Capítulo 73
Depois de lavar a banheira em forma de coração, eu finalmente pude tomar um banho. Acredita que não tinha chuveiro? Só tinha um tapete vermelho em forma de coração, um monte de pétalas espalhadas pelo piso, uma pia rosa, uma privada rosa e essa banheira ridícula. Ah, é... E um espelho rosa em forma de coração.
Como a pessoa (eu) é inteligência pura, largou a bolsa com a troca de roupa na cama. Eu tive que sair do banheiro enrolada com a toalha rosa decorada com corações. Só que eu achei Owen e Andy deitados na cama, assistindo TV. Aí eu pergunto: ELES NÃO TINHAM IDO EXPLORAR A PORRA DO LUGAR?
- O que vocês estão fazendo aqui? - perguntei, com a cara no vão da porta. Eles não vão me ver assim!
- Os meninos foram no posto de gasolina que fica a uns quilômetros daqui. Mas a gente não quis ir - Andy respondeu. - Você não vai sair do banheiro?
- Você poderia, por favor, pegar minha bolsa?
- Por que? Você tá pelada aí?
- Não... tô de toalha.
- Então eu não vou pegar não.
- Andy, larga de ser safado! Owen, pega pra mim?
- Poxa Ariel, não vai dar não. A Oprah tá falando agora.
- Desgraçados!
Segurei bem a toalha e fui, correndo. Peguei a bolsa, mandei o dedo do meio pros dois e entrei de novo no banheiro. Me troquei e saí. Comecei a bater neles.
- Mas o que é isso?
- Você. - Dei um tapa no Andy. - Larga. - Mais um tapa. - De. - Outro tapa. - Ser. - Tapaaaaa. - Tarado! Ai, pronto, tô mais aliviada. Dá essa merda de controle. - Peguei o controle da mão do Owen e comecei a mudar os canais. Não sei como nem porquê, mas ali tinha muitos canais pornô. Por que será, né *carinha maléfica*? - Hora de Aventura! Tá passando Hora de Aventura! Gente, Hora de Aventura!
- Prefiro os filmes pornô.
- Andy, você não prefere nada. Quem manda sou eu.
- Quem disse?
- Eu, porque eu mando. Então o que eu falo tá falado e ninguém se atreve a discordar. Ok?
- Não entendi nada. Mas quando alguém pergunta "Ok?", temos que responder "ok", mesmo que não esteja nada ok. Então... ok. Ok?
- Ok - Owen respondeu e nós dois o encaramos.
- Você é um cara legal, Owen - respondi, segurando o ombro dele. Ele sorriu. - Mas eu ainda tenho vontade de te jogar em um poço por causa do que fez comigo.
- Eu já disse que estou arrependido, Ariel.
- Aham, tá. - Meu celular, que estava em cima do criado-mudo, começou a tocar. Eu fui pegá-lo, mas Andy pegou primeiro. - Andy, me dá meu celular.
- Hum, número desconhecido. Quero saber quem é. - Ele atendeu. - Alô?... Ah, é só o Zack. Toma. - Ele me entregou o celular.
- Alô?
- Ariel?
- Não, minha vó. O que foi, Zack?
- Então, vó da Ariel... Eu, o Josh e o Chad estamos presos aqui no posto.
- Por que?
- Tá chovendo. Muito. E não dá pra voltar.
- Não tá chovendo... - Abri a cortina. - ... Ah, tá sim. Vem de táxi.
- Nossa, Ariel, que ideia maravilhosa! Eu nem tinha pensado nisso! - ele disse irônico, e eu mostrei a língua, mesmo que ele não visse. - Tá mostrando a língua, né?
- Não... - Bufei. - Tô. Você não vai conseguir pegar uma carona, sei lá? Eu não quero ficar aqui com esses dois.
- Ariel, sempre sincera - Owen disse.
- Amor... Eu também não quero ficar aqui, porque tô com medo da véia do posto, que tem uma verruga enorme na cara, mas... Não posso fazer nada. - Ele suspirou.
- Tá bom, só... volta logo, tá? Te amo.
- Eu te amo mais. Preciso desligar agora. Beijo.
- Beijo... Ah, pera aí, de onde você tá ligando?
- Do telefone do posto.
- Ok, tchau. - Desliguei o celular. - Os meninos ficarão lá no posto até a chuva passar.
- Tá chovendo? - Owen perguntou.
- Sim. O que será que a Lucy está fazendo no quarto com o Henri III?
- O que você acha? - Andy perguntou, me olhando malicioso. - Henri III deve estar dando orientação vocacional pra ela, óbvio. Você lembra de quando ele tentou me fazer mudar de ideia? "Não, porque medicina é uma área muito concorrida e tals...". E eu não passei na porcaria do vestibular? Passei. Esfreguei na cara dele ainda. E depois o menino veio falar que eu não sei cuidar de criança, que as crianças vão sofrer comigo... O cu dele. Guarda o que eu tô dizendo: se um dia o Henri III tiver um filho e eu atender essa criança, eu vou fazer o favor de triplicar o preço da consulta.
- Você é mau, Andy. Coitado do Henri III... Você acha que ele vai ter um filho? É que, tipo, que mulher vai aguentar ele?
- Que dó, Ariel... Você quer ter filhos?
- Eu quero.
- E você acha que eles serão do Zack?
- É difícil dizer, porque não sei se nós estaremos juntos ainda lá mais pra frente... Bom, eu espero que sim, porque eu amo muito ele. Mas é a vida... E a Lucy? Como é que tá esse "dando um tempo"?
- Ariel, não começa, por favor.
*** Zack ***
Merda. Merda. Mil vezes merda. Ariel está em um quarto todo decorado romanticamente com Andy e Owen. Os dois caras que gostam dela. Ah, meu Deus, será que vão estuprá-la? Eu preciso ir embora daqui!
- Zack, Zack, Zack! - Me virei para Chad. - Para de andar de um lado pro outro, menino. Tá me irritando.
- Desculpe. É que... Ariel... Owen... Andy... Tudo junto e misturado no mesmo quarto...
- Cara, você tem que confiar na sua namorada - Josh disse.
- Mas eu confio. É no Andy e no Owen que eu não confio. Essa merda de chuva, viu? Nesse momento, era pra nós dois estarmos em Memphis! E na melhor das hipóteses, transando no hotel! Esse ônibus desgraçado! Estragou minha transa!
- Mas você não precisa estar em Memphis pra transar com a Ariel.
- Ah, claro que não, Josh. Eu vou transar no quarto lá do motel, com vocês assistindo.
- Ué, cara, vai no banheiro. Eu e o Chad fazemos isso sempre - Josh disse e Chad deu um tapa nele, corando. - Então, é, falando nisso... A gente tem que ir no banheiro e...
- Ah, não. Vocês não vão me largar aqui com a véia da verruga. Temos que sentar e esperar a chuva parar.
- Vocês vão comprar alguma coisa? - a véia gritou, do balcão. - Se não, podem ir embora daqui. Só clientes podem se sentar nas mesas.
- Sim, sim, vamos comprar... A senhora aceita cartão?
- Sim.
- Ok. Nós vamos comprar... essa bala aqui. - Coloquei uma balinha na mesa. - Meninos, querem alguma coisa? - Tomara que não.
- Sim! - Chad disse.
Ele começou a pegar balas, chocolates, marshmallows, cookies... e colocar em cima do balcão. Eu empurrei tudo pro outro lado e olhei a velha.
- Só a bala mesmo. - Ela passou o cartão, me entregando a bala em seguida. - A senhora coloca na sacolinha, por favor? - Ela fez uma cara de bosta, colocando na sacola plástica. - Obrigado.
Nos sentamos novamente, encarando o nada.
*** Ariel ***
Ouvimos três batidas na porta e ela logo foi aberta. Eu quase pulei da cama pra ver se era Zack, mas era a tiazinha.
- Olha, aqui tem uma coca de dois litros e um pacote grande de doritos. Se matem aí. - Ela deixou tudo em cima de uma poltrona e foi embora.
- A tia é burra, não trouxe copo - Owen disse.
- Ué, toma da garrafa mesmo - falei e ele me encarou.
- Você falando pra eu tomar na garrafa. No seu aniversário de 15 anos, você não me deixou comer o bolo com as mãos, mas agora me deixa tomar a coca da garrafa?!?
- É, porque não se come bolo com as mãos. Imagina se fosse no aniversário de 16 anos!
- Você não fez aniversário de 16 anos.
- Claro que fiz... Só que eu não convidei você. Nem a escola inteira. Só os meus amigos e meus familiares.
- Você tinha amigos? - ele perguntou, com uma cara estranha.
- Claro que sim! O Nelson, meu primo, uns amiguinhos do meu irmão, a menina estranha do parque, o menino estranho que anda com a menina estranha, os caras da natureza... Os caras da natureza me deram uns presentes muito legais. Um deles me deu um narguilé.
- E você usou?
- Não, coloquei de decoração no meu quarto. Era muito bonito para ser usado. E eu não uso isso, de qualquer forma
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