Mudanças...
Fui para o meu quarto, pensando em cada palavra, foi como tirar um peso das minhas costas, cada palavra pesava uma tonelada. Adormeci assim, pensando na vida...
Acordei com o cheirinho de café fresco, pão assado, e música erudita. ao descer as escadas senti uma coisa estranha dentro de mim, e um rubor subiu pelo meu rosto.
Andrei estava com a camisa amarrotada, descalço e com os cabelos bagunçados, com o bule de café em uma mão. Me olhou e sorriu, nunca tinha percebido como ele era lindo, mesmo todo bagunçado, com a mesma roupa de ontem, ele ainda era lindo, não que eu nunca tenha parado pra analisar, mas agora foi como se meu coração queimasse dentro do meu peito.
- A bela adormecida já acordou, fiz tanto barulho que achei que você ia jogar um sapato em mim.
- Tive uma noite mal dormida. Sabe eu pensei muito sobre aquilo, e acho que, eu vivi tempo de mais no passado, agora que tudo veio a tona, não sei como vai ser.
- Você tem que por um ponto final nisso tudo, ou vocês se resolvem, ou acaba de vez, mas sei de uma coisa, ficar assim não dá.
- Não sei, nossa última conversa foi tão feia, que eu tenho medo de acontecer de novo. Ficamos muito chateados. E eu fui embora, ele pode estar pensando que eu quis acabar porque já sabia, e o pior é ver ele agora, no mesmo ambiente que eu. Nós dois mudamos.
- Ele vai trabalhar com a gente agora, se alguma coisa der errado,é só evitar ele e pronto. Ele só vai organizar nossos eventos, vai ser nosso acessor. E sabe de uma coisa?
- O que?
- Ele nem é tão bonito assim como nas fotos. Eu sou mais. Agora para de rir, senta e come logo.
*******
Fomos no carro dele, chegamos atrasados, porque além de me fazer comer tudo, ainda passamos na casa dele.
Enquanto Andrei tomava um banho, fui dando uma olhada nos retratos na parede. Fotos nossa juntos, com meus pais, e fotos minha sozinha. muitas fotos, coisas que eu mudei de lugar, e que, ele deixou, nem mexeu mais.
Assim que nós entramos, senti seus olhos em mim.
Estavam nos esperando para começar, eramos um grupo em crescimento, todos saídos de orquestras, ou coisa parecida, conseguimos montar nosso espaço, com escritório e tudo;
- Olá pessoal,- antes que eu pudesse ir para o meu piano, Bruna que toca viola, veio até mim;
- Ele quer falar com você, ficou te esperando desde cedo. - Ele não falou nada com você? Não sei de nenhum evento que eu vou tocar sozinha.
Pra minha decepção ela fez que não com a cabeça. E como eu não tinha mais nada a perder, fui indo em direção da sala onde ele agora estava. Respirei fundo e bati na porta, uma única vez, e ele já estava lá;
- Bom dia Giovanna. - Bom Dia.
Assim que eu entrei, ele fez sinal para eu me sentar.
- Olha, eu sei que as coisas acabaram de um jeito estranho, mas por favor me dá uma outra chance, já sei que você não namora com ele. Deixa eu me explicar.
Puxa vida, e agora? Lembrei do Andrei, se não fosse pra resolver, pelo menos acaba com isso de uma vez por todas.
- Vamos fazer assim Louis,vamos apenas ser colegas. Se não for assim não dá, além do mais você vai trabalhar comigo agora, se ás coisas piorarem, vai ficar muito feio pra você. - tudo bem, eu sei que estou sendo muito precipitado. E, eu juro que mudei.
Estranho era eu não sentir nada, ontem foi como uma bomba, já hoje eu senti algo errado, não sei parecia forçado, mal me encontra e já começa e se explicar. Pra mim já era o máximo.
- Agora preciso ir.
E saí da sala sem me despedir. Lá fora, eu encontrei o Andrei, e fomos ensaiar. Eu podia ver eles trocando olhares azedos, mas quando eu olhava, eles disfaçavam, o que era chato, porque eu ficava no meio do fogo cruzado.
Todas as sextas, a turma toda saía pra comer alguma coisa, ou discutir também. Louis passou a ir, e sempre dava um jeito de conversar comigo. Eu sabia que ia me ferir de novo, mas mesmo assim, eu continuei.
Começamos a sair só nós dois, tinhamos um barzinho perto da minha casa, era bem arrumadinho. Eu não bebo com frequencia, mas percebi que ele pegava pesado ás vezes. Quando me levava no cinema, tentava me beijar, mas eu me afastava, pedia tempo. Era muito estranho..
Um tempo depois, assim que acabamos de ensaiar, era sexta, e o pessoal já estava pronto pra sair de novo, eu recebi uma mensagem;
Preciso te ver, por favor diz que sim? Louis.
Na mesma hora despedi de todos, disse que depois ligava pro Andrei, que ficou meio tenso, e depois fez sinal com os lábios, dizendo: Se cuida.
Fui voltando, e vi Louis parado me olhando, como se eu fosse uma criança que vai a escola pela primeira vez.
- Vamos sair daqui, tem um lugar bem legal pra gente ir. - Ok. Não sendo longe pra mim, vai ser ótimo...
Entrei no carro dele, um Renalt Logan preto. No carro me, senti desconfortável, não gostava de me sentir assim, tentei descontrair, mas não deu. Era diferente com o Andrei, parecia que tudo era nosso, nada de vergonha, desconforto, tinhamos as chaves um do outro.
- Chegamos, agora tente ficar a vontade, por mim.
Era lindo, se eu fosse mais nova teria pirado, mas já tinha ido a lugares assim. Durante o jantar falamos de tudo, até quando cheguei na Espanha, de quando conheci o Andrei, de tudo que passamos juntos. Mas na hora de falar dos sentimentos, eu me calei e deixei ele falar;
- Não sei o que falar. Depois que você partiu eu quase enlouqueci, nunca pensei que fosse te perder, quando vi o bilhete, eu pensei em ir atrás, mas quando li Espanha, fiquei louco comigo mesmo. E prometi pra mim mesmo, se não fosse pra ser você, eu não queria mais ninguém.
Foi como um soco no meu estômago, tudo por falar. Tive vontade de esclarecer as coisas, mas decidi ficar calada. As coisas iriam se ajustar aos poucos. Simplismente dei tempo ao tempo.
- Olha Louis, eu passei muito tempo pensando na gente, tudo que eu queria dizer, me fugiu da mente. Achei que nunca mais iria te ver. Vamos aos poucos, tudo bem? - Tudo ótimo. Só quero recomeçar.
Acabamos o jantar falando do passado, até mesmo do Andrei. E depois ele me levou pra casa...
- Muito obrigado, a noite foi maravilhosa.
Quando fui sair do carro, ele segurou meu braço;
- Espera eu, eu tenho que te dizer que essa noite foi maravilhosa, talvez foi a melhor de todas que já tive. Por favor...
As palavras morreram antes dele terminar a frase. Me puxou pelo braço, até eu sentar no banco outra vez, depois foi se aproximando, meu coração martelando tão alto, que juro que ele pôde ouvir. E, então ele me beijou, primeiro fiquei parada, mas depois eu respondi também, e nos beijamos até eu ficar sem fôlego. Comecei sentir algo estranho, um sufoco por dentro, então abri a porta do carro, e saí sem olhar pra trás. Apenas corri, fechei a porta, sentei no chão e chorei de soluçar, só me acalmei quando o telefone tocou. Me levantei de vagar e atendi;
- Alô!? - Gi, é o Andrei, preciso te encontrar amanhã, vem aqui em casa, não vou trabalhar, não estou me sentindo bem, acho que preciso de ajuda. - Vou aí agora, me espera. - Mas não precisa, eu.....
Um som de alguém vomitando, e forçando, aí ele falou meio fraco;
- Acho que estou com febre.
Foi a gota pra mim, bati o telefone, peguei minha bolsa, chaves do carro, e saí correndo de casa, como uma louca. Peguei meu Veloster vermelho, e saí rápido. Só no meio do caminho eu percebi que tinha esquecido a maldita chave do apartamento dele.
Da minha casa pro apartamento do Andrei na Mooca, era uns quinze minutos, eu consegui fazer em oito. Cheguei correndo, o porteiro que já me conhecia, sabia que tinha algo errado com ele. Eu expliquei que saí tão rápido que esqueci a chave, ele foi até uma salinha, e veio com outra.
- Pega, é a extra, eu sei que tem alguma coisa errada com ele, também porque já é meio tarde pra você estar aqui. Especialmente hoje, eu notei ele meio triste. Pensei que fosse coisa da minha cabeça. - Obrigado Seu João, vou dar uma olhada nele.
Entrei no elevador, que parecia uma eternidade pra sair do lugar, parei no sexto andar, corri até a porta, e abri de uma vez. Ele estava parado, meio deitado no tapete, perto do telefone, estava meio inconsciente, não tinha nem trocado de roupa, as chaves estava no chão, junto com a carteira.
Nem preciso expor aqui meu desespero ao ve-lo assim;
- Andrei?
Ele levantou um pouco a cabeça;
- Por isso que eu não te deixo dirigir, você veio correndo, vou ter que esconder sua chave.
Passei por ele, peguei as coisas no chão, levantei ele, passei meu braço na cintura, e fui saindo, com o choro engasgado na garganta;
- A onde pensa que vai me levar? - No hospital...
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