Capítulo 55
E como eu disse ao Josh, a mulher sempre tem razão.
- ... Meu time estava perdendo por mais de vinte pontos de diferença, filho. Mais de vinte! - O pai da Ariel me deu um tapa no ombro. - Mas aí eu peguei aquela bola e pensei "Eu vou conseguir". E deu certo. Foi pow, pow, pow, uma cesta atrás da outra. Meu time ganhou, claro, e eu, como sendo o capitão, fiquei muito conhecido. É isso aí, filho, nós temos que querer muito para conseguir. Isso me faz lembrar de uma outra história, muito engraçada essa...
Ai. Meu. Deus. Enquanto o pai da Ariel falava, eu apenas escutava e assentia com a cabeça, olhando em volta. Ariel, April e Colin estavam conversando, sentados na enorme árvore em que nós estávamos. Tava um sol e um calor dos caralho e eu tive que correr pra conseguir pegar essa sombra antes que outros pais pegassem. Meu pai, minha mãe e a mãe da Ariel estavam conversando também. Ariel me olhou e eu a olhei desesperado. O que ela fez? Riu e se virou pra April, mostrando uma flor que ela tinha tirado do chão.
- ... Então, e aí, hahahaha, meu primo estava me ensinando a hahahaha jogar basquete hahahaha...
- Ahm, o senhor gosta de baseball? - Tive que apelar.
- Baseball? Ah, meu filho, eu gosto. Deixa eu te contar do dia em que eu tentei aprender e ao mesmo tempo ensinar Colin... - Porra.
Acho que uma força divina conseguiu ouvir minhas preces e as professoras de artes e literatura apareceram para avisar que já poderíamos entrar no auditório. A mãe da Ariel logo puxou seu marido e começaram a andar. Meus pais começaram a conversar com eles. Pelo menos eles não se odiaram, né?
- Ahm, Zack, me ajuda? - Ariel pediu, com as mãos estendidas. Eu peguei sua mão e a puxei, fazendo-a ficar de pé. - Obrigada.
- Zackiiiiii, me carrega? - minha irmã pediu com os braços abertos. A peguei no colo.
- Claro, princesa. O que achou dos pais da Ariel?
- Eles são legais. Eu gostei do pai dela, ele é engraçado.
- Pelo menos você acha isso - Colin disse e Ariel riu.
- Sofreu muito, Zack? Eu te avisei.
- Não, quê isso. Seu pai é um doce.
- É, um doce estragado. Daqueles que dão dor de barriga - Colin disse. - Toda semana eu tenho que escutar uma história dele. Puta que pariu.
- Que palavra feia, Colin! - April disse.
- Alá, Colin, até a irmã do Zack sabe que isso é feio. - Ariel deu um tapa na cabeça dele.
- Cala a boca, Ariel - Colin disse.
- April, querida, não ligue para o que o meu irmão fala. Ele não é uma boa influência pra você. - Minha irmã riu.
- Meninos são estranhos - ela disse e eu a encarei.
- Isso, continue pensando assim. Meninos são estranhos, então não chegue perto deles. Nem namore. Namorar é estranho.
- Mas você namora.
- Mas é estranho. Não pode namorar nem beijar nem abraçar nem conversar com nenhum menino.
- Eu sei, Zack. Namorar é nojento.
- Essa menina é muito inteligente - falei para Ariel, que riu.
Nós entramos no auditório e meu pai, um senhor muito discreto, começou a acenar loucamente para nós. Minha irmã se sentou ao lado da minha mãe, eu me sentei ao lado dela, Ariel se sentou ao meu lado e Colin sentou entre Ariel e o pai dela.
- Seu pai tá me encarando - sussurrei em seu ouvido e ela riu.
- Talvez seja porque você está tão perto de mim - ela sussurrou de volta.
- Quem vai fazer o Romeu?
- Não faço a menor ideia. Espera que eu vou ver. - Ariel pegou um papel que estava com a mãe dela e leu. - George Lance. Quem é?
- Um cara do segundo ano. Ele é muito chato.
Josinéia apareceu, olhando para mim e Ariel com uma cara de "Vou fazer de tudo pra foder a vida de vocês".
- Olá, senhor e senhora Martin. Olá, senhor e senhora Raymonds. É realmente um prazer tê-los aqui, para prestigiar nossa escola. Eu queria lhes informar que seus filhos faltaram às aulas hoje, de manhã e à tarde.
- É... É... Bom... É que... - Ariel começou a tossir. - Eu não acordei muito bem. - Ela tossiu de novo. - Esse clima seco acaba com a minha garganta.
- Ariel? - A mãe dela a olhou.
- Mãe - mais uma tossida -, a senhora sabe como eu fico quando o clima fica cheio de poeira. - Tossida. - Tomei um remédio hoje, mas não resolveu muito. - Eu assenti, olhando para os meus pais.
- E por que o senhorito faltou? - minha mãe me perguntou. - Te deixei aqui a tempo da terceira aula, meu filho.
- Resolvi cuidar dela, mãe! - A olhei indignado, com a mão no peito. - A senhora acha mesmo que eu iria largá-la sozinha quase morrendo no quarto? Assim você me magoa. Eu dei remédio, dei carinho, dei comida...
- Vocês dois ficaram no mesmo quarto? - Josinéia perguntou com a cara vermelha de raiva.
- Claro que não, querida professora. Nós somos pessoas de família, não faríamos uma coisa dessas. Pretendemos nos guardar para o casamento. - Eu e a Ariel a olhamos decepcionados e indignados. - A senhora realmente acha que nós dois entraríamos no quarto um do outro? Mas é claro que não! Nós só namoramos no pátio, aos olhos dos funcionários da escola. E o que eu estou querendo dizer com namorar é: abraçar. Os beijos também são guardados para o casamento - falei. - Agora a peça vai começar. Vamos todos ficar quietos, pois eu adoro Romeu e Julieta. Os dois também se guardaram para o casamento, viu professora?
- Vocês pensam que me enganam. Só pensam. - Josinéia saiu.
- Nós conversaremos sobre isso depois, mocinha - o pai dela disse. Tanto sacrifício pra esse homem gostar de mim, meu Deus. Tanto sacrifício pra nada!
- Ok, pai. - Ariel suspirou. E deu mais uma tossida.
Minha irmã me cutucou e eu a olhei. Ela apontou pra minha mãe, que fez uns gestos que eu não entendi. Mas sei que ela não está feliz. E meu pai não deve estar feliz por achar que eu e Ariel ainda não transamos. Mas beleza. A gente tá fodido. Acho que depois da peça não será uma boa hora para eu e Ariel dizermos que nas férias queremos viajar juntos.
***
Quando a peça acabou, nós fomos pra fora e minha mãe já me puxou pra um canto.
- O que vocês dois estavam fazendo ao invés de ir pra aula? Filha, vai ali com o irmão da Ariel, vai.
- Ok, mamãe. - Ela saiu e minha mãe me deu um beliscão.
- Você corrompeu a inocência da sua namorada?
- Eu fiz o que?
- Ai, meu filho... Vocês transaram?
- Mãe! Isso não é assunto pra se discutir aqui! - Dei um tapinha no seu braço. - Safada.
- Olha, garoto, eu já perdi a paciência com você.
- Se eu for aí e achar, eu vou te bater! - Me lembrei que ela falava isso quando eu não achava as coisas. Eu ri e ela deu uma risada falsa, apertando meu braço. - Aaai, mãe!
- Eu fiz uma pergunta, Zack. Sim ou não?
- Nããã... Sim.
- É isso aí, filho. - Meu pai deu uns tapinhas no meu ombro.
- Mark, não se dá parabéns pra isso! Seu filho matou aula para fazer sexo! Zack, olha, se você e a Ariel querem um tempo sozinhos, leva ela pra nossa casa na Suíça. Aí vocês transam até na neve! Mas escola é lugar de estudar.
- Eu sei, mãe.
- Se essa menina ficar grávida, você vai arrumar um emprego sozinho.
- Mãe, a gente se protege.
- Então quer dizer que isso já aconteceu outras vezes.
- É, né, mãe. Não se transa uma vez a cada dois meses.
- Quantas vezes já aconteceu, Zack?
- Duas. Só duas. Eu juro.
- Quando foi a primeira, então?
- No meu aniversário - murmurei.
- Na onde?
- Aniversário.
Minha mãe ficou um tempo me encarando, até que disse:
- Eu vou conversar com a mãe dela.
- Não! Não faz isso. Se não eles não deixam.
- Não deixam o que?
- Eu e a Ariel queremos ir para Memphis nas férias. Aí os pais dela não vão deixar! Mãe, conversa com eles e diz pra deixarem a gente ir. Por favor.
- Se eu fizer isso, vocês acabarão com esse fogo?
- É. Aí a gente vai estar sozinho lá em Memphis, né, aí... - Ela suspirou.
- Ok.
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