Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Nas profundezas, onde habito

As cavernas sob o coenobium me envolveram em seu familiar e benfazejo vazio gelado. Não como o lar que recebe as pessoas depois de uma jornada árdua de trabalho. O ambiente era demasiado frio para suscitar qualquer sensação de aconchego...

Aquele era o lar que os sombrios me deixaram como herança - mas mesmo assim, era o mais próximo da vida monástica que eu conheci, antes que me destruíssem. Sim, meus domínios! Onde eu conseguia desfrutar de um pouco de tranquilidade.

Digamos que um certo grau de inércia, onde o ódio e a sede de vingança permaneciam em suspenso - do lado de fora das escarpas tarantinas. Eu costumava fechar os olhos e me sentia acolhido pelo silêncio. Os olhos da minha imaginação assumiam o comando, tornando-me "virtualmente" livre. Permitindo que minha memória evocasse as lembranças de um tempo... Um tempo em que eu andava pelos corredores do monastério, na superfície. Agora, como território sagrado, estava fora do meu alcance.

Aninhado entre as profundas ravinas de Castellaneta, a construção datava da Alta Idade Média. Se minha memória não me pregava peças, e se o local sobreviveu ao tempo, o Monastério era composto por seis pequenas capelas; as mais belas dedicadas às principais passagens da vida de São Jorge, o guerreiro - santo do qual a Ordem era devota. Lembrei-me de que existia uma hospedaria para os viajantes e peregrinos que procuravam abrigo; bem como um oratório aberto, anexo, para que pudessem fazer suas orações. Na ala central, ficava a igreja propriamente dita, com os vitrais retratando a célebre cena em que São Jorge enfrentava o dragão. Atrás, situavam-se os claustros, e por último, as celas...

Minha vida foi percorrer aqueles cômodos seguros - protegidos dos salteadores pelas muralhas perfeitamente integradas às rochas do precipício. A visão etérea de casas brancas e quadradas, situadas no topo de uma mistura harmoniosa de rochas cinzentas e vegetação rasteira, parecia desafiar a gravidade sobre a escuridão lá embaixo.

Há muito que não me era permitido visitar a Ordem. Além do veredicto dos irmãos, eu fiz um voto de solidão perpétua, em penitência por tudo o que não pude evitar.

Ouvi o barulho da grade de proteção sendo destrancada, no alto, e fechei os olhos novamente. Podia imaginar o irmão erguendo o hábito sobre as sandálias enquanto descia as escadas do coenobium em direção ao meu refúgio. Eu ouvia seus passos hesitantes, a respiração entrecortada... Na Ordem, todos me temiam por causa do meu ofício. Eu era um especialista em caçar e matar sombrios.

Virei-me vagarosamente a tempo de vê-lo estender o celular para mim, como quem segura um amuleto para se defender do demônio. Talvez por pura perversidade, eu continuei ajoelhado sobre meu círculo de mortificação, até que ele tomasse a difícil decisão de se aproximar um pouco mais. Ele deu dois passos na minha direção – a luz do luar que se derramava pela abertura da caverna incidiu sobre a cruz da Ordem, que ele carregava no pescoço.

Eu sei como eu devia parecer aos seus olhos aterrorizados - meus olhos amarelos refletindo a luz de lunedi, e meu corpo marcado de cicatrizes antigas, brancas, misturadas às novas e avermelhadas. Lá estava eu, seminu e agachado, com o chicote de três pontas nas mãos, como se estivesse prestes a saltar sobre ele. Apenas um par de velas parcialmente derretidas sobre os castiçais iluminava os extremos da caverna – do meu lar.

O medo do irmão agora era quase palpável. Como se repentinamente acordasse de um transe, ele tirou a mochila pendurada do ombro, contendo a minha refeição. Eu iria precisar disso para a minha próxima jornada e todos os irmãos doaram sua parte na esperança de me satisfazer. E me manter afastado deles. Ao olhar para a mochila, um pensamento insidioso se formou em minha mente. Inúteis! Falsos!

Não! Logo percebi que os pecados começavam a me devorar outra vez. Os sentidos se aguçaram em expectativa. Eu agora podia ouvir o irmão tropeçar nos degraus enquanto corria de volta à segurança do monastério, na superfície, como se pressentisse o perigo que o ameaçava. Ele logo alcançaria a grade de proteção e então obteria êxito onde seu predecessor havia falhado.

Isso fora no mês passado, durante a mesma lunedì que me enfeitiçou - com sua luz suave a delinear as reentrâncias das ravinas, à distância. A mesma lunedì que estilhaçou minhas correntes invisíveis, impostas pela disciplina que adquiri a custo, ao longo dos anos. Que me fez expandir para fora de mim mesmo. Em Taranto, ou em Stavanger, era a mesma lua a me seduzir. A minha perdição.

Eu me voltei como um autômato para as escadas. A vontade encheu minha boca de saliva. Pareceu-me que um século se passou até que ouvi o clique da grade sendo fechada e da grossa corrente passada em torno das barras. Sim, ele obteve êxito e estava a salvo. Então me permiti respirar novamente. Um ato fisicamente desnecessário, mas simbolicamente importante.

Fechei os olhos, buscando reencontrar o domínio de mim mesmo por meio da oração.

-Pai, afasta de mim os pecados que me devoram... Permita que São Jorge continue a me guiar até o derradeiro e abençoado fim. Que eu seja digno de portar a espada de Sua justiça. Pai faça de mim um instrumento de sua vontade, à semelhança deste grande mártir e guerreiro, com sua couraça, espada, e escudo. Ó glorioso São Jorge! Tribuno e cavaleiro romano cuja fé o convocou a lutar por Cristo. O senhor trocou a espada de soldado pela espada da cruz, assim como eu troco a paz de espírito para servir a Humanidade... Em nome do Pai, que assim seja. – A angústia ameaçou-me sufocar e eu me calei.

Ergui a cabeça em direção ao teto da caverna como se, assim, pudesse vislumbrar o paraíso que eu nunca poderia conhecer.

Algum tempo depois, lembrei-me do celular em minha mão, baixei os olhos para o display e li a mensagem surpreendente. Se o informante estivesse falando a verdade, a próxima caçada prometia ser mais do que prazerosa - prometia ser redentora! Um passo decisivo na minha missão.

Alvo: o execrado.

Todos os que realmente dedicavam lealdade ao rei odiavam àquele em igual medida. Os dois eram os últimos existentes dentro da espécie sombria - irmãos originados pelo mesmo sangue primordial, mas não pela mesma semente. Partilhavam da maldição dos Primeiros Sombrios, que foram os mais poderosos e horripilantes que o mundo já conheceu e que até hoje habitam o imaginário coletivo por meio das mitologias escritas e reescritas em torno das suas façanhas. Contudo, a diferença entre o execrado e o rei residia na legitimidade que este último detinha para comandar toda a sociedade sombria. Ele era o líder primordial.

Se estivéssemos falando sobre os lobos, poderíamos dizer que o rei estaria para o macho alpha, tal como o execrado, para o macho rival expulso da alcateia. Estranho paradoxo, posto que a morte de um acarretasse na morte do outro.

Eles dois ainda não sabiam, mas eu seria a espada que os aniquilaria.

Reanimado pelo meu propósito, eu levantei do círculo de mortificação e comecei a reunir os apetrechos necessários para enfrentar o execrado. Afinal, ele não era um sombrio comum e eu precisaria adotar medidas extras para assegurar o êxito da caçada. Para começar, teria que estudar seu habitat natural - agora eu sabia aonde ele se aquartelava...

Se voltássemos a falar de lobos, eu teria que ter em mente o fato de que um lobo dominante tornava-se duas vezes mais perigoso quando invadiam seu território. Por isso, a chave do sucesso era impedir que ele percebesse até que fosse tarde demais. Sim, eu iria engendrar um bom plano. Eu não permitiria que nada escapasse do meu alcance. Meus pecados não me fariam perder o controle. Nada poderia sair errado.

Absolutamente nada.

---

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro