Capítulo Vinte e Oito
Dominic Rosende:
Me despedi da minha família, colocando Ayla e o Mickey no carro, e fui em direção à casa do Harry. Quando cheguei, peguei minha filhota e o Mickey, e ambos ficaram completamente animados ao ver que estávamos em frente à casa do Harry. A porta foi aberta por Isabela, que se encostou na porta com um sorriso acolhedor.
— Devo dizer que é muito bom ver você e abrir a porta para essas duas fofuras — disse Isabela, com um sorriso, enquanto pegava Ayla dos meus braços. Entramos na casa e vi os meninos assistindo a alguma animação infantil na sala. — O Harry está na cozinha lavando a louça. Pode ir até lá, que eu cuido dos meus lindos sobrinhos.
— Valeu por ajudar o Harry com os dois — falei, sentindo-me grato.
— Ele é meu primo, e mesmo que o conheça há poucos dias, ele ainda é minha família. Vou ajudar em tudo o que ele precisar, até mesmo como sua assistente — disse Isabela, com uma expressão determinada. — Vou me mudar para a cidade e consegui um emprego para ficar no lugar da assistente dele por um tempo. Depois, vou procurar outro serviço.
— Isso é ótimo — respondi, sorrindo. — O Harry deve estar adorando a ideia de você ficar na cidade. Ele vai adorar ter mais alguém da família por perto.
— Eu sei que ele vai amar, mas tem algo que ele tem que te contar e não quis dizer para o seu irmão quando se encontraram na escola dos meninos — disse Isabela. Estranhei essa sua fala, mas ela apenas apontou para a cozinha. Segui em direção ao Harry.
Encontrei-o olhando pela janela em frente à pia da cozinha, com a cabeça perdida em pensamentos. Aproximei-me lentamente, e ele se virou para mim com um sorriso, tentando disfarçar sua expressão. Eu o conhecia muito bem para saber que ele iria mentir sobre essa situação que estava ocupando seus pensamentos.
O abracei por trás, sentindo sua tensão.
— Harry, o que está acontecendo? — perguntei suavemente, esperando que ele confiasse em mim.
Ele suspirou profundamente, hesitando antes de responder.
— É complicado... — começou ele, a voz baixa e cheia de preocupação.
— Estou aqui para ser o seu ouvinte no que precisar, sabe disso perfeitamente — falei contra seu ouvido, tentando transmitir segurança e apoio.
Harry suspirou novamente, a tensão evidente em seu corpo.
— Hoje, o pai do Oleg veio me ver. Além de dizer que o meu pai é cliente dele — começou Harry, a voz tremendo ligeiramente. — Ele quis me ameaçar por ter ajudado o Oleg e também porque sou o filho do Benjamin, que deve muito dinheiro para ele.
Eu podia sentir a angústia nas palavras de Harry e apertei meus braços ainda mais ao seu redor, tentando confortá-lo.
— Vamos resolver isso juntos. Não importa o quão difícil pareça, você não está sozinho, Harry. Vamos encontrar uma solução — prometi, determinado a ajudá-lo a enfrentar essa situação complicada.
— Eu já mandei mensagem para o Michael sobre isso para ele ficar de olho no Oleg e ainda fui à delegacia enquanto a Isabela ficava com os meninos. Quero saber por que meu pai sempre tenta me machucar com tudo. Cortamos nossa relação há muito tempo, quando meus tios me tiraram daquela casa, cinco anos atrás, o mais rápido possível depois... — Harry disse com a voz chorosa. Virei-o para mim, tentando consolá-lo.
— Ele só quis me atacar desde que minha mãe morreu, me tratando como se eu fosse um erro do mundo que deveria ser aniquilado, que deveria simplesmente deixar de existir. Quando estou feliz, as coisas que ele faz voltam com tudo para me assombrar, como se eu devesse algo a ele, como ter que pagar uma dívida dele.
Abracei Harry com força, sentindo a dor que ele carregava.
— Harry, você é forte, e não está sozinho. Não permita que as sombras do passado destruam sua felicidade. Nós vamos enfrentar isso juntos, passo a passo. Seu pai não tem mais poder sobre você. Você tem uma nova família agora, e faremos de tudo para protegê-lo e ajudá-lo a seguir em frente — prometi, sentindo a urgência de aliviar a carga que ele carregava.
Eu continuei segurando Harry em meus braços, sentindo a tensão gradualmente diminuir. Ele encostou a cabeça em meu ombro, e eu pude sentir seu coração batendo rápido, como se estivesse tentando se acalmar.
— Dominic, eu não sei o que faria sem você aqui — murmurou Harry, sua voz ainda um pouco trêmula, mas com uma nota de alívio.
Afastei-me ligeiramente para olhar nos olhos dele. — Você não precisa enfrentar isso sozinho, Harry. Estamos juntos nisso, ok? — disse, segurando seu rosto suavemente.
Harry assentiu, seus olhos brilhando com uma mistura de emoções. — Obrigado, Dominic. Eu realmente aprecio tudo o que você está fazendo por mim.
Houve um momento de silêncio entre nós, onde só o som da respiração de Harry podia ser ouvido. Inclinei-me um pouco mais perto, nossas testas quase se tocando.
— Sabe, Harry, eu quero que você saiba que vou estar sempre aqui para você. Não importa o que aconteça, você pode contar comigo — falei baixinho, minhas palavras carregadas de sinceridade.
Harry sorriu, um sorriso pequeno mas verdadeiro. — Eu sei, Dominic. E isso significa o mundo para mim.
Nosso momento foi interrompido por uma risada alta vindo da sala, onde as crianças estavam assistindo à animação. Harry olhou para a direção do som e depois de volta para mim.
— Acho que precisamos voltar para os meninos — ele disse, um pouco mais leve.
— Sim, mas lembre-se, se precisar conversar mais, estarei aqui — respondi, tocando seu ombro carinhosamente.
Enquanto caminhávamos de volta para a sala, coloquei minha mão nas costas de Harry, guiando-o gentilmente. A proximidade entre nós fez meu coração bater mais rápido, e eu podia sentir que algo especial estava se formando entre nós.
Quando entramos na sala, as crianças correram para nós, cheias de energia e entusiasmo. Harry riu, e por um momento, todos os problemas pareceram desaparecer. Eu sabia que ainda havia desafios à frente, mas juntos, poderíamos enfrentar qualquer coisa.
Isabela foi embora para casa, e achei melhor que eu, junto com Daniel, Ayla e Mickey, dormíssemos ali para dar conforto e não separar muito os meninos. Afinal, Milo e Daniel adoravam isso, e Mickey nem se fala, ainda mais com Harry tendo um pequeno berço para Ayla e uma caminha para Mickey.
— Você comprou isso? — perguntei, surpreso.
— Achei que seria bom para a Ayla quando vocês tivessem que dormir aqui em casa — respondeu Harry, um pouco envergonhado. — A caminha eu já tinha, pois o Milo sempre quis um bichinho e fez o Jacob comprar uma vez para ele.
— O Jacob não consegue dizer não para o Milo, não é? — falei, sorrindo.
— Pode-se dizer que é algo desse gênero — Harry disse divertido.
Naquela noite, depois que as crianças foram dormir, Harry e eu nos sentamos no sofá, conversando sobre coisas triviais e apreciando a companhia um do outro. À medida que a noite avançava, a distância entre nós diminuiu, e finalmente, nossos olhares se encontraram de uma maneira que fez meu coração acelerar.
— Dominic, eu... — começou Harry, mas antes que ele pudesse terminar, eu me inclinei e o beijei suavemente, um beijo cheio de promessas e esperança.
Harry correspondeu, e naquele momento, tudo parecia certo. Estávamos juntos, e nada poderia nos separar.
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O beijo durou um momento que parecia eterno, cada segundo reforçando o vínculo que estávamos construindo. Quando nos separamos, Harry ainda estava com os olhos fechados, como se estivesse absorvendo a sensação. Ele abriu os olhos lentamente, encontrando os meus, e eu pude ver a mistura de emoções neles: surpresa, alívio, felicidade.
— Dominic, eu não esperava por isso, mas... foi perfeito — disse Harry, sua voz carregada de sinceridade.
Eu sorri, sentindo uma onda de calor no peito. — Harry, eu me importo muito com você. Quero estar ao seu lado, não importa o que aconteça.
Ele assentiu, e pela primeira vez em muito tempo, parecia relaxado, como se um peso enorme tivesse sido tirado de seus ombros. Nos aconchegamos no sofá, deixando a intimidade do momento nos envolver.
A noite passou rapidamente, e antes que percebêssemos, já era madrugada. Estávamos ambos exaustos, mas havia uma sensação de paz no ar que fazia tudo parecer mais leve. Finalmente, decidimos que era hora de dormir.
Fomos para o quarto, onde preparei a cama para nós. Harry deitou-se primeiro, e eu o segui, puxando-o para perto de mim. Ele se encaixou perfeitamente em meus braços, e eu senti a batida suave de seu coração contra o meu peito.
— Boa noite, Harry — sussurrei, beijando o topo de sua cabeça.
— Boa noite, Dominic — ele respondeu, já quase adormecido.
Dormimos assim, juntos e em paz, sabendo que o amanhã traria novos desafios, mas que estávamos prontos para enfrentá-los juntos.
Na manhã seguinte, acordei com o som suave das risadas das crianças na sala. Harry ainda dormia, então saí da cama com cuidado para não acordá-lo. Quando entrei na sala, encontrei Milo, Daniel e Mickey brincando animadamente.
— Bom dia, meninos — disse, tentando não interromper a brincadeira.
— Bom dia, papai! Tio Dominic! — responderam em uníssono, cheios de energia.
Fui ver Ayla, que dormia calmamente no berço. Assim que passei pela porta, ela abriu os olhos, e eu a peguei nos braços, aproveitando para dar um banho nela e preparar os meninos para se arrumarem. Depois, descemos para a cozinha.
Preparei o café da manhã, tentando manter o ambiente o mais tranquilo possível para que Harry pudesse descansar mais um pouco. Dei uma mamadeira para Ayla junto com um pouco de papinha. Quando Harry finalmente apareceu, parecia mais descansado e com um sorriso no rosto.
— Bom dia, Harry. Dormiu bem? — perguntei, oferecendo-lhe uma xícara de café.
— Muito bem, graças a você — respondeu ele, aceitando o café e se aproximando para me dar um beijo rápido. Senti os olhos dos meninos sobre nós, e Ayla parecia animada com a cena.
Passamos a manhã juntos, entre risadas e conversas leves, aproveitando o tempo com as crianças. Cada momento reforçava a certeza de que, juntos, poderíamos enfrentar qualquer adversidade.
Enquanto as crianças brincavam no quintal, Harry e eu nos sentamos na varanda, observando-os com sorrisos nos rostos. Ayla dormia nos braços dele, enquanto ele fazia cafuné na cabeça dela.
— Dominic, obrigado por tudo. Eu realmente não sei o que faria sem você — disse Harry, olhando para mim com gratidão.
Eu segurei sua mão, entrelaçando nossos dedos. — Você nunca estará sozinho, Harry. Sempre estarei aqui para o que precisar.
Ele sorriu, um sorriso que iluminou seu rosto e fez meu coração bater mais rápido. E naquele momento, soube que não importava o que o futuro trouxesse. Juntos, estávamos prontos para qualquer coisa.
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Gostaram?
Até a próxima 😘
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