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Uma vaga especial

💵 Danilo 🔫

Passaram duas semanas cheias. O rei promoveu uma arrecadação de fraldas para mim entre a nossa organização (sem o chá de fraldas), mas falando sério eu não aguentava mais. Choro, comida, limpa, choro, banho, coloca roupa. Não sei como a minha mãe me aguentava, aliás ela tem me ajudado bastante. Eu estava um bagaço e estava uma burocracia para fazer a certidão de nascimento e tinha que ir à "mãe" da minha filha, perguntando onde a Aruna nasceu (que foi numa casa de uma amiga), e onde ela ficou hospitalizada.

Me estressei bastante, mas estava tudo marcado para hoje. Após isso tenho que ir no posto (faz tempo que não vou) para dar todas as vacinas atrasadas e os teste que são necessários (do pé, do ouvido e não sei mais o que).

Me joguei no sofá e vi Aruna cutucar o urso de pelúcia gigante que o Michael deu a ela. Nem um pouco exagerado, ele deu um Garfield que tem o dobro da Aruna e que ocupa a metade do berço. Mas Aruna gostou, provavelmente porque é curiosa.

-Vamos sair hoje Aruna.- Falei me levantando do sofá apesar de querer ficar ali mesmo. -Qual roupa eu escolho, minha mãe te encheu de rosa, vou pegar azul só por isso.-

Então comecei a arrumar a bolsa para poder sair. Porque Aruna ama fazer suas necessidades em lugares novos. Aprontei o leite dela e aproveitei para alimentá-la. Deixei uma muda de roupa também (minha e dela) porque Aruna ficou meio mal e golfou em mim várias vezes e nela. Mal fui atendido por falta da certidão e da carteira de vacina.

Tudo pronto, Aruna alimentada. Dei banho e verifiquei a fralda. Peguei tudo e fui.

O cartório mais próximo era na Central do Brasil, enfim falei tudo e decidi o nome dela todo.

-Vai ser Aruna Machado de Oliveira.- Falei enquanto Aruna ficava observando o lugar, mas não conseguia muito por estar presa no canguru.

-Filiação?- Perguntou a moça que estava praticamente me secando, e eu não entendi nada. -Nome dos pais e dos avós.-

Fiquei indeciso, não sabia o nome completo dos avós maternos, mas ela tinha mãe e ela não queria assumir. Minha filha merecia ter o nome da mãe, mas...

-A mãe não quer assumir a filha no cartório.- Falei e a moça arregalou os olhos azuis.

-Como não? Geralmente são os pais que não querem assumir ou são obrigados.- Falou a atendente olhando a minha filha com pena. Aruna não precisava disso.

-É. Anota aí. Danilo Machado de Oliveira. Avó Glória Machado Vieira. Avô... José Carlos de Oliveira Nascimento.- Falei e ela conferiu a minha identidade.

Depois de várias perguntas e conferir tudo. Saí com a certidão e tinha ainda que plastificar segundo a minha mãe. Procurei uma xerox por perto e assim fiz. E depois fui fazer a identidade e o CPF, e demorou pra caramba. Aruna dormiu, chorou, cagou, comeu e eu estressado aguardei.

Aruna não podia assinar, e ia ficar com sua cara de neném até aos 18 anos porque não vou enfrentar isso tudo de novo e ainda pagar. Pode me chamar de Julius se quiser. E só entregaria em algumas horas. Aproveitei para almoçar ali perto. Comprei algumas coisas (principalmente fralda, o criatura para comer e cagar). E faltando uma hora voltei pra fila para buscar.

Quando pensei que tinha acabado, ainda tinha que ir ao posto do meu morro, deixei as coisas na porta da minha mãe que guardou enquanto ia para o posto. Lá não consegui vacinar e nem testes, só podia na parte da manhã. Mas fizeram sua carteira de vacina.

Voltei para casa e capotei, quando acordei minha mãe estava lá ninando a Aruna que berrava.

-Seria bom você contratar uma babá enquanto não colocar ela na creche.- Falou minha mãe e eu fui lavar o rosto.

-Eu não confio em ninguém mãe, não com Aruna.- Falei, não podia deixar ninguém fazer mal a ela, ainda mais na posição que estou.

-Vai ter que passar a confiar. Terá que deixar na creche, na escola e assim vai. Você não vai protegê-la a todo momento.- Falou minha mãe que fez Aruna dormir.

-Okay, vou ver o que consigo fazer.- Falei me jogando no sofá mas logo levantei pois estava cheio de fome.

-E as vacinas?- Perguntou a minha mãe enquanto eu procurava algo na geladeira.

-Só amanhã.- Falei pegando a manteiga para fazer pão na chapa.

-Você sabe que as enfermeiras vão furar sua filha. Então sem ameaças ou drama okay?- Falou ela que me conhecia o suficiente que não ia me aguentar em apenas observar. -Promete?-

-Eu não prometo, mas vou evitar a todo custo.- Falei pegando o pão. E Aruna estava apagada no berço com o Garfield.

-Mas já planejando, você pretende colocar sua filha aonde? Abriu uma creche aqui dentro do morro. E bem, a outra mais próxima fica no topo ou no pé do morro rival.- Falou minha me avaliando.

-Acho que seria mais seguro daqui mesmo.- Falei e minha mãe sorriu. -O que foi?-

-Seu cuidado com ela. Mas mudando de assunto, quer que eu faça a matrícula ou você?- Perguntou ela enquanto botava o pão na chapa.

-Pode ser eu mesmo. Será que é boa?- Perguntei, pelo que eu ouvi, foi o pessoal da igreja que fundaram ela.

Espero que não tente enfiar nenhuma religiosidade à força na minha filha.

-É sim, ajudei na organização, o espaço é ótimo, tem parquinho. Na semana que vem vai inaugurar e vou visitar para ver o resultado final.

-Tem algum conhecido nosso lá?- Perguntei não sei porque, minha mãe conhece o morro todo.

-A maioria, mas ainda não tive a oportunidade de falar com a "diretora", ela me parecia simpática com todos e bem agitada, parecia ter várias coisas para fazer. Bem bonita também.- Falou minha mãe me olhando de soslaio, percebendo que eu estava curioso.

-Menos mãe, meu foco é Aruna.- Falei e percebi que meu pão estava queimando.

-E desde quando isso impede de se apaixonar?- Falou ela pegando uma faca para tirar o queimado do meu pão.

-Ihhhh, a senhora está apaixonada? Dona Glória.- Questionei rindo e ela riu também.

-Não estou. Mas desejo sua felicidade. Toma.- Falou ela me dando o pão raspado.

E isso foi a minha janta, porque eu estava cansado demais para preparar comida e com preguiça de pedir comida.

💵🔫

No dia seguinte, assim como foi marcado, fui até o bendito posto, receber bronca da enfermeira mesmo depois de ter me explicado. Mas foram 4 vacinas. Foram feitos os testes que deram tudo certinho, tinham mais vacina agendada para semana que vem. Aruna só estava aos berros, tinha medo até de encostar nela.

Mas tudo certo, eu tinha que ficar de olho na caderneta de vacina, aproveitei para ler aquele livrinho para entender e logo chegou mensagem da minha mãe para não deixar para amanhã a matrícula da minha filha na creche.

Peguei os documentos e botei a Aruna no carrinho porque eu ia acabar esbarrando onde foi dada a vacina se ela fosse no canguru. E a creche era considerada grande e espaçosa, tinha 2 andares e um grande parquinho com várias coisas espalhadas, a maior parte dela estava da cor azul claro.

-Aruna observe a sua primeira escola.- Falei ao tocar a campainha e a minha filha estava dormindo. -Ótimo estou falando sozinho né Aruna.-

Logo veio a moça me atender, usava bermuda e blusa azul com o nome da creche. Ela tinha cabelo grande cacheado e pele morena.

-Em que posso te ajudar?- Perguntou ela abrindo o portão.

-Vim matricular a minha filha.- Falei e ela assentiu. -Onde estão os outros responsáveis?-

-Eles vieram de manhã, quando o sol está mais fraco.- Falou ela e me dei conta que era horário de almoço. -A diretora foi resolver as coisas para inauguração mas eu posso fazer a matrícula dela sem problema, qual é o nome dela?- Perguntou ela sorrindo para Aruna apagada.

-Aruna e o seu?- Perguntei e ela abriu a porta principal da creche.

-Me chamo Ester, estou temporariamente trabalhando na diretoria, mas logo irei para sala de aula.- Falou ela me guiando pela creche e minha mãe está certa, é linda. Melhor que a minha pelo que eu pouco me lembro.

-Funciona por quantas horas?- Questionei enquanto íamos numa sala que tinha uma placa bem grande escrito diretoria. Bom, eu vivia na diretoria.

-Funcionará das 6 horas até as 6 horas da noite, mas a diretora está querendo resolver algumas pendências para que seja também uma creche noturna, pois tem responsáveis que precisam.- Falou ela se sentando na cadeira e fiquei observando o lugar enquanto ela ligava o computador.

Livros para caramba, armários com identificação por turmas e professores, havia mais duas mesas com computador. E a do fundo da sala tinha uma mesa maior, tinha até uma bíblia laranja. Tentei enxergar o nome de longe, mas a Aruna tinha acabado de acordar. E fazendo biquinho e provavelmente querendo mamar.

-Pode me dar os seus documentos e dos responsáveis?- Perguntou Ester e eu peguei antes de dar a mamadeira da Aruna. -Onde está os documentos da mãe?-

-Não tem. Ela não quis.- Falei e a Ester nos olhou triste. -Prefiro que não fique com pena. Depois eu trago os documentos da avó dela. Caso eu não possa buscar ela virá.-

-Okay tem até o primeiro dia de aula para trazer os documentos dela e ela assinar como responsável.- Falou Ester encarando o computador.

Depois de alguns minutos, ela tirou cópias dos documentos ali mesmo (eu tinha esquecido de fazer isso) e assinei. Logo a Ester me levou para outra sala e me entregou o uniforme dela, pensei até que fosse particular. Me deu uma lista do que tinha que vir na bolsa dela e mais coisas para comprar. Recebi o quadro de horários, datas que funcionaria e que professores cuidarão da minha filha.

Realmente é muito bem organizado e a Ester me explicou que a diretora conseguiu conversar com o dono do morro, e eu fiquei impressionado tanto com a tal diretora e o Michel por ter concedido. O que ela fez para exigir isso? O que me serviu de aviso e de alívio, a minha filha estaria segura ali.

Chegando em casa almocei e deixei a Aruna com a minha mãe para eu comprar as coisas que estavam faltando em casa e para a creche da Aruna. Ainda bem que guardei quase uma fortuna que arrecadei na boca, mas isso não valia realmente a pena. Não é que ter dinheiro seja ruim, mas a forma que eu o consegui.

Tudo comprado e aproveitei para matar a saudade da minha moto. Parei em frente da boca, mas só foi para conversar um pouco com o pessoal. E o Pequeno me falou da tal diretora que o desafiou mesmo com a arma apontada para ela. E meu respeito por ela cresceu ainda mais.

-Para de graça Pequeno pois quando ela falou de salvação, tu tremeu na base.- Falou o Cara de cão e geral riu.

-Vocês param de graça. Ela é a protegida do patrão.- Falou Pequeno e o pessoal perdeu o humor.

-Porque é protegida?- Perguntei-me escorando na moto.

-Não sabemos. Mas o Rei disse que não é para ninguém encostar nela. E se fizer algo pode ser considerado morto, independente se for inimigo ou aliado.- Falou Maicão ajeitando a arma na cintura.

-Provavelmente é uma das vadias dele.- Falou Pequeno.

-Eu acho que não. Viu, o jeito dela de Testemunha de Jeová, deve ser outra coisa. Talvez ela seja a que ele ama.- Falou Cara de Cão e o pessoal começou a gastar.

-Olha, hoje você está inspirado. Tá apaixonado seu gado.- Falou Pequeno e geral riu.

-Começa de graça não em Pequeno.- Falou Cara de cão apontando a arma para ele.

-Vamos parar aí antes que o Rei reclame. Mas qual é o nome da mina?- Perguntei e eles abaixaram as armas, esse povo é muito estourado.

-Pô mano, ele não nos falou não. Apenas disse as regras sobre a creche e para ficar longe dela.- Falou Maicão dando de ombros.

-Mas ela é bonita? A minha mãe está endeusando ela.- Perguntei e eles refletiram, se não fosse sua personalidade e seus ideais são belíssimos.

-Se ela usasse um vestido mais curto e passasse maquiagem... ai seria difícil cumprir a regra do Rei.- Falou Cara de Cão e geral zoou de novo. -Vocês fechem o bico e quem está perguntando é o Loirinho.- Se defendeu e falou meu codinome.

-Eu só estou me atualizando das últimas. E falando nisso preciso ir pra casa. Até mais.- Falei subindo na moto e parti com eles me zoando de fofoqueiro.

🌼 Açucena 📚

Depois dos últimos preparativos para a inauguração, na verdade eu fiz pouca coisa pois a Dona Hosana não queria que eu arrumasse mais uma coisa pra fazer. As comidas serão estilos piquenique e será feito na ala recreativa da Creche. Aberto para os responsáveis e para quem ajudou nesse projeto.

Depois que voltei a creche, Ester (uma das minhas secretária e professora) me falou que mais uma criança se matriculou, Aruna. Pedi para que a tarde ela e as outras secretárias e a coordenadora, se juntassem para separar os alunos por turma, ano e ordem alfabética.

Não ia participar pois agendei entrevistas para professoras em outra sala. Tomei um banho e coloquei uma roupa normal e coloquei um avental e touca. E fiquei arrumando a sala conforme em cada horário as entrevistadas chegavam.

Botei um som meio alto de Luiz Gonzaga. E esperei a reação de cada uma. Algumas me trataram com desprezo, outras me ajudaram, outras não fizeram nada, outras cantarolaram... assim fui vendo o caráter de cada uma em relação aos que "servem" a elas.

-Bem vinda meninas. Pra quem não sabe eu sou Açucena, a diretora.- Falei tirando o avental e a touca, me senti o Luciano Huck, e algumas sorriram e outras ficaram assustadas. -Peço que saiam as que eu falar, pois aqui você não é melhor que a pessoa que varre a escola. Aliás quem ficar aqui a noite terá que limpar as suas salas depois do expediente. Então quem não quiser a porta está ali.-

Então selecionei as que me trataram com desprezo e algumas saíram. Restando apenas 15 mulheres.

-Aos remanescentes, eu agradeço por estarem disponíveis em arrumar a suas salas. Mas provavelmente irei contratar alguém para limpar assim como no turno do dia. Era apenas uma peneira, azar de quem desistiu.- Falei e elas riram, algumas de nervoso. -Alguém tem uma pergunta?- E um silêncio se fez. -Eu amo responder perguntas.-

-É necessário ter experiência?- Perguntou uma garota que provavelmente deve ter uns 17 anos.

-Não é necessário. Até porque até os que têm vão passar por treinamento de qualquer forma. Pois terão coisas específicas.- Expliquei me sentando em cima da mesa. E alguém levantou a mão e eu assenti para que falasse.

-Em relação ao pagamento?- Perguntou uma moça com a minha idade provavelmente.

-Você serão contratadas pelo governo, e por não ser uma creche quem vai pagar vocês serão a 1° CRÊ. Mas o pagamento cai todo o 5° dia útil. Trabalharão de 6 horas às 11 horas. Ou seja, 5 horas por dia. Por 5 dias na semana. Ou seja, 50 reais por semana e no fim do mês 1.200. Será reduzido se faltarem.- Expliquei mostrando os meus cálculos. -Vale transporte não precisa pois moram aqui, as que são mãe, receberão um pouco mais.-

-Quando começamos?- Perguntou já uma senhora de idade.

-Depois da inauguração eu coloco já o nome de vocês e irão assinar o contrato. E com o treinamento de duas semanas e aí vocês poderão trabalhar. - Falei eles assentiram. -Hoje só foi para conversar um pouco. Podem me dar as xerox e seus currículos com seus contatos.-

Peguei todos e guardei tudo numa pasta. E os convidei para a inauguração no sábado. Aproveitei para conferir se elas tinham alguma coisa na ficha só por precaução. E achei duas candidatas. Aproveitei e conversei com elas à noite. E ambas me disseram que queriam mudar. Uma até foi forçada pelo ex-marido que era traficante a levar drogas. Claro que não podia deixar de falar de Jesus para as duas.

Terminei de fazer meus trabalhos da faculdade e capotei.

📚🌼

Chegou o dia da Inauguração, decidimos fazer na parte da tarde às 3 horas. Pois o sol já estava mais fraco e ia ficar até o sol se pôr. Mas enquanto não dava o horário a cozinha da creche estava a todo vapor. Irmãs e irmãos tanto daqui como a do Méier trouxeram várias coisas para comer, isso sem contar as que estávamos fazendo. Dava para alimentar o morro todo. O que não era má ideia.

Depois de almoçarmos rapidinho, começamos a fazer a decoração do local. Pegamos as esteiras das crianças e espalhamos por todo lugar, além de colocar cadeiras e mesas onde ficaria a comida. Espalhamos também tendas para aqueles que não gostam de sol. Deixamos a área recreativa liberada. Claro que não seria uma bagunça pois havia pessoas para cuidar de tudo, na portaria, para não entrarem desconhecidos no interior da creche. Pedi dois garotos do som para colocarem músicas de crianças, tanto cristãs como seculares.

-Amiga... Açucena!- Falou Jéssica me parando com um tabuleiro de empadinhas. -Pode deixar que eu levo. Você está trabalhando desde as 8 horas. Vai se arrumar porque a diretora tem que estar apresentável. E sem reclamar.-

-Okay, mas não sei o que vestir.- Falei enquanto tirava o tabuleiro de mim. Na verdade eu tinha separado 5 possíveis roupas para usar desde a semana passada, mas estava indecisa e mudava de opinião toda hora.

-Vai tomando o seu banho que eu já vou te socorrer.- Falou ela e eu subi correndo.

Tomei banho, arrumei o meu cabelo depois de uns 10 minutos tirando e refazendo o penteado, e a Jéssica chegou.

-Cadê as roupas? E pode usar maquiagem, pelo menos para tirar a cara de cansada.- Falou Jéssica enquanto eu apontava para minha cama.

Onde havia, um vestido curto rosa com uma jaqueta preta.
Uma jardineira e uma blusa de malha azul.
Um macacão todo preto e bem social.
Um vestido longo e bem social laranja.
E por último uma calça listrada cinza e uma blusa social vinho.

-Jardineira combina com você, mas coloque a blusa social vinho. E ponha aquele seu sapato florido. Cadê aquele seu arco de flores?- Questionou Jéssica e organizou toda a minha roupa o que ficou realmente bom.

-Está naquela gaveta.- Falei enquanto finalizava o coque com tranças na minha cabeça. Passei base e um brilho na boca (até porque eu vou me alimentar até dizer chega), e Jess disse que eu não podia sair sem um delineado de gatinho.

Descemos juntas e abriram os portões, fiquei cumprimentando as pessoas que entravam junto com o Pastor Bruno e sua noiva/ melhor amiga.

Dando mais 20 minutos para as pessoas chegarem e fecharem o portão. E assim foi: comes e bebes, crianças pequenas correndo com seus irmãos grandes. Bebês em carrinhos. Fiquei praticamente uma hora falando com a maioria dos convidados. Então chegou a hora de falar no palco improvisado. Primeiro foi o Pastor Bruno e minha amiga sempre ao seu lado. Mas logo me chamaram.

-Boa tarde a todos, eu me chamo Açucena, bom não sou boa em falar em público grande. Mas vamos lá. Como perceberam que eu não sou daqui, sou da minha terrinha, Paraíba. Em busca de uma vida melhor com os meus pais. Mas minha mãe e o meu irmãozinho que estava para nascer morreram, e 4 anos depois o meu pai. E com muita batalha na justiça eu fui adotada por duas pessoas maravilhosas que me ensinaram o poder da educação e da esperança em Cristo. E aqui estou para fazer o mesmo, eu quero que cada uma dessas pequenas crianças tenham esperança de um futuro melhor. Acho que todos devem saber das regrinhas que foram feitas, aqui será o refúgio dessas crianças em meio a violência do lado de fora desses portões. E pretendo trazer oficinas para todos os públicos no fim de semana, toda ideia é bem vinda. E bem vindos à Creche Efraim, que quer dizer: Deus me fez prosperar na terra onde tenho sofrido.- Falei e todos aplaudiram.

Desci daquele palco o mais rápido possível e logo soltaram as músicas (dá-lhe músicas). Aproveitei para me certificar como estavam os irmãos que estavam servindo e encontrei os meus pais.

-Estamos muito orgulhosos de você, e seus pais provavelmente também estão lá no céu.- Falou o meu pai e eu segurei o choro de felicidade só de pensar na minha mainha e meu painho. E no meu irmãozinho que ia se chamar Josué...

-E Deus também deve estar feliz por ter te guiado até aqui para fazer isso tudo.- Falou minha mãe limpando as lágrimas. -Mas eu não vi você se alimentando, vou preparar um pratinho para você. Vai se sentar.-

Obedeci e procurei um lugar para ficar em uma das mesas. Minha mãe disse pratinho né? Ela veio com o monte Ararate no prato. Mas tinha tudo o que eu gostava, batata e aipim frito, empadinha de carne seca, canjica num copo e salgadinhos.

Enquanto estava comendo, parou uma senhora com um carrinho. Uma menina de olhos castanhos claro dentro que lambia a mão suja de sacolé que estava com a senhora. Fazendo a festa.

-Meus parabéns menina. Você é uma inspiração aqui dentro. E amei o nome da creche. Condiz muito com a sua história.- Falou ela sorrindo e tentando limpar a criança que provavelmente é a sua neta.

-Agradeça a Deus por ter colocado isso no meu coração e ter me capacitado não só a mim mas a outras pessoas. Eu me lembro de você... ajudou em uma das reformas... dona..- Falei tentando me lembrar mas tinha tantos nomes na cabeça.

-Glória. Sim eu estava mas não tivemos a oportunidade de conversar. Até porque você é bem agitada, Açucena né?- Perguntou Dona Glória e eu assenti rindo. -Minha neta Aruna já está matriculada, e foi uma ótima escolha.-

-Ah sim, essa é Aruna, uma das minhas secretárias me falou dela. Mas não tinha conhecido. Ela é linda.- Falei sorrindo.

-Também acho, não porque puxou a mim.- Falou ela e rimos. -Queria que o meu filho tivesse aqui, ele ia gostar de conhecer você?-

Me senti desconfortável, enquanto eu cumprimentava as pessoas me perguntaram diversas vezes se eu estava solteira e recomendaram um pretendente. O que ficou meio chato mas estou relevando.

-Bom, teremos outras oportunidades, eu acho. Mas por que me conhecer?- Questionei enquanto tentava desentupir a empada com o refri.

-Que pergunta é essa menina? Você traz esperança para o morro. Encara bandidos. Consegue restringir a área da creche. E ainda por cima é linda. Acho que toda mãe gostaria de ter você como sogra.- Falou ela e seu eu não estava engasgada antes agora eu estava. E ela me deu um tapão nas costas.

-Obrigado mas não estou disponível se é que me entende. Não que eu esteja com alguém mas não tenho cabeça para isso.- Falei e ela assentiu com todo o carinho.

-Não tem problema minha filha. Mas o amor aparece de repente mesmo quando não queremos.- Falou ela se levantando e empurrando a Aruna. -Até a próxima, Açucena.-

-Até.- Falei sem graça, parecia até que ela estava profetizando.

Terminei de comer e fui conversar com quem faltava. Vários irmãos da igreja me elogiaram. Tiramos fotos e principalmente com o grupo de funcionários, e com os colaboradores. E claro que os pais aproveitaram a emenda.

Dado às 6 horas e com o sol se pondo, começaram as despedidas. E claro que eu relembrei que segunda iniciaria as aulas. Então começamos a limpeza, claro que teve a colaboração das pessoas de jogarem as coisas no lixo. Mas sempre tem uma coisinha ou outra. Tudo limpo e colocamos as coisas para dentro. Fizemos marmitas pois sobrou muita coisa mesmo.

E ficou umas 40 marmitas na minha geladeira depois que o pessoal saiu. Quando ia trancar a creche alguém segurou o meu braço. Era Ismael.

-Está feliz?- Perguntou ele com desdém e machucando o meu braço. -Por sua causa fui colocado no banco por um ano.-

-Isso não é culpa minha. Se você não pratica os mandamentos de Deus quer dizer que você está limpo para subir no altar que é consagrado pela presença de Deus. Isso é considerado bom, pois antigamente isso levaria a sua morte. Agora me solta.- Falei tentando me soltar mas ele era mais forte do que eu.

-Não, primeiro vou te ensinar boas maneiras. Até porque você seria uma mulher respondona.- Falou ele me arrastando para fora da creche.

-Me poupe Ismael. Você está fora de si. - Falei o mordendo para que me soltasse e ele me deu um tapa na cara.

-Primeira lição, se diz sim senhor marido.- Falou ele e eu senti medo.

-Eu não sou sua esposa e nunca serei.- Falei e comecei a orar na minha mente para que Deus me socorrer daquela situação.

-Você acha que vai escapar? Hoje você será minha.- Falou ele me agarrando e tentei me soltar.

-Afasta dela agora!- Falou um dos subordinados do meu primo e Ismael riu com desdém.

-Você não vai atirar num cívil seu favelado.- Falou Ismael não soltando o meu braço e dei um chute nele mas mesmo assim ele não me soltou.

-Na verdade eu posso. Tenho ordens para não permitir que ninguém faça mal a ela. Então já vou avisando. Solte ela!- Falou o cara e eu não consegui ver seu rosto por estar escuro, a luz do poste estava queimada. E o Ismael não soltou e o cara atirou no chão, e eu gritei com o barulho. -Acha que estou brincando seu maluco?-

Então ele me soltou e eu corri até a pessoa que me ajudou.

-Eu vou denunciar essa zona toda a polícia.- Falou Ismael e o cara apontou a arma mas eu entrei na frente. E ele abaixou com raiva.

-Ismael se prepare pois você será acusado por tentativa de assédio e feminicídio. Invasão a propriedade privada. E nem pensa em chegar a 10 metros de mim pois terá uma medida protetiva. Tente e será preso. Espero que mude de vida. Vamos.- Falei e virei para o cara que me ajudou e subimos a ladeira até a creche.

-Nunca mais entra na frente enquanto eu estiver apontando ouviu.- Falou o cara e eu ignorei. -Se eu tivesse atirado, eu morreria e eu tenho que sustentar a minha avó.-

-Desculpa mas não podia deixar você atirar mesmo que ele esteja errado. Qual é o seu nome?- Questionei e ele pensou bem.

-Cara de Cão.- Falou ele e eu revirei os olhos.

-O verdadeiro. Eu não vou te entregar.- Falei e ele acreditou em mim, eu acho.

-Me chamo Felipe.- Falou ele sem jeito. Ele era negro e com o cabelo raspado, parecia que era do exército pois era bem forte.

-Obrigado Felipe. Você não tem cara de Cão, Deus te usou hoje para me ajudar. Nem sei o que aconteceria comigo e tenho até medo de pensar. Que Deus te abençoe e sua avó.- Falei e ele sorriu.

-Obrigado também. E eu vou ficar de guarda por precaução.- Falou ele e avisou no seu rádio que ficaria ali e explicaria depois.

-Deus irá nos guardar.- Falei e tranquei o portão, e ele ficou no outro lado da rua, respeitando a medida que eu havia pedido.

E mesmo com várias coisas na cabeça eu consegui dormir, as cenas se repetia várias vezes mas orei para acalmar a minha mente. E quando acordei Felipe ainda estava lá. Paguei uma boa parte das marmitas e entreguei a ele e seus colegas, e claro que aproveitei para falar de Jesus.

🌼💵📚🔫

Mais um capítulo mostrando um pouco a vida do pai solteiro, chamado Danilo, o qual está muito curioso com uma tal diretora corajosa.

E que livramento a Açucena recebeu com um ex doido. Vocês esperavam por isso? Mas apesar de tudo a inauguração foi um sucesso e tranquila (apesar de aparecer sugestões de pretendentes).

Então é isso, fiquem com Deus e até o próximo capítulo que vai ser o enfim encontro entre Danilo e Açucena e outro reencontro com o passado da dona Glória.

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