Capítulo 65 - Tudo acontece em Nothing Hill
n/a: nem vou mais ficar pedindo desculpas pela demora porque tá ficando chato já... acho melhor irmos direto pro cap. Ahhh, a música é de uma banda chama The Smiths que eu gosto bastante... já, já vocês entenderão.
Cap. 65 – Tudo acontece em Nothing Hill
Eu quase fiz uma careta, quase. Mas a beleza do Zayn naquela tela de TV me impediu. Não só a dele, todos os meninos estavam lindos, exceto o Harry que estava usando uma coisa na cabeça que eu não sabia nomear e definitivamente não havia ficado legal.
A careta não era por eles estarem se apresentando, obviamente, na verdade a careta era porque a girlband da ex namorada do Zayn havia apresentado uma música, bem mais ou menos, antes deles. Enquanto eles cantavam midnight memories eu ficava imaginando aquelas conversas nos bastidores, troca de olhares, visita aos camarins, elogios desnecessários. Pelo meu raciocínio, a careta era justificada. Justificada porque eu tinha ciúmes, afinal, eles já tiveram um lance, namoro, como você quiser chamar, eu prefiro mal entendido, acho que caracteriza melhor.
Logo depois deles se apresentarem desliguei a TV e fui arrumar alguma coisa pra comer, preparei um sanduíche e enquanto comia recebi uma mensagem do Zayn me chamando pra sair pra alguma festa de comemoração do X – Factor, recusei o convite alegando que já havia comido e que estava muito cansada, ambos eram verdade. Alguns minutos depois ele mandou outra mensagem perguntando se eu tinha certeza, disse que sim e que ele deveria se divertir. Pensei em mandar algo como “juízo” ou mesmo “cuidado com a sua ex namorada sanguessuga”, mas achei melhor não, não queria bancar a ciumenta.
Me deitei cedo e coloquei meu iPod no aleatório já me preparando para pular 70% da seleção, quando de cara a voz do Ed tomou conta do meu fone de ouvido com “Kiss me”. Seria impossível não lembrar que essa foi a trilha sonora da primeira vez que eu havia ficado com Zayn, alguns meses depois que eu havia chegado a Londres. Hoje eu achava engraçado o quanto na época eu achava que aquilo tinha sido um erro e relacionado tudo aquilo a um drink de pêssego. Ri de mim mesma, de todas as confusões que me meti até chegar onde estou: em outra confusão.
O “eu te amo” de hoje mais cedo deveria soar como música, mas parecia ser uma música que eu tinha medo de cantar. O que é amor, afinal? Talvez aquela definição sobre o amor ser único e infinito ainda estava preso no meu imaginário, talvez fosse uma definição ultrapassada e o amor seja muito mais fluído e passageiro do que eu imagino. Mas eu tinha medo, de não sei o que. De dizer “eu te amo” ou me comprometer com o que significava amar?
Eu deveria estar bem cansada mesmo porque não me lembro da próxima música que tocou, apenas de acordar quase sendo enforcada pelos fones de ouvido. O sol estava posto, mas brilhava pouco, sendo coberto por algumas nuvens que tratavam de dar à Londres seu típico aspecto cinzento que eu aprendi a amar. Eram quase dez da manhã e eu não tinha nenhum plano pra esse sábado além da “inauguração” da casa/mansão/castelo do Harry mais tarde. Olhei meu telefone e não havia nenhuma mensagem do Zayn, que provavelmente dormiu tarde na noite passada por conta da festa, não iria importuná-lo.
Preparei um chá de hortelã, comi algumas bolachinhas e achei que poderia ser legal dar um passeio em Nothing Hill, o pessoal do trabalho sempre me dizia que aos sábados acontecia uma feirinha legal no final da rua, chamada Portobello Road. Coloquei um short jeans, uma blusinha de meia manga colorida com estampa geométrica e um all star branquinho. Coloquei um casaco na bolsa e fui em direção ao metrô. No caminho liguei pra casa e falei um pouco com meus pais e combinei que iria pra casa no fim de semana subsequente e que talvez, quem sabe, levaria meu namorado pra que eles conhecessem.
Em poucos minutos já estava descendo a rua em Nothing Hill pra dar de cara com uma praça linda lotada de barraquinhas de todos os gêneros vendendo de comida japonesa à discos de vinil. Andava despretensiosa olhando as barraquinhas depois de já ter gastado uma quantidade considerável com uma blusinhas adoráveis quando dei de cara com uma barraquinha só de CDs antigos, meus olhos brilharam e perdi uns bons minutos escolhendo qual CD dos Smiths que levaria porque o meu orçamento não daria pra todos. Paguei e sai toda feliz com meu CD novo até me virar para olhar a barraquinha de trás e encontrar a figura exótica que o Harry havia se tornado.
-Boa escolha, é o meu álbum favorito dos Smiths. – ele, antes de mais nada, declarou e em seguida apontou para a sacola em minha mão.
-Por acaso estava me espionando? – estava tão surpresa com a sua presença naquele lugar que naquele momento foi a única coisa que consegui dizer.
-Só durante os últimos cinco minutos, você estava tão entretida com os CDs, não quis atrapalhar. – nisso ele se aproximou pra me dar um abraço ou o que for. Sei que resultou em um beijo na bochecha e um abraço de lado bem sem jeito.
Parei para observá-lo. Felizmente não estava usando aquela faixa na cabeça, mas estava com uma blusa branca com as mangas dobradas deixando um milhão de tatuagens à mostra, usava uma calça larga preta e um tênis de corrida. Seu cabelo estava bem mais comprido e ele estava um pouco, maior, eu diria, seu ombro parecia mais largo e seus braços deveriam estar mais fortes. Apesar da camisa não me deixar ver tudo isso, minha mente estava trabalhando.
-Sabia que fatalmente te encontraria aqui algum dia, você sendo hipster, como sabemos, gosta dessas feiras alternativas. – ele comentou e fiz uma careta.
-Olha quem fala. – revirei os olhos. – Você é o rei dos hipsters.
-E você é o que, a rainha? – ignorei sua fala por fingir que não entendi. Nem sempre o rei é par da rainha, não é mesmo? É, complicado. – Eu moro a duas quadras daqui...
-Ah, então é aqui que fica seu castelo? – brinquei e ele confirmou com a cabeça.
-Você vem hoje à noite, né? Pedi pra que Zayn te chamasse.
-Nós vamos sim. – talvez tenha dado muita ênfase no “nós”.
Conversávamos tranquilamente que estava começando a acreditar que eu era a única ali que me lembrava dos acontecimentos pretéritos. Decidi que deveria fingir que nada nunca havia acontecido e conduzir a conversa sem ironias, até que ele me convidou para comer em um daqueles food trucks, que ele garantiu que fazia umas massas incríveis. Pensei algumas vezes, olhei meu celular e ainda não havia nenhum sinal do Zayn, então, aceitei.
Ocupamos uma mesinha pequeninha, que ficava ao lado de um chafariz. Harry me perguntou do que eu gostava e eu falei que gostava de tudo, deixando-o livre pra escolher o meu prato. Então, ele me deixou sentado e foi até o caminhãozinho pedir, em alguns minutos já estava de volta com um vinho branco de duas taças e um potinho com uns queijos.
Ele me serviu vinho, brindamos sem dizer uma palavra sequer. Já no primeiro gole amei o vinho, achei-o incrivelmente refrescante.
-Gostou? – Harry questionou e confirmei com a cabeça.
Conversávamos sobre trivialidades quando me peguei olhando curiosa para o seu braço apoiada sobre a mesa e decidi perguntar:
-Onde você arrumou todas essas tatuagens?
-Por ai... Você não gosta muito, não é? – ele me surpreendeu pela pergunta.
-Não é exatamente algo que me chame à atenção, não acho que faria uma. – respondi sincera. – Mas não é por isso que vou tentar impedir que o Zayn faça, afinal, o corpo é dele.
-O que eu penso sobre isso... Zayn é sexy, com ou sem tatuagens. – ele disse me fazendo rir.
-Concordo. – disse ainda rindo um pouco.
- A questão é que, pelo menos pra mim, cada tatuagem tem um significado, algo que eu quero guardar comigo, no meu corpo. – ele tentou explicar e depois deu um gole no seu vinho.
-Entendo, admiro, mas prefiro guardar as coisas aqui. – disse e apontei o dedo pra minha cabeça.
-Um dia ainda vou te levar pra fazer uma tatuagem.
-É, vai ter que entrar na fila porque o Zayn já disse isso um milhão de vezes.
O moço que estava no balcão chamou pela nossa senha, então fui com o Harry buscar os pratos. Harry havia escolhido um espaguete com molho branco com camarão sem sequer saber que eu amava camarão. Estava divino, sem tirar nem por.
Na hora de pagar foi aquela briga, até que Harry passou seu cartão escondido me deixando irritada, ele sugeriu então que eu pagasse o sorvete, pois segundo ele havia uma sorveteria maravilhosa na esquina. Perguntei pra ele qual sabor ele mais gostava e ele sugeriu o de pêra, me deixando intrigada. Escolhi então de pêra e morango sem leite, Harry pediu de pistache e pêra. Ri da sua combinação inusitada, mas ao provar o de pêra entendi porque era obrigatório escolhê-lo. Algo como o melhor sorvete que eu havia provado na minha vida.
-Você tem que ir a Roma e ir nessa sorveteria, o sorvete de pêra de lá consegue ser ainda melhor que esse. – meu queixo foi no joelho, eu definitivamente precisava provar esse sorvete. – Na verdade você quem que ir á Roma porque Roma é Roma.
Nisso ele começou a contar da cidade com um encantamento que me impressionou. Ele falava sobre as ruas estreitinhas quando senti meu telefone dentro da minha bolsa, ao avistar o nome do Zayn no visor atendi de imediato.
-Ei, amor. Tudo bem? – disse ao atender.
-Tudo sim, e você? – sua voz estava um pouco rouca.
-Sim, sim... acordou agora há pouco? Bebeu muito ontem? – questionei.
-Mais ou menos, acordei mais cedo, comi alguma coisa e acabei dormindo de novo. Onde você está? Está em casa? Te mandei mensagem mais cedo, mas você não me respondeu...
-Estou em Nothing Hill, dando uma volta naquela feirinha, sabe? – Ele confirmou. – Quer que eu passe ai? Leve alguma coisa pra você comer?
-Seria perfeito.
Nos despedimos e combinei que em mais ou menos uma hora estaria na casa dele. Ao desligar pedi desculpas a Harry por tê-lo interrompido e pedi que continuasse, queria ouvir mais sobre Roma. Já estava apaixonada mesmo antes de pisar lá.
-Você não tem que encontrar o Zayn?
-Na verdade vou comprar algo pra ele comer, antes. O que você acha de um macarrão daquele truck? – Ele confirmou com a cabeça. – Você vai lá comigo? Ai você pode me falar mais de Roma.
Ele riu ao notar minha empolgação. Nos levantamos e fomos em direção ao caminhãozinho. Escolhi um pene com molho de tomate e manjericão, algo bem leve, tinha quase certeza que o Zayn tinha sido acometido pelo mal daqueles que bebem demais: ressaca.
-Você não foi à festa ontem? – perguntei a Harry.
-Fui, mas acabei indo embora cedo, não estava muito no clima. – ele esclareceu. – E você?
-Quando o Zayn me mandou mensagem eu já tinha terminado de jantar e a única vontade que eu tinha era dormir. – expliquei.
Em alguns minutos a embalagem com o macarrão para viajem já estava sobre o balcão.
-Então, é isso... – Harry disse. – Bom te encontrar por aqui, podemos fazer isso mais vezes, agora que você sabe que moro aqui perto.
-Claro... – disse sem nenhuma certeza. – Er, até mais tarde.
Disse e abracei-o rapidamente e tomei meu caminho em direção ao metrô. Mandei uma mensagem ao Zayn que já estava á caminho, guardei o telefone na bolsa e pensei em como a tarde havia sido legal e em como as coisas são, passear por Portobello Road e encontrar aleatoriamente Harry. Tive que fazer transferência para outra linha de metrô por conta do fim de semana e acabei demorando uns 30 minutos pra chegar na casa do Zayn. Ele me recebeu com um sorriso e um beijo na bochecha, entreguei a embalagem pra ele que agradeceu. Sugeri que ele esquentasse um pouco no microondas.
Sentei de frente pra ele e o observa comer com uma vontade que até dava gosto. Não conseguimos nem mesmo estabelecer qualquer tipo de conversa porque ele estava muito entretido com o macarrão.
-Mandou muito na escolha, amor. Tava muito bom. – ele disse ao terminar. Ri e pisquei como resposta.
-Então, como que é essa feira? – contei pra ele encantada e mostrei o CD dos Smiths que havia comprado. – Ah, coloca pra gente ouvir.
-Eu amo, mas não sei se você vai curtir. – adverti, mas ele pediu que colocasse mesmo assim. Ouvimos algumas músicas e ele disse que havia achado muito bom, apesar de não ser o estilo de música que ele mais gosta. Me deitei sobre seu peito enquanto tocava “Please please” e em pouco tempo estávamos cochilando no sofá.
Acordei com uma movimentação do Zayn, me surpreendi por ver que já estava escuro, olhei no meu celular e tomei um susto pois já eram quase sete da noite.
-Amor... – disse sacudindo ele. – Já são quase sete da noite, acorda.
- Ih, tem a festa hoje, né? – ele disse se espreguiçando. – Será que podemos não ir?
Eu teria, provavelmente, acolhido a proposta dele se eu não tivesse confirmado com o Harry mais cedo. Então, convenci Zayn que foi praticamente se arrastando tomar um banho.
Quando a porta do banheiro se abriu Zayn parecia estar saindo de uma sauna à vapor. A aparição que era ele só de toalha me fez deixar escapar um sorriso, olhei pro lado desviando o olhar.
-Pode me pedir... – ele disse enquanto ajeitava o cabelo com os dedos para trás.
-Pedir o que? – questionei sem entender.
-Pra ficar comigo aqui nesse quarto a noite inteira. – ele arqueou a sobrancelha aguardando por minha resposta.
-Ah, claro. Se arruma logo, vai. – revirei aos olhos, mas ainda sim acabei rindo da proposta um tanto tentadora.
Em poucos minutos já estávamos no taxi a caminho da minha casa, pois eu ainda precisava me arrumar. Deixei Zayn na sala assistindo TV enquanto fui tomar um banho e arrumar algo pra vestir. Coloquei uma saia preta e uma blusa branquinha. Decidi calçar uma ankle boot preta de salto alto e peguei uma jaqueta jeans pra usar caso sentisse frio. Maquiagem leve, brinquinho de pérola, pulseira dourada com alguns pingentes. Dei uma última conferida antes de ir ao encontro de Zayn na sala. Sorri vitoriosa ao ver seus olhos arregalarem quando me coloquei ao lado da televisão.
-Vamos? – chamei e o vi levantar do sofá.
-Você está linda. – ele disse passando seu braço por minha cintura para me roubar um beijos. Agradeci ao elogio, desliguei a TV. Chamamos um taxi e em poucos minutos já estávamos a caminho de Nothing Hill. O braço de Zayn me cercava e eu o usava de apoio. Olhava pela janela e acabei me lembrando da tarde de hoje. De como consegui travar uma conversa normal e até mesmo agradável com Harry, sem nem mesmo ter ouvido um pedido de desculpas por todas as bobagens que ele havia me dito na festa da Premiere do filme. Senti uma pontinha de culpa mistrurada com preocupação pelo fato de não ter sequer mencionado para a Zayn a presença do Harry no meu passeio a Portobello Road, a parte consciente mas inconsequente do meu cérebro achou melhor omitir tal detalhe para manter o clima ameno entre mim e Zayn, afinal, chega de discutir por bobeiras, nem que essa paz seja apenas pelas próximas horas.
Em 30 minutos o taxi parou em frente a um portão alto de tijolinhos, no qual era possível ver a ponta de uma casa branca por trás, que suporia ter dois ou três andares. Havia uma movimentação considerável em volta da casa e o portão maior estava aberto.
Zayn cumprimentou o segurança e fomos em direção a soleira que nos levaria a porta principal. Meus olhos não me enganaram, a casa de fato tinha 3 andares, de formato retangular toda branca. Subimos a escadinha pra darmos de cara com uma sala de estar gigantesca, que no momento estava ocupada por algumas pessoas bebendo e conversando. Havia uma música de fundo agradável e a iluminação era simplesmente incrível, focos de luz nos cantos dando à sala um clima aconchegante. Na outra ponta havia uma parede de vidro com uma porta no canto que deveria dar para o jardim, fomos atravessando a sala a procura de algum conhecido, quero dizer, alguém que eu conhecia, pois Zayn já havia parado pra falar com um número considerável de pessoas. Quase chegando à porta de vidro havia uma porta a esquerda que era a cozinha, que no momento estava lotada de garçons e afins. Zayn perguntou se eu queria beber alguma coisa, pedi então que ele escolhesse uma cerveja pra mim.
Saímos pela porta de vidro já segurando as cervejas e demos de cara com um jardim simples até. O que surpreendia era uma árvore enorme no centro, olhei pra cima e sorri encantada. Havia algumas mesas espalhadas, olhei procurando algum dos meninos, pude então avistar Niall próximo ao tronco da árvore conversando com uma menina de cabelos castanhos bem magra, mas aparentemente bonita. Zayn segurou em minha mão me levando ao encontro dos dois. O sorriso de Niall ao me ver fez com que ele interrompesse a conversa pra me abraçar apertado. Zayn cumprimentou a menina como se já a conhecesse e me apresentou como sua namorada.
-Kendall, prazer. – ela se apresentou e trocamos os dois típicos beijinhos.
-Eu amei essa árvore, estou com vontade imensa de subir nela, escalar até lá em cima. Topa, Niall? - disse empolgada.
– Mais umas cervejas e estarei pronto. – ele disse balançando a garrafinha fazendo com que ríssemos.
-Onde está o dono da casa? – Zayn perguntou.
-Harry estava lá dentro, entrou há uns 5 minutos. – a Kendall respondeu, me surpreendendo pois esperava que Niall respondesse, mostrando que talvez ela fosse mais próxima dos meninos do que eu achava.
-Liam, Louis? – perguntei. Niall deu de ombros mostrando que não sabia.
-Daqui a pouco aparecem por ai... – Niall disse.
Continuamos conversando sobre trivialidades quando notei que minha cerveja havia acabado, me ofereci para buscar mais para os outros também. Foi quando ouvi Kendall dizendo que beberia água com gás. Não entendi muito bem, mas talvez ela não fosse magra por acaso, dei de ombros internamente.
Me separei do grupo e fui em direção a cozinha. Abri a porta da varanda que dava para a sala e me peguei olhando para a sala, mais especificamente, para as pessoas que a ocupavam. Com certeza aquelas pessoas deveriam ser alguém, as mulheres pareciam modelos, altas e magras, usando roupas excêntricas. Os homens, que não eram muitos até que pareciam “normais”. Atravessei a sala e chegando a cozinha chamei um garçom e pedi as bebidas que os meninos queriam, tentei segurá-las todas na minha mão mas não consegui e o garçom, que era novo, deveria ter mais ou menos a minha idade, alto, cabelo castanho escuro, olhos verdes, se ofereceu para me ajudar. Agradeci e íamos em direção a varanda quando ouvi a voz de Harry.
-Hispta! - me virei pra trás para vê-lo com os braços abertos, aprecia estar esperando um abraço. Sorri com a sua empolgação ao me ver, mas ao mesmo tempo me senti um pouco sem jeito. Levantei as garrafinhas mostrando que não conseguiria abraçá-lo, mas mesmo assim ele foi ao meu encontro e beijou a minha testa. Sorri, ainda sem graça, e tratei de elogiar a casa nova.
-E aquela árvore? Meu Deus, Harry, incrível...
-Não é mesmo? A árvore foi o ponto decisivo pra que eu ficasse com a casa. - ele explicou. - Oliver, pode deixar que eu ajudo a moça.
Nisso Harry pegou as cervejas que estavam com o garçom que pelo visto se chamava Oliver, que agradeceu. Oliver sorriu pra mim que fiz o mesmo, em agradecimento pela gentileza. Achei legal a atitude do Harry e ainda mais o modo como ele tratou o garçom, de modo próximo, não com frieza ou autoridade.
-Vai beber tudo isso sozinha? - Harry debochou.
-Zayn e Niall estão lá fora.. - dei a língua. - Mas você sabe que eu beberia.
Entrei na brincadeira o fazendo rir, logo depois de ter feito uma cara de falso espanto.
Fomos então em direção ao grupinho. Zayn cumprimenteou Harry, então distribuímos as bebidas.
-Jess, essa é a Kendall... - Harry ia dizendo quando interrompi alegando que já havíamos sido apresentadas. Nós duas sorrimos, ela até que era bem simpática.
A conversa fluía tranquilamente no grupo, no qual o assunto principal era a nova casa do Harry, obviamente. Ele nos contou que achou a casa quando já tinha desistido de procurar, estava voltando de uma festa aqui em Nothing Hill andando às seis da manhã quando viu uma placa de “vende-se” em frente a essa casa.
-E como em sempre gostei muito daqui de Nothing Hill, foi perfeito. – ele completou,
-Sem falarmos nessa árvore. – comentei. – Sempre foi meu sonho, quando criança, ter uma árvore alta no quintal e construir aquelas casas na árvore.
Meu comentário foi ponto de partida pra uma conversa sobre os nossos sonhos de infância e em seguida sobre a nossa infância, as coisas que costumávamos fazer, das artes, bagunças. Foi quando a Kendall disse algo sobre ser muito chato porque sempre estavam filmando, atrapalhando a privacidade da família. Fiz uma expressão de compreensão, quando na verdade não havia entendido nada, mas relevei.
Me afastei do grupo para ir ao banheiro e aproveitei pra buscar o nome dela no Google. Passei por umas 3 até chegar nela e descobri que ela é irmã daquelas mulheres do seriado. Revirei os olhos, porque se havia algo que eu detestava eram reality shows. Pensei que pelo menos ela era uma menina legal e que talvez tenha conseguido sobreviver àquela estrutura doentia que é a sua família.
Ao voltar percebi a presença de Louis e Liam. Ao vê-los aprecei o passo e abracei-os forte.
-Meu Deus, que saudade! – disse ao soltar Liam. – Séculos que não nos vemos!
Louis me encarava como se estivesse com ciúmes, o que era bem provável da parte dele. Me aproximei para abraçá-lo e ele se virou, fazendo charme e soltou “porque você não continua abraçando o seu melhor amigo, que foi seu vizinho a vida toda”. Revirei os olhos e deixei escapar uma risada por conta do teatro do Louis.
-Eu te vi ontem, bobão, se esqueceu? – me aproximei e o beijei na bochecha. – Claro que não foi o suficiente para matar a saudade...
Nisso ele abortou o teatrinho e veio me abraçar. Em meus ouvidos perguntou se estava tudo bem, confirmei com a cabeça quando nos soltamos e tentei sorrir de modo convincente. Estava tudo bem, não estava?
-Jess, porque você não vem pegar uma cerveja comigo? –Louis sugeriu e na mesma hora entendi que ele queria conversar. – Alguém quer alguma coisa?
Ninguém se manifestou, beijei Zayn na bochecha e mais uma vez me afastei do grupo com Louis em direção à casa.
-Como está sendo a festa, hein? – Louis questionou.
-Ah, normal. Estamos naquela roda desde que chegamos falando, basicamente, sobre a casa e sobre o Harry e sua procura interminável pela casa dos sonhos.
-Que história comovente, não é? - Louis disse irônico me fazendo rir. - Ele não deve ter contado que só não encontrou antes porque estava muito ocupado fechando uma mansão em Los Angeles.
-Ih, senti um pouco de ressentimento na sua voz. Tá querendo uma casa em L.A também? - brinquei e ele me respondeu com um leve empurrão.
-Só estou um pouco sem paciência pro Harry e seus amigos californianos.
-Tá certo então...
-Mas não vamos falar sobre isso, me atualize sobre a sua vida. Não te vejo direito desde a festa do filme.
Meu estômago embrulhou só de lembrar da festa e de todo álcool mal ingerido e repelido na ocasião. Fiz uma careta e ele deve ter entendido, mais ou menos.
-Eu me lembro de você socorrendo Harry, pisando vômito, uma nojeira. Ah, me lembro também que rolou uma crise de ciúmes do Zayn... tá tudo tranquilo entre vocês?- Louis me olhou desconfiado.
-Olha, tá sim.
-A certeza na sua voz diz bem que sim. - ele foi mais uma vez irônico. - Não é a toa que te chamei pra conversar.
Por um instante pude me lembrar o motivo pelo qual Louis merecia o título de meu melhor amigo, qualquer oscilação no tom da minha voz ou mesmo desvio do meu olhar conseguia ser captado por ele e perfeitamente interpretado. Conhecia-me tão bem quanto eu mesma, mas sabia ser mais sincero do que eu sou comigo mesma a ponto de que consegue afirmar, por mais que use de ironias e brincadeiras, que não estava tudo bem com o meu namoro. Ele conseguia chegar onde o meu coração não deixava.
-Se você já sabia, perguntou por que hein? - o confrontei.
-Eu imaginava. - ele me corrigiu e eu mostrei a língua.
- Mais tarde conversamos melhor, não quero que pareça que estou aqui conversando com você sobre o meu encontro com Harry hoje a tarde em Portobello Road. – disse rápido, mas não tão rápido pois Louis em instantes havia captado.
- O que? – ele questionou quase como reflexo. – Pode ir me explicando mocinha...
Nisso ri vingativa, tinha conseguido ao menos uma vez deixar Louis curioso. Apressei meu passo até a cozinha e já peguei duas garrafinhas. Entreguei uma a Louis, “mais tarde”, disse baixo e fiz sinal de silêncio e sai andando na frente rindo vitoriosa. Quando voltamos ao quintal ele estava bem mais cheio e a música animada mais alta. Desci as escadas dançando e fui acompanhada por Louis que em seguida pegou em uma das minhas mãos e me conduziu a consecutivos giros.
Voltamos à roda ainda rindo da dancinha de agora pouco, roda que agora estava desfalcada, contando apenas com Zayn, Liam e Kendall. Me aproximei de Zayn e sacudi seus ombros por conta da música, mas ele não se mexeu nem um pouquinho. O olhei questionando e ele esboçou um sorriso. Foi quando notei em sua mão um copo com um líquido transparente. Questionei se era água, ele estendeu o copo para mim que fiz uma careta ao perceber que na verdade era vodka.
-Que isso, Zayn. – disse devolvendo o copo, causando risadas dos outros. – Tá animado, hein.
Ele apenas arqueou as sobrancelhas. Dei de ombros, ignorando o comportamento frio dele. Que em resposta, tentando mostrar que estava tudo bem, passou sua mão por minha cintura. Dei um gole em minha cerveja e procurei os olhos de Louis, sua expressão em resposta dizia que ele não sabia o que havia acontecido se é que havia acontecido algo. Liam conversava paralelamente com Kendall sobre o novo CD até que cansou de falar de One Direction e decidiu perguntar sobre a minha faculdade, declarei feliz que estava de férias pelas próximas duas semanas e completei que faltavam apenas 3 semestres para me formar, ele arregalou os olhos e como era de se esperar disse que o tempo voou, que se lembrava de quando eu havia vindo pra Londres, do jogo “Spin the Bottle” que jogamos no antigo flat do Louis e do Harry.
Todos riam na roda, mesmo Kendall, porque afinal, ela não estava lá (tadinha, que maldade a minha).
-Sabe o que eu acho? – Zayn disse interrompendo Liam. – Que deveríamos jogar Spin the Bottle hoje de novo.
Louis na mesma hora concordou, o fuzilei com o olhar, essa era uma péssima idéia. Da onde foi que Zayn tirou essa idéia terrível? Só podia ser essa vodka fazendo efeito.
-Eu faço questão de ficar só olhando. – tentei escapar, mas, quase ao mesmo tempo, Liam e Louis disseram que eu ia participar de qualquer jeito, e Louis ainda completou:
-Nem que eu tenha que te embebedar.
-Não vai ser necessário. – dei a língua.
A conversa continuou normalmente e felizmente a idéia do Zayn não foi mencionada mais nenhuma vez. Harry não voltou à roda, nem Niall. Volta e meia algum garçom servia mais cerveja e Zayn insistia no copo de vodka. Apesar de não estar achando isso nada legal, eu não ia repreendê-lo, ele já era grande, sabia o que estava fazendo, não ia bancar a mãe de ninguém.
Olhei por curiosidade as horas no meu telefone, já eram quase duas da manhã. Olhei para os lados e já não havia quase ninguém na varanda. Notei também que Kendall não estava entre nós, mas não me lembrava em que momento ela tinha se afastado. Sei que no momento atual estávamos apenas eu e Liam, olhei para os lados e não via nenhum dos meninos.
-Me conte sobre a sua vida, hein, Jessy. – ele disse com o intuito de iniciar uma conversa.
-Ah, tudo certo né. Talvez pudesse estar melhor, mas nunca é 100%, não é mesmo? – confessei. – E a sua?
-Cem por cento é uma meta. O que você acha que falta? Vai atrás disso. – Liam disse como se fosse a coisa mais simples do mundo e deu o gole final na sua cerveja, largando a garrafinha sobre a mesa.
-Você e sua sabedoria inigualável. – conclui o fazendo ri.
-Vamos lá pra dentro? Todos já foram... – Liam sugeriu.
O segui, mas no instante que adentrei a sala me arrependi. Havia uma roda de mais ou menos 10 pessoas ocupando a sala. Louis estava em pé ao lado da roda segurando uma garrafa. Ah não...
-Pra isso ficar mais animado, vamos manter essa garrafa cheia ao lado, vai que é necessário. – Louis disse deixando uma garrafa cheia de vodka no pé do sofá. Olhei para a roda e estavam todos lá: Harry, Naill, Zayn e Kendall, além de outras três pessoas. Rapidamente reconheci o Ed Sheeran que não havia visto antes na festa, e Sophia, que pelo visto havia se teletransportado porque não notei a presença dela na festa até agora, além de uma loira de olhos claros.
-Liam, sua mulher está aqui, você tinha visto isso? – cutuquei Liam que riu muito e esclareceu que Sofia estava na festa desde uma da manhã, que tinha chegando de viagem. Não entendi nada e respondi acenando sem graça pra ela.
Refleti profundamente, eu não estava bêbada. Talvez alegre, no máximo, não o suficiente pra não me lembrar da Sophia.
-Ela estava aqui dentro conversando com a Kendall. – Liam esclareceu provando que eu não estava maluca.
Louis pediu silêncio de todos e começou um discurso sobre a ilustríssima inauguração da casa do Harry que não poderia faltar um jogo que demonstrava maturidade e independência, análogo ao que a casa tinha que representar pra ele. Revirei os olhos, o discurso estava terrível, Louis sempre consegue escolher as palavras mais ridículas. Assim que finalizou o discurso começou a explicar as regras desse jogo, regras essas que ele havia modificado.
Resumindo todo o blá blá blá do Louis, em pouco tempo estaríamos todos bêbados, pois cada vez que a garrafa apontasse para alguém, essa pessoa teria que beber da vodka caso não quisesse responder a pergunta da outra pessoa ou executar o desafio proposto.
-Não curti as novas regras. – declarei.
-Isso aqui não é um processo democrático, sua opinião não é importante. – Louis disse calando a minha boca e fazendo com que os babacas dos outros meninos fizessem um corinho de “uh”. Revirei os olhos, eu estava mesmo diante de meninos da pré- escola.
-Ah, como temos casais aqui, até segunda ordem, sem beijo de língua. – quase engoli seco com a última fala do Louis antes de se integrar à roda.
-Que história é essa de beijo? – quase fiz um chilique e olhei pro Zayn que deu de ombros. Ah, então é isso mesmo? Quer dizer que ele não está se importando? O olhei sem entender e acabei me rendendo, quero dizer, Liam me puxou até que eu caísse sentada. Quase o matei porque estava de saia, ele estava rindo bastante da minha fúria ao jogo.
-Ei, relaxa. Eu também sou comprometida, nossos namoros vão sobreviver. – senti um tom de ironia como resposta ao drama, na minha opinião, adequado àquele jogo bizarro e infantil que tinha sido idéia do meu namorado.
E a garrafa estava girando, senti um frio na barriga e para a infelicidade geral da nação a garrafa parou apontada para mim e para Sophia. Ela pergunta que não queria calar: verdade ou desafio.
Verdade era o menos arriscado.
-Aponte para alguém dessa roda que você já ficou que não seja o seu namorado, obviamente.
Na hora tive quase um curto eu não podia beber aquela vodka, só de olhar para a garrafa meu estômago embrulhava. Eu jurava ter visto as bochechas do Harry corarem. Foi ai que veio uma luz, a risada escandalosa do Louis me tirou de uma situação embaraçosa para uma menos embaraçosa. Apontei para Louis que parou de rir por um instante e piscou pra mim. A garrafa voltou a girar, Zayn perguntaria para Kendall. Ele parou por alguns instantes até que disse:
-Está na hora de revelar esse romance e liberar o beijo de língua, Kendall por obséquio, Harry.
Todos faziam sons estranhos enquanto a Kendall se aproximava de Harry até que eles se beijaram por aproximadamente 10 segundos, o que eu já achei um exagero, não que eu estivesse contando, claro que não. Ela fingiu estar tímida, ou estava mesmo, não sei, e voltou para o seu lugar. Revirei discretamente os olhos, mas acabei chamando atenção do Louis que me olhou incisivo, talvez ele quisesse dizer algo com aquele olhar, ignorei, pois já estava irritada a suficiente por ele ter criado aquela brincadeira estúpida.
E mais uma vez a tortura da garrafa girando e a incerteza da onde cairia, Louis pergunta para a loira de olhos claros e sobrancelhas marcantes.
-Cara, eu te desafio a tirar uma peça de roupa. – olhei sem acreditar para o Louis, que baixaria, não sabia que valia isso.
Nisso ela deu de ombros e tirou a blusa, mostrando um sutiã branco simples, fiquei espantada com tamanha magreza. É, ela deveria ser uma das modelos da festa. A garrafa estava mais uma vez girando, dessa vez Louis perguntaria para Harry, estava achando que a garrafa estava viciada.
-Eu quero que você escolha alguém na roda pra te dar vodka na boca, literalmente. Ah, e não vale ser a Kendall.
Harry apontou para Cara, obviamente, Louis derramou a vodka na boca dela que foi em direção ao Harry. O que era pra ser só a transferência da vodka de uma boca para a outra se tornou em algo bizarro, a vodka derramou, Harry engasgou e eu não consegui me conter, assim como os outros, que começaram a rir muito. Depois do show de bizarrices a garrafa voltou a girar, o pesadelo nunca acabava. E a garrafa apontou para o Ed e o Niall, sendo que o Ed que faria a pergunta ou proporia algum desafio.
-Hmmm, Nialler, eu te desafio a ligar pro último número do seu registro de chamadas e dizer “ eu quero seu corpo”. Só isso. Ah, viva voz, por favor.
O último registro do Niall, por bem ou por mal, era a mãe dele. Ele disse exatamente o que o Ed disse, todos segurávamos a risada esperando a reação da sua mãe até que ela nos surpreendeu ao questionar se ele estava bêbado e ainda completou:
-Você ligou errado de novo, meu filho? Tava tentando falar com a ... – na hora que ela ia completar com nome ligação caiu. Niall estava mais vermelho que um tomate. Fiquei intrigada querendo saber de quem se tratava, mas não tive muito tempo porque a garrafa me escolheu como própria vítima e quem me desafiava era a Cara que pediu que eu tirasse a blusa também, disse que não apesar da insistência generalizada, fui taxada de frouxa e tive que virar uma boa quantidade de vodka. Careta era pouco para o fenômeno que estava acontecendo no meu estômago, tinha certeza que isso não ia me fazer bem, mas não ia ficar de sutiã, pelo amor.
Peguei a garrafa e eu mesma girei, Harry perguntaria para Zayn. E desafiou Zayn a tirar a blusa da Kendall sem usar as mãos.
-Jess, não me mate. – ele disse tentando me acalmar. Nesse instante eu queria matar o Harry e eu já estava indo pra cima dele se não fosse o Louis, que me segurou.
Zayn começou, eles estavam ajoelhados e Zayn usava os dentes. Quando eu vi o nariz dele encostar no peito dela eu quase tive um ataque de nervos. Zayn, obviamente não estava conseguindo, porque ele não estava sóbrio o suficiente e felizmente desistiu antes que algo pior acontecesse. E teve que virar um pouco da vodka também.
-É só brincadeira, Jessica. – Kendall esclareceu como se eu não soubesse. Fingi estar feliz e me divertindo e respondi sorrindo.
Eu respirei fundo e decidi que a partir de agora iria brincar, mas brincar sério. Depois de algumas rodadas Zayn já havia beijado todas as meninas da roda e estava sem camisa. Eu já havia beijado duas vezes o Louis, mas pelo menos me mantinha vestida. Niall já havia beijado todas as meninas e o Harry, o que foi hilário, diga-se de passem, a cara de nojo dos dois foi ótima. Cara tinha beijado Sofia e estava só de calcinha e sutiã. Liam estava intacto, mas já tinha bebido quase metade da garrafa de vodka. A situação do Harry eu não comentaria, porque ele era o que tinha feito mais desafios, inclusive fazer um strip tease no meio da rodinha. Na minha opinião, a baixaria já tinha passado dos limites. Estava cansada da idiotice e quando a garrafa parou em mim aleguei que seria o último desafio.
Louis me desafiaria e eu estava sinceramente disposta a aceitar o desafio.
-Hmmm, porque você não beija alguém dessa roda. Melhor, vou te vendar e você vai ter a oportunidade de encostar uma vez na pessoa pra decidir quem você quer beijar.
Fingi não me importar, afinal, todo mundo já havia beijado todo mundo e se eu pegasse no pulso, eu conseguiria achar o Zayn pela pulseira que ele sempre usava.
Louis tapou meu olho coma sua camisa e me girou. Fui pegando de braço em braço até que encontrei algo que parecia uma pulseira, mas estava em dúvida se era mesmo a do Zayn, pedi em tão para passar para o próximo e mais uma vez consegui sentir uma pulseira, estava em dúvida. Mas pensei que Louis poderia estar me enrolando, o que era bem provável.
-Esse. – afirmei com segurança e senti uma mão sobre minha cintura. Já no primeiro instante senti a diferença da altura, ainda estava vendada, levei minha mão até a nuca e com certeza não era o Zayn. Quando vi nossas bocas estavam juntas. No mesmo momento reconheci aquele beijo, senti algo como um choque, quase como reflexo tirei minha venda e me afastei pra confirmar o meu palpite, na minha frente estava Harry com a mão sobre a boca.
-Não precisava me morder. – ele disse rindo. Olhei para os lado, todos riam, mas eu não conseguia ver o Zayn.
-Pra onde ele foi? – perguntei a Louis depois que sai do meu estado de choque.
-Quintal. – Louis apontou e pude ver Zayn passando pela porta de trás, enquanto vestia sua camisa.
-Tá feliz? – questionei Louis.
-É só uma brincadeira, Jessy. Zayn só foi acender um cigarro, relaxa. Além do mais, foi você que escolheu o Harry.
-Eu estava vendada, como eu poderia escolher? – disse irritada e Louis deu de ombros. – Sofia beijou quase todos os caras da roda, você viu o Liam dar um chilique? Ah ta, mais maturidade, por favor.
-Diz aquele que foi o mentor de um jogo do ensino fundamental. – Louis ia começar a dizer algo quando fui em direção ao quintal. Quando cheguei lá Zayn estava encostado na árvore fumando, procurei a pulseira que ele usava mais cedo e ele não a usava.
-Cadê a sua pulseira? – questionei antes de mais nada.
-Ah, eu dei pro Harry. – ele disse tranquilo.
-Você sabia que eu ia procurar a pulseira. O que ta acontecendo Zayn? – o questionei séria.
-Não está acontecendo nada. – ele disse e deu uma tragada no cigarro em seguida expeliu a fumaça calmamente. –Não vejo nenhum problema em vocês se beijarem, não é só um jogo?
Sua expressão permanecia inalterada.
-Obviamente é só um jogo, um jogo estúpido que você sugeriu. – ia começar um discurso quando Zayn tirou uma sacola do bolso da sua calça.
-Isso é pra você. – ele estendeu em minha direção. Não estava entendendo nada, mesmo assim peguei a sacola. Dentro dela havia um CD do Smiths, uma coletânea com as melhores música, o olhei sem entender.
-Harry disse que depois que você deixou a feira ele encontrou esse CD e comprou pra você. Achei que seria mais adequado que eu entregasse. – nisso Zayn deu uma última tragada e jogou fora o cigarro.
-Você planejava me dizer que veio pra Nothing Hill hoje mais cedo encontrar o Harry? Ou queria fazer surpresa? – gelei ao ouvir as palavras frias que saiam da boca do Zayn.
-Eu encontrei o Harry por acaso. – esclareci.
-Assim como você escolheu beijá-lo hoje, por acaso. – ele rebateu.
-Você deu a sua pulseira para o Harry, por acaso você queria que eu beijasse ele? O que você provar, hein? – eu estava a um passo de perder a minha paciência. Respirei fundo.
-Me responde uma coisa... – ele passou a fitar o céu. – No dia que nos conhecemos, no dia que jogamos Spin the Bottle no flat do Louis e do Harry, qual é resposta verdadeira pra pergunta que o Louis fez?
-Que pergunta? – e eu não me lembrava mesmo da pergunta.
-Qual o seu membro favorito da One Direction. – na hora me lembrei do dia, da pergunta e do que havia respondido. – Eu sei que não sou eu.
-O que? Sério isso Zayn? – disse sem acreditar no que estava ouvindo. – Eu não vou discutir uma estupidez dessas.
- Sua reação já diz. De qualquer modo, espero que tenha gostado do passeio por Portobello Road, do CD e do beijo. – e seu tom de voz não havia se alterado nem um pouco.
-Eu não vou começar essa discussão mais uma vez, não vou mover montanhas pra te provar nada, acredite no que quiser. – tentei ficar calma, não gritar e foi o que fiz. Apenas virei as costas e fui caminhando devagar, mas aumentando a cada instante a velocidade do meu passo. Entrei na sala e procurei, antes de mais nada, Louis. Encontrei-o sentado sobre o sofá.
-Me tira daqui, vai. – pedi tentando ficar calma.
-Eu estou bêbado, não posso ir a lugar nenhum.
-O que eu faço? – perguntei e meus olhos já estavam marejados, a última coisa que eu queria era chorar aqui na frente de todo mundo.
-Agora você quer conversar? – Louis questionou e antes de ouvir minha resposta já estava me puxando para o segundo andar da casa e abrindo a porta de um dos cômodos. Nos sentamos sobre uma cama de casal, encarei o Louis que me olhava preocupado.
-O que aconteceu?
Louis me questionou. Não sabia se começava de hoje à noite, de hoje à tarde ou de um mês atrás. Respirei fundo e encarei o CD do Smiths que estava em minhas mãos como se ele pudesse me dar não só a resposta à pergunta do Louis, mas a solução pra essa confusão bizarra que havia se instalado em minha vida.
n/a: e então? O que acham heein? Pelo amor de Deus, me digam hahah Sim, eu vou pedir desculpas mais uma vez porque demorei mil anos de novo pra postar. Mas eu juro que tentei, de verdade, esse capítulo começou a ser escrito logo quando postei o anterior mas eu simplesmente não conseguia acabar. Obrigada por terem esperado e por me compreenderem! Ah e muito obrigado pelos votos e comentários, você alegram mesmo o meu dia! Beijos,
Maria Clara
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