Capítulo 5
- Tudo bem. Bom, ahm, você me faz uma pergunta e eu respondo e depois eu te faço uma pergunta e você responde, ok? - Zack disse.
- Ok. Eu quero perguntar, é... Quem são seus amigos da faculdade? Quero dizer, é, com quem você anda lá? Com quem você estuda lá, sabe?
- Ah, com uns caras.
- Mas que caras, Zack?
- Jason... Edwin... Rob... E o Sal. Pronto, respondi?
- Mas, é... Como eles são?
- Fisicamente?
- Não, tipo, se são legais ou muito estudiosos...
- São normais. A gente estuda quando tem que estudar; vai pra um bar às vezes, e o Sal, o Rob e o Jason ficam tentando conquistar garotas enquanto eu e o Edwin conversamos. Ele tem namorada.
- E por que não os convidou pro nosso casamento?
- Eles não sabiam que eu ia casar. - O encarei, espantada.
- Como assim? Por que? Eles não sabem que eu existo na sua vida?
- Não é necessário, Ariel. Eles nem são tão meus amigos assim. Somos só colegas de faculdade, só isso. E eles são muito estranhos quando bebem.
- E o Josh não é, né?
- É diferente e você sabe disso... Pronto! Respondi essa questão?
- É, mais ou menos. Pode me perguntar agora.
- Já me traiu? - ele perguntou, sem rodeios.
- Óbvio que não!
- Nem com Andy, Owen, Daniel...?
- Não, Zack!
- Hum.
- Quero que me conte o que você realmente faz naquela empresa.
- Nem eu sei direito o que faço lá... Por que quer saber isso? Não tem necessidade.
- Era disso que eu tava falando. - Me deitei na cama e coloquei o travesseiro na minha cara. Comecei a chorar, não sei porquê. - Ah, cara, bem que minha mãe disse que isso ia acontecer.
- Por que está chorando? Amor, olha pra mim, o que foi?
- Eu tô grávida. - Solucei.
- Você não queria estar grávida, é isso?
- Não. É que quando a mulher tá grávida as emoções ficam todas descontroladas, Zack. - Solucei de novo. - Eu não gosto do fato de não saber o que você faz quando estamos longe um do outro. Você sabe tudo de mim, mas se fecha completamente quando eu quero saber de você. Te odeio. Quero terminar. Cadê os papéis do divórcio? Cansei disso. - Ele riu. - Não é pra rir. Tô chateada.
- Tá chateada comigo?
- Não, com a camareira. É claro que é com você, seu... bosta.
- Eu sou um bosta?
- Você é um bosta.
- Sério? Então não vou te dar esses brincos. - Ele colocou uma caixa preta na cama.
- Tô pouco me fodendo. - Peguei o telefone que tinha no criado-mudo. - Alô? É do serviço de quarto?
- Aoxmdjckforkdmdk... - Acho que ele disse que sim e me perguntou o que queria.
- É, ahm... Petit gateu.
- Aidjridjfjekek...
- Sim. É. Três petit gateau.
- Docmfmekdkkd...
- Sí. É na cobertura. Valeu. Bye. - Zack me abraçou. - Não. Sai daqui. Não te quero.
- Se não me quer, por que disse "sim" ao padre?
- Foi a pressão do momento. Tava todo mundo me olhando e tals...
- Então você não queria se casar comigo? - Ele me deu um selinho.
- É. Nem gosto de você.
- Você só quer o meu dinheiro? - Ele beijou meu pescoço.
- Exatamente. Vou te matar essa noite.
- De que jeito? - Ele mordeu o lóbulo da minha orelha.
- Vou te asfixiar com um travesseiro.
- Então toma o brinco. Você vai pegar de qualquer jeito.
Abri a caixinha e tinha um par de brincos grandes e super brilhantes. Muito lindos. Mas devem ser muito caros.
- São muito lindos, mas devolve.
- Já paguei por eles. Não vou devolver.
- Vai sim.
- Por que eu tinha que te contar sobre a empresa? Agora você não aceita mais nada meu!
- Você não me contou porra nenhuma! Eu tive que descobrir sozinha!
- Você é uma intrometida, isso sim.
- E você é um babaca! - falei, me levantando da cama.
Peguei minha bolsa e meu casaco e saí. O petit gateau eu como depois, dá nada não. Me olhei no espelho do elevador e eu tava ó... uma bosta. Meu cabelo tava desgrenhado e precisando repintar, porque a raiz já tava toda aparecendo. Quer dizer, não está tão feio, mas eu sempre pinto antes de aparecer tanto a raiz assim. "Você está grávida, querida, precisa dar um tempo nas tinturas, pelo menos até o quarto mês" lembrei do doutor Ramirez me avisando, ao telefone. Sério, Zack fez o cara me consultar por telefone, antes de viajarmos, porque ele estava de férias. Eu e ele tivemos uma conversa super produtiva e louca também. Quer saber? Vou cortar isso. Meu cabelo já está na cintura e pelo menos metade dele está acabado. Isso, Ariel, descolore, pinta de rosa, aí pinta de castanho de novo, depois descolore novamente e pinta mais uma vez de rosa e fica nesse vício, parabéns pra você! Ganhou um cabelo cheio de pontas duplas e frizz e super sem vida. Tá morto o cabelo já. Ok, consciência, chega.
Vi um salão de cabeleireiro e percebi que duas cadeiras lá dentro estavam vazias. Graças a Deus eu consegui me comunicar com a recepcionista, que sabia falar espanhol. Se fosse Zack, a moça ficaria boiando mais que o Juanito. Ela explicou o que eu queria fazer para uma cabeleireira e aí deu tudo certo. E ficou muito melhor do que eu pensava. Eu pedi pra cortar na altura dos ombros e achei que ia ficar uma bosta, mas ficou lindo! Eu amei, cara! Tô me sentindo muito mais leve agora! Assim que paguei e agradeci, meu celular começou a tocar. Era quem? O Zack, claro.
- Ok, legal, você resolveu dar uma volta. Respeito isso... Mas onde você tá? - ele perguntou.
- Tô dando uma volta.
- Você não dá voltas de uma hora, Ariel! Grávida não pode andar muito!
- Doutor Ramirez disse que os raios solares fazem bem pro bebê.
- Está nublado e escurecendo. Quero você aqui a-go-ra.
- Ah, tá, senta aí e espera então. Tchau, Zack.
- Ariel! Pô! - Desliguei.
Só pra irritá-lo ainda mais, voltei pro salão e fiquei conversando com a secretária. Fiquei lá por mais uma hora, mais ou menos. Qual é, os biscoitinhos de manteiga que tinham ali eram muito bons! A mulher se chamava Paloma e tinha vindo da Espanha. Eu disse pra ela que achava que Paloma significava "pomba" e ela disse "É isso mesmo. Odeio meu nome". Obrigada, mãe, por me dar o nome de uma personagem da Disney (nada contra as Palomas existentes na Terra, amo vocês Palomas). Enfim... Voltei pro hotel e já tinha escurecido. Aí, lá na recepção, lá no cantinho, sentado, lendo um jornalzinho, encontro Zack, o marido-furioso. Assim que me viu, se levantou e veio a passos largos até mim. Mandei um sorrisinho fofo e ele apenas bufou. Ele estava com uma cara de raiva... Vish. Se gritar comigo, apanha.
- Aonde você estava? Me conte aonde estava!
- E depois eu que sou a intrometida.
- Aonde você estava, Ariel?
- Dá pra abaixar o tom de voz? - Entramos no elevador. - Se prestasse um pouco mais de atenção, saberia onde eu estava.
- Tá sem sacola nenhuma, então não fez compra... Não sei onde estava.
- Vou te deixar com a dúvida.
Ele ficou me encarando por um super tempo. Eu comi meus petit gateaus frios e ele continuou me encarando. Sabem a hora em que ele foi descobrir? Na hora em que eu já estava quase dormindo.
- Você tava no cabeleireiro, acertei?
- Nossa, que rápido você foi! Levou menos de uma eternidade pra perceber! Parabéns, merece o prêmio de Marido do Ano!
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