Capítulo 83 - Fuso horário Harry Styles
Música: River, Bishop Briggs
Capítulo 83 - Fuso horário Harry Styles
-Jess, tem um hipster na nossa porta! Quantas vezes eu vou ter que falar pro porteiro bloquear a entrada dessas pessoas! – Giovanna gritou da sala me avisando que Harry havia chegado e foi impossível não rir da sua recepção. A implicância que ela tinha com o Harry era divertidíssima, mas eu sabia que, no fundo, ela só queria me proteger daquele buraco que eu cavei quando as coisas deram bem errado há dois anos.
- Já vou! Não maltrate as visitas, obrigada! – gritei de volta do quarto enquanto terminava de passar uma base no rosto, corretivo, blush, máscara e tudo que tenho direito. Só uma maquiagem bem passada pra esconder as olheiras terríveis que não queriam mais me abandonar. Talvez sejam os sinais da idade, ou talvez seja resultado das últimas noites mal dormidas, já que fiquei até altas horas pesquisando notícias e vídeos da última turnê do 1D. O fato é que, mesmo fingindo não me importar, eu estava bem preocupada com Louis e encontrava alguma maneira de me fazer "próxima". Eu me pegava olhando o seu contato no celular e ficava naquela de "ligar ou não ligar, eis a questão", ainda mais que sabia que os meninos estavam de volta a Inglaterra para um pequeno intervalo antes da turnê nos EUA começar, mas eu era muito orgulhosa pra dar o primeiro passo.
Estava quase pronta para sair, mas antes o "gran finalle", um batom marrom escuro que casava perfeitamente com o "look". Eu me sentia uma blogueirinha de moda usando essa meia preta acima do joelho, um sapatinho Oxford de salto também preto, pra completar a gótica hipster, saia tubinho preta de cintura alta e, quebrando a paleta dark, um suéter bege meio largo que cobria quase toda a saia.
Coloquei a pulseirinha que o Harry tinha me dado, agora sim estava pronta, e dei uma conferida se estava tudo ok no espelho. Bem, a maquiagem havia ficado mesmo boa, apesar de ser bem mediana nessa coisa de "superprodução", eu nem parecia mais a versão Jessica zumbi.
-Ai, vocês hipsters se merecem! – Giovanna exclamou quando me viu chegando à sala. Depois de ter que revirar os olhos para o comentário da minha amiga vi o sorriso com covinhas do Harry. Bem, a pontadinha que senti no meu coração confirmava, eu havia sentido falta desse sorriso.
- Obrigada, sei que estou linda. – acenei para minha amiga que teve que confirmar que eu estava mesmo. – Vamos?
Harry na mesma hora levantou do sofá e se despediu de Giovanna, que surpreendentemente não estava segurando um punhal, graças a Deus, sem mortes por hoje.
Eu já estava quase ensinando -o abotoar essas camisas sociais, mas ficava tão atraente desse jeito que desisti quando vi pessoalmente. Ele usava uma camisa de seda com estampas florais, uma calça preta justa e um blazer azul marinho, sim, bem hipster, Giovanna tinha razão. Um hispter bem atraente, diga-se de passagem.
- Então, ta inteiro? Sobreviveu à Giovanna? - disse enquanto descíamos as escadas até o térreo fazendo sua risada ecoar pela escada.
-Quase fui enforcado! Eu dei o mole de atender ao clamor do maldito irlandês e mencionei o seu nome. – Harry disse seguido de uma risada. – Estou rindo, mas de nervoso, passei por um experiência de quase-morte, vi aquela luz no fim do túnel.
- Não foi nada disso, foi só eu que surgi na sala mesmo. – acabei rindo do meu trocadilho de segunda categoria e quando vi já estávamos na portaria do prédio. Harry balançou a cabeça em reprovação, mas não conseguiu conter o sorriso e seus braços, que antes estavam na cintura para me reprovar, se abriram.
Fui ao seu encontro para um abraço e senti um calor bom que vinha dele e estava satisfeita por encaixar tão bem nele. O abraço durou um pouco mais do que o normal, não que eu não pudesse ficar ali no meio do seu abraço para sempre, mas notei que Harry ficou meio sem graça e bagunçou o cabelo, refazendo de um jeito mágico seu topete, e me convidou pra irmos pra um lugar incrível que ele havia descoberto no Soho.
Pensei quase automaticamente que Harry Styles no Soho seria uma ideia terrível, as fãs iriam engoli-lo vivo. Porém, quando chegamos ao local, um restaurante chinês subterrâneo, soube que estaríamos seguros. Sentamos em almofadinhas no chão numa dessas mesinha baixas encostadas na parede e deixei escapar um riso abafado, Harry era mesmo muito "alternativo".
O lugar era muito aconchegante e a comida era exatamente como Harry havia tentado descrever: maravilhosa. Comíamos um macarrão incrível com uns legumes e um frango meio agridoce, enquanto bebíamos uma espécie de vinho branco chinês feito da fermentação de uma massa de cereais, foi o que consegui entender do que uma senhorinha, dona do restaurante, nos explicou, como ela praticamente não falava inglês, assim como a maioria dos funcionários do restaurante. O gosto desse "vinho" era bem curioso, mas já estávamos na segunda garrafa.
-Pode perguntar. – Harry disse depois de dar um gole, estava uma graça ele bebendo naquele copinho pequeno, fiquei rindo meio boba sem entender do que ele estava falando. – Louis...
Fechei os olhos por um instante e respirei fundo, eu queria mesmo perguntar, será que eu parecia tão desesperada?
- Você não falou nele nenhuma vez, mas quis saber tudo sobre a turnê... – ele me olhou incisivo e me senti numa espécie num interrogatório de "Law and Order SVU" e o Harry era o detective Stabler, da NYPD, treinado pra extorquir várias informações de mim.
- Eu não quero falar sobre isso... – respirei fundo de novo e senti um nó se formando em minha garganta, maldito álcool, maldita saudade, maldito Louis. Tentei esboçar um sorriso e vi Harry se levantar da sua almofadinha para se sentar do meu lado.
- Ei, não precisa falar sobre isso... Está tudo bem. – fui abraçada de lado e sua voz parecia música no meu ouvido, me acalmando aos poucos – O Louis tá bem, ele é cabeça dura, mas ele te ama, você sabe.
- Eu não sei Harry, não foi, sei lá... Deixa isso pra lá. – disse me desvencilhando do seu abraço e sorri tentando demonstrar que estava bem, quando, na verdade, lembrar das coisas que o Louis me disse ainda me magoavam bastante.
- Você tá bem? – seus braços continuavam atravessando minha cintura, ele não deixou que eu me soltasse completamente, ele me olhava tão incisivamente que tinha medo que ele, mesmo sem que eu abrisse a boca, conseguisse ler a minha mente. E o perigo é que meus olhos de vez em sempre ficavam encarando sua boca, incrivelmente convidativa.
- São várias coisas, minha vida tá muito bagunçada, não quero te encher com isso agora... – disse tentando me desvencilhar pela segunda vez. Ele acabou se rendendo e me soltou, mas ainda ao meu lado, sorriu compassivo e completou os dois copinhos com a bebida restante na garrafa.
- Às nossas bagunças. – ele estendeu seu copinho para um brinde e o segui.
Harry virou toda a bebida do copo enquanto eu só consegui dar um golinho, sorri satisfeita fitando-o e quando ele largou o copinho e me surpreendeu deixando um beijo rápido em meus lábios.
-Vamos passear, hipsta... Vou acertar a conta, me espera na entrada. – ainda meio abobada com o beijo, nem consegui fazer a minha típica discussão sobre a divisão da conta, e vi Harry se afastar. Virei o resto do conteúdo do pequeno copo e peguei minha bolsa para segui-lo até a entrada.
Subíamos as escadas para a rua e a memória do beijo de agora pouco estava tão presente que queria materializá-la pra ontem. Parei Harry entre um degrau e outro e ele me olhou curioso. Puxei sua mão e o empurrei encostando-o no corrimão e ele sorriu quando subi mais dois degraus e me apoiei sobre seus ombros. Aparentemente, ele já sabia que eu ia cobrar de volta o beijo de mais cedo.
O beijo foi rápido, infelizmente, pois estava preocupada em atrapalhar a passagem de alguém que decidisse, por azar, ir embora na mesma hora que nós dois. Entramos no primeiro taxi e deixei Harry ditar o endereço, já que ele que havia me convidado pra "passear".
Víamos Londres pela janela enquanto eu pensava o quão bonita essa cidade ficava à noite e parecia encaixar tão bem com a imagem minha e do Harry juntos. Atravessamos a Westminster Bridge e lá estava aquela vista incansável da Abadia, o Big Ben, e logo depois a London Eye iluminada. Estava encostada em Harry, nossas mãos juntas, sua respiração perto do meu ouvido. Aquilo tudo parecia tão perfeito que eu temia que fosse só um intervalo de paz, e que em seguida viria o caos. Ele beijou o topo da minha cabeça como se adivinhasse o que estava pensando, de novo. Eu me sentia absolutamente transparente do seu lado, ele, porém, continuava sendo uma incógnita. Eu nunca sabia bem o que o Harry estava pensando, muito menos o que ele achava disso tudo. Eu não sabia o que achar também, mas sabia que não queria que acabasse tão cedo.
O taxi parou ao lado de um prédio baixinho de tijolinhos, notei que estávamos em Covent Garden, ou seja, do lado do Soho. Sorri ao realizar que Harry havia propositalmente me levado pra passear de carro por Londres, com costumávamos fazer. Adentramos no prédio e Harry não precisou falar mais do que seu nome para que a recepcionista entregasse um cartão magnético. Ao entrar no quarto fiquei absolutamente encantada com a decoração maravilhosa, as paredes cor de cereja, a cama, tudo.
(Covent Garden Hotel, Londres)
-Sabia que você ia gostar... – ele sorria orgulhoso enquanto tentava abrir a garrafa de champanhe que estava em um balde com gelo sobre uma escrivaninha ao lado da cama de casal.
-Hm, então você me trouxe pra um hotel, Harry Styles? Você nunca está bem intencionado. – disse me aproximando e atravessando meus braços envolta do seu pescoço, fazendo com que ele largasse de volta a garrafa para me abraçar pela cintura.
-Minhas intenções são nobres, madam. – ele sussurrou no meu ouvido fazendo meu corpo inteiro arrepiar. – Tenho ótimas lembranças em hotéis.
Eu tive que concordar.
Apoiada sobre seu peito encarando as tatuagens aleatórias, os passarinhos, os louros da vitória, meio sonolenta, eu parecia estar em um sonho interessante, adorava como ao quartos se tornavam nosso universo particular, longe do mundo, onde parecíamos estar em absoluta sintonia.
-O que está pensando, hein? – Harry disse acariciando minhas costas nuas.
-Hmmmm... em nada? Em você? – respondi ainda absorta naquele estado de coisas, eu e Harry nessa cama, nesse hotel, no nosso universo.
-Gosto da gente... – ele disse e levantou a cabeça para me beijar pela infinita vez e meu coração reagiu às suas palavras com batidas fortes. – Quando vamos estar no mesmo fuso?
Olhei-o confusa, em qual fuso ele estava? Jet lag da última viagem pra América do Sul, será?
-Estamos no horário de Londres, não? – perguntei em tom de brincadeira e o ouvi suspirar fundo.
-Nós vamos ter essa conversa? – ele disse agora acariciando minha nuca, sem me encarar, talvez com medo do meu olhar incisivo.
-Não vamos ter conversa nenhuma, eu nunca sei para onde você está me levando de qualquer maneira, nem saberia o que te dizer... – balancei a cabeça meio desapontada comigo mesma por não entender o que ele queria e, ao mesmo tempo, por saber exatamente o que eu queria.
-Estamos aqui, agora, não está bom? – ele disse jogando um balde de água fria nas minhas expectativas. Balancei a cabeça de novo, mas agora em negativa, estava ótimo, mas não era o suficiente.
- Não sei por que pensei que você fosse me trazer alguma paz, nunca foi assim... – bufei e me sentei na cama. Puxei o edredom me cobrindo, de repente me sentia tão exposta do seu lado.
-Ei, eu quero muito... só que agora não é o momento. – ele se colocou sentado ao meu lado e fez carinho em minha bochecha.
- Agora? – ri irônica. – Eu estou quase convencida de que esse momento não existe, Harry, pelo menos pra você... Tão cansada disso.
Ele me olhou confusa e começou a jogar uma série de reclamações sobre mim:
- Estamos tendo uma crise na banda, o Zayn está só esperando a turnê acabar pra sair... O clima com o pessoal tá péssimo, o produtor tá contando que eu resolva essa situação. E ainda tem a Kendall... Não é um bom momento...
-Você ainda tá namorando? Eu sempre me impressiono com a naturalidade com que você faz isso. – disse irritada e respirei fundo, nós não íamos estragar essa noite discutindo, ou íamos?
-Eu nunca estive oficialmente namorando, nós temos um lance... – ele disse bagunçando o cabelo, o que significava que ele estava ficando nervoso.
- E o que a gente tem? Um lance? Quantos lances você tem ao redor do mundo? – demandei uma resposta, mas ele ficou em silêncio e pensei que estava sendo otária pela milésima vez achando que existia uma atmosfera toda especial entre a gente, "nosso" universo particular.
- O que você está querendo com isso, Jess? – ele me rebateu com outro questionamento e sentia minhas bochechas ficarem quentes, agora eu é que estava ficando nervosa.
-Eu não quero nada, não tenho como demandar nada de você... – disse e soei mais desapontada do que planejava.
- Eu não tenho nenhuma condição de entrar em um relacionamento agora. - Harry, o mestre em escolher palavras erradas, disse.
- Meu Deus, quem disse isso? Você acha que eu tenho? Você se acha muito importante mesmo. – disse e me levantei da cama caçando as minhas peças de roupas espalhadas pelo quarto .
- Jess, volta aqui... – ele pediu e foi solenemente ignorado, enquanto caçava minha lingerie perdida, ouvi uma movimentação e lá estava ele, de pé na minha frente. – Para com isso...
Ele pressionou seu corpo contra o meu me fazendo soltar as peças de roupa que estavam na minha mão. Maldito Harry Styles.
Respirei fundo tentando manter minha sanidade enquanto ele fazia caminhos com seus lábios pelo meu pescoço enquanto sussurrava pedindo que eu ficasse. E eu fiquei. Empurrei seu corpo em direção a cama e começamos de novo com aquelas memórias de quarto de hotel.
Ainda deitada, podia ver o sol nascendo da fresta da janela enquanto Harry, já de pé, abotoava sua camisa, a vista dali era ótima. Ele notou que o encarava e sorriu.
- Eu sei que não é o momento... – soltei e completei em pensamento "mas queria que fosse".
Antes de ir, já atrasado para uma viagem para a Escócia, ele deixou um beijo rápido em meus lábios. Ouvi sua voz, ainda embargada de sono, dizendo "até mais, hispta".
E lá se vai, mais uma vez, Harry Styles.
n/a: hellooooo pessoas, e aí o que acharam? Eu tenho essa teoria que tudo na vida é timming, sabe? Hora e lugar certo pras coisas acontecerem....
Pois bem, dissertem sobre a teoria do timming e Hess/Jerry. Brincadeirinha hahaha o que acharam do casal? No aguardo dos votos e comentários. Boa sexta, bom fim de semana!
Beijos,
Maria Clara.
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