O orgulho é como o Sol, se você ficar olhando muito tempo para ele, acabará ficando cego.
- Desconhecido

|MAYA|

— Pode falar Gustav. - percebo que minha voz saiu mais seca do que eu esperava, mas já é tarde demais.

— Maya, - o garoto de cabelos escuros e pele clara parou de falar durante alguns segundos e logo voltou — podemos conversar a sós?

— Tá. - me levantei e comecei a seguir o mesmo. — Pra onde vamos?

— Pra um lugar mais reservado.

Andamos até o outro lado do colégio em um completo silêncio, enquanto ideias se formavam em minha cabeça para tentar quebrar o silêncio.

Eu via pessoas rindo, conversando, pegando seus materiais nos armários, eu só pensava em como eu sentia falta de ser invisível e não ter que passar por coisas como essa, ou como passei a quase uma hora naquele vestiário.

Acabávamos de entrar em uma parte do colégio onde não havia ninguém. Gustav ia em direção a uma escada, que havia sido interditada no ano anterior.

Gustav se esquivou passando pelas faixas que estavam presas no corrimão bloqueando a passagem, o que me fez recuar e ficar ali parada sem fazer absolutamente nada.

— O que está esperando? Vem logo. - Gustav com as mãos nos bolsos de sua calça, me olha pelo seu óculos escuros.

— Eu não vou fazer coisas como me arriscar a ir pra diretoria, só pra conversar com você! - digo cruzando os braços. — Eu não sou como vocês! - O mesmo me olha e logo tira o óculos.

— Ninguém liga se subirmos essa escada... - ele diz rindo limpando as lentes de seu óculos na camisa. — vem logo.

— Se formos para a diretoria eu digo que você me obrigou a subir!

Passo pelas faixas indo em direção ao mesmo.

— Ah, e se não quisesse ser igual a "nós" - diz fazendo aspas com as mãos — Não estaria conversando com a gente, vestindo essas roupas, essa maquiagem - faz uma pausa colocando novamente seus óculos - e ainda seria aquela nerdizinha que a gente zoava. - o mesmo termina de falar com uma voz arrogante.

Miller coloca as mãos dentro de seus bolsos e volta a subir as escadas, me deixando paralisada, com o que acabara de dizer.

Porque falava desse jeito comigo?

O que eu fiz?

— Vem logo! - ele diz no final do primeiro lance de escadas e começo a subi-las em direção ao garoto.

Terminamos de subir os lances de escadas e logo estávamos no terraço, ele era cheio de bancos e mesas, alguns sofás, flores e máquinas com comida e bebida.

— Como eu não sabia desse lugar?

— Talvez seja porque a senhorita não é muito de confiança. - Miller começa a rir — Ninguém sabe daqui, apenas uns amigos que se form,aram ano passado e eu.

— E você me deu a "grande" honra de saber que esse lugar existe?! - Começamos a rir.

Me sentei em um dos sofás enquanto Gustav pegava um refrigerante. A vista de lá era incrível, dava para ver todo o campus do colégio. As pessoas andando, conversando. Cheerleaders ensaiando suas coreografias enquanto várias pessoas as observavam.

— Por que a gente parou de se falar mesmo? — Gustav pergunta me entregando o refrigerante e sentando ao meu lado.

— Sei lá, depois daquela festa você não respondeu minhas mensagens e nem olhava na minha cara direito. — Bebi um gole do meu refrigerante — Só fiz o mesmo que você!

— Certo! Aquela festa! — O mesmo impulsionou sua cabeça para trás — Você ficou muito alterada naquela noite.

— Todos nós bebemos aquela noite Miller e também eu nem bebia direito antes daquele dia!

— Você se lembra da nossa conversa?

— Sem ser o que Chloe ou J.P disseram a mim,  eu só me lembro até a hora que Chloe me puxou para dançar e beber com ela, logo depois da briga do J.P.

— Eu não quero te magoar sabe... — Gustav impulsiona sua cabeça para frente tirando seus óculos e olhando para mim. — Eu não quero um relacionamento, — fico confusa, e o mesmo percebe ao me olhar — sabe, namoro! Eu até ia te propor uma amizade  com benefícios, porque sinceramente, você é do estilo de garotas que eu gosto de ficar, — o mesmo olha para as lentes de seu óculos e volta a falar— mas  você chegou em mim do nada, no meio da festa, e disse que não aguentava mais, que você queria ser mais do que uma amiga e que você era apaixonada por mim.

Miller limpou as lentes do seu óculos com a camiseta, ao terminar colocou de volta em seus olhos e bebeu mais um gole de seu refrigerante.

— Continua Gustav! — Nessa altura minha curiosidade estava enorme.

— Quando você terminou de falar toda aquela baboseira de "estou apaixonada por você", sua amiga Chloe veio chamar a gente para jogar algum jogo com o pessoal. — me levantei indo em direção a lixeira para jogar a latinha já sem nada dentro.

— Chloe me disse que no meio do verdade ou desafio você saiu bravo, e ela disse que quando saiu estava na minha vez. — começo a rir me sentando novamente no sofá. — Por que estava tão bravo Miller? Não me diga que era por meu desafio.

— A minha raiva tinha nome é sobrenome, mas Maya não era o nome da minha raiva naquele momento.

Antes que eu pudesse responder o sinal da próxima aula toca, me fazendo correr em direção às escadas.

— Onde você vai? E a nossa conversa May?

— Não irei perder nenhuma aula para ficar aqui conversando com Gustav Miller! — Rio ao terminar minha frase e logo começo a descer as escadas.

— Uma nerd sempre será uma nerd! — foi a última coisa que ouvi Gustav falar.

■♡■

Então você se declarou pra ele na festa?  Bêbada? Kkkkkkk

— Pris.

Os bilhetinhos entre Priscilla e eu naquela aula já se passavam de uma folha.

Comecei a usar uma tática que sempre funciona, fazemos sempre em outra folha perguntas de "você entendeu a questão 4 ou a 1 " e se o professor descobrir, e pedir para lermos escondemos a outra no caderno, então lemos a folha com as perguntas da matéria.

Até agora não fomos pegas nenhuma vez.

Pelo o que ele me disse, sim kkk
Eu acho ele bonito mas para né
Você me conhece bem 
Relacionamentos somente depois da formatura
— May.

Entrego o papel a Priscilla que lê e solta uma risada baixa movimentando sua cabeça para os dois lados.

A mesma começa a escrever o papel e só me entrega minutos depois.

Olha eu QUASE namoro 
mas se eu estivesse solteira e tivesse
a chance de provar aquela
BOQUINHA
DO
GUSTAV
GOSTOSÃO
MILLER
eu nem exitaria!
Ele deu algum indício na conversa
De querer beijar você ??
— Pris.

Guardo o papel e volto a minha atenção a matéria, isso que ela acabou de perguntar é algo que quero falar com Chloe e ela a sós e não por um papel que pode cair na mão de alguém.

Minutos passam, e o final da última aula finalmente toca. Logo que saio da sala com Priscilla encontro Chloe sentada em um dos bancos conversando com Luke.

Nos aproximamos dos dois que logo param de conversar e nos cumprimentam.

— Vocês duas vão dormir lá em casa hoje, né? — Pergunto tirando meu celular do bolso.

— Claro né Maya, temos que aproveitar que a casa vai estar vazia! — Chloe responde com uma voz animada que faz Luke sorrir de lado.

— A casa de quem vai estar vazia? — J.P aparece de surpresa me abraçando, o que me leva a tomar um susto.

— A da Maya, sempre que a mãe e a avó saem ou viajam, a gente faz uma festa do pijama!— Priscilla responde mexendo em seu celular sem olhar para ninguém que estava lá.

— Bem que você poderia fazer uma festa né? — J.P fala no meu ouvido — ou pelo menos convidar Luke e eu pra festa do pijama também.

— Primeiramente — me solto de J.P e me viro de frente para ele — Oi Maya você está bem? Nem falei direito com você hoje, já que eu estava com uma outra loira passeando pelo colégio todo!

— Ciúmes de mim Mayazinha?

— Não tenho ciúmes, não! Só acho que se você é meu melhor amigo, não tem que andar com outras loiras de farmácia não!

— Ai como você é fofa quando está com ciúmes — J.P aperta minhas bochechas como se eu fosse uma criança bochechuda de três anos. — Vai convidar a gente?

— Tá bom Pepezinho, estão convidados, mas por favor, sem surpresas de última hora!

— Sim capitã! - J.P leva sua mão até a testa e faz continencia, então seu olhar volta ao resto do pessoal uando sua mão abaixa — Nos encontramos lá que horas?

— Vou com a Maya agora já que a Priscilla tem reunião da torcida, vocês poderiam ir comprar algumas coisas pra gente comer e beber enquanto arrumamos a casa. - Chloe olha em direção a Luke e ele, como um cachorrinho, faz que sim em um movimento de cabeça assim que escuta a ideia de minha amiga.

— Boa ideia, nos encontramos lá em casa?  — digo e começamos a rir da cara que Chloe fez.

Nos dispedimos de Priscilla e fomos andando até o carro de J.P e o de Chloe,  que estavam lado a lado no estacionamento.  Nos separamos ali, os garotos em direção ao mercado mais proximo e nós duas para a minha casa.