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2 - Corredores

Márcio acaba de entrar em mais um corredor.

É o terceiro corredor, com infinitas portas, que ele percorre. Mesmo achando que a busca é inútil, sente que é a única coisa certa que pode fazer.

Acordado, jamais vai conseguir encontrá-la novamente, portanto traçou planos para conseguir chegar até ela dormindo. Uma vez dormindo, não consegue se lembrar dos planos. Isso gera um círculo na mente dele, que não consegue se libertar; o pensamento de que a procura não vai dar em nada (e ele tem quase certeza de que não vai) faz com que ele passe o dia todo deprimido; depressão essa que faz com que ele não queira pensar em outra coisa.

O corredor fracamente iluminado com luzes vermelhas tem cerca de uma centena de portas de cada lado. Apesar deste número estar fixo em sua cabeça, Márcio sabe que é outra bobagem. Como poderia saber o número de portas se não consegue nem ao menos ver o final do corredor?

Ele é estreito e comprido, com pequenas luminárias penduradas nas paredes de ambos os lados, entre cada uma das portas. A luz das lâmpadas vermelhas é fraca e bruxuleante, o que faz com tudo pareça ainda mais etéreo. As lâmpadas possuem um zumbido constante, além de piscarem e darem pequenos estalos de tempos em tempos. Ele tem dúvidas se as paredes também são vermelhas ou se isso é efeito da luz. Um pensamento estranho passa por sua cabeça e o atordoa: "E se a luz que ilumina o corredor na verdade for branca e muito fraca, e o corredor for totalmente vermelho, do carpete ao teto, passando pelas portas e paredes?". Será que isso interferiria no seu plano? Efetuar uma busca sob luzes brancas deve ser muito diferente de efetuá-la sob luzes vermelhas.

Logo, Márcio abandona essa linha de pensamento. Que diferença faz a cor da lâmpada, - pensa ele - se tudo acontece dentro da nossa cabeça? Cores, gostos, ver, ouvir, sentir... e sonhar. Apenas uma série de impulsos nervosos, um atrás do outro, interpretados pelo nosso cérebro. Será que é isso mesmo? Ele fica em dúvida novamente. "Devo estar ficando louco", pensa, afinal.

Para e resolve entrar na porta 42. Olha para o lado direito e decide: "Esta é a 42". Márcio leva a mão até a maçaneta e, antes de abrir, pressente que a porta não o levará a outro corredor, mas ela também não estará dentro; Fernanda é que estará do outro lado da porta. Ele tem certeza disso e pensa em como é estranho nós sabermos tudo o que vai acontecer nos sonhos e, mesmo assim, não conseguirmos evitar.

O rapaz hesita por um momento, lembrando de sua última conversa com Fernanda, acordado. A amiga finalmente perdeu a paciência com ele e veio lhe cobrar uma atitude:

- Márcio, quando você vai resolver sair dessa cama?

- Não sei - respondeu ele com sinceridade.

- Os médicos disseram que você só vai se recuperar se tentar levar uma vida normal. Sei que o atropelamento foi sério. Sei melhor do que ninguém o quão perto da morte você chegou. MAS VOCÊ NÃO MORREU!

- Ok, você tem razão. - disse Márcio, mais para que ela parasse de falar, pois cada palavra que ouvia fazia suas veias da testa latejarem.

- Você deveria ter começado a fazer mais sessões de fisioterapia há um mês. Essa caminhada que você dá pelo corredor do hospital duas vezes por dia não vai fortalecer suas pernas.

- Sim. - disse ele, de forma displicente.

- Conversei com a fisioterapeuta, e ela me disse que você nem sequer se esforça quando ela vem aqui fazer os exercícios com você. - insistiu Fernanda, cada vez mais exaltada.

- Dói muito, Fê.

Vendo que Márcio não estava dando muita importância para seu discurso, Fernanda se calou e, por fim, se dirigiu à saída. Antes que ela partisse, Márcio disse, sem pensar:

- Você não tem ideia de quão perto da morte eu estive...

A garota não respondeu; saiu, fechando a porta atrás dela.

Agora, Fernanda estava atrás da porta 42. Márcio abriu-a devagar, e lá estava ela. Sentada em uma cadeira, no meio do quarto, chorando; seus braços estavam atados à cadeira, como se fosse uma pessoa sequestrada, prestes a ser interrogada pelos vilões de um filme noir.

Pela milésima vez desde que acordou após o acidente, ele sentiu remorso.

Márcio ficou sabendo por seus pais que Fernanda esteve com ele desde o primeiro dia, logo após o atropelamento. Ela tirou 30 dias de férias apenas para poder cuidar dele, perdendo assim a viagem para a Europa que estava planejando há séculos. Dois anos sem tirar férias e ela desperdiçou a chance para cuidar de mim.

- Fernanda, o que você está fazendo aqui?

- Vim lhe dizer para você desistir dessa loucura. - falou a garota, com um olhar meio perturbado - Volte comigo, ela não pode ser sua. Eu posso.

- Por que você está amarrada dessa forma?

- Ora, meu amor, está com febre de novo? Foi você que me amarrou aqui. Lembra?

- Não fui eu! - respondeu depressa Márcio - Você não entende. - tornou a dizer, assustado, voltando em direção ao corredor. Olhou para os dois lados, sem lembrar de que lado tinha vindo, mas logo reparou que isso não tinha importância, o corredor estava totalmente diferente e a porta atrás dele não era mais a mesma.

- Márcio! - gritou a garota - Me tira daqui!

Ele corria pelo corredor, enquanto o choro de Fernanda ficava cada vez mais alto. Ele queria gritar, mas não podia. Corria, mas parecia não sair do lugar. Queria fugir para não ter que encarar Fernanda novamente.

O novo corredor parecia ainda mais estranho e assustador que o anterior. Era mais longo e todo sinuoso. Parecia saído do cenário do filme O Gabinete do Doutor Caligari. Várias luminárias estavam apagadas e algumas lâmpadas piscavam aumentando o efeito de horror.

Quanto mais ele corria, ou tentava correr, já que parecia estar se movendo em câmera lenta, mais próximo e mais alto ficava o choro de sua amiga. Ela gritava o seu nome. Ele precisava fugir dali, mas para onde? As portas não eram comuns, retangulares, elas tinham formas variadas, assimétricas, estranhas, amedrontadoras. Corria, corria, corria, mas quase não saía do lugar. Era como se estivesse no fundo de uma piscina. Via as luminárias e as portas se aproximando e ficando para trás, muito lentamente. A sensação era desesperadora. Sentiu vontade de gritar, mas a voz parecia presa em sua garganta.

Parou em frente a uma porta toda preta. Ela era sinuosa, torta para a esquerda e ia afinando conforme subia, como se alguém tivesse segurado a sua base e a esticado para o alto e para o lado. Márcio tentou abri-la e não conseguiu. Estava trancada. Foi a primeira porta trancada que ele encontrou desde que começou sua busca.

Nesse momento, o choro de Fernanda parou e fez-se um silêncio total, daqueles que é impossível conseguir no mundo real. Nem mesmo o zunido das lâmpadas, ele conseguia ouvir. Olhou para trás e sentiu que não deveria voltar. Havia algo errado. Por um momento, passou pela sua mente a ideia de que tinha que ir ajudar à sua amiga. Mas ela nem deveria estar ali, portanto não era problema dele, certo?

Ao olhar de novo para a porta, teve um sobressalto. Ela estava aberta. O rapaz tentou enxergar algo lá dentro. Difícil saber se era uma sala ou outro corredor, já que a escuridão era completa. Nem mesmo um pouco da luz do corredor conseguia passar pelo batente. Assim como o silêncio, aquela escuridão também não era normal.

Ele resolveu arriscar e deu um passo em direção ao novo cômodo. Imediatamente, começou a cair. Sem conseguir ver absolutamente nada, era difícil saber qual seria a altura daquela queda e o que aconteceria ao final dela. Começou a ouvir o barulho do vento passando pela sua cabeça e o estômago parecia prestes a sair pela boca. Sua velocidade devia ser muito alta. O último pensamento de Márcio foi: "Dessa vez vou me machucar feio". Acordou em um pulo, levando o corpo para a frente, ofegante. As pernas doíam de maneira quase insuportável.

Continuou sentado e assustado. Demorou alguns segundos antes de recuperar o fôlego e, sem poder evitar, vomitou ao lado da cama. A camisa do pijama estava ensopada de suor, mas ele não tinha coragem de se mexer para tirá-la. Aquele tinha sido o pior de todos os sonhos desde o acidente.

O coração ainda estava disparado e isso não tinha nada a ver com os corredores ou com a longa queda. Por cerca de um segundo, antes de acordar, Márcio viu uma figura pálida à sua frente, de cabelos e olhos negros, encarando-o fixamente. Em seu peito, o mesmo símbolo egípcio, que agora ele já sabe que é um Ankh.

Por apenas um momento, enquanto o sonho ia embora, ela estava ali a seu lado.

- Devo estar mesmo ficando louco.


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