Capítulo 66 - Náufrago
n/a: você não estavam esperando por outro cap., nem eu, mas tá ai! A música casa perfeitamente com o capítulo: Still, Daughter...
Cap. 66- Náufrago
E eu chorava como se aquilo fosse a solução pra todas as inquietações do meu coração. Ultimamente eu só fazia isso, qualquer ponto fora do lugar já era motivo pra uma enxurrada de lágrimas.
Eu estava recostada sobre o ombro do Louis. Saltos no chão, pernas cruzadas sobre a cama daquele quarto estranho. Sua mão fazia carinho em minhas costas com o intuito de me acalmar e, de certo modo, estava até funcionado. Pois gradativamente eu estava conseguindo respirar sem soluçar e as lágrimas tornavam-se apenas rastro em meu rosto.
-Elas valem à pena? – Louis questionou ao me ver um pouco mais calma, em resposta o olhei confusa sem saber caracterizar “elas”. – As lágrimas, ela valem a pena? Vale mesmo à pena chorar por isso?
-Se não valesse, eu não estaria chorando. – respondi como se estivesse na ponta da língua, como se fosse minha defesa.
-Ai é que você se engana, pequena, você só descobre se elas valeram a pena depois. – ele disse sereno.
-Quero descobrir logo, Louis. To cansada de chorar, cansada disso ser uma rotina. – desabafei para encontrar olhos que me viam com compreensão.
-Você quer conversar sobre isso agora ou quer dar um tempo?
-Eu quero resolver isso o quanto antes... – disse decidida apesar de ter certeza que não seria nada simples resolver a bagunça que a minha vida amorosa havia se transformado.
“Estou aqui pra ouvir o que você quer dizer”, ao ouvir suas palavras encarei-o e declarei que seria chato, que preferia ouvir o que ele tinha a me dizer.
-Eu acho que ainda estou bêbado e talvez não seja a pessoa mais adequada do mundo pra dar conselhos. – ele declarou de início. Brinquei dizendo que nem sóbrio ele era, foi quando ele ameaçou deixar o quarto por estar muito sentido com a minha fala.
Ele chegou a se levantar da cama, mas segundos depois tornou a sentar e declarou que achava melhor ficar por ali mesmo.
-Você está certa, aquela brincadeira foi estúpida, divertida, mas estúpida até mesmo pra mim que sou um idiota. – ele soltou do nada. Questionei-o, então, porque ele a estava incentivando. – Todos estavam se divertindo, menos você, é claro.
Revirei os olhos e pensei que em algum momento eu poderia até ter me divertido se eu não estivesse tão preocupada com o fato do meu namorado estar beijando outras meninas na minha frente, talvez o nível alcoólico não estivesse elevado o suficiente pra ter sangue frio pra aturar os desafios daquele jogo.
-No fundo, eu acho que já sabia que ia dar merda. Eu sabia...
-Tá falando do jogo ou? – Louis me olhou desconfiado.
-Da noite. – respirei fundo antes de continuar. – Eu me encontrei hoje mais cedo com Harry aqui em Portobello Road...
-E não contou pro Zayn. – Louis completou me surpreendendo. – E deixa e adivinhar, ele descobriu?
Revirei os olhos.
- Eu sei que deveria ter falado, mas queria evitar a dor de cabeça... – declarei me lembrando da discussão de poucos minutos com o Zayn pra conseguir concluir que não havia dado certo, eu apenas adiei uma dor de cabeça que havia se transformado em uma crise de enxaqueca.
- O Zayn continua tendo ciúmes do Harry, como todos podemos ver. – Louis concluiu o óbvio.
-Não é só isso, Lou, eu não sei o que é, mas nós só discutimos, basicamente, o tempo todo, por qualquer motivo idiota. Eu to cansada disso, só que não consigo ficar ouvindo em silêncio.
-Desde quando? – ele questionou. Fiz uma busca mental e me vi no quarto de hóspedes do apartamento do Louis no dia seguinte à festa de comemoração da premiere de “This Is Us”, quase como um curta-metragem as imagens da festas devastaram os meus pensamentos. O encerramento do filme mental se dava focando nas cortinas brancas daquele quarto, os olhos aflitos de Zayn, um pesadelo de olhos abertos havia sido aquele dia.
A resposta da pergunta do Louis foi seguida de uma pequena narrativa da festa seguida da manhã subsequente.
-Espera só essa loira oxigenada passar na minha frente, acabo com ela. – e esse foi o momento de fúria de Louis em resposta ao que Perrie havia me dito na festa. – Essa loira deve ter cheirado muito laquê, só pode ser.
-Não acabou ainda... – alertei.
-Que isso, quanta coisa pode acontecer em uma noite, hein.
Consegui contar tudo que me lembrava da festa sem quase nenhuma intervenção do Louis, ele não conseguia se conter, comentava praticamente todas as minhas frases. Falei do dia seguinte, mencionando a discussão sobre a foto infeliz que haviam tirado de mim e do Harry na festa.
- Qualquer coisa como não poder conversar no momento, não atender uma ligação é motivo pra começar a discutir. –expliquei sobre as discussões durante o tempo em que eles estavam fora.
-Sério isso? – Louis revirou os olhos. Confirmei com a cabeça para que Louis balançasse a sua desapontado. – Não é assim que eu te ensinei. Cadê a compreensão? Paciência?
-Pergunta pro Zayn. – disse tentando me eximir de uma culpa que também era minha. – Ah, e eu não podia me esquecer da cereja do bolo... Venho pra Nothing Hill em um belo sábado pela manhã e quem eu encontro? Justamente...
Minha voz estava carregada de ironia e eu colocava o acontecimento de hoje mais cedo como o grande “responsável” pela rachadura no meu namoro.
-Sabe o que aconteceu? Quando fomos buscar as cervejas, isso foi Liam que me falou, Harry comentou que havia encontrado você mais cedo. – Louis comentou. - O que chateou Zayn foi saber isso do Harry e não de você.
-Eu sei... – disse desapontada comigo mesma.
-O Zayn é inseguro, sempre foi. Não só quando se trata de relacionamentos, você deve saber que ele tem a autoestima bem baixa. Não leio mentes, mas sei que ele tem medo de perder você e não sente segurança em relação ao que você sente por ele, por isso que fica te confrontando a todo momento, ele quer ter certeza.
-Eu também queria ter certeza , Louis. – confessei e abaixei minha cabeça sentindo todos os últimos meses pesarem sobre ela e esse peso querendo se transformar em lágrimas. – Zayn disse que me ama e eu não consegui responder, não saia nenhum som da minha boca. Foi horrível, você não sabe como eu estou me sentindo péssima por isso ...
-Não se culpe por isso, é normal em um relacionamento um gostar mais que o outro. Com o tempo acaba se equiparando. Mas a questão é: isso te faz feliz? Vou perguntar de novo: as lágrimas valem a pena?
Respirei fundo e sorri fraco para Louis. Tentei esboçar alguma resposta, mas não consegui. As lágrimas foram mais rápidas, tentei sorrir mais uma vez, como se me desculpasse por aquela imensidão de lágrimas chatas que caiam ais uma vez. Como resposta ele se aproximou e carinhosamente usou seu polegar para secar minhas lágrimas.
-Conversa com o badboy, tá bem? – Louis disse compreensivo. – Sei que ele gosta muito de você e vai te entender.
Respirei fundo tentando dar um fim às lágrimas e confirmei com a cabeça. Pensei que ia precisar de muita força pra conseguir encarar Zayn sem desabar, pela milésima vez, em lágrimas.
Descobri uma porta no canto direito do quarto onde se localizava o banheiro. Passei uma água gelada sobre meu rosto vendo a maquiagem preparada pra noite desaparecer enquanto o rímel escorria por minhas bochechas. Meu intuito era me recuperar e não parecer tão derrotada, pelo menos o suficiente para poder sair do quarto. Talvez não tenha funcionado como o planejado, talvez eu fosse me deparar com algumas perguntas, mas eu não podia ficar me escondendo dentro desse quarto o resto da noite, eu tinha que conversar com o Zayn.
Quando voltei ao quarto Louis havia caído no sono, sorri ao vê-lo dormindo tão sereno e agradeci mentalmente por ter tido aquela conversa, eu teria que agradecer de verdade depois. Calcei minha bota e estava pronta para ir atrás do Zayn. Girei a maçaneta, ao abrir a porta olhei para as duas direções que o corredor poderia me levar e quase tive um ataque cardíaco ao encontrar Harry sentado sobre o piso de madeira escuro do corredor.
-O que? – foi tudo que consegui dizer, tentando me recuperar do susto. Encontrei sua cabeça baixa, joelhos dobrados.
-Preciso conversar com você. – ele disse ainda olhando pra baixo.
-Ok, mas sobre o que seria? – questionei sem entender o que teríamos pra conversar.
-Eu ouvi tudo. – nesse momento vi seus olhos direcionarem-se a mim, talvez ele quisesse saber a minha reação diante da declaração, “você o que?”, a primeira reação sempre é a de incredulidade. – Eu estava passando pelo corredor e ouvi você chorando...
Não sei se ele esperava que eu dissesse “ai sim, tudo bem”, como se houvesse alguma justificativa plausível pra que ele ouvisse conversas alheias.
-Eu quero pedir desculpas... – nesse momento ele se levantou, Me afastei e me encostei-me à outra parede, ficando há poucos metros dele. Cruzei meus braços esperando que ele terminasse, porque o meu sermão já estava na ponta da língua.
Ele parecia ter travado, não saia nada da sua boca e seus olhos procuravam qualquer canto do corredor que não fosse eu. O olhei incisiva, apesar de saber que ele não olhava para mim, esperando que talvez ele terminasse seu pedido de desculpas.
Depois de alguns segundos em silêncio percebi que ele não o faria, tomei então a palavra pra dizer o quão imaturo e desrespeitoso tinha sido aquilo, ele não tinha direito de ficar espiando por trás da porta tentando ouvir o que está sendo dito.
-A porta não estava fechada por acaso. – completei meu sermão.
-Porque você não me falou nada disso? Porque não me procurou? – ele conseguiu dizer.
-Você ouviu mesmo a conversa? Os meus problemas são com o Zayn, no meu namoro. Não tem nada a ver com você. – coloquei uma certeza que não existia na minha voz.
-Eu queria me desculpar pelas coisas que eu disse na festa, eu não tinha direito. – ao realizar o que ele estava dizendo percebi o quanto estava sendo grossa.
Eu estava prestes a pedir desculpas quando vi a porta a minha frente se abrir e lá estava Louis com o cabelo um pouco bagunçado, cara do sono. Provavelmente eu devo ter levantado a minha voz o suficiente pra acordá-lo. Seus olhos passaram por nós, mas não consegui entender o que eles queriam.
-Harry, pela última vez, não se mete. Sinceramente, você não acha que já causou estrago demais por aqui? – Louis disse como se estivesse dizendo algo como “vou tomar um chá, alguém aceita?”. Pela sua expressão ele poderia tranquilamente pegar uma daquelas caixinhas de Yorkshire Tea e preparar o chá das cinco. Mas não era nada disso que estava acontecendo.
Não consegui controlar minha expressão de espanto, nunca tinha escutado o Louis ser tão frio com o Harry, que provavelmente deve ter engolido seco. Pensei em me manifestar, mas o que eu diria afinal? Senti o clima de chá das cinco descendo as escadas enquanto um clima tenso se instalava no corredor. “Valeu, galera, to indo”, talvez eu pudesse dizer algo do gênero e fugir dali caso eu não fosse a culpada de tudo aquilo, do clima sensacional que existia naquele corredor.
Ouvi barulho de saltos e comemorei internamente porque alguém me salvaria. Kendall nos olhava confusa, tentei sorrir receptiva e Louis voltou com a voz de chá das cinco:
-Harry estava nos falando sobre você... Quer dizer que você vai ficar aqui até semana que vem? Harry deve te levar pra conhecer Chesire, lugar adorável.
Nisso ela se apoiou no ombro de Harry que ainda estava um pouco desconcertado, Louis estava pegando pesado.
-Só estou esperando pelo convite... – ela disse sorrindo para Harry.
-Então, eu vou lá falar com o Zayn... – comecei dizendo com a intenção de fugir dali quando Kendall me interrompeu.
-O Zayn já foi, pensei que você sabia...
-Ah, claro. – disse meio desnorteada. Senti Louis pegar em minha mão e me puxar em direção a escada. Ainda estava tentando compreender o que Kendall havia acabado de dizer. Juro ter sentido algo como uma pontada no coração e eu não conseguia assimilar, como assim ele havia ido embora sem me avisar? Como ele me largou na festa e simplesmente foi? Como?
Ao chegarmos ao primeiro andar, sem acreditar no que havia acabado de escutar, vasculhei a casa toda por ele e nada. Quando estava prestes a dar a terceira volta pela casa Louis agarrou meu braço:
-Ele foi.
-Eu sei... Ele me largou aqui, Lou. – disse chorosa e fui puxada para um abraço.
-Você não está sozinha, eu to aqui, tá bem? – eu podia saber que não estava sozinha, eu podia saber que talvez ele ir embora não significasse tanto, podia saber que ia ficar tudo bem, podia saber um tanto de coisas que no final ficavam apenas à margem do que meu cérebro e, principalmente, meu coração podiam absorver. As mensagens que eu mandava pra mim mesma diziam que estava acabado e o comando ia direto para os meus olhos, cheios de lágrimas.
Eu ficava me perguntando o que eu havia feito de errado pra deixar o que eu e Zayn estivemos construindo pelos últimos meses naufragar desse jeito. Não havia lógica nenhuma. Foi então que como um raio eu compreendi que isso só afundaria se eu deixasse, se eu não chegasse a tempo.
-Eu vou atrás dele, Louis. – disse secando as teimosas lágrimas que queriam afundar o meu namoro.
Peguei minha bolsa e comemorei internamente por um dia ter aceitado uma cópia da chave da casa do Zayn. O taxi que Louis chamou chegou em alguns agonizantes minutos. Durante o caminho rezava pra ele tivesse mesmo ido pra casa, enquanto encarava a cidade silenciosa.
Minha mão tremia e eu sentia como se algo tivesse tomado controle do meu coração, batimentos acelerados e descompassados. Girei a chave na fechadura, luzes apegadas, silêncio absoluto. Tranquei a porta atrás de mim, tirei meus sapatos e os larguei na entrada.
Minha bolsa havia ficado no sofá e meus pés já subiam a escada para o segundo andar. Porta entreaberta no fim do corredor, minha respiração falhou. Parei um instante antes de abrir a porta, respirei fundo como se pudesse recuperar a calma mesmo que por um instante.
Quase desabei ao vê-lo deitado, como sempre, do lado esquerdo da cama de bruços. Ainda de calça jeans, camisa e sapatos jogados ao fim da cama. Tirei meus brincos e pulseira, deixei-os sobre a mesinha de cabeceira. Jaqueta no chão, desabotoei a saia, talvez tenha pensado duas vezes antes de deixá-la no chão também. Talvez não, talvez eu não estivesse pensando naquele momento. Talvez algo estivesse me consumindo, pois senti algo como uma força me puxando para aquela cama. Passos lentos para alcançar a cama destoavam dos comandos que vinham da visão á minha frente: Zayn dormindo sereno. Aquele que há minutos atrás eu jurava ter perdido estava bem na minha frente, ao meu alcance.
Coloquei meu corpo junto ao seu e passei minha mão por seu braço, acariciando-o, até que senti uma movimentação, ele havia acordado. Eu jurava que podia ouvir meus batimentos, mas ao aproximar minha mão de seu peito suspeitei que fossem os batimentos dele e não os meus, ou talvez fossem os nossos, juntos.
Ele se virou pra mim sem dizer palavra alguma. Senti que suas mãos procuravam algo em meu corpo, algo até mesmo por baixo de minha blusa. Por fim, sua mão encontrou minha nuca e sua boca encontrou a minha. As nossas bocas pareciam estar se procurando há séculos pelo desespero que existia naquele beijo. Eu estava rendida, rendida aquela noite, rendida as brigas, rendida a ele, rendida diante daquele sentimento que sugou todas as minhas forças durante o último mês.
Ele se colocou sobre mim e foi ai, nesse momento, que nossos olhares se cruzaram no escuro pela primeira vez. As respirações ofegantes tomaram conta do quarto quebrando o silêncio que imperava até então. Senti falta de ar, algo se apoderar do que me deixava respirar e pensar. Meus olhos marejados olhavam para os seus, pupilas oscilantes, olhos aflitos. Se eu pudesse pensar algo nesse momento, talvez estivesse me perguntando o que havia naquele par de olhos diante de mim, o que eles estavam querendo me dizer. Mas eu não consegui pensar, as lágrimas fizeram mais rápido, fizeram por mim.
Minhas lágrimas o derrubaram sobre mim. Sua cabeça recostada em meu pescoço escondia o que eu podia ouvir, ele também chorava. Eu percebia a água entrando, talvez no início eu tivesse tentado impedir, tapar os buracos, jogar a água pra fora, mas agora eu podia sentir aquela cama boiando e em poucos minutos nós seriamos cobertos pela água e não havia nada que eu ou que qualquer um pudesse fazer pra impedir o nosso naufrágio.
n/a: então, nem tenho muito o que dizer sobre esse capítulo... só espero que vocês tenham gostado. Ah, reflitam sobre o que o Louis diz no capítilo e me digam o que conseguiram concluir! To meio cansada,com sono hahahaha
Então, eu estava pensando em criar um grupo no whatsapp da Mlehor Amiga do Louis pra gente poder conversar etc etc, o que você acham? Caso alguém esteja interessanda, pode me mandar o telefone por inbox!Beijos, boa noite!
Maria Clara
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