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STEPHEN : Coelhos no milharal

Encontrei o ônibus escolar tombado de lado - bem no meio da estrada. O radiador partido vertia água para o motor superaquecido, provocando um chiado contínuo que ecoou na noite.

Até onde pude rastrear, os corpos estavam espalhados – alguns no início da floresta, além da estrada, outros engolidos pelo milharal que se estendia até a sede da fazenda... Entretanto, havia uma pilha de corpos dentro do veículo. O cheiro de sangue e morte estava por toda parte.

O ônibus pertencia à escola de ensino médio da cidade vizinha, Paulo Santo. Os corpos, em sua maioria, eram de adolescentes... Alunos do time de futebol da liga estudantil. Um banner rasgado na entrada do ônibus dizia que eles se autodenominavam "os flechas em campo". Que ironia! Eles não foram rápidos o bastante.

Os jogadores, o técnico, e mais algumas jovens que poderiam ser torcedores ou alunos, deviam estar retornando do jogo, no qual disputaram a liderança com os Celtas do Vilarejo Divino. E até onde eu tinha ouvido falar, saíram vencedores.

Chutei distraidamente a lata de refrigerante que estava no meio do caminho e prossegui no meu exame minucioso. Eu me agachei junto aos corpos que estavam dentro do ônibus e observei que a maioria tinha a garganta dilacerada, bem como o ventre. Um trabalho nojento assim só podia ser obra de uma criatura.

Como que confirmando os meus pensamentos, levantei a cabeça e vi o enorme buraco na parede lateral que agora ficava na parte de cima do veículo. Ele fora rasgado como se feito de papel. Pelo buraco ainda pingava sangue fresco.

Eu não fui rápido o bastante. Por uma fração de segundo, teria impedido o massacre, ou ao menos apanhado o assassino no local do crime. Mas claro que eu não poderia chegar a tempo; tive de pajear a humana de Adriano. Não que eu tivesse algo pessoal contra ela. Mas, a garota já deveria ter sido executada há muito tempo. Sua permanência entre os humanos e os imortais era uma verdadeira ameaça, uma vez que ela podia estar contaminada.

Não, eu ainda não detectei nenhum cheiro que o provasse, mas era uma questão de tempo.

Ninguém poderia saber que, por causa da provável contaminação, a vigilância do perímetro teve de ser reforçada. Adriano não admitia falhas. E eu não queria nem pensar no que ele era capaz de fazer se acontecesse alguma coisa à Melissa.

Se dependesse de mim, algo deveria acontecer à humana - justamente porque eu não queria que ela prejudicasse ainda mais o nosso modo de vida. Quase fomos expostos, quase tivemos uma guerra, fomos atraídos para a armadilha do execrado. E agora Camulus se aproxima cada vez mais, sua sombra pairando sobre nossa cidade... Tudo por culpa dela.

Na verdade, eu esperava que surgisse a ocasião oportuna de nos desembaraçarmos do problema. Sim, porque Melissa Bacci é um grande, imenso problema... E ela tem que morrer. Seu estado ambíguo de saúde progredia como sendo o segredo mais perigoso que fomos obrigados a guardar do Conselho, para evitar um confronto sem precedentes entre Adriano e os magnates. E lá estava eu, exercendo a função de babá da garota. Outra vez.

Melhor parar de ruminar o assunto.

Eu me dirigi à saída do veículo. Decidi que estava na hora de averiguar os corpos espalhados pelo milharal e mais além, na floresta, a fim de estabelecer um perímetro de contenção. Perímetros... Minha especialidade. Particularmente quando o protocolo de segurança da Muralha - com todos os seus níveis - encontra-se sob ameaça.

Em breve, meu time de limpeza chegaria e daí... Teríamos que desinfetar todo o local; suprimir as pistas; enfim, fazer parecer que nada – absolutamente nada – acontecera. Os corpos estavam contaminados e em breve começariam a nos trazer problemas... Precisávamos incinerá-los.

Observei a disposição deles e imaginei o que tinha acontecido ali como se estivesse assistindo a um daqueles filmes humanos bizarros e patéticos. O ônibus provavelmente desenvolvia uma velocidade normal quando o motorista foi surpreendido pelo voo rasante da criatura. A única que restou, depois que Adriano matou a sua companheira na Travessia de Dailey.

O motorista girou o volante e freou. As marcas dos pneus no asfalto davam a prova. O ônibus se desgovernou e tombou de lado, raspando contra o asfalto por mais alguns metros até que parasse completamente. Eu virei para trás, olhando para o capô de onde ainda saía fumaça. Bem, se tivesse explodido teria sido mais prático para todos nós. Mas não foi o que aconteceu.

Os jovens atletas provavelmente ficaram atordoados, tentando entender o que estava acontecendo. E a gritaria teria começado... Afinal, eles estariam empilhados uns sobre os outros dentro do veículo tombado; alguns seriamente machucados... O motorista não teve tempo nem para se decidir sobre o que fazer. Foi puxado através da janela pelas garras da criatura que decolou, batendo suas asas enormes e escuras. Claro, as asas se confundiam com a noite e eles não poderiam ver de onde vinha o ataque.

-Ah, sim... – eu toco as bordas irregulares do para-brisa, estilhaçado e manchado de sangue. O boné do time estava sobre o banco do motorista. Havia também um pedaço de tecido espetado na parte de cima da janela frontal, confirmando a minha hipótese anterior.

A aparição súbita da criatura deve ter deixado a todos aterrorizados. "Em choque", seria a expressão mais apropriada.

A gritaria teria cessado para ser substituída pelas respirações aceleradas e o som da morte... Das asas batendo lá fora, entremeado aos gritos longínquos do motorista levado pelos ares como um coelho caçado por uma águia. Os jovens devem ter tentado se esconder no fundo do ônibus, enquanto os adultos pediam calma e olhavam para cima sem nada ver (e sem crer no que acontecera ao motorista).

Alguns daqueles jovens não suportariam esperar. Ficariam desesperados. Correriam para a saída, independente dos apelos do treinador para que permanecessem dentro do ônibus. Eles não lhe deriam ouvidos; por isso, seriam os primeiros a morrer.

Eu caminhava entre os corpos, na mais absoluta concentração. Tentei não me desconectar das imagens que fui elaborando por meio da dedução. Aqueles adolescentes foram caçados como coelhos. Espalhavam-se por entre as árvores. De bruços, com as costas estraçalhadas - enormes rasgos atravessando por entre os ossos e mostrando a parte interna e rosada dos pulmões.

Um dos atletas caídos no milharal começou a se mexer... Eu torci os lábios, com desagrado. Saquei a faca e cortei rapidamente sua garganta. Ele gorgolejou um pouco; depois silenciou, imóvel. Mais a frente, avistei as tietes de jogador... Torcedoras, ou seja lá o nome que se dê... Possivelmente, estudantes da mesma escola.

Pelos deuses, a cena era... – não pude conter uma careta de dor. Rogo para que o grande MacOg conforte as almas desses jovens indefesos. E que os auspícios de Harimella recaiam sobre a Muralha. Tempos terríveis estão chegando. Tempos de decisões difíceis. Tempos de guerra. Eu cruzei os braços à altura do peito, em respeito às almas perdidas naquela noite.

Apesar do cheiro, e do modus operandi, eu ainda relutava em acreditar que aquilo tudo fosse obra de um único disseminador... Como ele saberia que o time iria passar pela interestadual àquela hora? E como ele conseguiu entrar na Comarca, sem que percebêssemos? Não que eu não pudesse imaginar a resposta, mas teria que pensar em argumentos plausíveis para apresentar ao cahill. Apesar das minhas hipóteses, todas elas conduziam à minha falha em proteger o perímetro.

De repente, um farfalhar entre as fileiras do milharal denunciou a chegada de outro imortal; e não era do time de limpeza. Logo minhas narinas identificaram Alanis. Uma caçadora. Em outros tempos, minha amante.

Ela parou diante de mim com uma expressão neutra, enquanto observava "a cena do crime".

-O disseminador fez um trabalho e tanto...

Eu apenas a olhei, sem responder. Poderia ter concordado, mas não me interessava compartilhar com Alanis qualquer informação. Interessava-me muito mais descobrir o que ela sabia. Afinal, não estaria ali, se não soubesse de alguma coisa.

-Você tem visto a garota Chaves? – ela perguntou, querendo soar casual.

A pergunta só fez minha suspeita aumentar. Continuei estudando a disposição dos corpos em silêncio. A garota da torcida deve ter sido levantada no ar, pelas costas, rasgada de alto a baixo e jogada de volta contra o chão. O que explicava o afundamento total dos ossos do rosto.

Eu fiz uma careta, enquanto erguia um pouco a cabeça dela. O rosto tinha se transformado numa massa disforme e sanguinolenta. De um jeito mórbido, seu cabelo loiro brilhava e se destacava em meio ao sangue escuro, espesso...

Diante do meu silêncio, Alanis acrescentou:

- A ausência de Dalilah te deixa rabujento.

Eu sorri com ironia e apontei para os corpos.

–Acho que meu estado de espírito se justifica, plenamente. Isto aqui nada tem a ver com Dalilah.

Ela bufou e rebateu:

- Não é de hoje que você parece arredio. Além do mais, são só humanos. Eles não têm nada a ver com os nossos negócios.

A indiferença de Alanis me deu a certeza de que ela sabia o que tinha acontecido ali. E, pior, talvez pudesse ter evitado. Se for este o caso, eu não serei complacente com ela como fui há centenas de anos. Quando ela me traiu! Levantei, encarando-a através das lentes dos meus óculos escuros. Nem me dei ao trabalho de tirá-los.

-O que está fazendo aqui, Alanis?

-Eu? – Ela pareceu espantada... Não me convenceu. – Ora, eu estava me movimentando pelo seu precioso perímetro. Aquele mais amplo, que você estipula para os limites da cidade. Então, senti uma perturbação.

-Você não estava em nenhum dos perímetros estabelecidos, porque eu faço uma contagem constante – rebati.

Ela estendeu a mão para alisar o meu braço de leve.

-Vê como a sua "relação" com a humana tem distraído você? Em outros tempos, quando um caçador veloz, como eu, atravessasse o seu perímetro, você jamais deixaria de notar.

Eu não movi um músculo da face, sabendo que aquele era um novo jogo a ser jogado. Não podia perder a paciência com ela a essa altura dos acontecimentos. Não, se eu quisesse descobrir alguma coisa.

Alanis pulou por cima da garota morta. O que me desagradou profundamente. Ela deu a volta em mim e se posicionou às minhas costas. Meus músculos se retesaram instintivamente, antecipando uma situação de perigo - embora minha mente soubesse que se tratava de um perigo mais simbólico do que real. Pelo menos por agora.

Alanis queria alguma coisa, e estava sondando terreno.

Eu lhe daria corda.

-O que quer dizer com isso? – perguntei, imprimindo um tom cordato, porém, indiferente.

Em resposta, senti as mãos dela percorrendo com suavidade as minhas costas, alcançando minhas costelas... Por ambos os flancos, seus dedos contornaram meus ossos por baixo de meus braços até se unirem do outro lado, no centro do meu abdome. Ela me abraçou por inteiro, com força, formando uma algema de braços que pretendia não me deixar partir. Houve um tempo que aquelas carícias foram muito desejadas. Alucinadamente desejadas. Mas agora, não acendiam reação alguma.

-Ah, Stephen querido. – Ela suspirou. – Senti tanto a sua falta!

Eu afastei suas mãos delicadamente, porém, com firmeza. O que desencadeou uma reação raivosa.

-É a humana, não é? – Ela tornou a ficar de frente para mim. – Quem diria, hein? Justo você, que detesta a fragilidade, ou mesmo a frivolidade humana, foi se apaixonar por uma humana estúpida, mais frívola do que a média.

Tive ganas de agarrar aquele pescoço e fechar entre meus dedos até separar a cabeça dela do resto do corpo. Mas me contive. Eu me forcei a lembrar de que estava lhe dando corda. Além do quê, ela não disse nada mais do que a verdade. Eu estava pagando a minha língua com Dalilah.

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