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Uma correria muito doida

📚 Açucena 🌼

Como eu estava nesses últimos meses? Uma pilha de nervos e cheia de coisas para fazer, conseguir liberação da prefeitura, a construção da creche, mobiliar ela, arrecadar dinheiro, ajudar na divulgação e conversar com o dono do morro (vulgo meu primo), contratar e avaliar o rendimento de funcionários necessários para a creche, fazer o cadastro no site da prefeitura para contabilizar os alunos, comprar materiais... resolver problemas de água, luz e resolver a retirada de lixo do estabelecimento.

Depois de voltar da prefeitura do Rio de Janeiro, me joguei no sofá, deixando as minhas bolsas cair no chão. Bateu até saudade de quando tinha apenas 8 anos... mas ao me lembrar dessa época me veio todas as coisas ruins. Tirei isso da cabeça e respirei fundo.

Não tenho tempo para remoer o passado, me estiquei para pegar o meu celular e acabei caindo no chão.

-Ahhh desgrama!- Falei sentindo dor de ter batido de cara.

-Que foi menina? Tudo bem?- Perguntou Hosana, minha mãe postiça entrando na sala.

-Tudo só beijei o chão.- Falei me levantando... estava em total desgaste.

-Desmaiou?- Perguntou ela e eu neguei. -Você precisa descansar. Antes que você venha desmaiar de sono.-

-Ainda preciso resolver os preparativos para inauguração.- Falei pegando finalmente o meu celular e tinha várias mensagens, de irmãs da igreja me perguntando sobre a creche e candidatas para o trabalho.

-Nada disso, pode deixar que a inauguração cuido eu.- Falou minha mãe tirando a minha bolsa do chão e me repreendeu com o olhar por estar com tênis dentro de casa.

-Não precisa...- Comecei e ela logo me repreendeu com o olhar e aproveitei para tirar o sapato. -Oxe, tá bom, mas qualquer coisa me diga.-

-Não precisará se incomodar, tem muita coisa para assumir. Agora vai tomar um banho, comer e dormir. Pelo menos por umas 7 horas.- Falou Hosana jogando a toalha na minha cara.

Esse é seu jeito de cuidar de mim. Se bem que ela parece aquela tia que pergunta dos namoradinhos. Na verdade ela já me apresentou para cada um que só Deus na minha causa. Se não fosse pela proteção do Claisson (meu pai postiço) eu já estaria casada.

Então obedeci ela, tomei um banho o que foi relaxante no meio do calor do Rio, claro que não se comparava a minha cidade natal, preciso tirar um dia para visitá-los, vai que o coração deles amoleceram? Preparei um fubá suado (cuscuz amarelo) com coco ralado e enchi de leite condensado. Hosana prefere salgado desde que eu mostrei esse fubá. Mas ao invés de dormir fiquei respondendo as mensagens a qual não eram poucas.

-Eu não acredito nisso que você não está dormindo Açucena!- Falou Hosana entrando no meu quarto arrumando os seus cachos. -Vamos me dá. Pode ter 26 anos mas está me desobedecendo como uma adolescente.-

Entreguei e levei um tempo para dormir pois estava listando na minha cabeça o que eu teria que fazer amanhã. Os pensamentos foram tantos... que comecei a me questionar se eu encontraria alguém da escola que eu havia estudado... esqueça isso você não está mais no 4° ano.

Ao acordar anotei todas as coisas que tinha que fazer na minha agenda, a primeira era ir até a faculdade para levar os documentos que faltavam. Minhas aulas seriam EaD até porque eu não daria conta de uma creche e de fazer mais uma faculdade presencial.

Peguei tudo o que eu precisava e ao tomar café com seu Claisson (vulgo pai adotivo) estava lendo sua bíblia.

-Filha come devagar, se não vai passar mal. A faculdade não vai sair do lugar.- Falou ele vendo eu enfiar a metade da fatia gorda de bolo na minha boca. Era o meu bolo favorito, o de fubá e depois o de cenoura.

-... descup... desculpa. É que hoje tem bastante coisa para fazer, aliás preciso falar com ocês dois e com o pastor na igreja.- Falei terminando de engolir a minha comida.

-Tudo bem... contanto que separe um tempo com Deus.- Falou ele, eu assenti e dei um beijo em sua cabeça careca.

Escovei meus dentes e conferi se tudo o que eu precisava estava na minha mochila. Documentos, lanchinho e garrafa de água. Okay.

Saí de casa, que era uma casa em cima e outra embaixo... a minha era de baixo. Peguei um trem e um ônibus, o que levou basicamente 2 horas, eu praticamente me acostumei com a correria daqui.

Chegando lá eu praticamente me senti extasiada. Era um prédio gigante com vista para o Corcovado e bem arborizado. Eu já havia feito a faculdade de pedagogia e administração na Unicarioca, uma bolsa integral e outra 80%. E agora consegui através do Fies, entrei através da cota por ter estudado em colégios públicos e me destaquei por ter ótimas notas.

Sempre procurei trabalhar... seja em casa, seja em mercado, em lojas e até mesmo dentro da minha área que é a educação. Isso desde aos 17 anos, os meus pais postiços não deixaram trabalhar antes para poder dedicar aos estudos da forma correta. Quando terminei o ensino médio, eu fui adiantada um ano pela escola, até porque o que eu mais queria era mudar de escola e de turma.

-Bom dia em que posso te ajudar?- Perguntou a recepcionista.

-Quero concluir minha matrícula.- Falei sorrindo, eu espero não estar com a catinga das pessoas das conduções. Logo num lugar chique.

Se bem que nunca liguei muito mas pelo menos a primeira impressão tem que ser importante. O zumbi que vou me tornar depois do primeiro semestre será normal.

-Me acompanhe por favor.- Falou a recepcionista com seu terninho,e me direcionou até a sala de atendimento.

E outra moça me recebeu, papéis pra lá, assinatura para cá, diversas explicações de como funcionaria minha bolsa. Coisas que já ouço há 8 anos mas é sempre bom ouvir novamente para que não haja problemas, principalmente na questão financeira.

Já tinha dado a hora do almoço quando saí da faculdade. Com tudo anotado, minha turma, quando começaria as aulas e os horários. O meu lanchinho tinha acabado durante a viagem. Aproveitei para procurar um lugar para poder almoçar e com preço aceitável (o que estava difícil).

Encontrei uma lanchonete que tinha também pratos feitos. Pedi um carré com batata frita. Aproveitei para conferir se tinha mensagens, e tinha bastante. Inclusive do Ismael que era crush e estávamos orando há 2 meses para receber a confirmação de Deus. E tem 2 anos que gostamos um do outro mas demoramos para nos declarar.

Você está onde???- Ismael lindo

-Vish, bem longe, acabei de
resolver as pendências da faculdade.

E agora estou almoçando numa

lanchonete aqui na Gávea.

Poxa, queria te ver antes de

irmos a igreja.- Ismael lindo

-Só na igreja viu. Porque

hoje o dia está abarrotado.

De novo?? Quando você descansa??- Ismael lindo

-Na ora de dormir ue.

Açucena estou falando de
descanso de atividades e
da mente. Não do corpo
físico.- Ismael lindo

-Ataaa. Então...

Viu! Hoje mesmo na igreja
vamos ter que marcar um dia
de descanso. Sem mais sem
menos.- Ismael lindo

-Sei não... mas podemos
tentar. Preciso ir porque
já terminei de comer.

Terminei de comer e decidi ir ao Centro do estado do Rio. O local mais próximo da minha casa para fazer compras, tirando Madureira.

Primeiramente comprei um carrinho e uma mala para colocar o que comprei. Completei a lista do que faltava e levei para a creche, e acabei indo de Uber porque aquelas malas não iam entrar dentro dos ônibus e nem eu ia subir as ladeiras e escadarias com isso.

Deixei com um grupo de irmãs da igreja que ia organizar e fazer a faxina geral após a obra final (que foi a instalação de murais e das estantes). Queria poder ajudar mas tinha outras coisas para fazer.

🌼📚

Já na igreja depois de louvores que tocaram meu coração mas ainda estava meio avoada por conta dos preparativos.

-A paz irmãos, mais um dia de cultuar ao Senhor, peço que abram em Lucas, capítulo 10 a partir do versículo 38. Sei que muitos conhecem essa passagem, mas Deus tocou em meu coração a semana toda por essa palavra. E também a palavra de Deus se renova a cada dia, mesmo que venhamos a ler todos os dias as mesma passagem, Deus falará conosco de forma diferente. Os irmãos acharam?- Perguntou o Pastor Bruno e gritamos um amém, o que me fez prestar a atenção. -Então vamos iniciar a leitura.-

38. Jesus e os seus discípulos continuaram a sua viagem e chegaram a um povoado. Ali uma mulher chamada Marta o recebeu na casa dela.
39. Maria, a sua irmã, sentou-se aos pés do Senhor e ficou ouvindo o que ele ensinava.
40. Marta estava ocupada com todo o trabalho da casa. Então chegou perto de Jesus e perguntou:
— O senhor não se importa que a minha irmã me deixe sozinha com todo este trabalho? Mande que ela venha me ajudar.
41. Aí o Senhor respondeu:
— Marta, Marta, você está agitada e preocupada com muitas coisas,
42. mas apenas uma é necessária! Maria escolheu a melhor de todas, e esta ninguém vai tomar dela.

-Podemos ver que Marta estava empolgadíssima com a chegada de Jesus e mais 12 discípulos, na verdade tinha o seu irmão Lázaro para servir, preocupado com o que iria oferecer e se os convidados estavam bem confortáveis depois de andar por várias cidades. Marta provavelmente estava correndo pela casa, que nem minha mãe quando chega visita sem avisar, desculpa te expor mãe. Mas vocês entenderam o meu exemplo. Então ela para depois de ficar cansada, cadê a minha irmã? Então vê Maria bem plena junto com os discípulos ouvindo a palavra. Ela deve ter pensado: a madame está sentada no bem e bom, enquanto eu estou ralando que nem uma condenada. Marta provavelmente deve ter chamado a atenção de Maria sem chamar a atenção de todos, mas sem sucesso ela resolve levar sua situação para que Jesus repreenda Maria para que venha ajudá-la. Até porque Maria está errada em deixar tudo na costa da irmã, né? errado. Maria fez o certo mas Jesus explicou com amor que era isso que Ele queria de Marta também. Então Jesus não queria que a Marta o servisse? Vamos para Mateus no capítulo 6, apenas o versículo 33.- Falou o Pastor e logo continuou. -Muitos acham que Jesus deu uma grande bronca, mas Ele falou com amor até porque é uma repreensão para todos nós. Vamos ler esse versículo que abre nossos olhos.-

33. Portanto, ponham em primeiro lugar na sua vida o Reino de Deus e aquilo que Deus quer, e ele lhes dará todas essas coisas.

-Aqui Jesus fala para buscarmos as coisas Dele em primeiro lugar, foi a mesma coisa que Jesus disse sobre Maria, ela buscou a melhor parte, ela me buscou primeiro antes de me servir. Irmão Deus quer que fazemos trabalhos de evangelismo nas ruas e nas mídias, quer que servimos os irmãos, quer que pregamos a palavra de Deus e façamos trabalhos sociais. Mas estamos o buscamos? Estamos colocando Ele em primeiro lugar? Por que fazemos tantas obras se não buscamos o Senhor da obra?- Falou e eu senti minha consciência pesar, e segurei o choro. -Irmãos em meio a correria dos dias, nós temos o buscado como deveríamos? Em meio a tantas atividades, principalmente com a obra da escola, que abraçamos com todo amor, temos o buscado? E a nossa mente, ela é um turbilhão de pensamentos que nem refletimos a palavra de Deus?-

-Deus falou isso comigo, e me repreendeu também, por conta de várias coisas como casamento, obras , ministério, meu trabalho, minha família... mas e Deus? Ele está em primeiro lugar? Pois quando o buscamos primeiro as outras coisas se tornam mais leves. Irmãos nessa oração vamos pedir perdão por não o buscarmos tanto e entregar todas as coisas a Ele, e colocá-Lo acima de todas as coisas. - Falou o pastor em seguida fez a oração

Depois da palavra senti o peso que aquela cajadada foi para mim. Eu estava ansiosa desde o início da creche, e com a oração decidi realmente mudar. E a minha família, o Ismael e meus irmãos em Cristo me alertaram para ir devagar com as tarefas. Então ouvi uma voz calma em minha mente enquanto eu me arrependia:

Pode ir, mas me priorize antes de qualquer coisa, principalmente os seus sonhos.

Quando acabou o culto fiquei aguardando com os meus pais no lado de fora do escritório do pastor. E logo chegou o Ismael depois de se despedir do seu teclado.

-Ué, por que está esperando para ir ao escritório?- Perguntou ele ao me abraçar.

-Estou perguntando a mesma coisa desde ontem. Mas essa criatura quer fazer suspense.- Falou meu pai indignado.

-É só esperar mais um pouquinho que irei falar com todos de uma vez. Se quiser pode nos acompanhar, Ismael.- Falei dando de ombros e eles reviram os olhos.

Depois de uns 15 minutos o pastor chegou e nos convidou para entrar todos.

-Irmã Açucena. Sei que em breve vamos poder abrir a creche. Mas o que trás toda sua família e o Ismael. Vai me dizer que vão se casar?- Perguntou o Pastor Bruno e eu neguei rapidamente.

-Não é isso.- Falei e ouvi meu pai soltar um suspiro de alívio atrás de mim. -Vou ser direta até porque tem mais pessoas para atender. Peço que me deixe ser a caseira da creche.-

-Mas tem certeza disso? É um local perigoso.- Perguntou minha mãe.

-Em todo lugar é perigoso mãe. Eu irei trabalhar lá, conheço o local e não quero deixar qualquer pessoa cuidando de lá. Não que eu confie nos irmãos da igreja. Mas não quero que os moradores se aproveitem e tals. E também fica mais fácil por conta de eu ir para a faculdade.- Falei e percebi que o maxilar do Ismael enrijeceu. Teríamos uma discussão.

-Mas é isso que Deus quer? E não apenas para descomplicar sua rotina.- Perguntou o Pastor relacionando a palavra de hoje.

-Passei essa última semana orando e pedindo a confirmação ou a negação. E a resposta foi a palavra de hoje. Tive uma paz imensa e o Espírito Santo me confirmou que eu preciso ir lá.- Falei sorrindo, eu não ia fazer como Jonas e ignorar o que Deus falou. Deve ter um propósito para isso.

-Confesso que tenho orado há um tempo, para colocar uma pessoa como caseira, para voluntariar invés de convocar. E como você se prontificou que seja a vontade de Deus. Qualquer coisa ou problema sinalize aos seus irmãos. Estamos juntos nessa.- Falou o Pastor sorrindo.

Logo ele fez uma oração pela minha vida e pelos os moradores daquele local. Nos despedimos e o Ismael pediu permissão aos meus pais para jantarmos juntos, e depois me deixaria em casa. Até porque ele tinha carteira.

🌼📚

Entramos num restaurante que vendia por quilo. Quando vi que tinha macaxeira frita (aipim no Rio), enchi a metade do meu prato com uma das melhores coisas do Brasil. Escolhi macarrão com almôndegas para completar.

-Que mistura é essa Açucena?- Perguntou Ismael olhando para o meu prato rindo.

-Ocê não pode falar nada. Está comendo feijoada a essa hora da noite.- Falei olhando o prato dele cheio de coisas e pegando salgadinho.

-Falou a abençoada que está comendo aipim, macarrão e farofa.- Falou ele vendo eu encher meu prato com farofa com ovo e banana. E dei a língua para ele.

Quando eu estava com ele eu parecia uma adolescente e não uma mulher de 26 anos. Meus pais aprovam a nossa relação... mas acho que era para eu me arrumar logo... antes que chegasse aos 30. Não que me importasse de fato. Queria mais é ser correspondida depois de 4 anos de amizade e 2 anos apaixonada por ele.

Nos sentamos no segundo andar da loja onde tinha uma parte aberta, uma varanda. Não tinha lua aparente esta noite. E os postes ofuscaram o brilho das estrelas. O que era uma pena.

-Açucena, desculpa ter sido frio depois da reunião com o pastor.- Falou ele depois de 10 minutos comendo em silêncio, eu estava distraída na verdade. -Mas eu não posso aceitar isso.-

-Como assim você não pode aceitar?- Questionei parando de comer minha macaxeira maravilhosa.

-Não se faça de lerda. Por favor.- Falou ele e eu fiquei com raiva mas relevei. -Você vai morar em um dos morros mais perigosos do Rio, sozinha. Se invadirem? Se roubarem as coisas? Se te matarem? Se um bandido se esconder e a polícia achar que você está acobertando? Se for vítima de bala perdida?-

-Onde está a sua confiança em Deus? Mesmo que aconteça essas coisas será para um propósito. E eu sei me proteger, tem irmãos da fé que eu posso contar se necessário.- Falei enquanto enrolava meu macarrão no garfo.

-Não apenas isso... você vai para o lugar que mais sofreu em sua vida. Onde morreu seus pais, onde sofreu bullying por ser quem você é. Aquelas pessoas não te merecem.- Falou ele deixando a comida de lado.

-Não acredito que estou ouvindo isso de ocê. Que ouve os ensinamentos de Deus desde criança. A mais tempo do que eu. Desde quando as pessoas que me feriram no passado me impedem de ajudá-las, ou seus filhos? Desde quando ocê se esqueceu que devemos perdoar e amar até mesmo os nossos inimigos?- Questionei me irritando e meu sotaque ficou mais forte, atraindo a atenção de outras pessoas para nós, então tratei de me acalmar.

-Eles não merecem o meu perdão, nem o seu.- Falou ele e eu o encarei seriamente.

-E por acaso ocê merece o que Jesus te ofereceu na cruz? Ocê merece ser perdoado? Ocê merece o meu depois dessa frase babaca? Não merecemos nada assim como as pessoas naquele morro não merecem. Independentemente do que fizeram. Mas Deus nos perdoa todos os dias e nos dá uma nova chance de mudar de vida. E assim como Ele fez como a minha.- Falei e perdi meu apetite.

-Então você é uma trouxa. Eu não vou morar com você naquele morro nojento. E nem quero minha futura mulher naquele meio.- Falou ele se levantando e fazendo seu cabelo negros cair no seu rosto fazendo ficar sombrio.

-A trouxa aqui entendeu o que foi pregado na cruz. E não serei sua esposa. Ah, entendi o termo trouxa. Deve ser que estou apaixonada por um idiota há quase 3 anos e só percebi o seu carácter tóxico agora.- Falei me levantando e pegando as minhas coisas.

-Não acredito que vai me deixar por causa daquele povinho favelado.- Falou ele agarrando meu braço.

-Não, estou te deixando porque você não é para mim. Recebi o não de Deus agora com a sua atitude.- Falei me soltando. -E pode deixar que eu sei ir para casa sozinha.-

Peguei um ônibus para casa, por um tempo desejei que o carro do Ismael aparecesse e ele me pedisse desculpas por ter agido daquela maneira, mas isso não aconteceu. Contei para os meus pais o que aconteceu e eles ficaram decepcionados com a atitude dele. Arrumei as minhas malas junto com a minha mãe e amanhã iria me mudar para a creche.

💵 Danilo 🔫

Minha casa estava um caos, Michael, vulgo Rei da Coca, convidou seus parças para ficarem chapados em minha casa. Logo na minha casa mano. Estou nem aí... eles só vão sair da minha casa depois de arrumarem aquela zona.

Fiquei na varanda de casa pois o cheiro estava de lascar dentro de casa. Acho que sou um dos únicos que não uso essas porcarias, mas isso não me faz menos traficante do que eles. Ouvi baterem palmas no portão.

-Só vou avisando se for mais um convidado do Rei pode dar meia volta. Isso daqui não é a casa da...- Falei descendo as escadinhas e perdi a voz quando vi a Isabela no meu portão.

-Oie sumido.- Falou ela sorrindo sem graça.

-Sumido p**** nenhuma.- Falei me alterando.

Isabela estava sumida há 6 meses, sumiu do morro, fiquei preocupado, questionei seus pais que não me explicaram porcaria nenhuma. Até porque eles nunca foram a favor do nosso relacionamento. Que tipo de pais gostariam que sua filha ficasse com um traficante. Nem eu aceitaria.

Eu era mega apaixonado por ela, diria até que a amava. Mas com o seu sumiço achei que estava com outro e me abandonou sem mais e nem menos. Bom ela continuava linda com sua pele morena e seus olhos de mel destacava, acho que é efeito do cheiro das drogas afetando o meu cérebro.

-Me desculpa ter sumido sem dizer nada. Mas foi necessário. Por onde eu começo?- Falou ela tentando me fazer rir mas não deu certo. -Eu fiquei grávida de você.-

-O que? Tipo eu sou pai? Por que não me contou nada? Eu cuidaria dele. Você não abortou ele né?- Questionei ficando assustado e até emocionado. Sempre sonhei em formar uma família. Mas não teria a vida que tenho.

-Não sou um monstro para abortar. E se fosse para cuidar assim como cuida da sua casa então sem chance.- Falou ele olhando por baixo do meu braço e ouvi um barulho de tiro.

ESSES FILHOS DE UMA ÉGUA. Se alguém morrer na minha casa vai se ver comigo!

-Mas cadê a criança? Tá com seus pais? Não me diga que deixou num orfanato?- Falei alternando a minha atenção entre ela e a minha casa. Se a polícia aparecer...

-Por isso que vim falar com você.- Falou ela pegando um cesto de plástico que segura no carro, esqueci o nome daquele troço.

Olhei e vi um neném lindo de olhos grandes e castanho claro, pele branca, de cabelo negros e tão pequena.

-Ela puxou seus olhos.- Falou ela me dando a alça da cesta. E saindo?

-Onde pensa que está indo? Ela é sua filha.- Falei indo atrás da Isa.

-Não quero ela. Meus pais não querem ela. Eles só me aceitaram de volta, eles não querem nada que tenha haver com você.- Falou ela naturalmente e eu fiquei em choque, era a filha e a neta deles. -Faz o que quiser com ela. Eu não tive coragem de deixar ela no orfanato. Se quiser cuida.-

-Como assim você cuida? Eu não fiz ela sozinha! E você mesma disse que nem sei cuidar da minha própria casa.- Falei irritado e ela andava para trás e eu a acompanhava.

-Eu já disse que não quero, se vira. E não quero mais te ver e nem essa criança.- Falou ela e eu fiquei chocado. Como uma mãe podia ser tão insensível.

-Como pode ser assim? Ela estava dentro de você.- Questionei e ela endureceu o rosto. Como eu pude amar essa coisa, se eu a amei de verdade...

-Quem disse que eu queria engravidar?- Falou ela friamente e amarrou seus cabelos castanhos num rabo de cavalo.

-Ao menos escolheu um nome para ela?- Perguntei ao menos isso ela poderia ter uma certa consideração.

-Não, está livre para escolher. Adeus.- Falou ela descendo uma escadaria. E eu sabia que no final dela daria sua casa. Quase tive vontade de dar um empurrão e rolasse a escada abaixo. Mas não faria por causa da minha filha, ainda mais na presença dela.

Me sentei na escadaria. Coloquei a cesta do meu lado. E fiquei encarando aquele ser humano tão inocente e tão rejeitado pela mãe.

Seu rosto era só bochecha. Ela puxou os meus olhos castanho claro e o cabelos negros. E puxou o nariz da mãe. Sua mão era do tamanho do meu mindinho, e apertou o meu dedo.

-Eu não vou te deixar. Acredite nisso.- Falei chorando, como uma mãe podia fazer isso. Como a minha vida pôde ter essa reviravolta em alguns minutos?

-Okay... vamos pensar. Eu não posso te levar para minha casa com aquele fedor. Quero que fique longe dessas coisas... para isso teria que ficar longe de mim... o papai vai dar um jeito. Okay... preciso escolher um nome para você, coisa linda. Linda mesmo porque seu pai é lindo, sua mãe nem tanto.- Falei rindo de nervoso.

Eu estava conversando com um bebê... talvez eu esteja doidão. Peguei o meu celular e procurei significados de nomes.

-Com toda a certeza você não vai se chamar Isabela e nem derivados disso. Nem algo que é parecido com Danilo. Vamos começar com a letra A. Se gostar sorria viu.- Falei com ela que me olhava sem entender nada mas sorriu. Provavelmente um sim.

-Ana não... Amanda, digna de ser amada, você é mais do que digna mas lembra de um ex, então não. Aline, Ayla e Adriana não. Temos a noite toda. Alicia, Andressa e Ágata não. Aisha é um nome bonito, Anita não. Açucena... faz tempo que não falo esse nome. Ele significa flor branca... bonito o significado mas ninguém merece ser zoado... filha seu pai foi um babaca... ainda é... continuando... já sei Aruna, o começo, nascer do Sol e esperança. Ui vários significados.- Falei ela sorriu. -Vai ser esse e acho que ninguém do morro tem esse nome. Vai ser a única. Ai se alguém zoar... seu pai é um babaca. Mas não repita isso. E vai ter que ser a primeira a estar em sala de aula por causa da chamada, viu.-

Falei e peguei a cesta e só tinha uma pessoa que podia me ajudar... as 4 horas da manhã. Eu estava frito, queimado e torrado, mas vamos lá. Subi uma escadaria e depois uma ladeira. Bati na porta e aguardei.

-Isso é hora de bater na porta dos outros Danilo, por acaso fui isso que te ensinei.- Falou minha mãe ao abrir a porta e tentando arrumar seus cabelos negros.

-É uma emergência.- Falei e ela estava com tanto sono que nem percebeu a cesta e me mandou entrar.

-Tudo é uma emergência para você menino. Que é isso na sua mão?- Perguntou ela enfim percebendo e eu me joguei no sofá.

-Sua neta.- Falei e ela empalideceu, e corri para ajudar ela se sentar. -Não morre agora pois ainda preciso de você, a Aruna também.-

-Quem é Aruna? Cadê a mãe dessa criança? E desde quando você é pai?- Questionou ela assustada. Quase matei a velha.

-Aruna é minha filha. É melhor preparar uma água com açúcar para eu poder te contar sobre a mãe dela. Descobri em menos de 2 horas que sou pai.- Falei e ela foi preparar a sua água.

Trouxe também uma comida para mim e leite para a Aruna. Não sabia que ela tinha guardado minha mamadeira... olha que tenho 27 anos.

Então contei tudo a ela. Tudo mesmo até onde aquela idiota morava. Até porque ela me questionou para bater nela para ver se ela tinha um pingo de sanidade e humanidade.

-Mãe, independente de qualquer coisa eu vou assumir essa criança, se a mãe não quer cuidar, o pai quer.- Falei enquanto via a minha mãe ninando a Aruna que dormiu.

-Pega ela no colo.- Falou ela e eu me assustei. -Pega logo e cuidado com a cabeça.-

Peguei Aruna sem jeito, tão pequena, tão frágil, estava com medo de deixar ela cair sem querer ou de apertar ela demais. Como algo tão especial e tão lindo veio de mim?

-Sentiu, né? A responsabilidade, o cuidado. Agora te pergunto, o que você vai fazer? Ela tem certidão de nascimento? Tomou as vacinas? Como será? Você tem seu trabalho horrível e ela vai crescer nesse meio? Vai ter tempo para cuidar dela, de sua educação? E quando ela perguntar pela mãe? O certo era ela beber o leite materno até os 6 meses. Que horas ela nasceu?- Falou a minha mãe a questionar rapidamente e fiquei nervoso.

-Eu não sei caramba. Eu não queria ser quem sou. E nem queria que a mãe a abandonasse. Eu não sei o que fazer.- Falei chorando, sim chorando. Mistura de arrependimento com culpa.

-Filho, não é apenas assumir no cartório que você é um pai. E sim o cuidado diário por toda vida. Você sabe muito bem disso.- Falou a minha mãe me fazendo lembrar do meu pai.

-Eu não vou ser como ele ou como a mãe dela.- Falei e passei a ninar ela.

-Não estou dizendo que você é... mas o que você tem que passar a ser daqui em diante. Danilo, o que você vai fazer?- Perguntou ela me olhando e me abraçando.

-Ainda vou descobrir e vou me empenhar para ser o melhor pai possível.- Falei e deixei uma gota de lágrima cair nela.

-Não precisa ser o melhor agora. Mas a cada dia irei melhorar.- Falou ela fazendo carinho na Aruna.

-Isso é hora de filosofar dona Glória.- Falei tentando descontrair.

-Se tivesse me ouvido não estaria aqui agora. Vai tomar um banho porque está cheirando a drogas. E vá dormir que eu tomo conta dela. Amanhã a gente vê o que você fará.- Falou ela tirando a Aruna de mim.

Então eu fui para o chuveiro, peguei uma muda de roupa que tinha no meu antigo quarto a muito tempo. Vi minha mãe arrumar um cantinho para Aruna.

-Antes de dormir vem aprender a fazer o leite da sua filha.- Falou ela e eu a segui para a cozinha.

Então ela pegou a leiteira, leite em pó e diluiu na água filtrada e botou no fogo. Depois pediu a minha mão assim que apagou o fogo e jogou mingau quente na minha mão.

-Precisava fazer isso?- Perguntei passando a minha mão queimada na cabeça.

-Sim... para saber que precisa esfriar antes de dar a sua filha. E por que Aruna?- Perguntou ela botando o leite na mamadeira.

-Não sou criativo. Apenas pesquisei significados de nomes e achei esse bonito. Esperança e o começo.- Falei sorrindo.

-Você sabe que é um nome bem incomum né? A escola e as pessoas do morro são meio maldosas.- Falou ela me olhando seriamente.

-Eu sei mãe, eu mesma fui esse tipo de pessoa.- Falei deitando a minha cabeça na dela.

-O que importa será suas atitudes daqui para frente.- Falou ela e balançou a cabeça para tirar a minha dela. -Me dá sua mão.- Falou e eu entreguei minha mão meio receoso. -Para de graça garoto, está morno. Nem quente nem frio.-

-Obrigado mãe.- Falei a abraçando, coisa que faz tempo que não faço desde que ela me expulsou de casa quando entrei para o tráfico.

-De nada, vê se toma o rumo certo nessa vida. Aliás, você sabe o significado do seu nome?- Perguntou ela me entregando a mamadeira. E eu neguei, e ela foi dormir e já ia dar 6 horas.

Depois ia ver o que restou da minha casa. Dei a mamadeira para minha filha. Antes de dormir procurei o significado do meu nome:

Danilo: Significa "o Senhor é meu juiz", "Deus é o meu juiz".

Danilo tem origem no acadiano Danilu e carrega o mesmo sentido do nome Daniel.

Daniel tem origem no hebraico Daniyyel, composto pelos elementos dan, que significa "juiz", e El, que quer dizer "Senhor, Deus", de modo que é, assim, classificado como um nome teofórico, uma vez que é um nome bíblico que traz o nome de Deus incorporado.

Li um pouco mais sobre quem era esse Daniel... acho que nem Deus na minha causa. Apaguei admirando a minha filha, não tinha dúvidas que ela era minha filha. Tão pequena e fazendo todos os meus conceitos mudarem.

💵📚🌼🔫

Eai pessoal o primeiro capítulo bem movimentado, começou a nova etapa dos protagonistas. Fiquem atentos para mais capítulos e até a próxima.

Fiquem com Deus e bjs ❤

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