Capítulo 70 - O encontro do caos com a desordem
n/a: boaa noite! Depois de séculos aqui estou eu de novo haha mas vamos ao que interessa... A música do capítulo é The Hills do The Weeknd (estado atual: viciada nessa música).
Créditos tanto da música quanto da foto para a @sgueiros
Cap. 70 - O encontro do caos com a desordem
Meu corpo empurrado contra a porta, enquanto suas mãos tentavam encaixar a chave na fechadura. Senti um beijo quente em meu pescoço e em seguida, com a abertura da porta, sua mão entrelaçar minha cintura me conduzindo pra dentro do apartamento. Por um instante senti meu corpo descolando do dele, olhei no espelho que ficava no hall de entrada e tentei ajeitar minimamente meu cabelo, vi meus olhos levemente caídos e me lembrei das doses tequilas de mais cedo. Surgiu seu reflexo no espelho e suas mãos entrelaçaram minha cintura me apertando contra o seu corpo, mais uma série de beijos no pescoço até que nossas bocas se encontraram. Um de frente para o outro, minhas mãos, sem qualquer controle, agarravam seu cabelo enquanto as suas deslizavam pelo meu corpo. Uma série de suspiros e sensações misturadas com o efeito do álcool. Aos poucos nossos passos trôpegos nos levaram ao sofá. Sem qualquer cerimônia, me despi vendo seus olhos vidrados em mim. Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa ele se levantou enquanto se livrava da regata cinza que usava, em seguida sua calça encontrou o chão, e suas mãos as minhas costas. Um corpo encontrou o outro para em seguida deixarem se perder naquela sala de luzes amenas.
Um barulho trouxe luz para a minha visão. Um celular vibrando naquela mesinha de cabeceira me acordou. Quase como reflexo peguei-o e atendi. Ouvi Giovanna gritando do outro lado da linda, foi quando notei que minha cabeça latejava.
-Onde você está, Jess? - seu tom de voz era no mínimo ameaçador.
Foi nesse momento que me toquei onde estava: coberta por um edredom branco, usando só uma camisa larga. Foi quando olhei para o lado e vi Louis dormindo no outro lado da cama e alguns flashes da noite passada me atormentaram.
-Caralho, Jessica, já é a segunda vez essa semana. Ainda é quinta- feira, temos aula e um trabalho pra entregar, caso você se esqueceu.
-Caramba... - soltei finalmente pensando no que havia acontecido, mais um vez, na noite passada. De fato, estava começando a ficar demais. Quero dizer, desde de a primeira vez foi demais, foi mas não deveria ter sido.
-Jessica, sério, estou na porta da sua casa. Você marcou comigo às 8h, lembra? Como você acha que vamos apresentar o trabalho se você está na casa Louis?
E ela continuava irritada enquanto gradativamente eu me sentia enjoada. Tive que largar o telefone sobre a cama e correr para o banheiro pra ver a bebida da noite passada ser repelida pelo meu corpo. Lavei meu rosto e encarando o espelho conclui que meu estado estava deplorável e eu ainda teria que apresentar um trabalho de literatura inglesa, especificamente, sobre roteiros adaptados. Ótimo, eu sei de tudo nesse momento, mesmo sobre roteiros adaptados. Sai pela casa e encontrei meu vestido, sapatilhas e bolsas jogados na sala. Imediatamente me troquei e fui ao quarto. Sacudi Louis que acordou assustado.
-Tenho que ir embora.
-Ah, mas já? - ele disse em processo de reconhecimento da realidade, com voz rouca e olhos semi-abertos.
-Já. Eu nem deveria estar aqui... Eu definitivamente tenho que parar de beber, especialmente com você. - disse depositando um beijo em sua testa.
-Toda manhã é a mesma coisa. - vi-o revirar os olhos. - Depois conversamos, Jessy. Aliás, vai embora como?
-Taxi. - disse já me aproximando da porta do quarto.
-Pega um dinheiro na minha carteira. - ele sugeriu e eu imediatamente tomei como uma ofensa.
-Ah, agora você vai me pagar? Eu virei tipo uma prostituta? - deixei minha irritação transparecer.
-Jessica, nem comece.
-Eu tenho dinheiro, obrigada.
-De nada. - ele disse e voltou a afundar a cabeça no travesseiro.
O caminho pra casa foi basicamente ocupado por xingamentos mentais e um esforço sobrenatural para me lembrar do tema do trabalho. Felizmente em poucos minutos eu estava em casa e infelizmente tive que encarar uma Giovanna muito irritada sentada ao lado da minha porta. Antes que ela dissesse qualquer coisa me manifestei:
-Nem comece. Deixa o esporro pra depois, vamos, antes de mais nada, dividir a apresentação.
Tirei a chave da bolsa e ao adentrar o apartamento já fui ligando o computador. Tivemos mais ou menos 30 minutos para organizar a apresentação, nem de longe o que seria necessário, mas eu precisava de um banho e pelo menos de um corretivo pra disfarçar as olheiras monstruosas que estavam embaixo dos meus olhos. O caminho do metrô também foi inteligentemente usado pra revisar a apresentação. Chegamos alguns minutos atrasadas, mas conseguimos apresentar por último. E no final das contas não ficou tão ruim assim, juro ter visto a professora sorrir. Talvez ela só estivesse rindo da minha aparência deplorável, mas preferi acreditar que era um sorriso de aprovação ao nosso trabalho.
-Ah, agora você não me escapa. - e nem um pequeno instante de paz eu tive. Assim que a aula acabou Giovanna começou com suas infinitas lições de moral. E o mais engraçado é que os papéis pareciam ter se invertido.
-Você nunca foi irresponsável, Jess. Não tenha nada contra sua amizade colorida com o Louis, mas ela aparecer logo depois que você terminou com o Zayn... Isso é no mínimo suspeito.
-Eu não estou usando o Louis para esquecer o Zayn, se é isso que você pensa.
-Eu penso isso? Imagina... - Não precisava ser muito atenta pra notar o tom irônico na voz dela. - Acho ótimo fazer sexo, maravilhoso mesmo. Mas é melhor que ele seja feito quando estamos bem resolvidas, porque se não ele só vai te colocar em mais encrenca.
E eu sabia de tudo aquilo que eu estava ouvindo. Sabia que eu estava errada, sabia que aquilo tudo estava errado. Sabia de tudo, mas continuava inerte, esperando o próximo porre me levar pra casa do Louis. Sensacional. Acho que vou voltar naquela psicóloga da BBC breve, mais uma vez atropelando as coisas.
Senti meu telefone vibrando dentro da minha bolsa e vi o nome do Louis no visor. A reação de Giovanna foi virar os olhos.
-Que tal almoçarmos e tentarmos resolver seus conflitos internos? - ele sugeriu do outro lado da linha.
-Caso eu tivesse algum conflito interno, eu poderia até pensar na proposta. - sua risada estridente tomou conta da chamada.
-Passo ai em 15 minutos. - ele disse e nem pude fazer qualquer objeção, pois a chamada havia sido encerrada. Notei os olhos de Giovanna questionando sobre o teor da curta conversa por telefone.
-Nós vamos almoçar, só. - expliquei.
-Vê se resolve isso, hein. - mais uma vez o tom autoritário de Giovanna. Ela me abraçou dizendo que tudo isso era porque ela se preocupava comigo e se despediu.
Em alguns minutos o carro do Louis já estava parado em frente ao portão principal da LAA. O insulfilme escuros estratégicos davam um ar ainda mais chique e nada discreto para aquele Porsche preto.
-Noite passada foi sensacional, cada dia melhor, Jessy. - Louis disse logo quando ocupei o assento ao seu lado no carro.
-Ah sim, eu estou ótima, obrigado por perguntar. - disse irônica e ele deu a língua enquanto manobrava o carro. - Nem comece, já é dia e eu estou sóbria.
-Olha, eu tenho álcool em casa e podemos fechar as cortinas e vai virar noite de novo, caso seja o problema. - conseguia ver um sorriso no canto da sua boca.
-Louis... - fingi irritação para em seguida começamos a gargalhar juntos sem nenhum motivo aparente, eu definitivamente não conseguia ficar irritada com o Louis por muito tempo.
-Onde você quer almoçar? - ele questionou.
-Hm, não é melhor pedirmos algo na sua casa?- sugeri.
-Sabia que você não ia resistir a minha proposta, você vai ver como as cortinas lá de casa são ótimas. - revirei os olhos.
-Seu idiota, as pessoas ainda acham que você tem namorada... Caso você tenha se esquecido.
-Eu sempre me esqueço disso mesmo... - ele disse e caso eu não conhecesse bem o Louis eu até poderia achar que ele estava refletindo sobre isso, mas não. - Talvez porque eu não dou a mínima, vamos comer naquele italiano no Soho, sabe? Aquele que tem umas mesas na calçada bem expostas.
-Estúpido... - disse rindo. - Se você não se preocupa com a sua reputação, eu me preocupo. Vamos no italiano, só porque deu vontade de comer aquele carbonara, mas pegamos uma mesa na parte de dentro.
-Fechado.
Era estranho, mas mesmo com a amizade com benefícios que estava rolando entre a gente, continuávamos a mesma coisa de sempre, dois idiotas se insultando em tempo integral e falando besteira. Logo depois que terminei com o Zayn voltei a sair mais com o Louis, inicialmente só saíamos pra beber e depois de falar muita besteira cada um ia pra sua casa. Até o dia que o Louis me fez uma proposta bêbada, estávamos os dois carentes, então não foi tão difícil chegar a um consenso. No fundo era um equívoco, pois eu nunca ia superar o termino com o Zayn desse jeito (ou ia, não sei). O fato era que eu ainda não havia superado, continuava pesquisando coisas sobre ele e conferindo a "última visualização". É, doentio, eu sei.
Enquanto esperávamos a comida Louis me contou que Eleanor havia ligado, queria saber com quem ficaria o cachorro.
-Sempre achei esse negócio de comprar cachorro uma furada, depois que termina faz o que? Parte no meio? - opinei.
-Mulheres tem essa frescura. - ele revirou os olhos - Vai entender... Disse que ela podia ficar com ela.
-Maduro da sua parte, parabéns. Parece que você está virando um homenzinho. - ironizei e vi ele revirar os olhos mais um vez.
-Falando em maturidade... Você, dona Jessica, concordou com a minha proposta e agora fica toda manhã de mimimi. Podemos rediscutir as cláusulas contratuais, se você quiser.
-Hm, que tal rescindir o contrato? - disse e escondi a cabeça entre as mãos.
-Jess, eu nunca propus nada pra te fazer sentir mal ou confusa, eu achei que você se sentiria tão bem quanto eu me senti na primeira vez... Mas não é o que eu to vendo, sabe. Não é pra você se sentir culpada nem nada, afinal, você não está fazendo nada errado.
-Eu sei Lou... Não é que eu não me sinta bem, porque é ótimo na hora, sério, mas depois eu não sei o que acontece comigo, mil coisas ficam se passando na minha cabeça, inclusive coisas como o Zayn, sabe. E era isso que eu não queria, eu queria abstrair, esquecer, viver uma vida mais minha, mais tranquila. E eu não tenho sentido isso... E com certeza a culpa não é sua, a culpa é minha que não estou bem resolvida comigo mesma...
Como sempre Louis não me desapontou, disse que me entendia e que estaria ali para o que eu precisasse. Sorri agradecendo e em poucos minutos o almoço chegou. A comida estava maravilhosa. Por volta de uma da tarde Louis me deixou na BBC, o abracei forte e o agradeci por tudo, basicamente, e ele beijou o topo da minha cabeça e me chamou de "pequena".
Pra minha infelicidade havia algumas pastas em cima da minha mesa, fui até a sala do Robert dizer um "oi, estou aqui" e voltei para a minha mesa para desbravar as pastas. Revirei os olhos ao ver que teria que preparar duas entrevistas, uma do ator que fazia o Christian Grey (o que não foi tão ruim porque ele é um gato) e outra de um pirralho que cantava no youtube e agora estava abrindo show de não sei de quem, ou seja, um saco. Já estava chegando no meu limite, não estava agüentando mais acumular conhecimento inútil sobre famosos. No final da tarde devolvi as pastas com as entrevistas prontas e me despedi de Robert, entretanto ele me surpreendeu dizendo que queria conversar comigo.
-Então, Jessica, eu andei reparando ultimamente que você não está muito satisfeita com a sua função. - nessa hora gelei. Logo de cara disse que não, obviamente não falaria a verdade, eu precisava daquele dinheiro.
-Eu acho que você tem muito potencial, por isso te indiquei para outro setor. Não que eu não esteja satisfeito, mas acho que você já aprendeu bastante aqui.
Comemorei mentalmente, apesar de temer esse outro setor. Agradeci e aguardava que ele falasse onde eu trabalharia então, o que foi que ele fez em seguida.
-A Karen faz alguns documentários aqui na BBC, ultimamente ela tem feito alguns sobre viagens, cultura e comportamento. Na semana passada conversamos e ela disse que precisaria de uma estagiária para acompanhá-la no próximo documentário.
Já estava gostando da idéia, eu adorava fazer edição de vídeos e amava documentários.
-Mas não seria na etapa da edição. - ah maravilha. - Seria em uma etapa anterior, especificamente na parte das filmagens.
Como eu possivelmente acompanharia as filmagens?
-Bem, o próximo documentário será na Tailândia e as gravações durarão em média uns três meses. Todos os gastos serão pagos pela BBC... Obviamente você terá que trancar por um tempo a faculdade... Mas acredito que será uma ótima oportunidade pra você.
Eu só não estava de boca aberta porque seria meio vergonhoso, mas aquela proposta era extremamente tentadora. Das poucas fotos que vi da Tailândia na minha vida eu pude constatar que é um lugar maravilhoso. Ainda mais ter todas as despesas pagas pela BBC.
-Eu vou te passar o contato da Karen e vocês marcam um horário para conversarem depois...
Agradeci umas mil vezes pela indicação e sai da sala do Robert quase pulando de felicidade. Não via a hora de começar a estagiar com a Karen e passar três meses viajando pela Tailândia. Até tinha me esquecido de todas as confusões da minha vida, acho que essa proposta tinha vindo em um momento extremamente adequado. Mas antes de mais nada teria que convencer meus pais de que viajar para o outro lado do mundo por três meses seria melhor pra mim e para minha futura carreira.
n/a: Entããão... o que me dizem? Esse capítulo ficou um tanto aleatório, mas talvez fosse a intenção. Por enquanto ainda não entramos muito na cabeça da Jess pós término, nem na do Zayn... O que acharam das aparições inesperadas, hein? Enfim, me digam tudo que acharam e logo logo eu vou postar, porque estou finalmente de férias (a demora rolou porque estava no final do período)! Beijossss e muito obrigada por todos os votos e comentários, vocês são sensacionais!
Maria Clara
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro