Capítulo 78
- Ele tá aqui? - Zack perguntou.
- Bom, o carro está ali. Olha a placa.
Pra mim o mundo parou quando a porta do motorista foi aberta. Uma perna depilada e com um saltinho pequeno saiu de lá. Ué, meu pai virou traveco? Ah, não, é só a minha mãe. Ah, tá, fodeu em dobro. Meu pai pelo menos nunca bateu em mim, né? Minha mãe já joga os saltos dela e tudo mais. Ela veio correndo na minha direção, e eu me encolhi atrás de Zack, fechando os olhos.
- Mãe, mãe, mãe, não me bate, mãezinha. Eu sei que fugir de casa foi errado, mas não me bate, mamãe. Te amo, viu? - Ela tocou meu braço, com carinho. - Ai, ai, ai. Mãe, não.
- Ariel - ela falou, com a voz doce. Eu abri os olhos.
- A senhora não está brava?
- Oras, claro que não. Você seguiu seu coração, filha. - Ela me abraçou. - Eu sei que você e o Zack se amam. Eu apoio sua relação com ele. O problema é seu pai. Ele insiste em dizer que Zack é um mau elemento e que vai te levar pro caminho das drogas e da bebida.
- E o Colin?
- Alguém me chamou? - Me virei, encontrando-o. - E aí, maninha? - O abracei, tirando seu corpinho sem músculos do chão. - Me trouxe presente?
- Trouxe sim.
- Ai, Ariel, você vai me desmembrar. Cadê o Owen?
- Por que você quer saber dele?
- Vou dar um oizinho pra ele, mana. Nada demais. Ah, ele tá ali. OI, OWEN! - Colin acenou pra ele, que saiu correndo. - QUAL É, CARA, VOLTA AQUI! - Colin correu atrás dele.
- O Owen está bonitinho, hein. - Minha mãe me deu uma cotovelada.
- Mãe!
- É, filha. Ele cortou aqueles cabelos de hippie. Tá mais macho. Era meio estranho que o cabelo dele era o dobro do tamanho do seu - ela começou a falar consigo mesma sobre os longos cabelos da Owenpunzel, que não são mais tão longos. Tá, eles estão curtos.
- Mãe, é, eu e o Zack... a gente vai pra Suíça. Hoje. Então, eu preciso passar lá em casa, pra pegar minhas roupas.
- Suíça? Tudo bem. Aí eu tenho mais um tempo pra convencer seu pai a deixá-la pisar em casa novamente. É claro que eu deixarei você entrar, mas... Seria bom se ele pensasse um pouco sobre o assunto. COLIN, PARA DE PERSEGUIR ESSE HIPPIE DESGRAÇADO E VAMOS EMBORA.
- Então... Ahm... Eu passo na sua casa às seis, ok? - Zack disse.
- Ok. Tchau, gente. - Abracei todos. - Tchau, amor. - Dei um beijo nele.
- Ew - Colin disse. - Ai, Zack, solta ela. Vocês vão ficar o maior tempo juntos, e eu só tenho hoje pra ver a Ariel! Solta, Zack! - Dei um último selinho nele e comecei a seguir Colin.
Eu fui o caminho inteiro contando sobre a viagem e sobre Zack.
- E essa viagem aí, hein? Ele que planejou?
- Na verdade, a família dele que vai. Aí eles me chamaram. Aí eu não aceitei. Mas eu acabei descobrindo que a ex dele vai. Então eu vou.
- Filha, não faça nada que eu não faria, hein? Não é pra bater nela. Você não espancou ninguém nessa viagem, né?
Imagens da minha briga com Melody e com a menina que queria o meu namorado apareceram na minha mente.
- Não, mamãe.
- Ahn. Mas olha, se essa menina começar a te irritar e tentar roubar o Zack de você, aí sim, você manda bala!
- Não, porque quando eu dou soco nos meninos que tentam roubar meu skate eu estou errado e blá blá blá tenho que agir como um mocinho blá blá blá - Colin disse. - Mas a mamãe deixa você bater nela!
- Ah, mãe, uma coisa que eu não te contei ainda. O Colin... - Colin pulou pra perto de mim e tapou minha boca.
- É mentira! Tudo mentira! Ela mente, mamãe! Ela é maligna!
- Colin, solta a sua irmã. Pode contar, Ariel.
- O Colin deu um chute na perna do Owen e ficou roxo. Ah! Colin, deixa eu te contar uma piada! Tinha um camelo e um burro no deserto e tinha três poças de água...
- Calma, burro, eu sei o que eu tô fazendo - ele me interrompeu. - Nossa, Ariel, você era melhor nas suas piadas. Essa daí eu conheço faz tempo, além de ser super sem graça.
- Tô passando muito tempo com o Josh, meu Deus.
Nós paramos no shopping e eu fiquei tipo "Ahn?".
- Mãe, sinto em lhe informar... A senhora está com Alzheimer. - Colin colocou a mão no ombro da mamãe. - A-qui é o shop-ping, não é a nos-sa ca-sa, ok? - ele falou, pausadamente.
- Eu sei que aqui é o shopping, filho. Não sou burra. Nós viemos comprar coisas pra viagem da Ariel!
- Nããããão. Eu odeio fazer compras! Vocês me fazem carregar as sacolas! Eu me sinto um jegue-escravo!
- EEEEEEEEBAAAAAAA! Vamos, jegue-escravo! - Desci do carro toda feliz.
Nós fomos nas minhas lojas favoritas, que já estavam com a coleção outono/inverno prontinha. O pai do Zack é um lerdão mesmo, vai começar agora com a coleção? Se bem que a marca MMMartin é doidona, então...
Peguei muitos casacos. Muitas roupas de frio, que me deixariam quentinha. Bom, nós iríamos hoje e voltaríamos no dia da formatura. Ou seja, duas semanas. Ou seja, vou congelar. Serei um picolé de morango. Enquanto eu olhava uma bota UGG caramelo, cobriram meus olhos com as mãos. Ai, Jesus, pedófilo! Carai, tô frita!
- Adivinha quem é.
- Zack? O que está fazendo aqui? - Me virei. - Que saudades.
- Ariel, a gente se viu não tem nem uma hora.
- Mas eu não aguento ficar longe de você.
- Isso porque você queria me deixar ir sozinho em uma viagem de duas semanas! Como é que eu iria levar suas coroas com você estando a milhares de quilômetros longe de mim?!?
- Ah, não! Cara, tô salvo! - Colin pulou em Zack. - Você vai carregar as sacolas dela! Agora eu posso ir nos brinquedos! Eeeeeeee! Quer dizer, ruhum, eu vou ali... Dar uma olhada nas coisas... É.
- Zack! Zack! Za... Ariel! Ariel! Ariel! Ariel! - April veio correndo. - Você tá aqui! Você vai viajar com a gente! Eba! Olha o que eu pedi pra vovó fazer! - Ela começou a rodar. - Uma saia rosa! Igual a sua!
- Verdade! Que linda!
- Você pode levar a sua saia pra viagem, pra gente poder parecer gêmeas. Eu tenho uma chapinha da Barbie que pinta meu cabelo de rosa! Mas aí sai no banho. Eu perguntei pra mamãe se eu podia pintar o cabelo igual você, mas aí ela disse que só gente grande pode. Então eu tenho que esperar até virar gente grande.
- Daqui a pouco você cresce. Já está quase do meu tamanho, ó.
- Eu tô?
- Aham!
- Isso é porque você é baixinha - Zack me zoou.
- Nossa, e você é um gigante!
- Sou jogador de basquete, dá licença?
- E é o segundo menor do time!
- Mas eu sou o capitão do time.
- Mas continua sendo o segundo menor do time!
- Pelo menos não sou o menor.
- Mas é o segundo!
- Ah, é porque o resto é tudo vara de cutucar estrela.
- Sabe o que eu percebi? Que a escola já acabou, mas a gente continua falando no presente. Você não é mais jogador de basquete.
- Ai, Ariel, doeu meu coração. April, não, não faz isso! April, não sobe na manequim! Ela vai quebr... - A manequim começou a se despedaçar e Zack pegou a irmã, tirando-a de lá. - Ferrou. Ariel, corre. Corre direito! É pra correr!
- Aonde você estava, minha filha? Ah, oi Zack. Olá April.
- Oi, tia Ellen - April disse, rindo. - Eu quebrei uma manequim.
- Ariel, você teve alguma coisa haver com isso? - Minha mãe me olhou.
- Não!
- Senhora Raymonds, como sendo seu genro, eu tenho a obrigação para com a senhora de lhe dizer que... sim, a Ariel ajudou minha irmã a quebrar o manequim. Eu, um menino muito responsável, tentei impedi-las, mas... Não consegui, senhora. São duas das três mulheres da minha vida. - Ele fingiu um choro. Que. Porra. Ele. Está. Fazendo? - Eu não consegui. Confesso, fui um fraco.
- Zack... - O olhei com cara de "Que porra é essa?". -... O... O... O que foi... isso?
- Além de atuar, eu também canto, faço teatrinho de marionetes, danço, jogo basquete... - Ele fez um agradecimento.
- April - a chamei. - O que está acontecendo com o seu irmão?
- O Zack fica assim quando tá nervoso. Você tinha que ver ele entregando o boletim pro papai. Ele começou a cantar e dançar lerigou.
- Ahn, entendi.
- ... Eu também sei fazer imitações, senhora. Eu faço a melhor imitação de pato Donald que a senhora já presenciou...
- Ahm. Mãe, olha, eu amei de paixão essas roupas aqui, tá? Resolve aí quais que a senhora vai levar pra mim. Eu vou tomar um sorvete com o Zack e a April, tá? Te vejo daqui a pouco. O Colin tá lá nos brinquedos. Tchau, mamãe. Ah, a mãe do Zack tá por aí. Procura ela e dá um oi.
Levei meu namorado pra longe da minha mãe. Meu Deus, ela deve achar que eu namoro um retardado!
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