Cap. 20 – Então, amigos?

                         Apesar de todas as confusões da festa de lançamento do CD eu tinha ganhado um novo amigo. Nas duas semanas subseqüentes ao “luau” na casa do Niall, eu e Harry passamos a nos falar muito pelo telefone. Na maioria das vezes perdíamos tempo implicando um com o outro, brincando e falando besteiras, tínhamos muitas coisas em comum, então era muito fácil conversar com ele. Uma semana antes do show de abertura da turnê, que seria em Londres mesmo, Harry me mandou uma mensagem dizendo que precisava conversar comigo, queria me encontrar. Achei um pouco estranho, mas disse que eu estava em casa, se ele quisesse passar aqui. Ele alegou estar em uma rádio com os meninos, e disse que passaria lá pelas 20 h. O convidei para jantar e ele aceitou. Descongelei carne moída para fazer bife de hambúrgueres e fui ao mercado comprar o que faltava.  Deixei tudo mais ou menos encaminhado para que, quando ele chegasse, a janta ficasse pronta rapidamente. Lia um artigo sobre cinema no pós-guerra quando o interfone tocou, eram 20:25, era Harry. Liguei a frigideira para já ir passando os bifes. Ele tocou a campainha, dei um beijo em sua bochecha e pedi para que ele esperasse no sofá que eu já estava terminado a janta. E em menos de 10 minutos servi os hambúrgueres. Ele comeu o seu rapidamente, perguntei se ele queria outro e ele respondeu com vergonha que sim.

            -Não precisa fazer cerimônia. – disse voltando à cozinha para fazer outro.

            -Jess, está muito bom! Porque você não abre um restaurante?- ele disse entre mordidas. Ri da sugestão dele e fiquei o observando, ele comia com uma vontade, era tão bonitinho.

            Logo quando ele acabou de comer nos sentamos no sofá e começamos a conversar sobre a turnê. Ele estava muito animado, me falava das músicas, das coisas que eles e os meninos fariam no palco, do pessoal da banda.

            -E a gente também vai ficar um mês fora... – ele disse pensativo. – era sobre isso que eu queria falar com você...

            A questão era: porque ele falaria comigo sobre ficar longe por um mês de modo tão sério?

            -Acho que vou terminar com a Caroline... – ele disse respondendo meu questionamento.  – Acho que já está desgastado o suficiente, acho que a turnê só vai piorar tudo.

            -Olha, isso depende do jeito que vocês vão tratar essa distância... Além de que essa turnê não vai fazer nada pior com o seu namoro do que você já não tenha feito. – o aconselhei.

            -Cara, eu sei que eu errei com ela...

            -Você não acha que esses erros não mostram alguma coisa? Talvez você não se importante tanto com ela, talvez você queira terminar com ela pra ter a liberdade de ficar com quem você quiser... – aconselhei.

            -É... – ele disse sem graça.

            -Não que eu queira que você termine, mesmo porque não tem a ver com o que eu quero, mas com o que você quer... Mas, na minha opinião, se você quer esse tipo de liberdade e se sente atraído por outras, é porque, na sua cabeça, o namoro não faz mais tanto sentido...

            -Acho que já perdi muitas noites de sono com isso... Deveria ter acabado com isso há muito tempo. Caroline é uma pessoa muito legal, ela não merece as coisas que andei fazendo com ela. – ele disse sentido.

            Conversar sobre o namoro dos dois me fazia lembrar da festa, de quando Harry me abordou. Eu não gostava de lembrar daquilo, me sentia estranha...

            -Acho que você já veio com a resposta na sua cabeça... – conclui.

            -Queria a sua opinião, só pra saber se não estava sendo um completo idiota.

            -Agora sim você está sendo um verdadeiro cavalheiro. Sinceridade e honestidade são fundamentais em qualquer relação...

            -Jess, como você sabe tanto? – ele me perguntou.

            -Eu não sei nada além do que uma garota de 19 anos saberia... – respondi sincera.

            -Eu te digo que você sabe muito!  Ah, muito obrigada por me ouvir! – ele agradeceu.

            -Quando precisar, estamos por aqui!  - sorri.

            Ficamos conversando por mais um tempo sobre outras coisas, quando Harry soltou:

            -Jess, estou com saudade da minha mamãe. – ele disse dengoso. – Quero ir pra casa!       

            -Nem me fala... Segunda foi aniversário da minha mãe! Ai, cara, tão difícil falar com ela pelo telefone, não estar lá! – disse chorosa.

            -Eu te entendo... – ele disse pegando em minha mão.

            -Eu sinto tanta falta... Tem que melhorar, porque se não... – disse e meus olhos encheram de água.

            -Você não pode desistir da faculdade! Vai melhorar... – ele disse e me puxou para um abraço forte. – Você vai ver...

            Eu segurava o choro, porque a pior coisa em morar em Londres era ficar longe dos meus pais, eu não fazia idéia de como seria difícil. Mas a companhia dos meninos estava me ajudando muito. Pois na faculdade eu ainda não tinha muitos amigos...

            -Além de que estamos aqui pra isso! – ele disse me abraçando ainda mais forte.

            -Vocês são uns anjos! – disse e o soltei.

            -Ah, não chora não, vai! – ele pediu ao ver que meus olhos estavam cheios d’água.

            -Não, nem pensar! – respirei fundo e esfreguei os olhos. –Up  All Night Tour está ai, não tem motivo algum pra ficar triste!