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▓ O AÇOUGUEIRO ▓

Jorge, encontra-se no seu estabelecimento comercial, em cima é a sua casa, e abaixo  o seu açougue, mora num sobrado se assim você permitir imaginar, a cidade de interior, bem pouquinhos habitantes, ele conhece todo mundo que mora por perto, e todos o tem como; o Buguinho do açougue, sempre foi assim e a vidinha pacata e monótona continuava como sempre foi.

Nunca que os vizinhos do Buguinho imaginavam como ele conseguiu conquistar aquele "pedaço de carne" que era a sua mulher Mercedez.

Provocante das ancas largas, um remelecho natural, e um olhar angelical, fruto daqueles olhos azuis celestes que atraiam os homens para aquele estabelecimento de esquina.

Enquanto o Buguinho passava a faca, na shaila, para deste modo deixar bem afiadinha, e desta maneira ir cortando os bifes de coxão mole para mais um cliente.

Mercedez ficava na varanda da casa tomando uma fresca expondo a figura para quem quer que passasse por ali.

Ela tinha um olhar distante, parecia sempre a procura de alguém.

O seu homem, não era corpulento e sim pequeno, mas sabia coisas do trato que a fizeram cair na sua lábia.

Ela não gostava muito da carne, o cheiro de açougue não lhe agradava muito. Até tentou ficar no mercadinho no caixa. Não deu muito certo. Buguinho a tinha como um bibelozinho sempre assim. Não se importava.

A vidinha monotona era sempre a mesma. Era Buguinho desossando um traseiro, separando as partes pra freguesia.

Era coxão mole, era patinho a posta branca e a posta vermelha.

Cortava-se um contra-filé como ninguém. O povo gostava dele. Pois o pequeno estava sempre atencioso com a freguesia.

E lhe perguntavam.

— Como vai a dona Mercedez?

Vai bem, esta meio resfriada estes dias, por isto agora se encontra-na em cima cuidando da casa.

— Ah bão, me vê um quilo de carne moida.

E ia o buguinho para a camara fria pegar os pedaços de músculos para moer.

— Faz tempo que não vejo ela, disse uma senhora que todas as tardes vinha buscar a carne pra sopa, família grande precisava daquele reforço no mantimento.

— Lhe garanto que esta bem.

Buguinho sentia uma paz no ar, lá em cima estava silencioso. Certo que a Mercedez estava bem.

Esqueci de lhe contar, na frente do estabelecimento tinha um bar, daqueles botequins de fim de tarde. A visão que os grotescos pedreiros e peões tinham era a bela morena dos olhos azuis tinham. Naquelas bandas, homem que é homem olhava sempre pra cima. Ver a anja da varanda.

O Senhor da frente antes de fechar o estabelecimento, perguntou ao Buguinho.

— Boa tarde, como foram as vendas hoje?

— Muito bem, obrigado.  Parecia com pressa pra fechar e subir pra cima.

— A propósito num vejo a dona Mercedez estes dias, ela esta meia sumida. Disse o velho comerciante, escarrando no chão após ter terminado de varrer a sua fachada.

— Ela anda meio Gripada, daí não esta boa pra ficar vendo a vizinhança.

E fechava a cara, não era nada agradável ficar fazendo comercial da sua pequena.

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