Capítulo 6
Quando acordei, quem estava hospitalizado era eu.
— O que aconteceu? - quis saber, assim que meus olhos focaram em Sakura, que ajeitava meu travesseiro calmamente.
— Você teve uma crise de ansiedade e apagou. - explicou pacientemente. - Precisa ser mais calmo, isso não faz bem para o coração.
— Tsc. - estalei a língua. - Não se preocupe comigo, cadê a Hinata? - indaguei, lembrando porquê desmaiei do nada.
— Está em um quarto ao final do corredor. - informou e eu dei um pulo da cama para ir até lá. - O que está fazendo, seu baka?
— Vou ver a mãe do meu filho, ué. - respondi como se fosse óbvio.
— Argh! - berrou e me deu um soco no cocuruto.
— Ain, Sakura-chan. - resmunguei. - É isso o que faz com seus pacientes?
— Só com os idiotas! - esbravejou com os olhos em cólera. - Eu ainda não falei da gravidez pra ela, acha que é assim, tapado? Hinata precisa ser preparada psicologicamente para receber tal notícia, do contrário pode surtar, é isso que você quer?
Fiz que não com a cabeça, me sentindo realmente um idiota. Fiquei tão feliz que até tinha esquecido o fato de que Hinata não lembrava mais de mim. Irônico, não? Soltei um muxoxo e me joguei na cama novamente, com o braço sobre os olhos, numa tentativa de conter o choro, que já queria sair.
— Eu verdadeiramente sou o maior idiota de todos os tempos. Você devia me bater mais, pra ver se eu tomo jeito, Sakura-chan. - sugeri e ouvi um suspiro alto e prolongado vindo da minha amiga de time.
— Ei, também não é pra tanto. - e seu tom de voz soou bem mais amigável do que antes. - As coisas vão se acertar, você vai ver. - garantiu e senti um afago leve em meus cabelos.
Sakura estava fazendo carinho em mim? Se fosse alguns anos atrás, eu quase desmaiaria de emoção. Agora, no entanto, sentia o bolo na garganta e o aperto em peito aumentar, mediante aquele gesto de amizade. Afinal, em partes foi por ela que não reconheci os sentimentos da mulher da minha vida antes. Não que Sakura fosse culpada por eu ser um tapado, enfim.
Ouvi um barulho de porta e, do jeito que estava continuei, nem forças para pedir à Sakura que parasse de me alisar, eu tive.
— Desculpe. - a voz doce e melodiosa de Hinata reverberou e eu destampei os olhos rapidamente. - Não queria atrapalhar. É só que, fiquei sabendo que tinha desmaiado. Quis ter certeza de que estava bem e agradecer por ter me trazido ao hospital. Mas já estou indo... - Hinata despejou tudo muito rápido e já ia fechando a porta atrás de si, enquanto eu permanecia empacado.
Sakura jazia com a mão esticada em direção a mim, como se tivesse congelado no meio do caminho.
Puts!
— Espera, Hinata-chan! - dei um salto da cama, mas minhas vistas escureceram no mesmo instante e tombei para trás.
— Calma. - Sakura pediu exasperada, na certa sentindo culpa por ter tido um gesto de carinho comigo em um momento bem inoportuno. - Você está com a pressão desestabilizada, quer desmaiar de novo?
— Eu preciso ir até a Hinata. - protestei e me esquivei das mãos da Sakura. - Ela vai pensar merda. - choraminguei desolado.
— Sobre o que? - ouvi novamente a voz de anjo do amor da minha vida e senti tudo dentro de mim ser agitado, como se alguém explodisse um refrigerante no meu interior.
Ela estava na porta do quarto, ainda não tinha ido embora de fato.
— Sobre... Ahn... Sobre... - não conseguia formular nada digno de ser dito.
— Hinata, Naruto está com medo de que você interprete erroneamente o que viu. - Sakura tomou a dianteira e eu gelei, pensando que Hinata iria me dar uma voadora, ou dizer que estava pouco se lixando pra mim. - Mas, eu só o consolei, porque ele estava triste pela situação complicada que estão passando.
Contudo, sua resposta me surpreendeu totalmente:
— Eu acredito.
Sakura assentiu.
— Vou deixá-los a sós. - informou e eu apenas balancei afirmativamente a cabeça.
Na sequência, Hinata se achegou a mim, enquanto eu permanecia em choque. Deveria falar uma frase útil para convencê-la a acreditar no meu amor, não obstante, só conseguia olhá-la, ciente que que carregava um filho nosso e eu não podia rodopiá-la no ar e muito menos enchê-la de beijos.
— Hinata... Eu... - iniciei absolutamente inseguro do que iria sair da minha boca.
Eu só queria que tudo voltasse a ser como antes.
— Obrigada. - Hinata agradeceu e um sorriso miúdo, mas muito doce, esticou o canto esquerdo dos seus lábios.
— Pelo o que, exatamente? - perguntei, sentindo uma vontade visceral de tomá-la pra mim.
— Por você estar sempre por perto quando preciso. - completou e eu arregalei meus olhos de surpresa.
— Eu devia estar ao seu lado muito antes. - argumentei angustiado.
— Você está aqui agora, não está? - respondeu em tom de indagação e eu balancei a cabeça freneticamente em concordância.
— O que quer dizer, Hina-chan? - engoli a própria saliva, sentindo meu interior borbulhar em expectativa e algo mais, que eu não sabia precisar.
— Que eu sinto aqui dentro, que você era bem mais para mim, do que consigo me lembrar.
Meus olhos brilharam tanto ao ouvi-la que, por um impulso, quase a tomei para mim e a beijei.
Todavia, me detive.
Ainda não era a hora, Hinata precisava estar segura dos próprios sentimentos antes disso. E eu já estava feliz com aquela pequena vitória. Era aquele ditado, água mole e pedra dura...
— Eu era. - declarei e minha voz soou ainda mais grave do que me lembrava.
Hinata soltou um suspiro tão profundo, que até me arrepiei.
— Por que não consigo me lembrar? - protestou e eu senti meu coração sangrar ao vê-la daquele jeito.
Hinata parecia tão aflita, que, por um segundo, consegui até vislumbrar em seus olhos, o amor que um dia sentiu por mim.
Levantei num impeto e tomei seu rosto entre minhas mãos.
Pensei que Hinata fosse me repelir, só que ela não o fez, apenas respirou fundo e olhou em meus olhos.
— Eu te farei lembrar aos poucos, só... Me dá uma chance? - implorei quase chorando.
— Sim. - ouvi em resposta e travei.
Meu coração disparou, meu estômago deu um giro completo dentro de mim e eu quase desmaiei outra vez. Não fossem aquelas duas luas lindas e brilhantes continuarem a me encarar, como se esperasse de mim algum tipo de atitude. E eu, mesmo que receoso, não deixaria a oportunidade escapar. De modo que, pouco a pouco, fui vencendo a distancia existente entre nós, até tocar suavemente os lábios de Hinata com os meus. Um beijo bem singelo, apenas para sentir o terreno e me certificar de que ela não iria me chutar. Sobretudo agora, que tinha alcançado, mesmo que minimamente seu coração.
Entretanto, contrariando o que imaginava, Hinata me puxou para si, ficando na pontinha dos pés para aprofundar o beijo. Não recuei e nem me fiz de rogado, devolvi o gesto, apertando-a contra meu corpo, já em brasa devido aquele contato que tanto desejei.
— Hinata... - declamei seu nome baixinho, entre uma mordidinha e outra. - Eu te amo.
Vislumbrei quando um sorriso esticou seus lábios macios e senti meu coração flutuar.
— Eu sei. - garantiu e enroscou os dedos em meus cabelos de um jeito afoito. - Eu sei.
Retribui o sorriso e aprofundei o beijo, segurando-a com tanta força rente a mim, que temia machucá-la.
— Hina... - minha voz soou baixa e muito rouca. - Estou adorando tê-la em meus braços outra vez. - Mas... É que... - e me afastei abruptamente.
Minhas pupilas deveriam estar enormes, enquanto tentava controlar o desejo desenfreado que sentia por ela.
— O que foi, Naruto-kun? - exigiu saber e seu timbre soou provocativo, me levando quase à beira da loucura total. - Não me quer mais?
— Quero! - praticamente berrei. - É só que... - não queria assustá-la, precisava ir com calma.
— Até aonde nós chegamos juntos, Naruto-kun? - Hinata olhou no fundo dos meus olhos de um jeito firme.
Corei do dedão do pé até o último fio de cabelo e não consegui responder no total.
— Até... - a frase ficou pela metade.
Um sorriso travesso surgiu em seus lábios rosados.
— Eu realmente devia te amar muito.
— Amava. - afirmei e um quentinho tomou conta do meu coração.
— Talvez eu esteja a vias de voltar a amar. - Hinata declarou e se jogou nos meus braços uma vez mais.
Se aquilo era um sonho, eu não queria acordar.
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