Uma atitude de se render
🌼 Açucena 📚
Passei em casa para guardar o vestido de madrinha e fui direto para o hospital, chegando lá pedi para a Dona Glória ir para casa ficar com a Aruna, e eu ficaria até amanhã de madrugada. Já eram 22 horas, e a cirurgia foi um sucesso graças a Deus, e depois comprei um biscoito de água e sal e era bem caro. Quando voltei eu vi as enfermeiras ajeitando as coisas (o soro, a maca..) mas de mal jeito, de forma agressiva e faziam a mesma cara quando atenderam a minha mãe. Com nojo e raiva.
-Poderiam usar um pouco de cuidado? Ele é um paciente de risco.- Solicitei e elas reviraram os olhos.
-A mocinha deveria ter escolhido um pretendente melhor.- Resmungou uma delas de forma rabugenta.
-E a senhora deveria ter escolhido uma profissão melhor, já que enfermagem é um trabalho de cuidar e ter respeito pelos seus pacientes independente de suas diferenças.- Respondi seriamente e elas ficaram assustadas com a minha audácia.
-Escute aqui mocinha, eu não te devo satisfação e eu faço o meu trabalho como eu bem quiser.- Ameaçou a mais velha se aproximando de mim, e a outra a repreendeu com o olhar.
-Está bem, mas se for indiciada, por maus tratos, por não respeitar os direitos humanos, e ser demitida por negligência médica, saiba que eu te avisei. E pelo jeito não serei a única a reclamar, foram anos de trabalho... então anos de maus tratos? Faz acepção de pessoas? O que te fez tornar assim?- Questionei e elas me encaram surpresa e olharam para os lados talvez procurando alguma câmera. -Não estão sendo vigiadas, mas espero que não seja necessário que chegue nesse nível, né?-
Depois que falei sentei na minha poltrona de acompanhante, liguei para a dona Glória, eu tinha que abrir a creche... eu estava pingando de sono. Aguentei mais um pouco para ver ele acordar, e acabei dormindo no banco do corredor pois o médico veio para verificar a cirurgia, até que a Dona Glória me acordou.
-Que horas são? O Danilo saiu?- Questionei limpando a baba na minha bochecha.
-Calma menina, ele está apagado. Eu pedi pro Mizael levar a Aruna para a creche. Pode ir tranquila, se ele acordar eu te aviso. E são 4:15 da manhã.- Explicou ela ajeitando o meu cabelo.
-Não deixa de me ligar, até daqui a pouco.- Pedi dando um abraço e indo embora.
Cheguei na creche, verifiquei se não tinha deixado nenhum rastro, principalmente na enfermaria, tomei um banho e fui abrir as portas da creche. E lá se foi um dia meio normal, eu estava resolvendo uma papelada quando o meu celular tocou... mas infelizmente não era a dona Glória. Era meus pais... eu estava lascada. Não aguentei ocultar os fatos por muito tempo. Saí da minha sala para não atrapalhar as minhas secretárias.
-Oi paizinho...- Falei sem graça.
-Se falou paizinho então é que fez uma besteira dona Açucena, queria saber porque sumiu domingo, eu sei que foi buscar o vestido com a Jéssica. E o pessoal da igreja daí viu você entrando num uber com algumas pessoas quando eles voltavam da igreja. O que está havendo?- Interrogou minha mãe, agora eu literalmente entendi que tem pessoas que vão tomar conta de você. Mas não pensava que estava sendo tão monitorada.
-Estão sentados?- Perguntei saindo para fora da creche. Não podia deixar mais uma pessoa descobrir sobre isso.
Então contei tudo. E recebi muita bronca. Muita mesmo. Eles disseram para confessar as coisas para polícia antes que descubram e eu seja presa por acobertar um fugitivo.
-Mas por que fez isso? Esse tal Danilo não era o pertubado?- Questionou meu pai e a minha mãe gritou que estava óbvio a razão.
-Eu o perdoei pai.- Expliquei e a minha mãe riu... só não sabia se aquela risada era de felicidade ou de ironia.
-Perdoar não significa arriscar sua vida ou acobertar um criminoso. Hosana para de rir mulher. Parece uma hiena. Estou falando sério com a nossa filha e você gargalhando.- Repreendeu o meu pai repreendendo e eu ri um pouco.
-Meu esposo. Ela gosta do Danilo.- Esclareceu minha mãe parando um pouco de rir.
-AÇUCENA! É mentira né? Não por um traficante.- Gritou meu pai me repreendendo.
-Eu não sei, pai. Acho que sim, mas preciso da permissão de Deus. E ele vai se entregar. Então...- Mal terminei e fui cortada pelo meu pai.
-E enquanto a nossa aprovação Açucena? Enquanto ele não se entregar ou se converter de seus maus caminhos, você está proibida de ter um relacionamento com ele. Está me ouvindo?- Questionou ele seriamente e ouvi a minha mãe pedindo para ir com calma.
-Entendido.- Confirmei e ele desligou na minha cara.
Me sentei na grama e respirei fundo. O que a minha vida estava se tornando? Logo o meu celular tocou, mas dessa vez é a dona Glória me dizendo que o Danilo tinha acordado. Esperei até o horário do almoço para ir pois tinha que ter uma conversa com as secretárias para assumir enquanto eu estivesse fora.
Chegando no hospital eu troquei de lugar com a Dona Glória, ela queria comer e depois voltaria. Quando entrei no quarto e vi ele sorrindo.
-Você veio.- Cumprimentou ele rouco. -Pensei em perguntar se estava no céu pois você é um anjo. Mas acho que eu não iria.-
-Eu disse que estaria aqui, e basta aceitar Jesus como o seu único Salvador.- Expliquei ajeitando o seu cabelo.
-Ainda acho que não mereço, nem você.- Respondeu ele inclinando a sua cabeça para eu acariciar ele. E assim eu fiz.
-Nunca foi por merecer mas por amor.- Esclareci e ele me olhou sério. Então eu entendi o que eu disse.
-Então você me ama?- Questionou ele e eu pisquei rapidamente tentando me entender. -Desculpa, eu não devo te devo colocar contra a parede.-
-Não é isso. É um sentimento novo comparado a outra pessoa que eu gostei.- Comparei e ele ficou meio desconfortável. -Tu para de graça que eu não acredito que você nunca gostou de ninguém.-
-Eu já gostei. Mas nada comparado ao que sinto por você. Também é algo novo.- Respondeu ele e eu corei. Ele riu e continuou. -Antes eu queria apenas pegar e depois enjoava. Agora... eu sinto vontade de cuidar de você, de querer sempre perto, de ver você se tornado uma mulher admirável. É por esse motivo que eu acho que não te mereço.-
-Obrigada pelo elogio...- Agradeci me aproximando de seu rosto sem perceber mas logo lembrei das palavras do meu pai. E me distanciei.
-Mas ainda sim. Eu não sou ninguém comparado a você.- Lamentou virando o rosto.
Então decidi contar o que o meu pai disse. E expliquei o que se passava comigo detalhadamente e com isso acabei chorando. O que chamou a atenção dos outros pacientes e acompanhantes.
-Açucena calma, droga de anestesia nem dá para te dar um abraço ou segurar a sua mão.- Reclamou ele e eu segurei a mão dele que estava gelada. -Açucena eu disse o que sentia por você, eu não vejo problema de você levar um tempo para compreender seus sentimentos. E seu pai está certo e foi até bonzinho comigo, eu não ia querer alguém como eu chegasse perto da Aruna. Mas pela sua explicação me deu uma certa esperança.-
Sorri com isso e dei um beijo na sua bochecha. E vi ele ficar corado e ri mais ainda.
-Olha só, não é só eu que fica vermelho.- Zoei ele e ele me deu a língua.
-Açucena... posso falar algo em seu ouvido?- Perguntou ele e assim eu fiz. -Vamos combinar de não nos beijar. Não que eu não queira, mas assim eu não fico tentado.- Afastei envergonhada e ele riu. -Me vinguei mas é sério. E mais um favor pode usar seu sotaque? Eu sempre gostei de você me chamando de ocê.-
-Sempre?- Questionei e ele assentiu fechando os olhos, ele estava se segurando para não dormir. -Então ocê pode tirar uma pestana, eu não vou arredar o pé daqui.- Garanti e ele sorriu antes de dormir.
🌼📚
Os dias foram se passando e o Danilo foi se recuperando. Estava previsto para que recebesse alta semana que vem. Mas hoje o meu objetivo era focar no casamento da minha melhor amiga. Nessa semana meu pai fez um questionário para o Danilo no hospital, e eu quase infartei durante o processo e meu pai disse que ia me falar a sua avaliação hoje.
-Açucena você está me deixando nervosa! Quem deveria estar nervosa aqui sou eu. E eu sou a noiva!- Reclamou Jéssica enquanto eu andava de um lado para o outro. A cabeleireira terminava de passar o fixador em seu cabelo e eu finalmente sentei.
-Desculpa esse dia é seu. É um dia feliz e não deve ser pertubado por eu estar ansiosa.- Suspirei sorrindo e ela segurou a minha mão. -Ai amiga estou tão feliz por você.-
-Eu também, espero não cair até o altar.- Confessou ela rindo de nervoso e a cabeleireira gesticulou que terminou o trabalho. -Ai Andressa! Muito obrigado, esse cabelo está maravilhoso. Te amo.-
-Obrigado, eu estou orgulhosa do meu trabalho. Só vou tirar foto aqui dessa obra de arte.- Avisou Andressa indo pegar o celular. Ela fez o mesmo comigo.
Jéssica tinha um cabelo preso e cheio de pedras brilhantes. Parecia uma princesa. O meu estava com um coque desfiado mas de uma forma linda. A outra madrinha estava conferindo os últimos detalhes da cerimônia. Ela disse que o meu objetivo era acalmar a noiva o que estava dando errado.
Então, oramos juntas para nos acalmar e ela acabou citando que o Senhor respondesse a minha oração em relação ao Danilo. Assim que acabamos de dizer amém, me chamaram para entrar antes do noivo. Me despedi da minha amiga e fui em direção a porta da igreja, acabou que os convidaram para fazer a cerimônia na igreja sede, a qual era gigante e estava toda florida com lírios (a flor favorita da Jess). Segurei firme o braço do meu par, o irmão mais novo da Jess, era para ser o Ismael... mas as suas atitudes tem desapontado a todos... esqueci desse assunto e olhei para o altar, e sem querer eu vi e desejei que fosse o Danilo.
-Você está bem? Parece que viu um fantasma.- Questionou Jonas, que estava segurando o meu braço.
-Nada não...- Respondi tentando focar e sorri para ele, e ele fez o mesmo.
Depois de ficar ao lado direito do altar com o Jonas, começou a tocar Escolhi Esperar de Marcela Taís. O que combinou super bem com os dois, a Jessica nem o pastor Bruno tiveram algum tipo de relacionamento antes. E a minha amiga estava belíssima e ela piscou para mim antes de se virar para o seu marido. E ao decorrer da cerimônia foi algo lindo, os votos eles comentaram a forma engraçada que se conheceram: que foi na peça da igreja, a Jessica tinha caído do altar ao dar uma pirueta e o Bruno estava filmando tudo e ela caiu nele. Foi algo cômico e trágico, eu gargalhava enquanto a socorria.
E por fim foi dito Viva os noivos e jogamos pétalas, pois seria desnecessário tacar arroz sendo que tem pessoas que precisam de doações. Então fomos para o galpão dos jovens, que estava muito bem decorado, tinha bastante comida, fui obrigada a tirar fotos antes de ingerir algo.
Depois de umas 30 fotos, pude me sentar com os meus pais, meu pai ainda estava meio chateado com o assunto Danilo. Então orei mentalmente para que Deus responda se é da vontade Dele ou não, qualquer sinal e também a aprovação do meu pai.
-Filha, você está tão linda.- Elogiou a minha mãe puxando assunto, logo agora que enchi a minha boca de torta salgada.
-Obrigada mãe, a senhora está uma gata.- Provoquei e nós duas rimos, e então percebemos um alvoroço em direção a um pequeno púlpito. Era a Jessica que ia jogar o buquê.
-Você vai não?- Indagou a minha mãe e eu reparei que as meninas até brigavam.
-Não, como vou pegar o buquê, que diz "a próxima a se casar", se ainda não tenho a resposta de Deus?- Questionei olhando para ela, que me deu um sorriso triste e eu voltei a comer, de qualquer forma eu iria parabenizar quem pegou.
Então ouvi a contagem de várias vozes que contavam junto com a Jess. Então algo atingiu o meu prato, eu já ia brigar com alguém até que eu percebi que era o buquê. Olhei para a Jessica que enfim virou para ver onde parou... então não foi intencional. Peguei o buquê com pequenos pedaços da minha comida.
-Filha...- Chamou o meu pai e eu o olhei extasiada, tipo eu acabei de pedir uma confirmação e do nada aparece um buquê voador? -Essa era a minha confirmação, eu orei com sua mãe, para que se você recebesse o buquê, nós iríamos de apoiar, um sinal de Deus e confesso que não achei que fosse acontecer com tanta mulher desesperada lá na frente.-
Eu estava em choque, meu pai disse sim? O meu Pai do céu disse sim? Deus? Então ouvi o grito de euforia da Jessica no meu ouvido, o que me despertou e quase me deixou surda.
-Eu sabia, Eu sabia, pode marcar o casório para semana que vem.- Intimou Jéssica e meu pai engasgou com o refri.
-Eu acho que não...- Falei sorrindo, o Danilo ainda ia se entregar, tinha sua filha... Deus me ajude. -Vou pegar mais comida.- Avisei me levantando.
Fui até a mesa, estava distraída com os meus pensamentos a velocidade da luz. Não era isso que eu queria? Então por que estou tão preocupada?
-Filha, larga esse empadão.- Ordenou minha mãe tirando o prato de mim. -Você teve a resposta de Deus, é isso que Deus quer para sua vida. Seja forte e corajosa, você vai passar por algumas dificuldades mas Deus está cuidando de tudo, confia. Agora vai ao banheiro, retoque a maquiagem, limpe aquele buquê e vá contar a resposta que vocês tanto pediram. Vou prepara uma marmita pra você.-
-Mas assim? Vestida de madrinha? A Jessica vai me matar.- Questionei.
-Sim, eu me resolvo com a Jessica, só dê um abraço nela antes de ir.- Mandou ela me empurrando para eu andar.
Então assim eu fiz tudo o que ela disse, a Jessica pediu para eu esperar ela me dar a primeira fatia do bolo, segundo ela, pois eu fui a pessoa que mais ouviu ela quando estava apaixonada. Peguei tudo e fui, peguei um ônibus, onde eu estava sendo o centro da atenção, ainda mais com o buquê. Consegui acesso a ala de internação e eu o encontrei brincando com a Aruna na maca, e a Dona Glória e Jeremias riam da cena.
-Açucena! Como está linda... naquele dia não tínhamos visto o seu look.- Elogiou Dona Glória e eu ri.
-Boa tarde Açucena, está linda né Danilo?- Provocou Jeremias e o Danilo apenas me olhava.
-Bom, a minha mãe trouxe marmita da comida da festa, vocês querem?- Questionei e eles assentiram. -Ah, Danilo você não pode eu acho.-
-Não tem problema, eu faço esse sacrifício por ele.- Dramatizou Jeremias e o Danilo jogou o travesseiro nele. -Errou.-
-Para com isso vocês dois. Vamos comer lá fora se não o Danilo vai ficar babando.- Brincou Dona Glória pegando a Aruna no colo.
-Ele já está.- Zombou Jeremias jogando o travesseiro de volta, pegou a marmita e se foi.
-Eu pensei que não vinha hoje. Não precisava sair da festa para me ver.- Falou Danilo e eu sentei na maca com ele.
-Na verdade precisava sim. Pois eu ganhei isso.- Discordei colocando o buquê entre nós. O seu rosto passou de interrogação para felicidade. -Deus me respondeu, Ele disse sim.-
Então ele apenas me abraçou muito forte e chorou, e eu me juntei a ele, um choro de felicidade. Nos distanciamos um pouco e ele segurou a minha mão.
-Essa é apenas foi a primeira etapa. Eu vou receber alta amanhã de manhã. E a primeira coisa que eu vou fazer é me entregar.- Explicou ele sorrindo sem graça. -Tem certeza? Um ex presidiário e traficante?-
-Eu tive a certeza de Deus, e ex não significa sua situação atual.- Brinquei sorrindo para ele e ele fez o mesmo.
-Sempre esperta...- Gracejou ele tocando em meu rosto, estávamos perto demais e eu não queria recuar. -Posso?- Perguntou e eu assenti.
E foi o primeiro beijo, não era meio agressivo quando estava com Ismael há algum tempo. Eram pequenos beijos querendo gravar cada detalhe. Nos assustamos com um barulhos de palmas, havia me esquecido que tinha outros pacientes e enfermeiros na ala.
🔫 Danilo 💵
Eu estava num misto de alegria e preocupação, ontem... Açucena, okay eu sou um patético quando estou apaixonado, não sei porque eu demorei tanto para reconhecer o que estou sentindo... e agora eu fico com pressa de recompensar o tempo perdido, nesse tempo internado tenho buscado saber mais sobre ela, mas ainda era pouco, ela é bem ocupada... mas aí que entra o X da questão, o meu tempo na prisão, se ela me esperar... eu espero... terei tempo para conhecê-la para poder me casar com ela... mas isso ainda está fora de questão, preciso fazer as coisas certas e com dinheiro limpo... estou chegando aos 30... será que eu vou sair com 50 anos? Um velho praticamente...
-Danilo para de ficar vegetando...- Reclamou Jeremias me dando um tapa na nuca... esse cara tem se tornado um irmão pra mim... e percebendo um clima entre a minha mãe e Mizael, isso vai se tornar um fato.
-Não amola!- Brinquei rindo e enfim me levantei da maca... esses dias internados tive que reaprender a andar depois de tanto tempo preso na cama, foram uns 5 dias mas o suficiente para quem estava acostumado a subir o morro correndo.
Minha mãe teve que ficar com a Aruna em casa, ela pegou sereno ao voltar de madrugada para casa, meu coração estava apertado por não ter me despedido dela direito. Já estava saindo do hospital com o Jeremias e achando que a Açucena não viria mas me enganei ao vê-la quase botando os bofes pra fora por ter corrido.
-Respira, calma.- Recomendei colocando a mão em seu ombro. Açucena emagreceu um bocado desde que passou a morar no morro, ela disse que era bem sedentária antes. Não que eu ligasse, ela é linda de qualquer forma.
-Oie... tive uma... reunião... o ônibus demorou...- Explicou ela e me deu um abraço, em seguida no Jeremias. -Danilo, fizemos isso pra você.- Informou ela pegando algo da sua bolsa gigante, abri e era uma foto... da nossa família? A minha família, a Aruna no colo da minha mãe, Mizael e Jerê, e Açucena... então eu chorei. -Eu não esperava por isso. Quando você sair, podemos tirar com você junto e quem sabe com os meus pais?-
-Gostei dessa ideia.- Agradeci secando as minhas lágrimas. -Vamos?- Guardei na minha mochila.
O caminho até a delegacia foi rápido, acabei indo de viatura, segundo o policial do hospital, era pro caso de eu acabar fugindo, pelo menos não me colocaram no porta malas. Jeremias acompanhou levando a Açucena na bicicleta dele.
Chegando lá eles demoraram para me reconhecer... então decidi explicar o porque eu estava ali. Mas a delegada estava no horário de almoço, porém foi avisada, então começou as perguntas.
-Me desculpa mas não posso falar detalhes do meu antigo comando.- Esclareci, isso seria minha sentença de morte ou da minha família, independente da minha facção ou a rival.
-Como não?- Se alterou um dos policiais.
-Eu posso falar que eu era contador, eu apenas calculava o dinheiro que entrava e o que saía.- Afirmei o que fez ele ficar vermelho. E Açucena segurava a minha mão que estava com algemas, ela disse que queria esperar para receber informações depois do depoimento e Jeremias tinha que ir para faculdade.
-Nós temos informações que vocês e o rei da coca cresceram juntos. Então tem muita informação para nos oferecer.- Afirmou o que aparecia ser que tinha um cargo mais alto que os outros.
-Sim, nossos pais eram amigos. Tenho mais informações mas isso arriscaria a vida da minha família.- Informei tentando convencê-lo. -Eu até conversei com ele para fazer o mesmo que eu, ele sim poderia falar tudo e até mais detalhe do que eu, mas infelizmente não.-
-Nós podemos proteger a sua família.- Garantiu um dos policiais mais novos, eles poderiam tentar mas quando um bandido invoca de matar alguém, já era.
-Me desculpa, mas vocês não conseguem proteger todos os inocentes, imagina uma família de um ex traficante.- Afirmei e o policial mais novo me deu um sorriso triste, ele tava tentando me ajudar.
-Não importa. Me diga os nomes e quem sabe pode reduzir os seus anos na cadeia.- Ameaçou o policial já socando a mesa.
-Eu vou dizer o que eu sei e o que eu posso dizer. Que policiais fazem vista grossa ou até ajudam com armamento e no transporte de drogas. Que a nossa maior fonte de lucro são as universidades privadas. Que a compra de droga tem vários pontos, que no máximo que eu ouvi são nos portos de navios, quais morros são aliados. Mas se eu tiver que pagar pelo crime que eu cometi eu não vejo problema.- Expus já alterado e o policial me deu um murro.
-O que pensa que está fazendo?- Questionou Açucena entrando na minha frente.
-Sai da frente mulher de traficante. Nem era para você estar aqui.- Mandou o autoritário.
-Não! Não estamos na época da ditadura. Se não está contente com as informações pede para o seu informante ou é seu aliado para fazer vista grossa?- Provocou Açucena e eu tentava puxar ela para trás mas parece que empacou... o soco nem foi tão forte assim.
-Sai da frente ou eu...- Ameaçou o cara sacando a pistola.
-Açucena!- Chamei tentando puxá-la, estava querendo dar uma bandana para ver se ela saía da minha frente antes que recebesse chumbo.
-Ele vai me matar? Isso não te faz diferente dos traficantes que fizeram o mesmo comigo. Isso é abuso de autoridade segundo a constituição. Esqueceu de ler o livro dos direitos humanos antes de ganhar seu distintivo?- Debateu ela e me levantei, e os policiais entraram em alerta... estava com receio de tirar ela da minha frente e os caras abrir fogo.
-Isso é desacato de autoridade!- Alegou o cara botando a arma na testa dela.
Eu estava orando mentalmente, até que ouvi um barulho de porta se abrindo. E todos olhamos para a porta.
-Que palhaçada é essa aqui?- Questionou que eu acho era a delegada. - Abaixa essa arma seu imbecil, tá querendo matar uma cívil?-
-Ela me desacatou.- Reclamou o policial abaixando a arma e consegui tirar a Açucena da frente... ela me olhou assustada.
-Calma passou.- Confortei segurando a sua mão que tremia e ela assentiu. Com essa algema não dava para abraçá-la.
-E desde quando se atira em alguém que te desacatou. Desde que eu sei apenas fazemos uma ocorrência e no máximo fica preso. Não quero mais atitudes do antigo comando. E eu disse para me aguardar antes de começar a interrogar. Sabe ler não?- Repreendeu a delegada encarando os seus policiais. E depois veio até nós. -Está bem?-
-Estou, acho que eu exagerei.- Reconheceu Açucena e a delegada riu.
-Gostei de você. Daria uma boa policial.- Elogiou a delegada encarando a Açucena e eu sorri com essa possibilidade. Realmente daria mesmo, do jeito que ela encara policiais e traficantes, ninguém iria para-lá. -Venham para minha sala e vocês me contam tudo, redator me acompanhe e quero relatório do que aconteceu antes de eu chegar.-
Ao entrar na sala,explicamos o que houve antes dela chegar, depois Açucena teve que se retirar para eu prestar minha confissão, então dei certas informações como as principais faculdades e o valor do faturamento. E do nada chegou um cara engravatado entrando com a Açucena assustada.
-O que faz aqui Ismael? Pensei que a Jéssica iria assumir.- Questionou Açucena e eu liguei uma coisa com a outra, Ismael, o que era algo da Açucena e tentou violentá-la, medida protetiva.
-A Jéssica ainda não tem preparação necessária para defender um caso desse. Eu tenho. Eu serei seu advogado Danilo. Posso dar uma lida no depoimento?- Pediu ele a delgada e a mesma assentiu.
-Não sabia que um advogado com históricos de assediador podia atuar.- Mandei uma indireta e a delegada o encarou.
-Na verdade pode, segundo a constituição. Quando podemos levar isso ao tribunal?- Questionou Ismael a delegada e eu senti uma raiva, Açucena estava quieta demais.
-Até entrar no sistema e marcar a data do julgamento... acho que seria entre 1 ou 2 meses. Mas como tem delação premiada provavelmente será mais rápido.- Informou a delegada e agora reparei num quadro com ela, delegada Marta Soares.
-E enquanto isso ele vai ficar preso aqui?- Perguntou Açucena e delegada afirmou.
-Não posso ter o risco de matarem ele no meio de um transporte para uma cadeia, ou na própria prisão com várias facções reunidas.- Esclareceu ela digitando rapidamente em seu computador.
-Pode ter visitas? Ele tem uma filha pequena.- Avisou Açucena e eu segurei sua mão que ainda estava trêmula mas não sabia se era ainda pelo policial ou o Ismael.
-Pode, além do advogado, familiares podem visitá-lo.- Estabeleceu a delegada focada na tela do computador e percebi que o Ismael ficou incomodado com a minha intimidade com a Açucena.
-Mas eu...- Começou Açucena olhando para mim e a delegada também.
-É a minha... namorada?- Questionei e ela sorriu.
-Eu posso ver como incluí-la mas acho que consigo.- Garantiu a delegada sorrindo para nós dois.
-Pode colocar como visita íntima.- Zombou Ismael e Açucena não disse nada. Eu queria mas a Açucena cochichou no meu ouvido.
-Perdoe ele, assim como fiz por você. Foi o que Deus disse pra mim sobre você. E assim eu farei com o Ismael.- E se afastou sorrindo e se virou. -Visita íntima não será, mas visitarei para trazer a filha dele, qualquer forma será dito como familiar.-
-Feito. E não se preocupe, não deixarei que esses policiais abusados cuidem de você. Açucena é um prazer te conhecer, e doutor Ismael eu sugiro que repasse o que deve fazer o Danilo dentro da cela. E eu verifiquei seu histórico. Então é bom você não vacilar com nenhum dos dois se não te prendo e te mando para o Bangu 8. Nem o doutorado pode livrar você de mim.- Ameaçou a delegada e eu quase explodi de alegria.
-Obrigado e que Deus te abençoe delegada.- Despediu Açucena e em seguida me abraçou.
🔫📚💵🌼
Mais um capítulo cheio de emoção, confirmação de Deus para o relacionamento de Açucena e Danilo... a entrega do Danilo e agora Ismael é o advogado de defesa do Danilo...
Será que Ismael vai se comportar? Será que Açucena vai se arriscar de novo? E o julgamento do Danilo e todas essas respostas será no próximo capítulo!
Fiquem com Deus e bjs ❤
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