Capítulo 63 - Espaço Vazio
n/a: não há desculpa nesse mundo que justifique o fato de que eu fiquei três meses sem postar. Sinto muito mesmo. Mas vamos voltar com o pé direito, capítulo novo, beeeem emotivo pra vocês. Pra acompanhar, uma música de uma banda que eu descobri esses dias: Daughter, espero que gostem!
Capítulo 63 – Espaço Vazio
Com algum esforço abri meus olhos, preferia não o ter feito. O mundo continuava exatamente como antes, quarto vazio, chuva fina caindo por fora da minha janela. Uma vida toda cheia de expectativas que eu não estava dando à mínima ultimamente. Eu contava os dias para que esse período acabasse ao mesmo tempo em que não estava pronta pra chegar a um passo mais próximo da minha formatura.
Olhei as horas em meu celular, pra constatar que havia algumas mensagens não lidas. Sem surpresa alguma pude ver o nome do Zayn no topo da lista, em uma conversa com seis mensagens não lidas. Sabia que ia ler o típico pedido de desculpas em razão de mais uma briga estúpida que havíamos tido na noite passada.
Já havia quase um mês que eles estavam nos EUA fazendo divulgações de todos os gêneros do filme e se havia alguma certeza sobre isso dentro de mim era de que a distância tinha um poder ridículo de fazer emergir do nada as brigas mais estúpidas. Pensei em responder, quem sabe houvesse algo que eu pudesse fazer pra melhoraro clima desagradável que se instalou na noite passada. Sugeri que fossemos dormir porque eu sabia que não valia a pena insistir naquela discussão boba que, por mais incrível que pareça, eu não me lembrava sobre o que se tratava. Surreal o que esse desconforto de estar longe podia fazer, além das brigas era responsável pela solidão que eu via nos cômodos vazios da minha casa.
Os espaços da sala nunca me pareceram tão vazios. Seus cantos agora se estendiam, fazendo com que a sensação de solidão fosse ampliada. Morar sozinha nunca me pareceu uma ideia tão ruim. As aulas da faculdade estavam quase chegando ao fim, estava parcialmente de férias, mas o trabalho na BBC continuava e Edward nunca me dava uma trégua. Mesmo sem graça de tocar no assunto, eu estava pensando seriamente em pedir uma folga e pode ir, depois de meses longe, para Doncaster.
Depois de largar o telefone sobre a cabeceira, as mensagens ainda sem resposta, tomei coragem para me levantar. Ao lavar meu rosto, a água fria fez lembrar-me do que deu origem a essa onda de desavenças. O dia seguinte a festa de comemoração ao lançamento do filme. Cada flash me causava um arrepio enquanto repetia mentalmente o quão idiota eu tinha sido. Naquela manhã eu havia voltado a dormir pela milésima vez e algum barulho insignificante havia conseguido me acordar, também, pela milésima vez. Encontrei Zayn sentado sobre a cama encarando o celular. Inicialmente, ele não me percebeu acordada, então puxei seu braço. Ao me encarar, ele manteve-se em silêncio e apenas me indicou a tela do celular, onde havia uma foto minha e do Harry abraçados. Provavelmente, depois de conseguir organizar mentalmente suas ideias, ele me perguntou o que aquela foto significava.
-Nada. – lembro-me de ter sido direta. Entretanto, no momento em que ele revirou os olhos percebi que ele não havia acreditado. Comecei, então, uma explicação que juntava os elementos “estar muito bêbada” com “foi só um abraço”. Eu repetia insistentemente, enquanto ele apenas balança a cabeça em desapontamento, até que cansei e soltei algo como “não posso te convencer se você já escolheu a sua verdade” pra ouvir dele que a verdade estava na foto.
-A verdade está no fato de que eu abdiquei um milhão de coisas pra estar com você, porque eu quero, porque eu gosto de você. E a única coisa que importa agora é essa foto.
Depois de alguns instantes em silêncio, esperava ouvir um pedido de desculpas, quando na verdade ouvi, “não sei...”. Minha paciência havia se esgotado, levantei-me da cama alegando que ia embora. Apesar de nem mesmo saber onde meu vestido, sapato e bolsa estavam. Sai pela porta do quarto sem olhar pra trás. Pensei que fosse começar a chorar, mas não havia sinal algum de lágrima. Ao chegar à sala, me deparo com Harry assistindo TV. Pensei que, naquele momento, ele era a última pessoa que eu queria ver. Mas a vida não dá trégua, não é mesmo? Me encostei na lateral do sofá e vi os olhos de Harry vindo em minha direção, ele sorriu sem graça e eu fiz o mesmo. Não se passaram três segundos até Zayn me chamar para voltar pro quarto e eu responder que não, algumas vezes. Até que Harry decidiu reforçar, dizendo para ele me deixar em paz. Foi ai que Zayn respondeu de modo nada educado algo como, “não se mete” ou mesmo “não é da sua conta”. O clima naquela sala estava terrível, sentia que algo poderia entrar em combustão a qualquer momento e explodir todos nós. Por precaução, decidi, então, voltar, por livre e espontânea pressão, para o quarto. Ouvi passos me seguindo. Abri a porta do quarto, entrei e me resumi a olhar o movimento das cortinas esvoaçantes, devido a uma fresta na janela. A porta bateu como um estrondo, vi então o movimento das cortinas cessarem pela interrupção da corrente de ar. Senti por um instante como se eu fosse parar de respirar, cansada de toda aquela desconfiança, nem tanto infundada, assim. Não estava pronta para dar respostas, nem mesmo para abrir espaço para qualquer eventual pergunta que pudesse aparecer naquele momento. Senti sua mão gelada tomar conta do meu pulso, me segurava de modo suave. Espera que qualquer coisa saísse da sua boca, mas ele me encantou ao dizer “desculpe”. O som da sua voz soou como música quando ele adicionou o vocativo “meu amor” no fim do pedido de desculpas mais singelo que eu poderia querer ouvir. Um arrepio atravessou o meu corpo ao me lembrar que logo depois me virei para abraçá-lo, bem forte.
Ao secar meu rosto, os flashes cessaram. Decidi que era melhor deixar as recordações de lado. Lembrar do seu beijo ou abraço agora de nada adiantariam, porque eu sentaria sozinha para tomar meu café.
Sentei-me encostada na bancada da cozinha, ia bebendo vagarosamente meu café. Parava de tempos em tempos para acompanhar as atualizações no twitter. Às vezes apareciam algumas menções novas, algumas agradáveis, outras nem tanto. Respirei fundo, tomando consciência, pela milésima vez, como isso me afetava, mas eu simplesmente não conseguia apagar aquele estúpido twitter. Algo como a necessidade de saber o que estavam dizendo sobre mim. Eu sempre me importei, mas gostava de culpar a distância do Zayn, ou usar isso como desculpa, pois, querendo ou não admitir, a verdade era que o meu namorado não estava próximo ou disponível pra me tirar desse buraco no qual eu parecia estar me enfiando. E meu celular continuava vibrando de tempo em tempo, na velocidade em que as mensagens iam vagarosamente me destruindo. Pelo visto, alguém na festa havia tirado uma foto em que estávamos eu, Zayn e Perrie um do lado do outro, abrindo novamente discussões sobre Zerrie e suposições surreais sobre o término dos dois e a minha parcela de “culpa” nele.
Minha vida estava se resumindo, ridiculamente, a comer, dormir e falar no skype com minha mãe e às vezes com Zayn. Eu conversava com minha mãe todos os dias, o que mantinha parte da minha sanidade, e ela sempre estava tentando tirar de mim algo perguntando se estava tudo bem, se eu não ia sair ou nada do tipo. As respostas eram sempre as mesmas: “estou bem”, “cansada demais pra ir pra qualquer lugar”.
Não que eu estivesse entrando em depressão, não. Eu só estava passando por um momento preguiçoso da minha vida, em que eu me recusava a ver o mundo lá fora enquanto alguém não voltasse pra me resgatar. A minha auto-vitimização estava ultrapassando os níveis do razoável, entretanto, eu estava bem sem vontade de fazer qualquer coisa para mudar. A vida parecia estar se arrastando diante dos meus olhos e as horas contadas não tinham função alguma. Eu gostaria de dizer que as ligações do Zayn, o som de sua voz, me ajudavam ao menos um pouco, mas nem isso eu sabia mais. Sabia que estava cansada de terminar a noite com um silêncio desagradável pelo telefone, ou pior, o meu silêncio e o barulho do outro lado da linha, barulho de música, festa, diversão.
Não é exatamente o que parece, quero dizer, eu saio de casa, respiro ar fresco de vez em quanto. E às vezes Giovanna vem até o meu apartamento só pra me dizer que eu tinha que sair, que meu organismo precisava de álcool ou algo do gênero. Bem, em relação ao álcool, eu passo, obrigado. A última experiência havia sido insana demais, e, só de sentir o cheio do amadeirado do uísque meu estômago já embrulhava. É, trágico, eu sei.
Fui pra faculdade para pegar o resultado final, que havia sido satisfatório no meu ponto de vista. Não encontrei nenhum conhecido, daqueles que vale a pena parar para cumprimentar, nos corredores. Fui então para a BBC para ter mais uma daquelas tardes mais ou menos de estágio, com ordens diversas do Edward sobre os próximos participantes do talk show.
Na volta para casa, no caminho entre o metrô e o meu apartamento, o meu celular começou a vibrar no fundo da bolsa. No visor dizia “Louis”. Então, antes que caísse a chamada consegui atender, entretanto, me surpreendi por ouvir o “alô” de outra voz.
-Vocês estão querendo jogar comigo? – questionei em tom de brincadeira.
-Talvez. - ou vi a risada escandalosa do outro lado da linha. -Bem, Zayn colocou o namoro dele como prioridade na One Direction. Se ele não resolvesse as coisas com você, não iríamos poder ensaiar.
Revirei os olhos, mas, ao mesmo tempo, deixei um sorriso escapar. A voz do Niall sumiu, para instantes depois eu ouvir o sotaque de sempre de Bradford, me perguntando se estava tudo bem.
-Vai ficar… – inspirei todo o ar que consegui.
-Já está chegando em casa? – ele questionou.
-Como você sabe? – perguntei.
-Só um palpite.
Dei de ombros e, ao chegar na portaria, cacei minha chave dentro da bolsa. Já estava prestes a girá-la quando senti uma mão sobre meu ombro. Me virei assustada para encontrar o dono do braço todo tatuado, usando um boné que jamais combinaria com qualquer peça daquela roupa, calça de moletom três vezes o tamanho dele somada a alguma camiseta branca estampada. Sorri abobada, achando ainda que tudo aquilo fazia parte de uma miragem londrina, quando na verdade era a materialização de tudo que eu queria no momento.
-Meu Deus, o que você está fazendo aqui? E as apresentações? A divulgação do filme?
Pra se ter idéia do meu nível de leseira, eu ainda segurava o telefone em meu ouvido. Somente ao notar que tentei tirá-lo da orelha discretamente, mas isso não impediu que Zayn percebesse e começasse repentinamente a gargalhar. Também não consegui me conter e lá estávamos nós dois rindo, não sei se de mim ou se tudo aquilo era algum tipo de alegria transbordando por estarmos um do lado do outro.
-Eu venho até aqui pra te ver, atravesso oceanos, frio, deserto e montanhas e é só isso que você me diz? – ele tentou ser teatral, o que, no fundo, não funcionou e só acabou me fazendo rir ainda mais. Em um salto o abracei, sem imaginar que eu provavelmente estava sufocando ele. Ao nos afastarmos, o vi se aproximar e abstrai por um momento todas as minhas preocupações. Senti seus lábios pousarem sobre o meu e sem nenhuma cerimônia sua língua se apossou sobre todos os cantos em que ela esteve ausente nos últimos meses.
O beijo continuaria eternamente, quem sabe, se uma buzina não tivesse nos despertado. Olhei para o lado e havia um carro preto estacionado. Os vidros se abriram e vi Niall e Louis acenando. Agora tudo fazia sentindo, ou não, porque eu ainda não entendia o motivo deles estarem em Londres.
-Nós temos uma semana de “férias”. Não queria te falar porque queria fazer surpresa. - e o meu olhar de espanto o havia alcançado.
-Típico. – revirei os olhos fingindo desdém e ele então me abraçou por trás. Os meninos saíram do carro para me abraçarem e em seguida me convidaram para ir pra não sei aonde.
-Vamos lá pra casa. – Zayn esclareceu. – Só nos dois.
Nisso ouvir um corinho de “ah” vindo de Louis e Niall, para que Louis dissesse em seguida que achou que tivesse sido convidado para a festa. Zayn revirou os olhos ignorando, o que me fez rir, e sugeriu que eu pegasse minhas coisas. Me aproximei de seu ouvido, dizendo que deixasse os meninos irem. Talvez ele tenha entendido algo diverso do que pretendi, entretanto, ele acolheu meu pedido.
O caminho até o meu apartamento foi silencioso. Uma ponta do silêncio estava relacionada ao meu espanto com o fato dele estar aqui. O silêncio por parte dele poderia ser devido ao meu próprio silêncio, talvez. Ao entrarmos no elevador o abracei de lado, em seguida senti seus braços em volta de mim.
Ao adentramos pela porta do apartamento no encaminhamos até o sofá. Poderia ficar encarando-o em silêncio para sempre mas decidi jogar a pergunta casual sobre como ele estava, pra ouvir que estava tudo bem. Até que ele respirou e disse que achava que deveríamos conversar. Confirmei com a cabeça esperando que ele desse o ponta pé inicial, mas ele não o fez. Respirei fundo para ver se consegui tirar a coragem de algum lugar.
-Eu não estou bem, Zayn.... - soltei em um desabafo.
Depois que meus olhos começaram a encher d'água não precisei de mais nada pra ganhar um abraço apertado e ouvir que tudo ficaria bem. E cada vez que ele pedia pra que eu parasse de chorar, o meu organismo parecia responder em sentido contrário e eu estava derramando naquela sala todas as frustrações dos últimos dois meses, enquanto os olhos aflitos de Zayn me cercavam.
Talvez aquele choro fizesse sentido, talvez pra alguém que não fosse eu. Tentei me enganar sobre os motivos que me levaram a desabar naquele momento, pois eu ainda não poderia ter conhecimento sobre os fatos que seguiriam aquele dia. O abracei forte como se ele pudesse desaparecer a qualquer momento, mas felizmente ele não desapareceria pelos próximos dias, estava aqui, estava comigo.
n/a: Bem, espero que vocês tenham gostado. Eu devo já ter explicado algumas vezes que eu estou no meio da faculdade e agora, particularmente, estou estagiando também. O tempo nos últimos meses ficou bem bem corrido, mas já vou escrevendo o próximo cap. pra não demorar tanto. Desculpa mesmo mesmo!Agora preciso da opinião de vocês, o que vocês acham que vem por ai? Saudade de algum presonagem? Já digo que o próximo cap. vais ser mais agitado hahaha beeeijos,
Maria Clara
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