente até adormecer em meus braços, e eu me sentia torturada da pior forma possível.

Não bastava sofrer sozinha, precisava ver a pessoa mais importante da minha vida sentir três vezes mais do que eu. Me recusava a perguntar a Deus por quê? Havia uma certeza dentro de mim que dizia que todas (TODAS) as coisas cooperavam para meu bem, até ser abandonada pelo homem que eu amava. Tentava encontrar algum sentido enquanto fitava a aliança esperançosamente encaixada no meu dedo.

O lado da cama do Alex vazio era aterrador para mim. Às vezes trocava a posição, dormindo no lugar dele, só para me fazer acreditar que através daquele gesto seria capaz de mantê-lo perto de mim. A insônia tornou-se minha companheira e a frequente taça de vinho tinto também. Não adiantava nada, nenhum artifício conseguia acalmar meu interior, nem mesmo as madrugadas sem fim com a TV ligada para trazer qualquer distração que fosse.

Silêncio de rádio dentro de casa, e uma enorme confusão dentro de mim.

Depois que se foi ele nunca mais ligou, nem mesmo para perguntar como eu estava. Sempre deixava recados com Joana, sua irmã, a respeito do dia e horário em que viria buscar Matheus, pedindo para que eu não estivesse em casa, ou escolhendo um momento que estivesse no trabalho só para não me ver. 

Algumas vezes ficava horas encarando o celular. Muitas vezes descobrindo-o online no Whatsapp, mas sem coragem para mandar sequer uma mensagem para saber se ele estava se cuidando ou tomando os remédios, se aquela dor insistente nas costas tinha melhorado ou sumido, ou então se ele ainda me amava.