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onze

Certo, vocês devem estar se perguntando o que se deu de mim após o meu extravagante debut em Versalhes. Vamos lá:

Eu recebi uma quantidade absurda de encomendas. Vestidos de baile, vestidos de tarde, vestidos de noiva, vestidos, vestidos, vestidos! Eu peguei um empréstimo com a minha cara amiga Albertine, la Duchesse D'Orleans, e trabalhei nessas primeiras encomendas dia e noite. Chegou um ponto que eu não estava dando mais conta do serviço e precisei contratar uma assistente: Annette Gouin, sobrinha dos meus antigos patrões. Com a ajuda de Annette, eu terminei todas as encomendas, paguei Albertine de volta e cheguei à conclusão de que aquele pequeno ateliê não era o bastante para que eu desse conta da minha clientela. Então eu aluguei um charmoso apartamento de três andares no Le Marais, meu antigo bairro. O primeiro andar era onde funcionava meu showroom, onde eu recebia minhas clientes para provas e medidas, o segundo era o meu ateliê, onde eu fazia a mágica acontecer e dava vida às minhas criações, e o terceiro era o meu lar-doce-lar - depois de tanto tempo dormindo no meio dos vestidos, eu finalmente tinha um quarto com uma cama e uma banheira (eu queria um chuveiro à gás de alta pressão, mas infelizmente não há dinheiro que compre algo que não foi inventado ainda). Minha carga de trabalho cresceu tanto que eu precisei contratar mais pessoas. Oito meses após aquele grande dia em que a amante real de Louis XV debutou na corte de Versalhes usando um vestido meu, talvez eu ainda não fosse a maior modista da França. Mas eu estava chegando lá.

Ah, "e o Monsieur de Valois?", vocês também devem estar se perguntando. Bem, ele ainda está tentando transar comigo.

— Bom dia, Joséphine! — Disse Annette, abrindo as janelas do meu quarto. Meu deus, eu odeio quando ela faz isso!

— Bom dia, eu acho. — Eu disse, bocejando, enfiando minha cabeça nos travesseiros para a luz do sol não machucar os meus olhos.

— O ateliê já está aberto, você tem duas clientes esperando. — Disse Annette. Essa hora da manhã!? — Eu disse que você estava ocupada com algo muito importante. Disponha.

— Eu estou ocupada, dormindo...

— Sabe de uma coisa? Quando você me contratou, você acordava todos os dias antes do sol nascer e trabalhava sem parar até bem depois que ele se punha. Desde que você começou a frequentar os salons de Madame D'Orleans você volta para casa bêbada e dorme até o meio-dia.

— Certo, certo... Eu mereço isso. — Eu admiti, levantando-me e sentando na cama. — Pode ajeitar o meu cabelo, por favor?

De cabelo feito, cara lavada e trajando um belíssimo vestido de tarde que eu mesma fiz (obviamente), eu desci as escadas do meu ateliê para encontrar minhas clientes. "Bom dia, Madame Joséphine!", diziam as costureiras do segundo andar quando passei por elas - todos me chamam de Madame agora, não sei exatamente o motivo. Passando pelo corredor que dava acesso ao showroom, eu vi um jarro de flores repousando no aparador. Eram camélias brancas agrupadas em um arranjo muito bonito.

— Annette, quem mandou isso? — Eu perguntei, suspeitando da resposta.

— Quem você acha? Le demón... — Disse ela, revirando os olhos. "O demônio" era o apelido carinhoso que atribuímos ao infame Monsieur de Valois.

— Bom dia, madames. Perdoem o meu atraso, eu estava tão ocupada! — Eu disse, entrando no meu showroom e cumprimentando as minhas clientes. Aí vai mais um dia como outro qualquer...

Por mais que eu tenha levado aquela bronca de Annette, não é como se eu tivesse deixado o dinheiro subir a minha cabeça e me tornado uma pessoa preguiçosa. Eu ainda fazia questão - não exatamente por escolha - de colocar a mão na massa para que cada vestido saído do meu ateliê fosse, acima de tudo, feito por mim, sempre contando com as mãos habilidosas das minhas funcionárias. Eu cuidava pessoalmente das contas e das papeladas, para garantir que tudo estava nos conformes. É que depois de vários meses de dedicação extrema e exclusiva a esse negócio, eu percebi que a minha publicidade demandava socialização - de um jeito não muito diferente do século XXI, só que era impossível fazer isso através da internet, as redes sociais na Paris de 1769 eram o bate-boca dos eventos da classe alta. Felizmente, minha amizade com Albertine e outras mulheres da nobreza garantia a minha presença nos salons, nos teatros e nos bailes. Eu fiz vestidos para debutantes, noivas e princesas, até mesmo desenhei e produzi os figurinos para uma ópera que foi apresentada no Théâtre des Tuileries (que é o teatro mais badalado do momento, já que o Ópera Garnier ainda nem foi construído). Mesmo quando eu estava me divertindo, eu estava trabalhando - ou pelo menos eu gosto de acreditar nisso.

— Me desculpe, monsieur, Madame Joséphine já fechou o ateliê. — Eu escutei Annette falando com alguém no hall de entrada. Eu evitava receber clientes depois que o sol se punha, mas de vez em quando eu abria algumas exceções. Eu fui até ela para dizer que poderia deixar mais esse entrar, mas... Bem, meu coração quase pulou uma batida quando eu vi quem era.

— Monsieur Bascher? — Eu disse, quase sem ar.

— Angelique. — Ele disse. — Quanto tempo...

Eu levei Monsieur Bascher até a sala principal e nos sentamos no sofá. Eu pedi para que Annette trouxesse um chá para nós antes de se recolher. Era muito estranho estar ali, na presença dele, meu ex-noivo, mesmo que tenha sido só por uma noite... Eu achei que nunca mais fosse vê-lo depois do dia que ele me ajudou e foi embora de Paris. Ele estava tão bonito quanto antes.

— Então... Você é Joséphine Marchand agora? — Ele perguntou, uma das primeiras palavras que ele disse para mim depois que Annette trouxe o nosso chá e eu a dispensei.

— Sim, essa sou eu.

"Madame", não é mesmo? — Ele disse. — Quem é esse Monsieur Marchand?

— Não há nenhum Monsieur Marchand. — Eu esclareci. — As pessoas apenas me chamam assim.

— Então você apenas mudou de nome?

— É, pode se dizer que sim. — Eu disse. Eu gostaria muito que houvesse uma forma de explicar que aquele era o meu nome de verdade sem que ele me achasse louca.

— Naquela época eu não pensei que sua crise de identidade pudesse ser algo tão... Latente.

— Você me conheceu em um momento muito dramático da minha vida, Monsieur Bascher. — Eu disse. — Vez ou outra eu me pego lamentando o jeito como as coisas acabaram entre nós.

— Mas você parece estar indo bem. — Ele disse olhando em volta o meu ateliê.

— Então... Como você me achou?

— Gouin. Eu... Eu fui até a loja dele, ele me disse que a sobrinha dele trabalhava para você agora e me deu o seu endereço.

— Eu sou muito grata pelo Monsieur Gouin e a esposa dele, sem eles eu jamais teria conseguido fazer o que eu faço hoje. E, é claro, sem você eu jamais teria chegado até eles. Obrigada.

— Fico feliz de ter te ajudado. — Ele sorriu.

— O que te traz a Paris?

— Negócios, como de costume. Sempre prefiro fechar negócios grandes pessoalmente. Mesmo que isso valha uma viagem bem exaustiva.

— E o que te traz até mim?

— Bem... Um vestido.

— Um vestido?

— Sim, eu gostaria de encomendar um vestido. É um presente, um bem especial.

— Ah, sim... — Eu disse, num suspiro de pura decepção. — Um presente especial para uma dama bem especial, eu assumo.

— O quê? Ah, não, não... Não é o que você está pensando. — Ele disse. Eu sorri de alívio (e não vou me desculpar por isso). — É para a filha de um amigo. Ele faleceu alguns meses atrás e eu prometi que a acompanharia em seu baile de debutante.

— Sinto muito pela sua perda. Isso é adorável da sua parte. — Eu sorri. — Você tem as medidas dela?

— Sim. — Ele disse, tirando um papel de dentro de seu casaco e me entregando. — Eu também trouxe para Paris um carregamento de tecidos finos que ainda não foram vendidos. Posso pedir para o meu encarregado trazê-los para que você possa dar uma olhada e, quem sabe, confeccionar o vestido com algum deles.

— É uma ótima ideia, monsieur. — Eu disse, levantando-me para guardar as medidas da noiva no meu escritório. — Qual é o nome dela?

— Héloïse. Héloïse Dupont. — Respondeu Monsieur Bascher, vindo até mim.

— Ótimo. Normalmente eu mesmo tiro as medidas das clientes, mas como eu acho que isso não vai ser possível, eu vou confeccionar o vestido com algumas pregas ajustáveis. Para o caso de ela ganhar ou perder peso, assim eu evito que uma costureira precise mexer em um vestido meu, o que é o meu pior pesadelo. — Eu disse, brincando. — Devo enviar o vestido para Lyon ou você irá ficar em Paris por mais um tempo?

— Eu devo permanecer em Paris por mais duas semanas ou três. É suficiente para que você termine o vestido?

— Normalmente não, mas... Eu darei prioridade a essa encomenda.

— Obrigada, Ange... Madame Joséphine.

— Apenas Joséphine.

— E quanto ao valor? — Perguntou Monsieur Bascher, tirando um envelope de dentro de seu casaco. — Imagino que mesmo cedendo os materiais um vestido seu não deva ser barato e...

— Nem se atreva. Eu não vou cobrar. — Eu disse, sorrindo.

— Como assim?

— É o mínimo que eu posso fazer. — Eu disse. — Você foi a última pessoa no mundo que eu esperava que me ajudasse depois do que aconteceu e mesmo assim você me ajudou sem nunca pedir nada em troca. Você precisa de um vestido, que é a minha especialidade. Deixe-me ser grata.

— Está bem, então. — Ele disse, sorrindo. — Você tem um bom coração, Joséphine. Eu vi isso em você aquela tarde no Jardim de Luxemburgo... Foi assim que eu soube que eu queria me casar com você.

— E eu estraguei tudo, não foi? — Eu disse, sorrindo, mas com vontade de chorar.

Monsieur Bascher mexia comigo de um jeito inexplicável... Eu estava tão vulnerável, perdida, e ele se apresentou para mim como um farol, um forte para me proteger. É claro que me casar com um estranho jamais seria a solução para os meus probleminhas envolvendo o espaço-tempo contínuo, mas eu sempre me arrependi de ter enchido a cara e transado com o namorado idiota da Angelique, causando aquele estardalhaço todo. Francamente, até para os padrões do século XXI aquilo que eu fiz foi muita sacanagem. Talvez eu não merecesse ser colocada para fora de casa e deixada para morrer nas ruas por causa disso, mas ainda assim foi horrível decepcionar a primeira pessoa que eu conheci nesse tempo que me via como eu era - justamente por não conhecer Angelique. Por mais breve que tenha sido nosso encontro, a rapidez das coisas não desacelerou o turbilhão de emoções que tomaram posse de mim naqueles momentos críticos; raiva, medo, confusão, angústia, negação, ódio, tristeza, melancolia, revolta... E amor. Acho que eu verdadeiramente o amei naquele dia.

— Eu sinto muito. — Eu disse para o Monsieur Bascher quando uma lágrima irritante escorreu pela minha bochecha. — Eu não me importo com nada que eu perdi aquele dia, exceto você. Eu tenho certeza que eu seria uma péssima esposa. — Eu ri. — Eu sou uma mulher muito, muito difícil, com um passado mais difícil ainda. Mas deus sabe o quanto eu queria, o quanto eu precisava, que você me amasse. Então, obrigada... Por me amar um pouquinho aquele dia.

— Ange... Joséphine. — Ele disse, aproximando-se de mim. — Sempre que eu me pegava pensando em você eu sentia muita raiva. Raiva daquele rapaz que entrou no seu quarto aquela noite, raiva daquela garrafa de vinho que você bebeu... Raiva daquela governanta que descobriu a coisa toda. Mas estranhamente nunca consegui sentir raiva de você. Não de verdade.

— Bem, você é realmente um homem de coração raro. — Eu disse, rindo em meio a algumas lágrimas.

Monsieur Bascher aproximou-se de mim e me entregou seu lenço de mão para que eu enxugasse o rosto. Ao invés de pegar o lenço, eu segurei a mão dele e subi na ponta dos pés para beijá-lo, mas ele recuou um pouco e respirou fundo. Eu abaixei a cabeça, levemente envergonhada... E então ele levou ambas as mãos ao meu rosto e me beijou. Eu não tinha me dado conta da necessidade que eu tinha de ser beijada até aquele exato momento, quando a minha boca encontrou a dele pela segunda vez. Ele me envolveu em seus braços e me apertou forte contra o seu peito enquanto eu me segurava em seu colarinho. O ar eventualmente faltou, mas ele não me desprendeu de seu abraço.

— Você quer que eu vá embora? — Ele me perguntou, quase sussurrando, com sua testa colada na minha.

— Não.

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