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Capítulo 10

Estou aqui nessa detenção ridícula e chata, pensando no meu dia de hoje. Bom, 1- os meninos brigaram, 2- eles se resolveram, 3- as aulas acabaram, 4- eu fui ver Lucy, 5- comi um hambúrguer muito bom que a tia da cantina tinha feito pra mim, 6- ... fui pra detenção. Tô aqui ainda. 2 horas. Das 5 às 7. Isso é crime! Estão me prendendo em cárcere privado! Estão me sequestrando!

- Professoooooooooor! - gritei.

Eu estava na última carteira da fileira da parede e Daniel estava sentado na mesa do professor. Dããã. Essa detenção estava muito vazia, na minha outra escola lotava de gente. Hoje só tinha eu, o professor, a vagabunda, o Mike e o Zack. Só.

- Que foooooooooi? - ele respondeu, dando um sorriso.

- Que horas sãããããão?

- Faz cinco minutos que você está aqui, Ariel.

- Posso usar o celular?

- Não posso deixar, regras da escola.

- Por favor!

- Desculpe, não posso.

- OK - gritei, começando a andar pela sala. Coisas fofas. Coisas fofas. Preciso de alguma coisa que sirva de... Ah, essa jaqueta do professor vai dar certinho.

Passei por trás dele e fui puxando a jaqueta, até que ela saísse da cadeira. Voltei para o meu lugar (o professor tinha percebido, mas nem ligou) e vesti a jaqueta, me enrolando em um casulo e me ajeitando para dormir.

- Daniel, você vai deixar ela dormir? Com a sua jaqueta? - Valerie perguntou com aquela voz nojenta. Dá vontade de raspar a cara dela no asfalto, pra ver se muda alguma coisa. Levantei minha cabeça para olhá-los. Ele estralou a língua e deu um sorriso sarcástico.

- Primeiro, você deve me chamar de professor, não de Daniel. Segundo, quem comanda essa detenção sou eu, então, contanto que ela não faça barulho, eu a deixarei dormir; sugiro que faça isso também, para não me encher com essa sua voz. E terceiro, se ela pegou a porcaria da jaqueta e eu não reclamei, é porque eu deixei que ela pegasse aquela merda! A senhorita entendeu? - Ela assentiu, assustada. - Muito bem. Agora fique quieta.

Uhuuuuul, ponto pra Ariel! Tuts, tuts, tuts.. Vamo lá. Ok, parei. Me virei para olhar os meninos e eles estavam boquiabertos, assim como Valerie. Me encasulei - essa palavra existe? - novamente e me ajeitei para dormir.

Uns unicórnios depois (sim, eu sonho com unicórnios, ok?), ouço me chamarem e percebo que estão me cutucando. Começo a abrir os olhos e a primeira coisa que vejo é... a cara do professor muito perto da minha. Tipo, muito mesmo. É óbvio que eu me assustei - quem não se assustaria? - e fui para trás, batendo a cabeça na parede.

- Ai meu Deus, você está bem? Desculpe, eu não queria te assustar! É que... bom... a detenção acabou. - Ele deu um sorriso de lado e mostrou a sala. Estava vazia.

- Ah, mas tava tão bom aqui! - reclamei. Por que eu tenho que ir embora? A jaqueta dele é tão cheirosa. Ele me olhou e sorriu mais uma vez, levantando as sobrancelhas. - Tá, tô indo.

Tirei a jaqueta e entreguei a ele. Falei um "obrigada" meio grogue e saí da sala, encontrando Chad sentado no chão, mexendo no celular. Dei uns chutinhos nele, fazendo-o me encarar.

- Vai, mendigo, levanta! Tô com fome!

- Até que enfim! Tu tava aonde? - Ele me olhou malicioso. - Tava catando o professor, né? Tô sabendo. Tô sabendo.

- Nah, tava só dormindo mesmo.

- Na detenção? Você é doida.

- Eu sou doida? Eu não sou doida!

- Ariel, na boa. Você tem cabelo rosa!

- E você é gay!

- Mas eu não sou doido.

Lhe mandei o dedo do meio. Ele me olhou e riu, dando um tapinha nas minhas bochechas. Chad não prestou atenção e caiu na lata de lixo. Tipo, o menino meio que deu uma cambalhota no lixo.

- Ai, credo! Aqui tem lixo! - Não, não, vai ter areia.

- Ma vá, jura?

- Me ajuda, Ariel!

- Ué, você não falou que eu sou doida?

- Tá, tá, você não é doida. Agora me tira daqui! Tá fedendo!

Puxei as pernas dele, o tirando do lixo. Ele se sentou no chão, se cheirou e levantou rapidamente.

- Ai, merda, eu tô fedendo. Acho que vou vomitar. Preciso de um banho! - Ele correu para os dormitórios.

Eu fiquei tipo: vou ou não vou. Eu odeio comer sozinha - apesar de que, na outra escola eu comia sozinha todos os dias. Mas odeio mais ainda ficar com fome. Decidi que eu iria comer, já que o horário da janta acabava em meia hora.

Peguei um monte de comida e fui me sentar em uma mesa que estava vazia. Eu estava comendo, tranquilamente, até que sinto algo passando pelo meu ombro e caindo na mesa. Era uma batata frita. Olhei para trás e vi que aquela mesa tinha vários garotos do time de basquete e várias putas se jogando pra cima deles. Procurei, procurei... Até que achei meu alvo. Eu sabia que tinha sido Andy. Joguei uma cenoura em tirinhas nele e ele me olhou furioso, jogando outra batata. Os meninos da mesa pararam de conversar para olharem nossa guerra de BatatinhaXCenourinha. Eu sei que batata é mais gostosa do que cenoura, mas eu estava sem batata no meu prato. Quem manda ser uma das últimas a pegar a comida, né? Quando eu peguei, já não tinha quase nada.

Eu percebi que Andy já estava ficando sem munição; ao contrário de mim, que ainda tinha sete cenourinhas, um monte de vagem e alguns brócolis que estavam mais duros do que uma pedra. Quando as batatas de Andy acabaram, ele se virou, puxou a bandeja do menino que estava do lado dele e continou jogando batatas. O menino nem ligou, continuou olhando para a guerrinha. O único problema era que a bandeja do menino estava lotada de batatas; então, comecei a pegar a munição dele, e tacá-la de volta. Mas ele ganhou. Eu confesso, ele tinha mais munição.

Mas como eu não gosto de perder, fui caminhando até a mesa dele, peguei um punhado de batatas e abri a boca do coitado, colocando tudo lá dentro. Depois, peguei um potinho de ketchup e joguei no cabelo dele. Ariel nunca, nunca sai por baixo. Ele, não perdendo tempo, pegou o pote de mostarda e agora nós iniciamos a guerra KetchupXMostarda. Ele ficou pior, já que o pote de ketchup era maior do que o de mostarda. É óbvio, já que a maioria das pessoas prefere o ketchup.

Coitadinho, a camiseta dele era branca. Bom, pelo menos a minha era preta. Porque se não fosse...

- Olha a minha camiseta!

- Olha o meu cabelo!

- Olha o meu corpo!

- Olha o meu corpo!

Agora a guerra era Quem Está Mais Sujo. ArielXAndy.

- Eu tô tão sujo, que parece que uma gigante menstruou em mim!

- Eu tô tão suja, que parece que jogaram um monte de ovo podre em mim!

- Eu tô tão sujo, que parece que participei da 1ª e da 2ª Guerra Mundial!

- Eu tô tão suja, que parece que um monte de Ciclopes vomitaram em mim!

- Eu tô tão sujo, que parece que... que parece que... Ah, eu tô mais sujo que você!

- Menstruado!

- Gema podre!

- Uepa! Ueeeepa! Não era eu que tinha cagado nas calças!

- Eu não caguei nas calças! Foi você que colocou tinta no banco!

- Pfffff... sei, tá. Fale o que quiser, Toy Story, que eu vou embora.

- Pequena Sereia!

- Toy Story!!!

Nós continuamos nossa briga PequenaSereiaXToyStory, enquanto saíamos do refeitório. Eu segui para o meu prédio e ele para o dele.

Cheguei no quarto, vendo Lucy mexendo no celular. Ela parou, me olhou, voltou para o celular, até que finalmente percebeu o estado em que eu estava...

- O que aconteceu com você?

- Digamos que eu e o Andy começamos uma guerra de comida, depois uma guerra de condimentos, depois outra guerra de quem estava mais sujo. É.

Fui para o banheiro tomar banho. Eu estava tomando banho, legal, até que a Lucy abre a porta e vai correndo para o vaso sanitário.

- Ah, Lucy! Eu tô tomando banho, porra! Ai que fedor. Ai que fedor. - Comecei a ter um ataque dentro do box, enquanto Lucy vomitava mais. Com o meu mini ataque convulsivo, eu acabei escorregando e caindo, enquanto Lucy ria e vomitava. Foi uma cena nojenta. Levantei, normalmente, e gritei: - Eu tô bem, eu tô bem!

- Lucy? Ariel? Aonde vocês estão? - Era Chad... E Zack... E Mike.

- No banheiro! - Lucy gritou. Percebi que eles estavam entrando dentro do quarto.

- Não entrem no banheirooooooooo!!! - gritei. - Lucy fecha a porta, fecha a portaaaa!!!

Ela se levantou, fechou a porta, se limpou e saiu pra conversar com os meninos. .

- O que a Ariel tá fazendo no banheiro? - Chad perguntou.

- Tá tomando banho. Não quer que a vejam pelada.

Essas pessoas falam tãããão baixo. Nem escuto perfeitamente o que eles estão dizendo.

Acabei meu banho (eu ainda estava fedendo mostarda). Saí e eles estavam sentados na minha cama, enquanto Lucy estava deitada na dela (folgada? Imagina).

- Finalmente, Jesus. Tô quase mijando nas calças. - Chad foi correndo pro banheiro. - Meu Deus, e eu que pensei que meu colega de quarto era desleixado! Ariel, não pode jogar os potes de shampoo no chão! - Ele fechou a porta. Peguei a escova que estava jogada no chão e comecei a pentear o cabelo.

- Que cheiro de mostarda - Zack disse e Mike concordou.

- Sou eu.

Tive que contar pra eles sobre as três brigas que eu e Andy tivemos. Eles tinham ido lá para verem como a Lucy estava e pedir desculpas pra mim. Depois, eles foram embora.

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