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six

O dono da loja de aviamentos era um homem chamado Monsieur Gouin. Ele vivia lá em um sobrado em cima da loja com sua esposa, Yolande, e seus filhos, dois meninos de quatro e seis anos. Meu trabalho incluía desde atender as pessoas na loja até ajudar Mme. Gouin a preparar o jantar, ou seja, sem hora para começar ou terminar o expediente. Séculos de distância da primeira legislação trabalhista ou da Declaração Universal de Direitos Humanos, poderia ser muito pior, considerando que o trabalho escravo e a exploração colonial estavam abastecendo a economia europeia a todo vapor naquele momento. Pensando dessa forma, eu encontrei forças para olhar para a minha situação com uma visão mais otimista, mas ainda era doloroso pensar em como eu nunca mais eu veria minha mãe tocar violão ou assistiria filmes iranianos com o meu pai, nem mesmo iria fumar e beber vinho deitada na grama do Jardim do Louvre com Leanne. Havia em mim um pedacinho de esperança, ou um desejo muito forte, de que um dia eu iria voltar para o século vinte e um, eu apenas não sabia como ou quando. Se eu for contar as minhas bênçãos, pelo menos eu pude me apresentar para os Gouin como Joséphine Marchand.

— Joséphine, você preparou as encomendas do Monsieur Gaultier? — Perguntou Monsieur Gouin. Um dos nossos maiores clientes era um alfaiate curiosamente chamado Jean-Paul Gaultier e eu achava isso uma fascinante e hilária coincidência. Uma das primeiras peças designer que eu comprei depois de ingressar na faculdade de moda foi uma jaqueta Jean-Paul Gaultier.

— Sim, Monsieur Gouin. — Eu respondi, de trás do balcão, enquanto separava uma pilha enorme de botões por cor e tamanho. — Ele virá buscar no fim da tarde?

— Sim, ele vai. Se ele vier pessoalmente ao invés do assistente dele, tente vender aquele appliqué dourado.

— Monsieur Gaultier odeia aquela coisa.

— Mas ele gosta de você. — Ele sorriu. — Convença-o de levar pelo menos meia dúzia. Eu estou de saída.

— Certo, eu vou tentar. — Eu ri. — Não se esqueça de comprar o óleo de lamparina que Madame Gouin pediu.

— Vou me lembrar disso. Olhe a loja com cuidado. — Ele disse. — Se precisar de ajuda com alguma caixa pesada, peça para os meninos da sapataria ao lado.

— Eu me viro, Monsieur Gouin, não se preocupe.

Monsieur Gouin estava prestes a sair da loja quando uma carruagem muito chique parou na frente dela. Dois cavalariços colocaram-se em volta da porta da carruagem e enquanto um a abriu, o outro deu a mão para que uma dama em roupas extremamente chiques descesse, muito parecido com aquela cena da Glenn Close em Dangerous Liaisons.

— Madame la comtesse! — Disse Monsieur Gouin quando a mulher entrou, fazendo uma pequena reverência. Uma condessa!? Puta merda.

— Gouin, meu caríssimo amigo! — Disse a condessa, sorrindo. Ela era muito bonita, usando um robe a la française fabuloso, verde com bordados em azul oxford, e muitas jóias. Ok, talvez eu estivesse encarando ela por tempo demais e ela percebeu. — Parece que você encontrou uma substituta para mim.

— Oh, é claro, essa é Joséphine, nossa nova assistente. — Disse Monsieur Gouin. — Joséphine, essa é Madame Jeanne, Comtesse du Barry. — Disse Monsieur Gouin. Du Barry? De onde eu conheço esse nome? Eu não sabia o que fazer, então eu fiz uma reverência um pouco constrangedora.

— É um prazer conhecê-la, Joséphine. — Disse Madame du Barry.

— O prazer é meu, Madame... Madame la comtesse. — Eu disse. Tomara que eu tenha acertado essa merda de título. A condessa então virou-se novamente para Monsieur Gouin.

— Eu temo que a minha visita seja bem curta, não é muito apropriado para mim estar aqui agora. Mas eu sei que meses atrás eu prometi nunca esquecer o que você e Yolande fizeram por mim, então eu passei para dizer oi.

— Sua presença agracia o ar de nosso humilde estabelecimento. — Disse Monsieur Gouin.

— Bem, dê meus cumprimentos a Yolande e diga às crianças que eu disse oi. — Disse a condessa. — Minha estadia em Paris será muito curta e eu ainda preciso encomendar alguns vestidos novos... Se precisar de qualquer coisa, eu estou no Le Peletier.

La Comtesse du Barry despediu-se cordialmente de nós e foi embora em sua brilhante carruagem. Monsieur Gouin contou-me que ela costumava trabalhar para ele alguns anos atrás, até que ela se casou com um conde e passou a residir em Versalhes. E então eu percebi... Aquela era ninguém menos que a Madame du Barry, a amante de Louis XV e sucessora da Madame de Pompadour! Belissimamente interpretada pela Asia Argento no filme "Marie Antoinette" (2006) da Sofia Coppola! Eu acabei de conhecer uma figura histórica famosa do século dezoito pessoalmente! Monsieur Gouin estava com pressa, mas eu queria perguntar tudo sobre ela, eu estava tão eufórica que eu mal conseguia me conter. Enquanto ele foi embora, eu não conseguia parar de pensar na condessa, seu vestido extravagante, suas joias, o fato de que ela e Maria Antonieta se tornariam inimigas daqui alguns anos e... Bem, eu tive ainda outra ideia terrível.

Graças à bondade de Monsieur Bascher, eu não precisei vender o anel de diamante que eu trouxe comigo do futuro. O dinheiro que Monsieur Gouin me pagava era pouco, mas eu tinha um pouco guardado e eu gastei tudo basicamente em um único dia: uma paleta de aquarela, lápis de carvão e papel Canson. Esses itens de papelaria que normalmente seriam bem baratos eram ridiculamente caros em 1769. Em meu pequeno quartinho nos fundos do sobrado dos Gouin, eu dediquei minhas noites, as poucas horas que eu tinha para descansar enquanto eu não estava trabalhando, a fazer o que eu nasci para fazer - e arduamente estudei para aperfeiçoar. E então era hora de colocar meu plano em prática.

Eu conheço o Marais com a palma da minha mão, então quando Madame du Barry mencionou que estava no Le Peletier, eu sabia que ela estava falando do lugar em que por toda a minha vida eu conheci como o Musée Carnavalet. O Hôtel Le Peletier era um dos prédios que Deus sabe quantos anos depois virou um museu dedicado à história de Paris. Com o pouco dinheiro que me sobrou, eu paguei um cavalariço para me deixar o mais perto possível do hotel e, sem saber o que fazer exatamente, eu confiantemente andei em direção à propriedade. Havia um anel batedor na porta em formato de um leão e eu toquei, sem saber se eu poderia ser presa por isso - o século dezoito é bem estranho -, mas depois uns dois minutos a porta foi aberta por um homem em uma peruca branca e uma expressão de desgosto permanente.

— Pois não, mademoiselle? — Disse o homem. Ele provavelmente era um mordomo ou algo do tipo.

— Olá, meu nome é Joséphine Marchand, eu sou uma modista. — Eu disse, tentando disfarçar o quão nervosa eu estava. — Eu vim falar com Madame du Barry.

— Madame la comtesse não está aguardando ninguém, Mademoiselle Joséphine, eu recomendo que você vá embora.

— Eu sou conhecida do Monsieur Gaultier, um dos maiores alfaiates de Paris... — Eu disse, rezando para que essa verdade exagerada não explodisse na minha cara mais tarde. — Por favor, apenas diga à Madame du Barry que eu estou aqui, eu espero todo tempo que for necessário.

Apesar de sua cara de descontentamento, aquele mordomo nada simpático parecia estar de bom humor e me deixou entrar, prometendo avisar a condessa da minha presença. Com um canudo improvisado que eu mesma fiz com sobras de couro de um casaco velho de Monsieur Gouin, eu me sentei em uma sala suntuosa em um pequeno sofá muito desconfortável. Nem um copo d'água me foi servido nas três horas e meia que eu passei esperando o mordomo dizer "Madame la comtesse irá vê-la agora".

Eu segui o mordomo até outra sala onde Madame du Barry estava sentada tomando chá em um belíssimo vestido de tarde amarelo repleto de bordados de flores coloridas.

— La Mademoiselle Joséphine Marchand. — Anunciou o mordomo. Eu estou me sentindo muito chique agora.

— A garota de Goin, olá. — Disse Madame du Barry, sorrindo amigavelmente. — O que a traz aqui?

— Madame, obrigada por me receber. — Eu disse, dando o meu melhor para disfarçar a raiva que eu senti daquela vagabunda por me fazer esperar quase quatro horas. — Quando você esteve na loja do Monsieur Gouin semana passada, eu não pude deixar de ouvir quando você mencionou que estava à procura de vestidos novos... Bem, eu sou uma modista.

— Bem... — Ela riu. — Que tipo de modista trabalha como assistente em uma loja de aviamentos?

— Uma que foi pega de surpresa por uma série de desventuras na vida, madame. — Eu disse, com meu melhor sorriso falso. — Mas eu estou procurando meios de me reerguer. Posso mostrar-lhe minhas criações?

— Você veio até aqui... Por que não?

Eu abri meu canudo e desenrolei os papéis Canson onde eu fiz belíssimos croquis de aquarela. Quando eu estudei moda Rococó em Nova Iorque, Maria Antonieta era o foco principal, mas tudo começou com a Madame de Pompadour, a famosa amante de Louis XV e uma das mulheres - e pessoas no geral - de maior poder político na França do século dezoito. Madame du Barry foi a maîtresse-en-titre que sucedeu Pompadour como amante real do rei e não detinha nem de longe o poder ou influência de sua antecessora, mas ela foi um grande ícone fashion de sua época. Beulard, Mademoiselle Alexandre... Os marchandes de modes mais famosos de Paris vestiram ela com suas criações. Eu coloquei meus conhecimentos de história e moda e elaborei uma pequena coleção de sete vestidos de tarde chamada "Versailles bondé" ("Versalhes lotada"), uma referência à rixa dela com Maria Antonieta que não existia ainda. A rainha - que na ocasião era apenas dauphine, esposa do príncipe-herdeiro - recusava-se a falar com Madame du Barry por considerar o papel dela como amante ofensivo e vulgar, mas a condessa, querendo ou não, era um membro oficial da corte e então, em uma festa de Ano Novo em Versalhes, uma Maria Antonieta adolescente e com uma cabeça ainda sob seus ombros falou "il y a bien du monde aujourd'hui à Versailles" ("Tem muitas pessoas em Versalhes hoje"), colocando um fim na tensão entre elas duas. A verdade é que eu queria referenciar qualquer coisa que aconteceria em um futuro próximo apenas pela diversão. Qual é a graça de ser uma viajante do tempo se não isso?

— Bem, Joséphine, eu estou impressionada. — Disse Madame du Barry. — Suas criações são lindas, mas suas habilidades como modista são desconhecidas para mim. Eu não tenho referência alguma do seu trabalho.

— Eu sei, madame, e eu entendo suas preocupações. Mas por favor, dê-me uma chance... Um vestido, é tudo o que peço. Se você não gostar, pode devolvê-lo.

— Está bem, então. Eu irei encomendar dois, só porque não consigo me decidir entre esses aqui. — Disse Madame du Barry, apontando para dois dos meus croquis, um preto e branco e um azul. — Eu só ficarei em Paris por mais duas semanas, então eu gostaria de tê-los até semana que vem.

— Muito obrigada, madame, eu prometo que você irá amar os vestidos que eu farei!

Depois de uma semana inteira elaborando aqueles croquis e três horas sentada naquele sofá ridículo, eu estava encarregada de fazer dois vestidos para ninguém menos que a amante real do Rei Louis XV.

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