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Cruzando todas as linhas

Os imperturbáveis olhos verdes tornaram-se dois faróis, refletindo os spots em torno da pista. Agora eu entendia porque ele era o líder maior do seu clã. Porque entre todos aqueles caras pálidas, só a sua presença fazia a maioria se encolher. Eu via respeito, medo, e preocupação nos mais diferentes rostos presentes. Como sempre, ele modificava sensivelmente a atmosfera ao seu redor.

Adrian e o grandalhão se encararam por um longo momento, como adversários que avaliam as forças do oponente. Nenhum deles se mexeu... Eu me sentia no meio de duas estátuas bizarras - ambas regulando em termos de porte e altura. Talvez o cara que estava comigo fosse mais corpulento. Contudo, Adriano irradiava uma força que o fazia parecer maior. A outra diferença sensível era que, enquanto os olhos do meu algoz vagavam frenéticos, em busca de emoções perigosas, os de Adriano permaneciam calmos e fixos.

Claro que eu já conhecia Adriano o suficiente para saber que sua tranquilidade era só fachada. Aquele vulcão adormecido – cuja erupção, eu ainda não tive a oportunidade de presenciar - estava pronto para entrar em atividade... Entre assustada e fascinada, eu esperava o momento em que a lava desceria sobre o mal-encarado que me mantinha presa em seus braços.

De súbito, o desconhecido quis bancar o valentão, sabendo que Adriano não tentaria nada enquanto eu estivesse entre os dois.

-Aqui é território livre – ele disse, devagar.

-A garota está sob a minha proteção. - Adriano revidou, em tom igualmente suave.

O rapaz, então, trocou olhares com um grupo grande de rapazes e moças que se aglomerava à sua direita. Eles pareciam rappers ou algo do gênero... Adriano não se desviou dele, embora eu pudesse apostar que estava acompanhando cada gesto que o grupo fazia.

-Devo lembrá-lo que posso reivindicar a presa em território livre? - o outro ainda desafiou. Escutei murmúrios de apreensão, como se o rapaz tivesse cometido uma tremenda gafe.

Adriano descruzou os braços e afastou as pernas.

-Eu aniquilo você, antes que pense em tentar. - Ele disse, com voz perigosamente suave.

Exclamações de espanto vieram de todos os lados. Os caras-pálidas se afastaram outra vez, abrindo mais a roda em torno de nós. Estávamos, os três, no olho do furacão.

Eu me sentia vivendo a letra da música que começou a tocar... Aqueles eram os primeiros acordes, e os magos magnéticos tinham ondulado os sinais... Sonho ou pesadelo, estávamos cruzando todas as linhas. E assim, como os demais que presenciavam a cena, eu não sabia o que esperar.

Por alguns segundos as luzes pararam de tremer, sendo substituídas por uma luz negra e uniforme.

-Olhe para cima, drauger. - Adriano apontou para o segundo piso. O rapaz virou naquela direção e seu rosto irônico se transformou numa carranca assustadora. Lá em cima, Stephen segurava uma espécie de pincel, e havia dois círculos fluorescentes pintados na parede, com símbolos em seu interior. Não eram muito grandes, mas estavam bem visíveis sobre a balaustrada.

-Não é mais território livre, agora. É neutro. - Adriano esclareceu.

O tal drauger deu uma risada curta e sem humor.

-Trapaça.

-Kjell! - ouvi alguém protestar. Então, esse era o nome do gigante. Hmmm... nórdico? Claro, drauger era... Meu Deus! Um vampiro norueguês!

-Você manipula as regras sem quebrá-las, não é mesmo? - ele olhou para Adriano de lado. - Mas não é a primeira vez que faz isso...

Adriano continuou impassível, porém, seus olhos adquiriram uma qualidade diferente. Sob a luz negra, eles brilhavam mais assustadores do que nunca. O outro continuou, mesmo assim:

-Ah, eu sei! Acompanho tudo o que acontece por aqui, já que é do meu interesse também. Aliás, do interesse de todos nós. - Ele girou em torno de si mesmo, com os braços abertos; a voz elevou-se uma oitava, como se desejasse incluir todos os que acompanhavam o confronto.

Em meio ao seu gesto grandiloquente, ele acabou me libertando. Adriano olhou de relance para mim, quando eu comecei a me afastar alguns passos do sujeito. Lógico que o tal drauger percebeu o meu movimento, mas não fez nada para impedir.

-Um dia... - ele se voltou para Adriano, novamente. - ...Um dia!

O sujeito finalmente se afastou de mim, deixando a ameaça no ar. Mas, antes de desaparecer na multidão, fez um sinal para que seus companheiros o seguissem. Eles foram atrás do seu líder prontamente, sem esboçar reação.

Adriano encarou o "mar" de caras-pálidas que nos cercava - seus olhos foram se tornaram lava incandescente, o tom amplificado pelo impacto das luzes. Todos desviaram a vista, visivelmente perturbados. Inclusive eu. Algum tempo depois, tudo parece ter voltado ao normal. Num acordo tácito, as pessoas voltaram a dançar e a se locomover pela pista. Mas alguns caras-pálidas ainda lançavam olhares especulativos para o nosso lado.

Então, os olhos impiedosos de Adriano se voltaram para mim.

-Você não queria dançar? Então, dance. Comigo.

O ritmo da música envolvente e a aproximação do corpo dele me fizeram dar um passo instintivo na sua direção. Ele esperou, com a cabeça inclinada para mim...

Mas, então, eu me lembrei de Ásia e de tudo o que aconteceu... Comecei a recuar, mas Adriano não permitiu. Aproximou a mão da minha testa – sem, contudo, tocá-la. Eu senti um formigamento estranho entre as sobrancelhas. Então, uma coisa muito doida aconteceu! Meu corpo ficou mole. Eu me vi aceitando passivamente a sua mão na minha cintura e deixando que ele me aconchegasse ao peito. Ao contrário do drauger, não consegui esboçar nenhum protesto, como se estivesse fora do meu próprio corpo.

Ficamos assim, abraçados, por um longo tempo. Ele esperou que eu recuperasse o controle. E assim que isso aconteceu, começou a se mover pela pista de dança.

Nossa, ele era ótimo! E me conduzia sem que eu sequer percebesse. De repente reparei que ele estava me levando de volta ao começo da pista. Seus movimentos eram econômicos e coordenados. Isso me deixou irritada, sem uma razão compreensível... Decidi arrasar com seu autocontrole, ali mesmo. Ondulando o corpo, eu percebi, mais do que vi, o músculo do seu maxilar se contrair. Ele voltou a me puxar para perto, talvez para me manter sob controle. Seus olhos automaticamente mudaram de cor...

Passou pela minha cabeça que nem Ásia, nem o drauger, conseguiram tirá-lo do sério como eu aparentemente conseguia. Isso me deu imensa satisfação.

Ele girou comigo nos braços, lançando uma mensagem silenciosa e inequívoca aos outros caras-pálidas; mensagem que eu não entendia. Tentei girar o corpo para ver o que estava acontecendo, mas ele me impediu. Seus olhos finalmente se fixaram nos meus.

-Dance. - Ele ordenou novamente. E suas mãos se tornaram exigentes, dominadoras. Ele arqueou o meu corpo como se eu fosse uma boneca de pano, mas sem me machucar. Estava controlando todos os meus movimentos, não permitindo que eu me aventurasse para muito longe dele. Quando isso acontecia, ele me puxava de volta. Com cuidado, porém firme. Manteve-me afastada dos demais até alcançarmos a beira da pista.

A música acabou, mas ele continuou me segurando como se estivesse esperando por alguma coisa.

-Você não me queria aqui. - Eu falei, aproveitando a breve pausa entre esta e a próxima música.

-Definitivamente, eu não te queria aqui - ele confirmou, resoluto.

Eu já imaginava isso. Mas não podia imaginar que ouvir da sua boca fosse doer tanto... Eu tentei me afastar, mas ele não deixou. A música lenta que começou a tocar a seguir virou pano de fundo perfeito para que os pares se abraçassem. Claro que ele também me apertou nos braços. Ah, não! Não, senhor! Desta vez, eu não deixaria que aquela moleza voltasse a me dominar. Eu reuni todas as minhas forças e tentei me afastar. No entanto, ele me segurou com mãos de ferro.

-Solte-me. - Eu não queria dançar aquela música romântica com ele. Era um sacrilégio perante o que eu estava sentindo agora.

-Ainda não – ele objetou.

Mesmo sem querer, a magia da música nos envolveu, vencendo toda e qualquer resistência. Bem... Se aquela dança era tudo o que eu teria dele; se aquele era o nosso adeus... Eu tinha mais é que aproveitar. E foi o que decidi fazer, com um suspiro de rendição.

Ajustamos nossos passos, como se tivéssemos nascido para aquela dança e para aquele momento. Enterrei o rosto em seu peito, e inesperadamente escutei um gemido grave brotando do fundo da sua garganta.

Eu podia ouvir as batidas lentas do seu coração e me sentia segura ali. Eu não queria mais sair do circulo dos seus braços. Mas a razão começou a emitir alertas, dizendo-me para acordar da fantasia ou a fantasia iria me fazer cair sentada na mais dura realidade.

Quando a música lenta chegou ao fim, ele segurou o meu rosto entre as mãos. Seus olhos me enviaram uma mensagem silenciosa que eu não quis interpretar. Chega de ilusões. Chega de acreditar. Não queria que meu coração voltasse a ter esperanças. Outra música começou, dessa vez com a batida pesada... Nós continuamos parados, enquanto o povo ao nosso redor começou a pular... Estávamos em outro planeta.

-Deixe-me ir - eu pedi outra vez.

-Você ouviu a moça. - Reconheci a voz, vinda de muito perto. Jonathan estava ao nosso lado, encarando-nos com indignação. - Vem comigo, Melissa.

Adriano soltou o meu rosto lentamente e virou-se para o rapaz. Sua fisionomia não tinha expressão, quando disse:

-O garoto está certo. Deve ir com ele.

Cambaleando na direção de Jonathan, eu me atirei em seus braços sem olhar para trás. Meu rosto queimava - de indignação, de raiva, de tristeza, de medo, de choque por tudo o que aconteceu... Jonathan automaticamente passou os braços protetores ao meu redor e abriu caminho para voltarmos a nossa mesa. Ele olhou por cima do ombro, antes de dizer:

-Seu namorado não tira os olhos da gente. Não parece muito feliz.

Eu quis olhar para trás, mas resisti. Assim como resisti em dizer que Adriano não era meu namorado, e sim de Ásia Chadwick. Mas é claro que Jonathan sabia de tudo isso.

-Obrigada por vir me buscar – falei alto, para que ele me ouvisse por sobre a batida da música.

-Eu teria ido antes, mas esse pessoal esquisito sabe barrar o caminho, quando não quer que alguém passe. Quase que você desapareceu na pista, mas consegui dar a volta. - ele estalou a língua. - Sou um cara persistente.

Só que eu já não o ouvia... Minha cabeça girava em torno do mesmo assunto.

-Ele não me enviou o convite. Nem me queria aqui - falei baixinho, meus olhos se encheram de lágrimas inconvenientes.

-Ei, o que é isso? - alarmado, ele me abraçou com mais força. Só me soltou quando estávamos diante da nossa mesa. - Sente um pouco. Tão logo eu encontre os outros, vamos embora.

Eu limpei as lágrimas, antes que elas começassem a rolar.

-Não, está tudo bem. - Tentei me endireitar, sem muito sucesso. - Não vou sair fugida daqui. Além do mais, não podemos cortar o barato dos outros.

Ele não disse nada. Apenas me encarou, incrédulo. Eu respirei fundo, algumas vezes.

-Vou buscar algo pra você beber - ele falou, de repente. - Tudo bem?

-Tá.

Enquanto Jonathan se afastava, eu me virei para a pista de dança. Adriano não estava mais em parte alguma. Olhei disfarçadamente para cima, e não vi ninguém dentro da sala de vidro, ou em torno da balaustrada. Os protetores também haviam desaparecido. O único vestígio de sua passagem eram os símbolos quase imperceptíveis nas paredes, feitos por Stephen.

Mas foi, então, que flagrei uma cena interessante e ao mesmo tempo, surpreendente, à entrada da boate: Dalilah estava encostada na parede com Stephen diante dela. Ele lhe dizia alguma coisa no ouvido, e seus braços estavam ao redor de sua cintura de maneira protetora. Definitivamente, Stephen tinha perdido a máscara de frieza que normalmente ostentava.

Por um momento, eu invejei os dois. Mas logo fui dominada por uma sensação boa. Eu ficava feliz em ver que Dalilah estava tendo a oportunidade que tanto sonhou e lutou para conseguir.

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